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Ana Paula Vitelli, Ph.D. Reunião do Comitê de RH, Britcham 08 de Outubro, 2013 São Paulo SP

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(1)

Ana Paula Vitelli, Ph.D.

Reunião do Comitê de RH, Britcham

08 de Outubro, 2013

São Paulo ‐ SP 

(2)

Introdução

Do que estamos falando?

Um grupo específico de mulheres

Uma visão

Pesquisa de Doutorado na FGV‐EAESP defendida em 

2012.

(3)

Por que este tema de estudo?

Literatura sobre mulheres nas organizações

Dificuldades encontradas

Discriminações sofridas

Vítimas de um contexto

 Diferenças de gênero, identidade  Estereótipos  Jeito feminino de administrar  Carreira, demografia organizacional  Teto de vidro  Relação trabalho/família

(4)

Por que este tema de estudo?

São poucos os trabalhos que abordam a mulher na 

posição da gerência intermediária

Posição mais alta que as mulheres atingem nas 

organizações (Mainiero e Sullivan, 2005)

Impactos das reestruturações (Woodall, Edwards, 

Welchman, 1997)

Trabalho e vida pessoal (Dantas ,2007)

Empoderamento (Lopes, 2012)

(5)

Objetivo da pesquisa

Compreender  os sentidos que as mulheres atribuem  ao 

seu trabalho e a si próprias na gerência intermediária das 

organizações.

(6)

Grupo entrevistado

Entrevistas em profundidade 

42 profissionais que ocupavam a posição hierárquica da 

gerência intermediária 

36 anos de idade em média

70 % casadas, 14% solteiras

57% tem filhos

Entre as que não tem filhos: 70% ainda planeja ter.

23 organizações nacionais e multinacionais em São 

Paulo

Maio a dezembro de 2011.

(7)

Roteiro de entrevista

Nome, idade, formação

Empresa, tempo de empresa

Estado civil, número de filhos

Conte‐me sobre sua trajetória profissional até você ter chegado 

nesta organização e nesta posição.  

Fale‐me especificamente sobre a posição que ocupa hoje:  

particularidades, aspectos positivos e negativos.

O que é o trabalho para você? Por que entrou no mercado de 

trabalho, você seguiu um modelo, por exemplo, da sua mãe?

Como é o seu dia a dia na relação entre sua vida profissional e 

pessoal?  (problemas que enfrenta, facilidades que tem a sua 

disposição, alguma particularidade pelo fato de ser mulher?)

Quais são os seus planos profissionais para o futuro?

(8)

Material coletado

43,7 horas de gravação

825 páginas de material transcrito

(9)

Contexto

Resgate histórico sobre as mulheres

Processo de industrialização

Separação esfera pública e privada

 Trabalho destinado ao homem  Casa destinada à mulher (mãe, dona de casa, esposa) 

Mulher no mercado de trabalho

(10)

Contexto

Movimento feminista

Início do século XX

Luta pela igualdade com os homens – direito ao voto

Década de 1970

Luta contra a dominação masculina – confinamento à 

casa

 Direito à educação formal, condições iguais de trabalho

(11)

Mulher no mercado de trabalho

Ano Homens (%) Mulheres (%)

1976 71 29 1985 67 34 1995 60 40 1998 59 41 2002 58 43 2003 55 45 2004 55 45 2007 54 46 2008 54 46 2009 54 46 2010 54 46 2011 54 46 Fonte: IBGE, 2012. Participação % de Homens e Mulheres na  População Economicamente Ativa (PEA)

(12)

Discussão

Onde está a mulher na casa?

Onde está a mulher na organização?

Onde está a mulher?

(13)

Discussão

Onde está a mulher na casa?

Trabalho 

 Esfera predominante  Espaço produtivo, relacionado à realização, prazer e independência 

Casa

 Local da família, que se define em relação ao trabalho  Espaço do isolamento, onde não se produz  A mulher quer se afastar deste espaço... ... mas ainda tem responsabilidades com as tarefas domésticas  Estrutura de dá suporte à casa e permite à mulher trabalhar 

Fragilização da identidade

(14)

“Eu quero ter o meu próprio dinheiro, ter a minha vida financeira  independente, fazer o que eu quero com meu dinheiro, nunca  depender de ninguém. Então o trabalho também sempre me deu  essa independência de ganhar e fazer o que eu quisesse com meu  dinheiro.” (E18) “Vou ficar em casa cuidando de filho e de marido? Limpando casa e  pedindo dinheiro para comprar absorvente? Pedindo dinheiro para  fazer a mão? E a minha relação e a troca que eu tenho com as  pessoas? Vou emburrecer.” (E15)

(15)

Discussão

Onde está a mulher na casa?

Trabalho 

 Esfera predominante  Espaço produtivo, relacionado à realização, prazer e independência 

Casa

 Local da família, que se define em relação ao trabalho  Espaço do isolamento, onde não se produz  A mulher quer se afastar deste espaço... ... mas ainda tem responsabilidades com as tarefas domésticas  Estrutura de dá suporte à casa e permite à mulher trabalhar 

Fragilização da identidade

(16)

“Acho que era mais essa coisa de não ser aquela mulher que fica em  casa cuidando de filho e só sabe falar nisso. [...]  Não ficar naquela  sombra de: Eu sou mãe, sou dona de casa. Essa coisa meio passiva.” (E33) “Então eu tenho o impulso da minha mãe que tem um trauma terrível  de ter parado de trabalhar. Eu brinco falo que a minha mãe é  culpada hoje porque o olhar da minha mãe era: você vai sair de  casa, vai trabalhar nem que seja para você pagar a faxineira da sua  casa, mas não seja dona de casa. Minha mãe não me ensinou a  cozinhar, minha mãe não me ensinou a cuidar de casa. Minha mãe  fez de tudo para eu não pisar em qualquer afazer do lar.” (E36)

(17)

Discussão

Onde está a mulher na casa?

Trabalho 

 Esfera predominante  Espaço produtivo, relacionado à realização, prazer e independência 

Casa

 Local da família, que se define em relação ao trabalho  Espaço do isolamento, onde não se produz  A mulher quer se afastar deste espaço... ... mas ainda tem responsabilidades com as tarefas domésticas  Estrutura de dá suporte à casa e permite à mulher trabalhar 

Fragilização da identidade

(18)

Eu fico desesperada porque eu fico nas mãos dela. Então eu tento... Sei  lá e já aconteceu. Ela não chegar domingo e chegar na segunda feira  e eu ter uma reunião marcada na segunda feira cedo. [...] Ela (babá)  que manda na minha agenda. Ela que tem a prioridade. (E17) Porque por mais que meu marido chegue mais cedo, não é a mesma  coisa de eu chegar mais cedo. Eu que cuido do pagamento, dos  afazeres, cuido das crianças, das roupas, de tudo. (E39)

(19)

Discussão

Casa e trabalho

 Ritmo intenso do dia a dia  Imposto pelo trabalho   Reforçado pela casa   Esgotamento físico  Sentimentos de angústia e culpa

(20)

“Meu dia a dia é meio caótico, eu diria né?” (E21) “E o dia a dia é assim, o dia a dia assim que eu vejo é a gente correr  para arrumar a casa, para ter as coisas em dia, corre para ter as  coisas dos filhos em dia, do marido em dia e do trabalho e sempre a  sensação final hoje é que o dia não tem as horas que a gente  precisava que tivesse.” (E20)

(21)

“Eu estou sempre muito cansada. O que sobra para eles (a família) é  uma pessoa mais cansada, com menos energia é isso que eu sinto...  E o cansaço, eu estou sempre muito cansada.” (E22) “Não é uma relação de equilíbrio, é uma relação de falta de qualidade  de vida mesmo, eu sinto isso. Hoje não me sinto satisfeita com a  minha qualidade de vida. O que eu sinto hoje depois de 1 ano e meio  nesse ciclo? Que você começa perder o prazer das coisas.” (E23)

(22)

Discussão

Onde está a mulher na organização?

O contexto masculino da organização

 Reforço do masculino  Ringue, local de luta  Onde se “puxa a faca”  Jogar o jogo do masculino  Anulação do feminino  Mulher se mimetiza, esconde o feminino  Exaltação das diferenças entre homens e mulheres 

Mulheres não se sentem discriminadas

A coexistência do masculino e do feminino

 A princesa de chuteira

(23)

“Eu acho que para a gente sobreviver na organização 

você tem que brigar sim, você tem que ser mais 

agressiva.”(E21)

Eu costumo dizer, a gente é de briga. Então o homem não 

faz farinha com a gente aqui. Então homem é de igual 

para igual. [...]. Eu sou muito de confronto, homem não 

me mete medo nenhum. Eu não me intimido. (E34)

(24)

Discussão

Onde está a mulher na organização?

O contexto masculino da organização

 Reforço do masculino  Ringue, local de luta  Onde se “puxa a faca”  Jogar o jogo do masculino  Anulação do feminino  Mulher se mimetiza, esconde o feminino  Exaltação das diferenças entre homens e mulheres 

Mulheres não se sentem discriminadas

A coexistência do masculino e do feminino

 A princesa de chuteira

(25)

“Às vezes eu brinco, agora eu vou virar menina.  Então, eu 

tento reservar, mesmo que seja no horário do almoço, fazer 

a unha, fazer depilação, essas coisas. Mulher tem todas as 

atividades que um homem tem no trabalho, mais as coisas 

de meninas. (E15)”

“Por exemplo, uma vez que eu fui fazer um treinamento numa 

empresa de entrega aí tinha uma sala com uns quarenta e 

cinco motoboys, ... você tem que levar de uma forma 

diferente, a forma de se vestir de tentar chamar menos 

atenção. Você tem que tentar um pouco ficar neutra, 

esconder a feminilidade. (E31)

(26)

Discussão

Onde está a mulher na organização?

O contexto masculino da organização

 Reforço do masculino  Ringue, local de luta  Onde se “puxa a faca”  Jogar o jogo do masculino  Anulação do feminino  Mulher se mimetiza, esconde o feminino  Exaltação das diferenças entre homens e mulheres 

Mulheres não se sentem discriminadas

A coexistência do masculino e do feminino

 A princesa de chuteira

(27)

A cobrança que vem é um pouco diferente, em cima 

da mulher.  [...] Eu gosto de usufruir dessa condição 

de ser mulher.  Eu acho que tem um tratamento 

diferente, uma certa suavidade maior no tratar, no 

cobrar, no exigir. (E10)

“A pessoa vai, fala palavrão na sua frente e depois: 

Desculpa! Tem mulher na sala.” (E13)

(28)

Eu sou mais acostumada trabalhar com homem do 

que com mulher e acho até mais fácil. Porque 

homens são mais diretos.”(E8)

“E às vezes também se envolve em picuinhas que não 

precisa se envolver. Eu já trabalhei numa área onde 

tinha mais mulheres e numa área que tinha mais 

homens e eu acho que eu prefiro trabalhar numa 

área que tem mais homens.” (E13)

(29)

Discussão

Onde está a mulher na organização?

O contexto masculino da organização

 Reforço do masculino  Ringue, local de luta  Onde se “puxa a faca”  Jogar o jogo do masculino  Anulação do feminino  Mulher se mimetiza, esconde o feminino  Exaltação das diferenças entre homens e mulheres 

Mulheres não se sentem discriminadas

A coexistência do masculino e do feminino

 A princesa de chuteira

(30)

“Olha, para ser muito sincera com você, assim, eu 

nunca vivi uma situação que eu me sentisse 

discriminada por eu ser mulher.”(E25)

“Então eu nunca fui prejudicada, não que eu saiba, 

na carreira por ter sido mulher, por ser mulher. 

Nunca. E também nunca fui favorecida por isso.” 

(E12)

(31)

Discussão

Onde está a mulher na organização?

O contexto masculino da organização

 Reforço do masculino  Ringue, local de luta  Onde se “puxa a faca”  Jogar o jogo do masculino  Anulação do feminino  Mulher se mimetiza, esconde o feminino  Exaltação das diferenças entre homens e mulheres 

Mulheres não se sentem discriminadas

A coexistência do masculino e do feminino

 A princesa de chuteira

(32)

“Nós não somos princesas de chuteira, não temos que ser 

princesas de chuteira. A gente tem que, cada um tem 

que ser respeitado por suas coisas. Então a gente tem 

que se colocar como mulher que a gente faz as nossas 

coisas, a maioria das mulheres tem filho, tem família, 

carreira, as mulheres engravidam e ficam seis meses 

fora e a carreira não vai parar por causa disso, ela tem 

esse tempo, tem que sair da reunião para amamentar e 

a gente não tem que se abrutalhar, entendeu?  (E42)

(33)

“Então assim, eu tenho um lado forte exatamente para 

não me parecer submissa, ninguém me vê como a 

coitada, que precisa de força para viver. Então eu tenho 

esse lado mais forte então isso me deu a possibilidade 

de lidar de igual para igual no banco. Ao mesmo tempo 

eu nunca perdi uma questão que eu chamo mais de 

lado feminino que é da relação, que é do olhar, que é do 

cuidado, então tem uma característica muito forte do 

cuidar.” (E9)

(34)

Discussão

Onde está a mulher?

O contexto de saturação

 Maior pressão e carga de trabalho  Cotidiano “caótico” e “insano”  Trabalho como espaço de aceleração  Vida pessoal assume o mesmo ritmo intenso  Casa fica com o que “sobrou” – esgotamento físico  Sentimentos de angústia e conflito 

Multiplicidade do self:  mãe, mulher, profissional

Fragilização da identidade

(35)

Conclusões

Desaparecimento simbólico da mulher

Casa e trabalho

Organização

(36)

Conclusões

O que a mulher está buscando no contexto de trabalho 

das organizações?

Reproduz o discurso da diferença?

Ou aprendeu a jogar o jogo? A que preço?

Já estamos vendo um futuro diferente?

O papel das relações sociais e o comportamento

(37)

Conclusões

As saídas encontradas

Gerência intermediária como:

 Posição almejada  Limite do que se consegue administrar  Movimentações laterais como plano futuro 

Planos profissionais fora da organização

Teto de vidro 

compreendido sob 

outra perspectiva

(38)
(39)

Ana Paula Vitelli é doutora em Administração de Empresas pela 

Fundação Getulio Vargas – SP, com pesquisa sobre mulheres na 

gerência intermediária.

Em 2012, sua tese recebeu prêmio do GVPesquisa por Melhor Tese 

em Administração de Empresas. É também mestre e graduada em 

Administração pela mesma instituição.

Atua profissionalmente na área de educação há mais de 15 anos, 

especificamente com treinamentos corporativos e educação a 

distância,  além de desenvolver projetos de consultoria.

Em fevereiro de 2013, assumiu a função de Diretora Regional da 

Manchester Business School para o Brasil.

Sobre a autora

Referências

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