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DUAS EXPERIÊNCIAS COM A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS INFORMACIONAIS E COMUNICACIONAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

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Academic year: 2021

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DUAS EXPERIÊNCIAS COM A UTILIZAÇÃO DE

TECNOLOGIAS INFORMACIONAIS E COMUNICACIONAIS

EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Davis Oliveira ALVES Universidade Federal de Ouro Preto Fausto Rogério ESTEVES Universidade Federal de Ouro Preto Frederico da Silva REIS Universidade Federal de Ouro Preto

RESUMO: O presente trabalho apresenta duas experiências realizadas com a utilização de computadores, implementadas como parte de um projeto de pesquisa que norteará as dissertações dos dois primeiros autores, os quais cursam o Mestrado Profissional em Educação Matemática da UFOP, sob a orientação do terceiro autor deste trabalho. A primeira experiência consistiu do planejamento, aplicação e avaliação de atividades de laboratório relacionadas ao ensino de Funções Lineares e Quadráticas, sendo implementada com alunos do Ensino Fundamental de uma escola particular de Belo Horizonte – MG. A segunda experiência consistiu de um curso realizado com Professores de Matemática dos Ensinos Fundamental e Médio da cidade de Alfenas – MG, oferecido pela Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais. Nas duas experiências, destaca-se o papel das TIC’s na sala de aula de Matemática como uma metodologia capaz de redirecionar o processo de ensino de Matemática, proporcionando uma aprendizagem realmente significativa.

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias Informacionais e Comunicacionais; Educação Matemática.

1. Introdução

A utilização de Tecnologias Informacionais e Comunicacionais no processo de ensino e aprendizagem da Matemática, com destaque para os ambientes informatizados, vêm se firmando como uma das principais tendências de pesquisa e prática em

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Educação Matemática. Tal utilização vem gerando uma série de mudanças, tanto curriculares quanto na postura do professor. Como destaca Borba (1999, p. 285):

A introdução das novas tecnologias – computadores, calculadoras gráficas e interfaces que se modificam a cada dia – tem levantado diversas questões. Dentre elas, destaco as preocupações relativas às mudanças curriculares, às novas dinâmicas da sala de aula, ao novo papel do professor e ao papel do computador nesta sala de aula.

O uso do computador em sala de aula tem que ser feito de forma criativa e investigativa para que esta ferramenta metodológica do processo de ensino e aprendizagem da Matemática não se torne apenas mais um adereço na sala de aula, como o quadro negro, o giz e o caderno. Acredita-se que o uso deste instrumento tem que gerar na sala de aula um ambiente de curiosidade e questionamento, o que poderá gerar mudanças no papel do professor e do aluno.

Silva (1990) afirma que uma das mudanças e transformações decorridas na inserção de novas tecnologias na sala de aula é a transição do papel do professor de tradicional, para facilitador da construção da aprendizagem. Este processo de mudança de atitudes é longo e com diferentes graus de evolução, devido à diversidade na formação dos professores. Ressalta-se que a construção de uma nova ação pedagógica comprometida com a filosofia da utilização de ambientes informatizados em sala de aula não se apresenta de forma homogênea, dependendo de diversos fatores. Tais fatores, em nosso entendimento, podem ocorrer desde a dificuldade pessoal de cada professor, até a problemas financeiros, físicos e operacionais.

Esta mudança de papel torna o professor, um mediador na construção do ensino, instigando e sugerindo questionamentos aos seus alunos. Estes assumiriam uma postura de agentes ativos na construção de seu conhecimento, testando e experimentando em tempo real seus próprios questionamentos, pois, segundo Penteado (1997, p. 302) “com a presença do computador, a aula ganha um novo cenário, refletindo-se na relação do professor com os alunos e no papel desempenhado pelos demais atores presentes”.

Outro destaque para a utilização de Tecnologias Informacionais e Comunicacionais na perspectiva da Educação Matemática é feito por Ponte &

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Canavarro (1997, p. 101), ao relacionar uma função da utilização de computadores e calculadoras no ensino:

No que diz respeito aos valores e atitudes, a calculadora e o computador são particularmente importantes no desenvolvimento da curiosidade e do gosto por aprender, pois proporcionam a criação de contextos de aprendizagem ricos e estimulantes, onde os alunos sentem incentivada a sua curiosidade.

Esta discussão nos remete idéias de Gravina & Santarosa (1998, p.1), que trazem uma reflexão sobre o que significa “fazer matemática: experimentar, interpretar, visualizar múltiplas facetas, induzir, conjeturar, abstrair, generalizar e, enfim, demonstrar”.

Acreditamos que o uso de Tecnologias Informacionais e Comunicacionais em sala de aula, de forma a instigar o aluno, para que com isto, este construa seu conhecimento a partir da visualização e concretização de seus questionamentos na tela do computador ou calculadoras gráficas, trará a tona este conceito de fazer matemática.

2. A primeira experiência: as TIC’s e o ensino de Funções Lineares e Quadráticas

As atividades propostas foram realizadas no ano de 2004, em uma escola particular de Belo Horizonte, tendo como sujeitos da pesquisa, sete dos vinte alunos de uma turma da 8º série do Ensino Fundamental e a Professora Beatriz, licenciada em Matemática pela Universidade Federal de Minas Gerais, com experiência docente desde 1976, lecionando em todas as séries dos Ensinos Fundamental e Médio, sendo três anos em escolas públicas e o restante em escolas particulares. Tais sujeitos se encaixam com os objetivos desta pesquisa, sendo a escolha de alunos da 8º série do Ensino Fundamental justificada pelo contato introdutório que tiveram durante as aulas com o tema “Função”. Quanto à Professora Beatriz, a mesma possui um perfil profissional consolidado, com uma grande experiência em sala de aula.

Durante a aplicação das atividades, os sujeitos da pesquisa foram divididos em dois grupos, sendo orientados todo o tempo pelo primeiro autor deste trabalho, como pesquisa de campo integrante de seu trabalho de conclusão do curso de Especialização em Educação Matemática da Universidade Federal de Ouro Preto, realizado sob a

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orientação do terceiro autor deste trabalho. As atividades de Funções Lineares e Quadráticas foram implementadas em uma tarde, tendo a duração total de três horas, utilizando-se o software MATHGV.

O MATHGV é um programa construtor de gráfico de equações, comportando gráficos cartesianos 2D, gráficos cartesianos 3D e polares. Apresenta o recurso de mostrar, em uma mesma tela, o gráfico de várias funções simultaneamente, o que configura uma excelente ambiente para construção de famílias de curvas e exploração da transformação de funções, tais como deslocamentos verticais e horizontais, reflexões sobre seus coeficientes. Encontra-se disponível para download na internet, no endereço eletrônico <http://www.mathgv.com>, versão na língua inglesa. O MATHGV apresenta uma interface agradável de se operar e de fácil manuseio de seus controles.

Utilizou-se, durante as atividades, a versão 3.0 do MATHGV, em língua inglesa, datada de abril de 1998. Acreditou-se que as definições de configuração do programa seriam adequadas aos objetivos da pesquisa.

O primeiro conjunto de cinco atividades propostas se relacionava ao conteúdo de Funções Lineares – A Reta e seus Coeficientes, nas quais se explorou: a representação gráfica de Funções Lineares; o estudo de funções crescentes; o estudo de funções decrescentes; o estudo de funções constantes; o estudo de funções com o mesmo coeficiente angular (Condição de Paralelismo).

O segundo conjunto de três atividades propostas se relacionava ao conteúdo de Funções Quadráticas – A Parábola e seus Coeficientes, nas quais se explorou: a representação gráfica de Funções Quadráticas; a concavidade da parábola; as raízes da Função Quadrática e seu gráfico.

Os sujeitos da pesquisa realizavam as atividades e respondiam as questões propostas oralmente, discutindo o que havia sido representado na tela do computador, o que gerou várias conjecturas e conclusões sobre o tema “Função”.

Como instrumento auxiliar de registro e coleta de dados foi utilizado um questionário composto de quatro questões, que foram respondidas pelos sujeitos da pesquisa, após a aplicação das atividades propostas.

Com a primeira questão, objetivou-se investigar as experiências que os sujeitos da pesquisa tiveram quanto à utilização de softwares educacionais, em particular de Matemática. Através da segunda e terceira questões, objetivamos captar a visão dos

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sujeitos da pesquisa sobre a utilização de softwares matemáticos em sala de aula, juntamente com as aulas tradicionais, a fim de se analisar as vantagens e desvantagens deste uso. A quarta questão teve como objetivo a análise crítica dos sujeitos a respeito das atividades propostas, bem como do software MATHGV, utilizado nas atividades. Como estratégia de organização dos dados, reuniram-se as questões em diversas categorias de análise.

Os relatos dos sujeitos de pesquisa mostraram claramente que os mesmos já haviam tido um contato prévio com software de uma maneira geral. Entretanto, ficou claro que os sujeitos não percebiam os softwares como ferramentas capazes de contribuir de alguma forma para o ensino de Matemática, deixando transparecer que concebiam os softwares apenas como mídias eletrônicas.

A partir do contato com um software educacional no contexto do ensino de Matemática, os sujeitos puderam perceber a inserção dos mesmos no ensino de Funções Lineares e Quadráticas, de forma dinâmica e ativa na construção do conhecimento relacionado a este tema. Também ficou evidenciado, tanto para os alunos quanto para a professora, que este novo cenário de ensino e aprendizagem se sustenta como uma diretriz metodológica alternativa / complementar ao ensino tradicional de Matemática, em especial do tema “Função”.

Cabe ressaltar, ainda, que as atividades planejadas e implementadas explicitaram não só as possibilidades como também os limites da utilização de um software educacional no contexto do ensino de Matemática, o que ficou muito claro uma vez que diversos aspectos positivos e negativos desta utilização foram extremamente bem pontuados / observados pelos sujeitos de pesquisa envolvidos na pesquisa.

3. A segunda experiência: as TIC’s e a formação de Professores de Matemática

Em sua formação inicial (cursos de licenciatura) e mesmo em sua formação continuada (cursos de especialização e outros), uma grande parte dos professores de Matemática dos ensinos Fundamental e Médio não desenvolvem metodologias de utilização de tecnologias como computadores e calculadoras gráficas em situações de ensino. Diante da constatação desta dura realidade em nossas escolas, a Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais criou e ofereceu, em 2006, um curso para

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professores, cujo objetivo foi uma aproximação entre a máquina computador e o professor. Tal curso focou o uso do Sistema Operacional Linux como uma ferramenta para trabalhar assuntos e temas diversos em sala de aula.

Para este curso, alguns professores foram convidados a participar como multiplicadores, ou seja, após a realização do mesmo, os participantes deveriam ministrar um curso próprio para outros professores de sua escola. O segundo autor deste trabalho foi um destes professores convidados a participar do curso sendo que, posteriormente, o mesmo desenvolveu, com outros dois professores, um curso ministrado para seus colegas de uma escola-referência da cidade de Alfenas – MG.

Este curso desenvolveu uma metodologia simples, onde o participante pôde compreender como utilizar alguns aplicativos (editor de texto, editor de planilha e editor de apresentação) num trabalho com os seus alunos, através de navegação na internet, por meio de e-mail, ICQ, sites de pesquisa, etc, onde as informações são usadas tanto para montar um trabalho de pesquisa quanto para promover um debate em sala de aula.

Os professores participantes puderam interagir com temas diversos, mesmo sendo de áreas diferentes. A maioria teve a oportunidade de participar de um trabalho utilizando o computador pela primeira vez. Apesar de ser a primeira experiência de muitos, o resultado foi surpreendente. O interesse geral foi enorme e muitos montaram sua página na internet, ao final do curso.

O curso foi ministrado em 14 encontros de 2 horas/aula cada, tendo como conteúdo programático: Apresentação e discussão de pesquisas e estudos que tratam sobre a integração de Tecnologias na Educação; Introdução à utilização de computadores na sala de aula; Apresentação e utilização de alguns ambientes computacionais tais como writer, impress, calc, ressaltando as suas potencialidades teórico-metodológicas no processo de ensino e aprendizagem.

Ao longo do curso, houveram vários debates relacionados à contribuição da utilização das TIC’s para um melhor desempenho das atividades docentes em sala de aula, destacando-se que, para uma utilização correta dessas tecnologias, é preciso que haja uma estrutura de apoio nas escolas, como técnicos de laboratórios de informática para se auxiliar o professor, e também que ocorra uma adequação no número de alunos por turma e na carga horária compatível com a programação / realização de atividades. Desta forma, a conclusão geral dos participantes foi de que mudanças são realmente

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necessárias, mas para que estas alavanquem as mudanças esperadas, é necessária uma grande interação entre toda a comunidade escolar, a qual inclui professores, alunos, pais, direção e administração.

4. Considerações finais

Nas duas experiências aqui relatadas, destacou-se a mudança de concepção como uma das principais contribuições que uma eventual utilização de Tecnologias Informacionais e Comunicacionais pode oferecer ao processo de ensino e aprendizagem de Matemática de uma forma generalizada.

Na primeira delas, os alunos participantes da pesquisa realizada, a partir da realização da mesma, passaram a conceber os softwares como um recurso metodológico no ensino de Matemática, superando a visão anteriormente utilitária sobre sua função.

Já na segunda experiência, os professores participantes do curso, a partir da realização do mesmo, passaram a conceber os computadores como um aliado metodológico no ensino de Matemática, superando uma posição anteriormente preconceituosa sobre sua utilização.

Entretanto, ainda existem diversos questionamentos relacionados à utilização das TIC’s que estão sendo focos de pesquisas na perspectiva da Educação Matemática, tais como: Se este novo cenário de ensino e aprendizagem se sustenta como uma diretriz metodológica alternativa / complementar ao ensino tradicional de Matemática, então porque ele não é plenamente contemplado pelos profissionais de educação em sua prática pedagógica? Seria devido à falta de preparo dos docentes? Seria medo do professor, uma vez que sua postura perante o aluno, deixa de ser de detentor do saber, passando a ser de intermediador na construção do conhecimento, com o advento deste novo cenário na sala de aula?

O fato é que as Tecnologias Informacionais e Comunicacionais estão ganhando espaço em toda a sociedade, buscando uma interação de forma que seus personagens se identifiquem com as mesmas, de acordo com suas necessidades temporais e mentais. Na esfera educacional, não se concebe mais a idéia de educar sem a mediação tecnológica, mesmo porque, em todos os momentos da civilização humana, a sociedade buscou as ferramentas tecnológicas disponíveis para se fazer educação.

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Então, uma função que nos cabe, educadores matemáticos, é refletirmos sobre os limites e possibilidades de utilização das TIC’s no ensino de Matemática nos níveis Fundamental, Médio e Superior. Tal processo de reflexão é lento, mas é como uma teia que vai se formando conforme os fios vão sendo tecidos e tramados.

Por fim, espera-se que possamos vivenciar, em nossa prática de sala de aula, processos participativos de compartilhamento de ensinar e aprender (poder distribuído) através de uma comunicação mais aberta, confiante, de motivação constante, de integração de todas as possibilidades da aula-pesquisa / aula-comunicação, num processo dinâmico e amplo de informação inovadora, reelaborada pessoalmente e em grupo, de integração do objeto de estudo em todas as dimensões pessoais: cognitivas, emotivas, sociais, éticas e utilizando todas as habilidades possíveis do professor e do aluno.

Referências

BORBA, M.C. “Tecnologias informáticas na Educação Matemática e reorganização do Pensamento”. In: BICUDO, M.A.V. (org). Pesquisa em Educação Matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, p. 285-295, 1999.

GRAVINA, M.A.; SANTAROSA, L.M. A aprendizagem da Matemática em Ambientes Informatizados. Congresso Ibero-americano de Informática na Educação, IV. Anais... Brasília, 1998.

PENTEADO, M.G. O computador na perspectiva do desenvolvimento profissional do professor. Tese de Doutorado. Faculdade de Educação – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1997.

PONTE, J.P.; CANAVARRO, A.P. Matemática e Novas Tecnologias. Lisboa: Universidade Aberta, 1997.

SILVA, M.G.M. Informática na Educação – Mudança de Atitude dos Professores: Uma Realidade? Tese de Doutorado. Faculdade de Educação – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1990.

Referências

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