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Crescimento de Mudas de Camu-camu (myrciaria Dubia (h. B. K.) Mc Vaugh) Submetidas A Diferentes Tipos de Substratos

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Academic year: 2021

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CRESCIMENTO DE MUDAS DE CAMU-CAMU (Myrciaria dubia (H.

B. K.) MC VAUGH) SUBMETIDAS A DIFERENTES TIPOS DE

SUBSTRATOS

Brunno dos Santos FERNANDES1; Kaoru YUYAMA2; 1Bolsista PIBIC/CNPq/INPA; 2Orientador CPCA /INPA;

1. Introdução

Entre as diversas fruteiras amazônicas, o camu-camu (Myrciaria dubia (H.B.K.) Mc Vaugh) desperta um grande interesse em vários países, devido ao alto teor de ácido ascórbico (vitamina C, de 2950 mg por 100 g de polpa) (Andrade et al., 1991). Nativo da região Amazônica, cresce naturalmente nas margens de rios e lagos, é uma planta adaptada à inundação periódica, sobrevivendo submerso na água por 4 a 5 meses durante o ano (Peteres & Vasques, 1987). O seu fruto é esférico, medindo de 2 a 3 cm de diâmetro, sua cor varia de púrpura avermelhada a púrpura escura quando maduro. Contem 1 a 4 sementes elípticas, achatadas cobertas com fibras curtas, finas e brancas (Villachica, 1996).

Para a obtenção de mudas de qualidade, é necessária a utilização de substratos que forneçam os nutrientes para que a planta tenha um bom desenvolvimento. A qualidade do substrato depende, principalmente, das proporções e dos constituintes que compõem a mistura. Para a produção de mudas, o enriquecimento do substrato com matéria orgânica e mineral, é uma prática consagrada na fruticultura (Koller & Boeira,1986).

A propagação do camu-camu, embora possa ser conduzida com a utilização de métodos assexuados (Enciso & Villachica, 1993; Ferreira & Gentil, 1997), mas normalmente é realizada por via sexuada. O período de semeadura, todavia, está restrito há poucos dias ou há alguns meses após a colheita dos frutos, por serem recalcitrantes, perde germinação quando a umidade da semente fica abaixo de 30%.

Sabe-se que as sementes de camu-camu possuem uma variação tanto no tamanho como na coloração do tegumento, o que é respectivamente uma variação na natureza genética e fisiológica. Essa variação pode aumentar em função de sua procedência ou material genético existente. As investigações sobre estudos de sementes quase não existem em literaturas. Dentre os estudos existentes constam avaliações para metodologia de seleção, conservação, quebra de dormência e praticas de semeadura (Villachica, 1995).

O Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) desenvolve pesquisas com o cultivo de camu-camu em terra firme desde meados de 1978, testando sua adaptação fora de seu estado natural. Não se sabe qual é o estágio mais adequado para o transplante das plântulas, em sacos plásticos, que proporcionem o melhor desenvolvimento das mudas. Sabe-se que o maior tamanho de sacos, tendo assim uma maior quantidade de substrato, pode proporcionar um melhor desenvolvimento, mas dificulta o transplante das mudas para o local definitivo (Yuyama e Siqueira, 1997).

Devido ao grande interesse de diversos setores industriais pelo fruto de camu-camu, tem-se intensificado estudos sobre a produção de mudas de camu-camu em solos de terra-firme, onde a produção é contínua. Os solos mais frequentes no estado são: Latossolo Amarelo e Argissolo.

Os solos da região Amazônica, como Latossolo Amarelo típico possuem limitação na fertilidade do solo, representada por ação muito ácida e associada à alta saturação por alumínio, e solo bastante pesado. O Argissolo é solo mais leve, de baixa fertilidade e necessário cuidado para não causar erosão do solo (Oliveira et al, 1992).

Com base nestas informações, utilizou-se a serragem como forma de melhorar umidade do solo, além de adicionar aos poucos a matéria orgânica liberada pela serragem, para o Argissolo e para o Latossolo ficar com solo mais solto, como também imitando o solo da várzea e da praia, onde naturalmente a planta de camu-camu se desenvolve.

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Este estudo teve como objetivo Avaliar o crescimento de mudas de camu-camu submetidas a diferentes tipos de solos e substratos.

2. Material e Métodos

As sementes de camu-camu foram coletadas no Campo Experimental do INPA em seguida semeadas em um canteiro com serragem e posteriormente, quando as mudas estavam com cerca de 8 cm de altura, foi transplantadas no saco de mudas preto de 1 kg. O Latossolo utilizado para o preparo do substrato foi coletado da camada superficial, a 20 cm de profundidade, na estação experimental do INPA situada no km 42 da BR 174, e o Argissolo foi coletado a 20 cm de profundidade no km 40 da BR 174. A serragem foi coletada em uma serraria em Manaus e em seguida posta para secar e revolvida no preparo do substrato, e a areia no km 5 da BR 174.

O experimento foi instalado no campus III do INPA, no viveiro de mudas, nas dependências do INPA/CPCA, possuindo um sistema de irrigação que era acionado duas vezes ao dia, sendo uma no inicio do dia e outra no final da tarde. Os componentes de cada mistura de substrato foram misturados proporcionalmente com base em volume.

O delineamento experimental utilizado foi de Blocos Casualizados com três repetições compostas de 15 tratamentos. Cada parcela experimental foi composta de 10 mudas. Os tratamentos foram os seguintes:

1. Serragem – 1 (V) 2. Areia – 1 (V) 3. Latossolo – 1 (V) 4. Argissolo – 1 (V)

5. Serragem + Areia + Esterco – 2:2:1 (V:V:V) 6. Serragem + Latossolo + Esterco – 2:2:1 (V:V:V) 7. Serragem + Argissolo + Esterco – 2:2:1 (V:V:V) 8. Areia + Latossolo + Esterco – 2:2:1 (V:V:V) 9. Areia + Argissolo + Esterco – 2:2:1 (V:V:V) 10. Latossolo + Argissolo + Esterco – 2:2:1 (V:V:V)

11. Serragem + Areia + Latossolo + Esterco – 4/3:4/3:4/3:1 (V:V:V:V) 12. Serragem + Areia + Argissolo + Esterco – 4/3:4/3:4/3:1 (V:V:V:V) 13. Serragem + Latossolo + Argissolo+ Esterco – 4/3:4/3:4/3:1 (V:V:V:V) 14. Areia + Latossolo + Argissolo + Esterco – 4/3:4/3:4/3:1 (V:V:V:V)

15. Serragem + Areia + Latossolo + Argissolo + Esterco – 1:1:1:1:1 (V:V:V:V:V)

As mudas foram avaliadas após 15 dias do transplantio e posteriormente a cada 28 dias, durante cinco meses, onde foram coletados os seguintes dados: altura da plântula, diâmetro do cólon das mudas e número de par de folhas por planta.

Para a análise de variância foi utilizado o Teste de F e a comparação de médias pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Utilizando o programa ESTAT, desenvolvido pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) Campos de Jaboticabal, Polo Computacional/Depto. de Ciências Exatas.

3. Resultados e discussão

Como se observa na Tabela 1 o resultado obtido para altura das mudas está mostrando que houve um maior crescimento em mudas mantidas em Argissolo (Tratamento 4), apresentando uma altura média de 45,31 cm após 127 dias. Devido estar no inicio do período de estiagem, o ideal seria levar estas mudas para campo apenas no inicio do período chuvoso, a partir do mês de Dezembro. Com o decorrer deste período as mudas iriam tornar-se maiores e mais aptas a ocupar um local definitivo. Segundo Villachica (1995) não existe um tamanho mínimo de mudas para levar ao campo em definitivo, existe para mudas enxertadas (60 cm), logo, pode-se considerar a altura acima como próxima do ideal para as mudas serem transplantadas no local definitivo.

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Tabela - Dados médios da altura (cm) das mudas de camu-camu (Myrciaria dubia (H.B.K.)

Mc Vaugh), submetidas a diferentes tipos de solos e substratos, Manaus-AM.

Altura das Plantas (cm)

15 dias 43 dias 71 dias 99 dias 127 dias 1 11,81 ab 14,48 abc 15,53 cd 15,88 d 17,16 c 2 10,70 b 14,11 bc 17,81 bc 22,31 bc 29,25 b 3 13,01 a 16,65 ab 20,65 b 24,48 b 29,36 b 4 11,51 ab 17,15 a 26,09 a 34,71 a 45,31 a 5 11,55 ab 12,83 c 13,72 d 14,16 d 14,57 c 6 10,88 ab 13,34 c 13,66 d 14,27 d 14,40 c 7 11,00 ab 12,73 c 15,10 cd 15,31 d 15,57 c 8 11,16 ab 12,68 c 13,44 d 14,02 d 14,28 c 9 12,24 ab 14,00 bc 15,48 cd 15,88 d 15,71 c 10 10,78 ab 13,49 c 16,27 cd 16,74 cd 17,11 c 11 10,65 b 12,76 c 14,00 d 14,16 d 14,74 c 12 11,52 ab 13,62 c 15,14 cd 15,79 d 16,65 c 13 10,85 ab 12,58 c 14,87 cd 15,97 d 17,31 c 14 10,53 b 12,27 c 14,00 d 15,33 d 16,58 c 15 10,78 b 12,27 c 13,71 d 14,03 d 14,90 c C.V.(%) 6,69 7,19 7,28 10,91 11,02

Letras diferentes indicam diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Pode-se observar na Tabela 2 que as mudas mantidas em Argissolo (Tratamento 4) não diferiram estatisticamente dos demais tratamentos até os 71 dias, mostrando após esta medição resultados superiores, havendo clara diferenciação durante os 99 e 127 dias após o transplantio das mudas, em média 2,38 mm ao final do experimento.

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Tabela 2 - Dados médios do diâmetro (mm) das mudas de camu-camu (Myrciaria dubia

(H.B.K.) Mc Vaugh), submetidas a diferentes tipos de solos e substratos, Manaus-AM.

Diâmetro das Plantas (mm)

15 dias 43 dias 71 dias 99 dias 127 dias 1 1,01 ab 1,46 abc 1,65 ab 1,73 b 1,79 bc 2 1,00 ab 1,44 abc 1,64 ab 1,79 b 1,93 ab 3 1,05 a 1,51 ab 1,65 ab 1,83 b 1,93 ab 4 1,00 ab 1,44 abc 1,73 a 2,18 a 2,38 a 5 0,98 ab 1,35 abc 1,51 bcd 1,58 b 1,64 bc 6 1,03 ab 1,31 abc 1,41 de 1,50 b 1,60 bc 7 0,99 ab 1,42 abc 1,56 abcd 1,60 b 1,66 bc 8 1,02 ab 1,37 abc 1,61 abc 1,65 b 1,71 bc 9 1,01 ab 1,53 a 1,57 abcd 1,70 b 1,77 bc 10 0,96 ab 1,47 abc 1,62 abc 1,71 b 1,80 bc 11 0,91 b 1,25 c 1,27 e 1,29 b 1,33 c 12 0,97 ab 1,43 abc 1,56 abcd 1,63 b 1,71 bc 13 1,01 ab 1,43 abc 1,63 ab 1,65 b 1,70 bc 14 0,95 ab 1,30 bc 1,43 cde 1,47 b 1,50 bc 15 0,92 ab 1,37 abc 1,43 cde 1,49 b 1,63 bc C.V.(%) 4,51 5,36 4,25 10,62 9,42

Letras diferentes indicam diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Tabela 3 - Dados médios de numero par de folhas das mudas de camu-camu (Myrciaria dubia (H.B.K.) Mc Vaugh), submetidas a diferentes tipos de solos e substratos, Manaus –

AM.

Par de Folhas

15 dias 43 dias 71 dias 99 dias 127 dias 1 4,30 ab 5,76 abcd 12,30 d 12,36 c 13,43 c 2 4,13 ab 5,93 abc 15,60 bc 18,83 b 24,96 b 3 4,56 a 6,33 ab 16,43 b 18,86 b 21,80 b 4 4,20 ab 6,70 a 19,90 a 24,96 a 32,26 a 5 4,03 ab 4,76 de 9,62 de 9,72 cd 10,06 c 6 3,79 ab 4,85 cde 9,60 de 9,75 d 10,10 c 7 4,07 ab 5,08 cde 11,24 de 11,32 cd 11,40 c 8 4,08 ab 5,15 cde 10,58 de 10,64 cd 10,72 c 9 4,18 ab 5,36 bcde 11,40 de 11,75 cd 11,83 c 10 4,00 ab 5,35 bcde 12,46 cd 12,49 c 12,74 c 11 3,60 b 4,30 e 7,41 e 7,60 d 7,71 c 12 3,93 ab 5,33 bcde 11,70 d 11,88 cd 12,74 c 13 4,00 ab 4,86 cde 11,66 de 12,74 c 13,92 c 14 3,89 ab 4,57 e 9,98 de 10,85 cd 11,97 c 15 3,66 b 4,75 de 10,03 de 10,55 cd 11,05 c C.V.(%) 6,43 7,27 8,95 11,40 14,36

Letras diferentes indicam diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Tratamentos

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Conforme se pode ver na Tabela 3, em relação ao número de par de folhas, o substrato que proporcionou o maior desenvolvimento das mudas foi o Argissolo (Tratamento 4) com uma média de 32 pares na ultima avaliação, no entanto, o mesmo só passou a se mostrar como superior a partir dos 71 dias, sendo até a segunda avaliação (43 dias) estatisticamente igual aos demais tratamentos.

O melhor desenvolvimento das mudas submetidas ao Argissolo (Tratamento 4), seguido dos tratamento 2 e 3, respectivamente Areia e Latossolo, mostra que durante o estágio de crescimento as mudas de camu-camu não necessitam de grandes quantidades de nutrientes, sendo suficiente os nutrientes e a matéria orgânica encontrada na camada superficial destes solos.

4. Conclusão

Nas condições em que foi desenvolvido este experimento, os resultados apresentados indicam que a utilização de Argissolo sem a utilização de esterco de galinha para a produção de mudas de camu-camu é viável, além de proporcionar um bom desenvolvimento para as plantas. Todas as mudas apresentaram a altura, diâmetro e numero de par de folhas relevantes, características ideais para o transplantio em local definitivo.

5. Referências

Andrade, J. S.; Aragão, C. G.; Galeazzi, M. A. M.; Ferreira, S. A. N. Changes in the concentration of total vitamin C during maturation and ripening of camu-camu (Myrciaria

dubia (H.B.K.) McVaugh) fruits cultivated in the upland of Brazilian Central Amazon. Acta

Horticulturae, v.370, p. 177-180, 1991.

Enciso, R.; Villachica, H. Produccion y manejo de plantas injertadas de camu camu (Myrciaria

dubia) em vivero. Lima: INIA, 1993. 20p. (Informe técnico 25).

Ferreira, S.A.N.; Gentil, D.F.O. Propagação assexuada do camu-camu (Myrciaria dubia) através de enxertias do tipo garfagem. Acta Amazonica, Manaus, v.27, n.3, p.163-168, 1997.

Koller, O. C.; Boeira, R. C. Adubação orgânica e inorgânica em sementeira de citros.

Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.21, n.6, p.645-654, 1986.

Oliveira, J. B. Classes Gerais dos Solos do Brasil: guia auxiliar para seu reconhecimento. 2ª ed. Jaboticabal, FUNEP. 1992.

Peteres, C. M.; Vasques, A. Estúdios ecológicos del camu-camu (Myrciaria dubia) I. produción de frutos em poblaciones naturales. Acta Amazonica, v. 16/17, p.161-74, 1986-1987.

Villachica, H. El cultivo do camu-camu (Myrciaria dubia (H.B. K) Mc Vaugh) em la Amazônia peruana. Lima: Tratado de cooperación Amazonica, 1995. p.95.

Yuyama, K; Siqueira, J. A. S. Efeitos do tamanho da semente e do recipiente no crescimento de mudas de camu-camu (Myrciaria dubia). Acta Amazonica, Manaus – AM, v. 29, n. 4, p.647-650, 1999.

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