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ESTADO MATRIX, O ARQUÉTIPO DE JUSTIÇA E PUNIÇÃO

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Academic year: 2021

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ESTADO MATRIX, O ARQUÉTIPO DE JUSTIÇA E PUNIÇÃO

Thiago Pellegrini Valverde

Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Guarujá, São Paulo, Brasil. Universidade São Judas (USJT). Santos, São Paulo, Brasil. Fundação Santo André (FSA). Santo André, São Paulo, Brasil. Universidade Federal do ABC (UFABC). São Bernardo do Campo, São Paulo, Brasil. Docente nos cursos de Direito (UNAERP, USJT e FSA) e discente do Doutorado em Ciências Humanas e Sociais (UFABC). Mestre e Bacharel em Direito, com estágio de aperfeiçoamento em História, Filosofia e Teoria do Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires (UBA). tvalverde@unaerp.br

RESUMO

Este artigo analisa a relação entre um Estado que vende uma falsa sensação de segurança para seu povo com base em discursos punitivos demagógicos, reproduzidos pela mídia e por autoridades estatais ao defender um Direito Penal Máximo que se mostra absolutamente ineficaz. Começa analisando o simulacro em que se encontra o atual estágio da República, tal qual a Matrix cinematográfica em comparação, para depois analisar as relações entre o Direito e a Justiça, relacionando-os com a mídia reprodutora dos discursos punitivos demagógicos e a falência das políticas públicas de enrijecimento penal.

PALAVRAS-CHAVES: Estado Matrix; Direitos Humanos; Mídia. ÁREA DO CONHECIMENTO: Ciências Humanas e Sociais. ABSTRACT

This article analyzes the relationship between a State that sells a false sense of security to its people based on demagogic punitive speeches, reproduced by the media and State authorities in defending a Maximum Criminal Law that is absolutely ineffective. It starts by analyzing the simulacrum in which the current stage of the Republic is, just like the cinematographic Matrix in comparison, and then analyzing the relations between Law and Justice, relating them to the media that reproduces demagogic punitive discourses and the bankruptcy of policies penal stiffening.

KEYWORDS: Matrix State; Human Rights; Media. KNOWLEDGE AREA: Human and Social Sciences.

1 INTRODUÇÃO

Na trilogia do Cinema Matrix, o personagem principal, vivido pelo ator Keanu Reaves, chamado Thomas Anderson ou simplesmente Neo (seu nome “hacker”), é um cidadão comum, como tantos outros, que supõe levar uma vida normal, com experiências reais. Contudo, Neo (assim como os demais indivíduos) está conectado à Matrix, ignorando que o mundo no qual achava que vivia era absolutamente distinto, uma simulação da realidade.

Neo leva uma vida dupla. Trabalha como um pacato programador de computadores e, ao

mesmo tempo, é um “hacker”. Durante tais atividades, Neo descobre algo conhecido como

Matrix e sai em busca de um terrorista (termo atribuído pelo Estado de normalidade em que ele

acredita que se encontra) chamado Morpheus, que ao encontrar Neo, apresenta duas opções a este: tomar uma de duas pílulas oferecidas: uma, azul, que o levaria a continuar com sua vida

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aparente; outra, vermelha, que o levaria a ver a realidade e o funcionamento daquilo que chamavam de Matrix.

Assim, o protagonista percebe que o mundo que supunha viver era irreal. A realidade tal qual era conhecida, em Matrix, na verdade, era fruto de uma inteligência artificial, como se todos vivessem em um mundo virtual sem ao menos tomarem consciência de tal fato. Colocar o próprio conceito de realidade em xeque é algo perturbador.

2 OBJETIVOS

Neste artigo, pretende-se demonstrar um modelo ou padrão passível de ser reproduzido em simulacros entre o Estado atual, propagador fático de um Direito Penal Máximo, o sistema colonial e de plantation e a necropolítica que os caracterizou, com a Matrix cinematográfica e os discursos midiáticos propagadores do medo generalizado ante um inimigo muitas vezes ficcional.

3 MATERIAL E MÉTODOS

O artigo em testilha busca, através de método indutivo, partindo-se de casos específicos para se chegar a um panorama geral, demonstrar a relação entre o Estado que vende uma falsa sensação de segurança para seu povo com base em discursos punitivos demagógicos, reproduzidos pela mídia e por autoridades estatais, ao defender um Direito Penal Máximo que restou ineficaz por onde foi adotado.

Em primeiro lugar, se analisa o simulacro em que se encontra o atual estágio da República, tal qual a Matrix cinematográfica, para depois analisar as relações entre o Direito e a Justiça, relacionando-os, por fim, com a mídia reprodutora dos discursos punitivos demagógicos e a falência das políticas públicas de enrijecimento penal. Os fundamentos teóricos estão na chamada “legislação-álibi”, defendida por Marcelo Neves em sua obra “Constitucionalização simbólica”. O problema de pesquisa é o arquétipo de justiça incentivado na contemporaneidade através da mídia e do punitivismo irracional e desprovido de base científica séria como parâmetro de política criminal, sobretudo no Brasil.

4 DESENVOLVIMENTO

4.1 A MATRIX E A REPÚBLICA

O pensamento cartesiano influenciou a cultura ocidental a partir do século XVII, com sua crença de que o mundo poderia ser descrito objetivamente, o que está na base da investigação científica. Nesse pensamento, a razão está acima de qualquer suspeita.

Contudo, o virtual engana os sentidos e parece tão real quanto o próprio real, que, afinal, revela-se não tão real assim. A simulação cria um perfeito simulacro de realidade, como um sonho tão vívido que, ao "acordar", não se consegue distinguir entre ilusão e verdade. Será que uma lógica cartesiana serve para este mundo pós-moderno? Ou será que a lógica difusa, conhecida como “Fuzzi Logic” é a mais correta para um mundo em (des)construção? A lógica difusa aceita que entre o sim e o não existe um talvez. Tudo é incerto.

O real talvez seja inapreensível pela razão, pois a razão depende da percepção, do método empírico, e a percepção engana. Esta somente vê o que é superficial, e o superficial não serve para nada mais do que montar um breve esboço. Desta forma o conhecimento nunca será

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absoluto, e o conhecimento racional deriva da experiência sensorial do ambiente, que é apreendido através de categorias criadas pelo intelecto para organizar e interpretar o mundo.

Ora, o ser humano está constantemente preso aos limites de sua mente. A mente humana cria, por exemplo, a noção de tempo e espaço que, na realidade, não existem. A filosofia oriental já dizia isso, e que Einstein comprovou com a sua Teoria da Relatividade.

Quando o ser humano nasce, já herda uma matriz psíquica que condiciona como enxergará a realidade. Platão resumiu em seu mito da caverna a "prisão mental" em que a humanidade vive: por não deixar a caverna, o ser humano não tem conhecimento do mundo luminoso que existe lá fora e considera as sombras do exterior como a única realidade existente. Ou seja, não se tem acesso exato à realidade, pois só se entra em contato com ela através da mediação da linguagem, dos símbolos e dos conceitos, que são limitados.

Seriam os homens contemporâneos iguais aos prisioneiros da caverna de Platão, amarrados a um mundo de aparências que não refletem a verdadeira realidade. A saída, segundo Platão, está na filosofia, na educação e na iluminação. Elas são o caminho para o mundo das formas ou das ideias, o lugar onde está a essência das coisas, a realidade verdadeira. E a República?

A palavra “República” deriva do latim “res publica”, que quer significar “coisa pública”; ocorre que toda “res publica” deve ser também uma “res populi”, ou seja, “coisa do povo”. Nesse sentido, é interessante notar que “res” não tinha para os romanos o significado trivial que “coisa” tem para os contemporâneos; para os romanos, essa expressão possuía um significado bem mais abrangente e especial do que aquele repassado pela ontologia dualista herdada de Descartes, de algo puramente material. A “res” era a causa, aquilo sobre o que se discutia (VILLEY, 2007, p. 92).

Geraldo Ataliba (2004, p. 13) ensina que “República é o regime político em que os exercentes de funções políticas (executivas e legislativas) representam o povo e decidem em seu nome, fazendo-o com responsabilidade, eletivamente e mediante mandatos renováveis periodicamente”. Assim, tem-se que a República deve ser a instituição pública central e principal do Direito, contudo, na prática, tem-se um arremedo de República, com um verdadeiro furor legislativo onde tudo deve ser regulamentado, o que gera, na prática normas muitas vezes ruins, inoperantes, com vários defeitos de ordem jurídica, que muitas vezes levam à revogação, ao desuso ou a declaração de inconstitucionalidade.

Nossa República sempre sofreu de sérias doenças crônicas, tais como o escravismo, o coronelismo, o populismo, as ditaduras, a ausência de liberdade, a perseguição e a desigualdade socioeconômica. E, disso tudo, decorre um problema ainda maior, pois todo o Direito brasileiro é interpretado com base nos princípios fundamentais de uma Constituição, e um desses princípios fundamentais é o princípio republicano. Logo, interpreta-se um Direito com base em um princípio extraído de uma República que, de fato, deixa muito a desejar quando a matéria a ser tratada são os Direitos Humanos.

Somente a título de esclarecimento, Geraldo Ataliba (2004, p. 39) alerta para a existência do princípio republicano na Constituição Federal de 1988 – ele está em todo o parágrafo 4º do artigo 60, pois se consagra do conjunto de princípios ali estabelecidos. Um regime republicano é um regime de responsabilidade. E o que se vê partindo de boa parte dos representantes eleitos do povo, de algumas autoridades estatais e da mídia não é bem o que podemos chamar de “atos responsáveis”.

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Assim, nesse ponto, equivale a dizer que a República brasileira é tal qual a Matrix. Muitos fenômenos aqui são “desertos do real”. Fabio Konder Comparato (2010, pp. 192/193) alega que o principal problema da organização do Estado brasileiro é a inexistência de uma síntese entre a Constituição formal e a informal de modo harmônico, pois as diversas Cartas políticas desempenharam a função de encobrir a realidade efetiva do poder social, acabando por construir um liberalismo de senzala, uma república privatista e uma democracia sem povo. Comparato (2010, p. 192) cita Machado de Assis, que em Crônica de 1878 sobre a ideia municipalista no Brasil, observou:

Os bons desejos de alguns ou de muitos não chegarão jamais a criar ou aviventar uma instituição, se esta não corresponder exatamente às condições morais e mentais da sociedade. Pode a instituição subsistir com as suas formas externas, mas a alma, essa não há criador que lha infunda.

Na trilogia dos irmãos Wachowski, A Matrix acaba fazendo as vezes de uma República, direcionando a sociedade. Ela – a Matrix – é combatida exatamente porque é uma pseudo-república. Não há liberdade de fato, até mesmo porque sequer há realidade de fato, mas somente simulacros.

4.2 O CONCEITO DE JUSTIÇA E O CONCEITO DE DIREITO: HARMONIA OU INCOMPATIBILIDADE? – O ARQUÉTIPO DE JUSTIÇA

Conceitos são sempre partes importantes de qualquer teoria. Mas também são as partes que mais geram problemas de ordem funcional. Os variados conceitos existentes na ciência sobre o que venha a ser Justiça e Direito por vezes tornam o estudo do tema intrigante. Muitos estudantes quando chegam a uma Faculdade de Direito têm em mente que lá irão aprender como se faz Justiça; em maior ou em menor grau, a grande maioria dos recém ingressos nas Academias Jurídicas associa o Direito à Justiça. No decorrer de seus estudos verificam que nem sempre são conceitos e até mesmo fenômenos compatíveis; não raras vezes, concluem que são fenômenos incompatíveis (ainda mais quando verificam, na prática, essa dissociação).

Justiça é uma retribuição equivalente ao que foi dado ou feito (TELLES JUNIOR, 2009, p. 355). Como retribuição do equivalente ao que foi dado ou feito, necessariamente implica em uma bilateralidade, uma relação de um com o outro; o Direito também exige essa alteridade, essa relação com o outro, haja vista que é a disciplina da convivência humana, e conviver significa viver com alguém. O Direito também pode ser usado como instrumento de dominação, de uma classe sobre a outra, de um Estado sobre cidadãos ou de uma raça sobre a outra (afinal, durante mais de 300 anos, a escravidão do povo negro, no Brasil, foi plenamente legal do ponto de vista normativo – a norma jurídica regulamentava a escravização, autorizando-a). Justiça também pode ter o seu conceito deturpado a fim de se fazer acreditar que a dominação é benéfica1, como salientou o nomeado pelo Governo Federal brasileiro à presidência da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento de Camargo, no mês de dezembro de 2019, ao dizer que a escravidão do povo negro, apesar de terrível, foi benéfica para os descendentes dos escravizados, desconsiderando todo o câncer social causado por tal dominação por mais de 300

1 https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/11/28/novo-presidente-da-fundacao-palmares-minimiza-racismo-no-brasil-em-post.ghtml, acesso em 09 de dezembro de 2019.

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(trezentos) anos nestas terras, bem como os efeitos deletérios experimentados até os dias atuais pelos descendentes dos escravizados.

Goffredo Telles Junior (2009, pp. 364/365) ensina que o Direito sempre deve acompanhar o justo por convenção, o justo que se convencionou, afirmando que as leis existem para se evitar o arbítrio dos mais fortes, pois a lei é soberana. Porém existem leis e interpretações ruins. Por isso a lei deve sempre ser interpretada com a lógica do jurista, que nada mais é do que a lógica do razoável. Uma lei não está sozinha no sistema jurídico; uma lei é parte de um sistema ético, é sempre um mandamento harmonizado com a ordenação ética vigente. Uma norma nasce para o mundo de fato quando é interpretada, e para ser interpretada, é necessário que o jurista a conclua de forma a não contrariar os direitos humanos universalmente consagrados.

A palavra Direito é analógica (palavras analógicas são aquelas que possuem sentidos diversos, porém conexos, que se relacionam uns aos outros) e plurívoca (palavras que comportam várias definições). Logo, não pode ser definida de uma só forma. Exatamente por isso, Goffredo Telles Junior definiu o Direito como a Disciplina da Convivência Humana, pois o Direito é a qualidade do que é justo, mas justo nos termos da lei – o justo convencional (2009, p. 378).

Santo Tomás dizia que Direito é o objeto da Justiça (2007, p. 40). É claro que não se está a dizer que o Direito é sinônimo de Justiça, mas esses dois fenômenos não estão divorciados neste pensador. Vejamos que em Michel Villey (2007, pp. 60/67),

Assim como Aristóteles, o jurisconsulto romano tem acesso ao direito pela justiça. O direito constitui um elemento (o objeto ou a causa final) dessa espécie de atividade habitual que a justiça é

(...)

As regras jurídicas não são o direito; descrevem o direito... Porque as regras descrevem o direito de modo sempre incompleto, seria atribuir-lhes uma autoridade absoluta.

Nesse sentido, Goffredo Telles Junior (2009, pp. 374/375) ainda argumenta que o ser humano quer leis direitas, quer que cada um tenha o que é justo, e é exatamente por essa razão que os romanos chamavam o Direito de “ius”.

Ninguém gosta de um Direito injusto. Porém o legislador por vezes cria um Direito injusto, e isso é inegável. O juiz, por vezes, julga de forma injusta, porque interpreta injustamente a norma jurídica. E a primeira afirmação, mesmo assim, continua válida: ninguém gosta de um Direito injusto, pelo menos não quando esse Direito lhe atinge. Ninguém gosta também de ser publicamente apontado como o defensor de um Direito injusto, pois nos tempos modernos tudo pode ser visto. Como explanou Zigmund Bauman (2010, p. 92):

Como observou recentemente Thomas Mathiesen, a poderosa metáfora do Panóptico de Bentham e de Foucault não dá conta dos modos em que o poder opera. Mudamo-nos agora, sugere Mathiesen, de uma sociedade do estilo Panóptico para uma sociedade do estilo sinóptico: as mesas foram viradas e agora são muitos que observam poucos. Os espetáculos tomam o lugar da supervisão sem perder o poder disciplinador do antecessor. A obediência aos padrões... tende a ser alcançada hoje em dia pela tentação e pela sedução e não mais pela coerção – e aparece sob o disfarce do livre-arbítrio, em vez de revelar-se como força externa.

Assim, o que se defende nessa oportunidade é que o maior problema é a interpretação do Direito, exatamente porque a interpretação não é um processo de passiva submissão, e como

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deixa claro Peter Häberle (1997, p. 30), muito menos se confunde com a recepção de uma ordem.

Cria-se um arquétipo de Justiça que leva os homens com o mínimo de sensatez a acreditar que o Direito está do lado do justo, do correto, do reto, do acerto e da moral. Um arquétipo, para a filosofia, é usado para designar as ideias como modelo de todas as coisas existentes, um protótipo. E o protótipo de Justiça deve ser uma ideia que funcione a contento, que seja justa. Ocorre que justiça midiática, justiça tardia, justiça sem limites, justiça a qualquer custo ou

justiçamento, não é Justiça. É tudo (de ruim), menos justiça.

Qualquer interpretação – especialmente a interpretação – ou a criação e a aplicação de um Direito que se distancia da Justiça por se distanciar do ser humano, do cidadão, do indivíduo, do correto e se aproxima do torto, não é o caminho a ser seguido. Peter Häberle (1997, p. 31), defensor da sociedade aberta dos intérpretes da Constituição, ensina que qualquer intérprete é orientado pela teoria e pelas práxis, mas estas práxis nem sempre são conformadas pelos intérpretes oficiais da Constituição. Aliás, o juiz não deve se deixar influenciar em um caso concreto pela opinião pública, porém ele estará constantemente em comunicação com o povo, o mundo jurídico, a ciência, a política e a própria opinião pública.

Contudo, o juiz é também aquele que se espraia no texto constitucional para evitar o “canto das sereias”, interpretando as normas com base no texto maior, ainda que não seja essa a vontade do povo. Essa interpretação do Direito que se harmoniza com a Justiça é aquela em que o rol de direitos humanos jamais é taxativo na letra da norma; é aquela em que o ser humano é o centro e a razão da ordem jurídica; é aquela em que o ser humano – todos os seres humanos – interpretam a norma, porque todos vivem a norma, e não somente o juiz. Cícero dizia que é recorrendo à razão que a natureza aproxima o ser humano do ser humano, fazendo-os dialogar e viver em comum. Em verdade, as Constituições – e em especial a brasileira –, estão insuficientemente concretizadas. Não é um mero problema de ineficácia de normas constitucionais. A Constituição por vezes é tratada como uma simples promessa (que pode não ser cumprida), exatamente porque construída sem contato direto com o povo.

4.3 A MÍDIA BRASILEIRA E OS DISCURSOS PUNITIVOS DEMAGOGOS: A FALÊNCIA DAS POLÍTICAS DE ENDURECIMENTO DO COMBATE AO CRIME

A mídia quer ter audiência e lucrar. Para tanto, utilizar-se de discursos punitivos é uma boa estratégia de promoção, pois em uma sociedade sedenta de justiça negligenciada durante anos, o discurso punitivo de uma (falsa) justiça é sempre bem vindo.

Vejamos as ações policiais na chamada “Cracolândia” no município de São Paulo, iniciada com grande ênfase em janeiro de 2012, com continuidades durante outros anos, em especial entre 2017 e 2018. Tais atividades sempre tiveram como justificativa ser constituídas de atuações que envolvessem as polícias e os órgãos estaduais e municipais ligados à segurança, saúde e assistência social. Os objetivos seriam o resgate da cidadania, a elevação da dignidade humana por meio da reinserção social, a recuperação de áreas degradadas e o combate do tráfico de drogas.

Contudo, afinal, quais sempre foram os objetivos das várias intervenções na Cracolândia? Aqueles usuários de drogas que lá se situam, muitos em estado lastimável de saúde, sentem que perderam sua cidadania, sequer sabem ainda o que significa dignidade e estão sem a mínima perspectiva de vida. Para eles, a vida resume-se a uma pedra de crack. Ocorre que o Estado os

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negligenciou por incontáveis anos. Para eles, a real política sempre foi a da “pancada”, das detenções e dos jatos de água.

Ora, se o objetivo central de todas as intervenções nunca foi a de segurança pública, não deveria ser o corpo policial do Estado o responsável por tais intervenções. Valeria mais uma combinação de assistência social com saúde pública. No Rio de Janeiro o termo “ocupação” também é recorrente, especialmente nos casos recentes de ocupação policial e até militar nos morros, com as instalações das UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadora) e com as decretações de intervenções militares (realizadas durante a Copa do Mundo de 2014, das Olímpiadas do Rio de 2016 e mais recentemente no ano de 2018 durante a gestão “Pezão-Temer”. Tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro, as intervenções não tiveram absolutamente nada de pacificadoras, muito menos apresentaram eficácia comprovada no resgate da cidadania da população direta e indiretamente afetadas.

Nos casos das intervenções estatais no Rio e em São Paulo, os governos defendem-se alegando que atuam contra traficantes, e, por isso, a necessidade do uso da força policial. A pergunta central, no entanto, é: como a droga entra no território da Cracolândia ou nos morros cariocas? Como elas chegam em outros estratos sociais? Afinal, não parece que a droga ilícita é de uso exclusivo da parcela pobre da população brasileira.

Todas as ações citadas acima foram midiáticas, para que os eleitores dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro tivessem a imagem de Governos e de Polícias eficientes, que combatem a criminalidade e amparam o chamado “cidadão de bem”. Mas os Estados de SP e do RJ continuam sendo dos mais violentos do mundo. Aquelas pessoas que consomem drogas na Cracolândia, ou que as adquirem naquele local para consumir em outro, bem como as pessoas que adquirem drogas ilícitas nos “pontos de vendas” das cidades brasileiras, também podem consumir em outros lugares. Não é o local o problema, mas sim a política de tratamento, de educação, de informação e de enfrentamento os reais problemas.

Defender maior rigor penal, o aumento das penas e a criminalização de tudo e de todos é uma política que agrada somente a quem está no controle do poder e aqueles que somente têm acesso a parte das informações e simulacros da verdade. Segue-se a mesma linha de quem defende a adoção da pena de morte no Brasil, sabendo, muito bem, que nos territórios Estadunidenses que ainda adotam a pena de morte e em todos os países que a adotam na integralidade, como a China e o Irã, a criminalidade não diminuiu.

O encarceramento no Brasil dobrou nos últimos 15 anos conforme aponta estatística do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias do Departamento Penitenciário Nacional, órgão do Ministério da Justiça. Em breve, o Brasil poderá ter cerca de 800 mil presos, muitos sem condenação em definitivo pelo Sistema de Justiça Criminal, e já ocupamos a terceira colocação mundial nesse quesito. Aqui cabe mais uma pergunta: o fato da população carcerária no Brasil ter dobrado nos últimos 11 anos trouxe maior sensação de segurança para as pessoas? A resposta é fatalmente negativa. E se o número de presos aumentou, a conclusão lógica é que a criminalidade também aumentou.

A ausência do Estado (assim como a presença) pode matar; quando o Estado se faz presente através de uma política de morte tão somente, da necropolítica, ele mata e deixa morrer. Quando não se faz presente positivamente, através de políticas públicas fitossanitárias positivas, de políticas de educação e assistência e amparo, de gestão ambiental e de espaço urbano e rural eficientes e positivos, o Estado mata ou deixa morrer. E um Direito Penal máximo

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é mecanismo que possibilita tudo isso e vai na contramão dos avanços da humanidade, não demonstrando nenhuma efetividade no combate ao fenômeno da criminalidade (se o sentido for diminuir a criminalidade e aumentar a expectativa de vida dos seres humanos, fazendo com que a delinquência diminua). Discursos penais máximos são demagógicos, porque prometem muito e entregam pouco ou nada.

Na biopolítica, a raça é o elemento central na construção do Estado moderno e o racismo está relacionado com a formação do Estado a partir do Século XIX, em um discurso cada vez mais biologizante das raças, em uma ideia de proteção da integridade das raças e da nação. Isso ocorre no Brasil, assim como ocorre na Europa. É a raça que vai construir o inimigo2. O racismo é uma tecnologia de poder do Estado (MBEMBE, 2020, p. 18), onde vida e morte ganham novos significados. Na biopolítica, ser soberano significa controlar a vida (e também fazer a gestão da morte), o poder sobre a vida. O biopoder de Foucault, então, como assevera Mbembe (2020, p. 19), é o exercício do poder sobre a vida, que é cada vez mais disciplinar e regulamentador, e o racismo é o elemento fundamental do Estado aqui.

A atuação do Estado na contemporaneidade não nasce instantaneamente. É fruto de um processo de maturação relativamente longo. Esse processo, no caso do Brasil, se dá desde 1500. Esse processo nasce no sistema colonial e de plantation, e é aperfeiçoado até o hodierno. A vida na Colônia e na plantation era uma vida de morte e o racismo permite que se estabeleça uma relação positiva com a morte do outro, e, assim, ele não deve morrer simplesmente por ser um inimigo do “cidadão de bem”, mas sim porque ele é um degenerado. Aqui chegamos na necropolítica nos dizeres de Achille Mbembe (2020, p. 31), uma organização do poder para a produção da morte, com a fusão do estado de exceção, do estado de sítio e do biopoder; e onde isso mais será notado são nas periferias, nas favelas, nas cracolândias, nos morros e no cárcere. A ausência (e a presença) do Estado nesses sentidos, mata e deixa morrer, mas propaga para o restante da população que atua no sentido de “servir e proteger”. Esse modelo de administração da morte nos foi dado pelo sistema colonial e é atuante até os dias presentes.

É interessante notar que com o pós-guerra o termo “Direitos Humanos” ganhou projeção; nos países que enfrentaram as tiranias dos regimes totalitários golpistas – como no caso brasileiro –, os Direitos Humanos foram tratados por setores consideráveis da mídia como direitos subalternos, puramente teóricos, destinados exclusivamente a delinquentes. Sempre que um crime de grande repercussão social ocorre, os meios de comunicação, alguns políticos e até mesmo alguns membros do Poder Judiciário e do Ministério Público (pilares de sustentação da defesa dos direitos do ser humano, assim como a classe dos advogados), defendem a supressão de certos direitos e garantias, o aumento de determinadas penas e até mesmo a pena de morte (VALVERDE, 2011, p. 143).

4.4 O GOSTO DA SOCIEDADE BRASILEIRA PELA (FALSA) SENSAÇÃO DE SEGURANÇA DOS DISCURSOS MIDIÁTICOS DEMAGÓGICOS

No prefácio do livro “Os caminhos de Mandela”, escrito por Richard Stengel (2010, p. 09), Nelson Mandela diz:

2Sistema carcerário brasileiro: negros e pobres na prisão. Câmara dos Deputados. Disponível em https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/noticias/sistema-carcerario-brasileiro-negros-e-pobres-na-prisao. Acesso em: 09 de jan. de 2020.

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Na África existe um conceito conhecido como ubuntu – o sentimento profundo de que somos humanos somente por intermédio da humanidade dos outros; se vamos realizar qualquer coisa nesse mundo, ela será devida em igual medida ao trabalho e às realizações dos outros.

O sistema de “apartheid”, oficialmente adotado pela África do Sul entre os anos de 1948 e 1994, causou o sofrimento, a prisão de muitos seres humanos, incluindo Nelson Mandela (que ficou detido por quase 30 anos). O jovem Nelson foi libertado já um idoso. Diferentemente do que muitos pensavam, Mandela não se revoltou ao ser libertado; tornou-se Presidente da África do Sul e não perseguiu seus algozes. Mandela fez um governo de solidariedade e perdão. No Brasil, basta a ocorrência de um crime de grande repercussão social para que setores da sociedade, inflamados por grande parcela da mídia, exijam o endurecimento penal e a revogação de direitos e garantias individuais.

O apartheid é uma mistura de escravidão com nazismo, no sentido de produzir crueldade extrema e do exercício de um necropoder e da necropolítica, sendo necessário eliminar os indesejáveis, os perigosos, aqueles que estão “fora” do mercado, pois não podem consumir. Mistura escravidão com nazismo porque este é a fusão da morte com a política, mas o nazismo não foi uma invenção livre de modelos anteriores: ele se baseou na experiência colonial e estendeu essa lógica da Colônia para o seio da Europa. Obtempera Mbembe (2020, pp. 31/32):

Se as relações entre a vida e a morte, a política de crueldade e os símbolos do abuso tendem a se embaralhar no sistema de plantation, é interessante notar que é nas colônias e sob o regime do apartheid que surge uma forma peculiar de terror. A característica mais original dessa formação de terror é a concatenação entre o biopoder, o estado de exceção e o estado de sítio.

(...)

O que se testemunha na Segunda Guerra Mundial é a extensão dos métodos anteriormente reservados aos “selvagens” aos povos “civilizados” da Europa.

Continua Mbembe (2020, pp. 32/33):

No fim, pouco importa que as tecnologias que culminaram no nazismo tenham sua origem na plantation ou na colônia... a colônia representa o lugar em que a soberania consiste fundamentalmente no exercício de um poder à margem da lei (ab legibus

solutus) e no qual a “paz” tende a assumir o rosto de uma “guerra sem fim”.

Substancialmente, o que sustenta Achille Mbembe é a base que mantém um simulacro de justiça (para alguns poucos eleitos), o Estado assassino e suicidário no qual nos encontramos, com uma ausência de Estado para políticas públicas positivas para a população marginalizada, a imagem da punição como a única e melhor solução, porque assim eliminamos os “degenerados”, e uma presença do Estado para essa mesma população somente – e tão somente – na chave da violência. A origem disso está no nosso passado, ainda não resolvido.

A violência é muito lucrativa. Vendem-se armas, munições, proteção, e espaços de anunciantes entre uma notícia e outra. E quando um apresentador de TV carismático ou com apelo popular grande, defende a Lei de Talião, parcela do povo aplaude. Os políticos brasileiros pegam carona nesse meio e sempre propõem alterações legislativas impactantes, quase nunca de promoção e defesa dos direitos humanos, mas sim de recrudescimento das (poucas) conquistas no campo dos direitos e garantias fundamentais.

O povo brasileiro sofre muito com falta de investimentos de base, seja na educação, na saúde ou na segurança pública. Nossas polícias acabaram sendo treinadas para o enfrentamento,

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o combate e a eliminação do “inimigo”, quando na verdade deveriam ter sido treinadas no trabalho de inteligência, investigativo, socializador e de resgate da cidadania. É o treino para a eliminação do sujeito “colonizado”, o herdeiro daquele sistema de morte que foi a experiência colonial brasileira – muitas vezes cometido por outro sujeito “colonizado”, integrante das forças policiais do Estado, a mando de sujeitos “cidadãos” (aqueles a quem não se nega o estado de reconhecimento político positivo, os gestores do mercado).

Ocorre que nossa legislação em boa parte é meramente simbólica, haja vista que culmina penas severas para vários crimes, inclusive algumas penas severas para crimes e contravenções tão polêmicas quanto em absoluto desuso pela sociedade moderna, como a contravenção da vadiagem, por exemplo. Muitos temas no Brasil são legislados de forma absolutamente simbólica. Uma legislação simbólica é aquela que tem por objetivo confirmar valores de determinados grupos inseridos na sociedade, além de assegurar a confiança nos sistemas jurídico e político de um povo.

Entretanto, como bem assevera Marcelo Neves (2007, p. 36), diante da insatisfação da sociedade, o que se cria na verdade é uma legislação-álibi, uma resposta rápida e pronta do Estado e do governo, tudo para fortificar a confiança dos cidadãos no respectivo governo ou no Estado de forma mais generalizada. Nesse sentido, cria-se uma imagem de um Estado (ou um governo, dependendo da conotação política da legislação) que responde normativamente aos problemas reais da sociedade. Ensina Marcelo Neves (2007, p. 36) que “O legislador, muitas vezes sob pressão direta do público, elabora diplomas normativos para satisfazer as expectativas dos cidadãos, sem que com isso haja o mínimo de condições de efetivação das respectivas normas”.

Essa legislação-álibi tem a potência de introduzir um sentimento de “bem-estar” na sociedade, solucionando tensões e servindo à lealdade das massas. Defende Marcelo Neves (2007, p. 37):

Em face da insatisfação popular perante determinados acontecimentos ou da emergência de problemas sociais, exige-se do Estado muito frequentemente uma reação solucionadora imediata. Embora, nesses casos, em regra, seja improvável que a regulamentação normativa possa contribuir para a solução dos respectivos problemas, a atitude legiferante serve como um álibi do legislador perante a população que exigia uma reação do Estado.

Como o povo brasileiro sofreu durante muitos anos uma violenta ditadura imposta por criminosos usurpadores do poder, seus cúmplices, assassinos e torturadores, a sociedade brasileira ainda não se libertou das amarras produzidas naquela época, da autoritarismo e nem mesmo do populismo dos discursos punitivos demagogos, que ainda produzem a falsa sensação de segurança nas pessoas que sempre ansiavam por segurança, justiça e paz.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade brasileira vive sob o império de um Estado que vende uma falsa sensação de felicidade e de segurança, utilizando largamente a publicidade da mídia, especialmente através de discursos punitivos demagógicos sempre após a ocorrência de algum crime com alta repercussão social. Em verdade, o Estado brasileiro trata dos assuntos internos sobre segurança pública com resultados (já comprovadamente falhos) de curto prazo, porque são aqueles que a memória de um povo guarda mais facilmente, e isso muitas vezes se reverte em votos. Basta

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verificar que muitos dos políticos de um passado recente e até do presente são aqueles que defendiam a política do Direito Penal Máximo (por vezes até um Direito Penal do Inimigo) contra os indesejáveis da sociedade (os sujeitos colonizados). A sensação de segurança dá tranquilidade para consumir, planejar e sonhar.

Todos gostam de consumir e sonhar, mas precisam se sentir seguros para tal, e um Estado que na visão de alguns é fraco no combate a criminalidade, não atinge tal desiderato. Para o senso comum, um Estado que aparentemente é forte no combate a criminalidade pode proporcionar isso. Ou seja, vivemos em um Estado Matrix, que condiciona as pessoas, que somente têm acesso a uma verdade preconcebida, através dos signos, da linguagem e das condições oficialmente aprovadas por quem tem poder de mando. Justiça a todo custo não é Justiça. Justiça que atropela direitos humanos fundamentais não é Justiça. O antídoto da intolerância não é mais intolerância. Em verdade, não vivemos em um Estado forte. Vivemos em um Estado assassino e suicidário, em uma lógica neocolonial, que trata os periféricos, os pobres, os negros, as mulheres, os LGBTQ+ e os encarcerados como propriedade e na chave da violência, com resultado morte.

A construção de um sistema criminal injusto, seletivo, autoritário e a falta de políticas públicas para a realização de mandamentos constitucionais geram os discursos punitivos demagógicos. A sociedade se sente insegura porque enxerga impunidade dos autores de crimes. Mas a impunidade é gerada pelas penas impostas pela legislação (consideradas brandas pelo mercado e por quem consome) ou pelo atual sistema processual e judiciário brasileiro? Pela própria lógica de formação do Estado brasileiro?

Esses discursos reacionários de punição máxima manifestados por um Direito Penal Máximo e utilizado largamente pelo Estado, auxiliado pela mídia, chegam a desqualificar os inimigos, os perigosos, tratando-os como “coisa”. Esse discurso gera lucro, pois o aumento no serviço de segurança privada, equipamentos de segurança, como câmeras, blindagem, e outros, é fenômeno de anos recentes. É através desses discursos, que convencem a população a assistir, alienada, as atrocidades cometidas pelo Estado, que faz com que este comece a se utilizar da violência para combater conflitos sociais e a criminalidade nas cidades, inclusive via tipificação penal. O evento trágico do 11 de setembro, por exemplo, foi o estopim “renovador” para a utilização desses discursos punitivos demagógicos, que deixam com ares de “justiça” o agir estatal ilimitado para caçar o inimigo.

Assim, agride-se para não ser agredido, criando uma agressão preventiva plenamente justificada, pois as políticas de segurança pública precisam dar uma resposta rápida e cirúrgica ao medo imposto pelos inimigos do Estado. Isso só gera mais exclusão social e conflitos. A superação desse quadro consiste no investimento em uma educação verdadeiramente libertadora e que ensine as pessoas a pensar por si próprias, ponderando as informações recebidas dos múltiplos meios, bem como com a reaproximação de Direito e Justiça, através de sua reinterpretação verdadeiramente humanística e antropológica, elevando o debate em torno de qual modelo de futuro se quer. É a presença positiva do Estado, via saúde, educação e assistência, que a solução pode se desenhar.

6 REFERÊNCIAS

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BAUMAN, Zigmund. Modernidad Liquida. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2010.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Sistema carcerário brasileiro: negros e pobres na prisão. Disponível em https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/noticias/sistema-carcerario-brasileiro-negros-e-pobres-na-prisao. Acesso em: 09 de jan. de 2020.

COMPARATO, Fábio Konder. 2010. Rumo à Justiça. São Paulo: Saraiva.

HÄBERLE, Peter. 1997. Hermenêutica Constitucional – a Sociedade Aberta dos

Intérpretes da Constituição: contribuição para a interpretação pluralista e “procedimental” da Constituição. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: N1 Edições, 2020.

NEVES, Marcelo. 2007. A Constitucionalização Simbólica. São Paulo: WMF Martins Fontes. STENGEL, Richard. 2010. Os caminhos de Mandela: lições de vida, amor e coragem. São Paulo: Editora Globo.

TELLES JUNIOR, Goffredo. 2009. Iniciação na Ciência do Direito. São Paulo: Saraiva. VALVERDE, Thiago Pellegrini. 2011. Fontes do Direito, Hermenêutica Jurídica e os

Tratados Internacionais de Direitos Humanos. São Paulo: Editora Conceito Editorial.

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