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Intercâmbio de idioma e sofrimento psicológico: uma perspectiva analítico-comportamental

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INTERCÂMBIO DE IDIOMA E SOFRIMENTO PSICOLÓGICO: UMA

PERSPECTIVA ANALÍTICO-COMPORTAMENTALI

Franciellen Siqueira DiasII Quele de Souza GomesIII

Resumo: Cerca de 365 mil brasileiros vivenciaram a experiência de intercâmbio no exterior em 2018, mais de 50% deles procuraram por cursos de idioma que permitissem o acesso ao mercado de trabalho. Apesar da quantidade crescente de brasileiros em intercâmbio, no Brasil, estudos que abordem esse tipo de experiência ainda são incipientes, principalmente, quando o foco é a saúde psicológica dos intercambistas de idioma. Portanto, com vistas a ampliar o arcabouço teórico deste tema, objetivou-se caracterizar o sofrimento psicológico de ex-intercambistas de idioma brasileiros, por um viés analítico-comportamental. Procurou-se identificar as experiências de sofrimento psicológico, os fatores determinantes de tais experiências e quais foram suas decorrências durante todo o processo de intercâmbio. Para tanto, produziu-se uma pesquisa qualitativa na qual os dados foram coletados a partir de entrevistas semiestruturadas com quatro participantes. Individualmente, relataram situações em que consideravam de sofrimento psicológico. Por meio da análise funcional, verificou-se que o déficit no repertório verbal relacionado ao novo idioma contribuiu para que o sofrimento psicológico desses participantes fosse caracterizado por contingências de reforçamento negativo e punição positiva. Sendo assim, percebe-se que a imersão cultural exigiu dos participantes um repertório verbal que eles não possuíam, repercutindo negativamente na ampliação de seus repertórios comportamentais relacionados à aprendizagem do idioma, bem como na saúde psicológica.

Palavras-chave: Intercâmbio de idioma. Análise do Comportamento. Análise funcional. Sofrimento psicológico.

1 INTRODUÇÃO

O intercâmbio pode ser entendido como um processo em que envolve reciprocidade de relações, quando há troca de informações, crenças e culturas. Mais especificamente, o intercâmbio de idioma tem como objetivo principal a apropriação de uma nova língua (FUNDAÇÃO ESTUDAR, 2017). Considerando a exigência cada vez maior do mercado de trabalho brasileiro, falar mais de um idioma, especialmente, o inglês, passa a ser um dos principais pré-requisitos para a inserção e ascensão profissional.

I Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. 2019.

II Acadêmica do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. E-mail: franciellendias@gmail.com.

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Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (BELTA, 2019) em 2018, houve um aumento de 20,46% na quantidade de estudantes brasileiros em intercâmbio. Alcançando a marca inédita de 365 mil, sendo que a maioria procurou por cursos de idioma que permitissem o acesso ao mercado de trabalho. No total, 39 destinos aparecem como opções dos brasileiros, os principais são: Canadá (23%), os Estados Unidos (21,6%), Reino Unido (10,2%), Nova Zelândia (6,9%) e Irlanda (6,5%). Em virtude do intercâmbio de idioma ser cada vez mais comum, é importante compreender como ocorrem as adaptações culturais e como isso influencia a saúde psicológica dos intercambistas.

Apesar do número crescente de brasileiros em intercâmbio, no Brasil, estudos que abordem esse tipo de experiência ainda são incipientes, principalmente, quando o foco é a saúde psicológica dos intercambistas de idioma, estes que passam por um período mais curto em outro país (ANDRADE; TEIXEIRA, 2009; GIRARDI, 2015). Na Irlanda, por exemplo, desde as mudanças nas regras de obtenção de visto de estudante pela Garda National Immigration Bureau (GNIB, 2015), obrigatoriamente, o tempo de permanência para o curso de inglês não passa de dois anos, contando as duas possibilidades de renovação.

Uma das principais razões de escolha por um intercâmbio de idioma é por ser mais acessível financeiramente do que um intercâmbio de curso de graduação ou pós-graduação (FUNDAÇÃO ESTUDAR, 2017), o que possibilita para além de aperfeiçoar um novo idioma, conhecer e viver outras culturas, novas experiências de trabalho (grande parte dos intercambistas trabalham dentro de cozinhas de hotéis, restaurantes e bares). Na Europa, por exemplo, há possibilidade de viajar e conhecer outros países facilmente (E-DUBLIN, 2018).

A literatura aponta que há sofrimento psicológico em estudantes estrangeiros, especialmente, entre os universitários, por passarem uma longa fase de instabilidade psicológica decorrente da graduação ou especialização (ARAÚJO et al., 2016; GIRARD; MARTINS-BORGES, 2017; MARTINS-MARTINS-BORGES, 2013;). Além disso, os desafios da imersão cultural associados ao fato de estarem longe de casa tende a aumentar consideravelmente esta instabilidade, devido aos aspectos que os estudantes mais sentem falta, como a família, a comida de seu país de origem e os amigos. Nesse sentido, a distância dos laços afetivos e a perda desses referenciais podem tornar os intercambistas mais vulneráveis ao sofrimento psicológico (MALLARD; CREMASCO; METRAUX, 2015; PERICO; GONÇALVES, 2018;) Conforme Girard e Martins-Borges (2017), os fatores que podem ou não favorecer o desenvolvimento interpessoal dos estudantes estrangeiros são adaptação ao clima, à alimentação, ao idioma, às relações interpessoais, às normas e aos valores culturais. Fatores estes que sofrem influência das características pessoais do intercambista, de sua situação

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socioeconômica, das redes sociais, de apoio e das políticas migratórias do país de acolhimento. As autoras identificaram tristeza profunda, desânimo, conflitos relacionais, isolamento social, entre outros, como os sintomas típicos mais citados por quem passa por essa experiência.

Com vistas a ampliar o arcabouço teórico sobre sofrimento psicológico em estudantes estrangeiros e levando em consideração o crescente aumento de brasileiros em experiência de intercâmbio de idioma. Caracterizar o sofrimento psicológico possibilita um olhar diferente à experiência de intercâmbio e um olhar analítico-comportamental sobre esse fenômeno pode promover alternativas de manejo do sofrimento psicológico com esse público. A Análise do Comportamento, por considerar o comportamento como interações entre o organismo-ambiente, inclusive no nível cultural (SKINNER, 1970), possibilita o planejamento de intervenções próximas à realidade do sujeito, mesmo sendo em contexto internacional.

1.1 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO E SOFRIMENTO PSICOLÓGICO

Para o Behaviorismo Radical, filosofia da Análise do Comportamento, o comportamento humano é caracterizado pela interação entre o organismo e o ambiente. Existe uma relação de dependência entre o comportamento e as variáveis ambientais que o controlam, tornando-o função de condições ambientais. Moreira e Medeiros (2018) descrevem a análise funcional como a busca dos determinantes dos comportamentos, identificando as condições contextuais e as consequências produzidas pelas ações do organismo que determinam a probabilidade de ocorrência do comportamento no futuro.

Considera-se o comportamento como produto de três tipos de variação e seleção: filogenética, ontogenética e cultural. A filogenética diz respeito aos comportamentos selecionados ao longo da evolução da espécie do organismo; a ontogenética aos comportamentos selecionados ao longo da história de vida de cada organismo; e a cultural aos comportamentos selecionados pela comunidade em que o organismo está inserido (SKINNER, 1981). Portanto, analisar o comportamento funcionalmente é identificar qual a função daquele comportamento, e não sua topografia (estrutura ou forma). Com a finalidade de identificar os determinantes do comportamento, levando em consideração os seus três tipos de variação e seleção (MOREIRA, MEDEIROS, 2018)

A partir da Análise do Comportamento observa-se a classificação dos comportamentos em respondentes e operantes. Os comportamentos respondentes são aqueles em que a relação se dá entre o organismo e o ambiente, a mudança no organismo (resposta) é eliciada por um estímulo no ambiente. Por exemplo, o estímulo luz nos olhos, elicia a resposta no organismo de contração da pupila (NERY, FONSECA, 2018) (Quadro 1).

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Quadro 1 - Exemplo de comportamento respondente

S (Estímulo) R (Resposta)

Luz nos olhos Elicia contração da pupila

Fonte: Nery e Fonseca (2018). Adaptação da autora, 2019.

O comportamento respondente está intimamente ligado ao que se denomina como emoções. Os termos relacionados às emoções como medo e raiva, por exemplo, constitui reflexos incondicionados, ou seja, nomeá-los depende da história de vida de cada sujeito devido serem dependentes de uma história de aprendizagem.

Compreende-se por comportamento operante aquele que produz modificações no ambiente, entendidas como consequências, favorecendo a probabilidade desse comportamento ocorrer no futuro (NERY, FONSECA, 2018). Estudar ou dirigir um carro, por exemplo, são comportamentos operantes controlados por suas consequências (Quadro 2), conforme Moreira e Medeiros (2018).

Quadro 2 - Exemplo de comportamento operante

SA (Estímulo Antecedente) - R (Resposta) SC (Estímulo Consequente)

Ocasião para emissão de uma resposta que produz uma consequência

Sala de aula Estudar elogios da professora

Fonte: Moreira e Medeiros (2018)

Segundo Skinner (1957, 1978), o comportamento verbal é comportamento operante pois é controlado por suas consequências que aumentam ou diminuem a probabilidade deste comportamento ocorrer no futuro. As relações do comportamento verbal com essas consequências ambientais são reguladas pelas práticas culturais da comunidade verbal em que o sujeito está inserido. Botomé e Kienen (2008) afirmam que a comunidade pode influenciar os comportamentos de seus organismos, incluindo a cultura de diferentes países ou cidades, por exemplo. Em situações como o intercâmbio, o sujeito está inserido em uma comunidade verbal diferente da sua de origem, o que promove alterações em seu repertório comportamental que podem intensificar o sofrimento.

Ao fazer uma análise funcional, é necessário identificar qual a relação que está estabelecida entre a resposta e a consequência, podendo ser de reforçamento, de punição ou extinção. É reforçamento quando há probabilidade da resposta se manter ou repetir no futuro, quando adicionado um estímulo reforçador será reforçamento positivo, e se retirado um estímulo aversivo, será caracterizado como reforçamento negativo.

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Os comportamentos reforçados negativamente podem ser: comportamentos de fuga e de esquiva. A fuga é quando um determinado estímulo aversivo está presente no ambiente e o organismo emite uma resposta que o retira do ambiente. Já a esquiva é quando o organismo adia ou cancela a apresentação desse estímulo aversivo no ambiente (MOREIRA; MEDEIROS, 2018)

A punição é quando a probabilidade de uma resposta se manter ou vir a repetir no futuro diminui, sendo ela punição positiva quando um estímulo aversivo é adicionado ao ambiente, ou punição negativa quando um estímulo reforçador é retirado do ambiente. Caracteriza-se como extinção, quando uma resposta anteriormente era reforçada e passa a não ser mais e, com isso, deixa de ser emitida pelo organismo (MOREIRA; MEDEIROS, 2018)

Para a Análise do Comportamento, o sofrimento psicológico pode ser entendido como comportamentos controlados por aversão, sendo este qualquer evento que, quando apresentado por estímulo aversivo diminui a frequência de um comportamento (punição positiva), e que quando retirado aumenta a probabilidade de sua frequência (reforçamento negativo) ou então a perda de algo desejável (punição negativa) (BANACO et al., 2012). Outras condições que também geram sofrimento são as que o sujeito “não atinge os critérios para reforçamento, ocorrendo a interrupção de ganhos ou de situações prazerosas que vinham sendo usufruídas (extinção) e, aquelas que o estímulo aversivo independe de qualquer ação do sujeito (incontrolabilidade) ” (HUNZIKER, 2010, p. 330).

Martins-Borges (2013) e Araújo et al. (2016) identificaram sofrimento psicológico vinculado às diferenças culturais, dentre outros fatores. O sujeito que passa a viver em outro país, experimenta a privação de suas referências, o que pode ser caracterizado como perda de seus reforçadores, ocorrendo questionamentos identitários e o sentimento de perda. Aparece também o sentimento de não pertencimento, discriminação racial e a dificuldade de se expressar em outro idioma, comprometendo a formação de novos vínculos, aumentando as chances de ocorrer o isolamento social. O intercambista evita situações aversivas (punição ou reforçamento), tornando-o mais vulnerável ao sofrimento psicológico.

Considerando esses apontamentos questiona-se quais são as características do sofrimento psicológico de ex-intercambistas de idioma brasileiros, por um viés analítico-comportamental.

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2 MÉTODO

2.1 PARTICIPANTES

Participaram deste estudo quatro ex-intercambistas de idiomas, com idades entre 18 e 28 anos, residentes na região da Grande Florianópolis e que identificaram experienciar algum tipo de sofrimento psicológico durante o intercâmbio. Nos Quadros 3 e 4 são apresentadas as características dos participantes.

Quadro 3– Características dos participantes

Participantes Idade Sexo País Idioma Período

(meses)

Trabalhou durante o intercâmbio

P1 28 Feminino Irlanda Inglês 1 Não

P2 24 Feminino Inglaterra Inglês 5 Sim

P3 18 Feminino Estados Unidos Inglês 6 Não

P4 27 Masculino Irlanda Inglês 12 Sim

Fonte: A autora, 2019.

Quadro 4– Percepção dos participantes sobre o nível de proficiência do idioma antes e após a experiência de intercâmbio.

Participantes Nível considerado do idioma antes do intercâmbio

Nível considerado do idioma depois do intercâmbio P1 Pouco Pouco P2 Pouco Muito P3 Pouco Médio P4 Pouco Pouco Fonte: A autora, 2019. 2.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Esta pesquisa pode ser descrita como qualitativa, com o objetivo exploratório e descritivo. Caracteriza-se como exploratório, pois busca compreender um tema até então pouco estudado em contexto nacional (TURATO, 2005). A abordagem qualitativa realça a compreensão do fenômeno em si, pois visa identificar o significado coletivo ou individual que ele possui para os sujeitos, compreender suas relações de forma a entender como o objeto de estudo se manifesta em suas vidas (TURATO, 2005). O acesso às experiências dos participantes por meio de uma abordagem qualitativa e descritiva possibilitou identificar as variáveis a serem consideradas para a análise funcional do comportamento dos intercambistas entrevistados, visto

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que esta pode ser realizada tanto por observação dos comportamentos, quanto por relatos (FONSECA; NERY, 2018).

Esta pesquisa foi de corte transversal, devido as coletas de dados terem sido com participantes que já passaram pela experiência de intercâmbio de idioma por um determinado período, correspondendo a um momento específico de sua vivência, não tendo, portanto, um acompanhamento longitudinal dos participantes. O delineamento da pesquisa é classificado como estudo de caso, pois foi realizada a partir de experiências de ex-intercambistas, levando em consideração suas especificidades (GRAY, 2012).

2.3 INSTRUMENTOS

Roteiro de entrevista semiestruturada: teve como objetivo investigar como foi a experiência de sofrimento psicológico vivenciada pelos participantes durante o intercâmbio de idiomas. Para isso, foram abordados os seguintes aspectos: conhecimento prévio sobre a cultura do país de intercâmbio, adaptação (dificuldades), fatores relacionados a aprendizagem do novo idioma, rede social de apoio, entre outros.

Questionário sociodemográfico: visou obter informações sobre dados pessoais, escolaridade e ocupação, residência, crenças e idiomas estudados pelos participantes.

2.4 SELEÇÃO DE PARTICIPANTES

Os participantes foram contatados por meio de grupos de intercâmbio de idioma na rede social Facebook, onde foi realizado um convite em formato de folder para participarem da entrevista. O convite consistiu em apresentar o objetivo da pesquisa, riscos e benefícios inerentes a participação e explicitar que um dos critérios para participar da pesquisa seria ter vivenciado sofrimento psicológico em uma das três etapas do intercâmbio (preparação, durante e após) a serem consideradas. Para isso, utilizou-se de uma linguagem próxima da compreensão da comunidade entendendo sofrimento psicológico como: ansiedade, estresse, tristeza, angústia, comportamentos de deprimir-se, dores que envolvem esse sofrimento (de cabeça, de estômago), medo, frustração, etc.

2.5 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

Inicialmente, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da UNISUL (CEP-Unisul) e foi aprovado sob o número do parecer 3.481.528. Após a aprovação, foi realizado um teste piloto como estratégia para auxiliar na validação do roteiro de entrevista

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semiestruturada. Participou do teste piloto uma ex-intercambista que apresentava características semelhantes aos possíveis participantes da pesquisa (YIN, 2005).

Com o convite aceito pelos participantes da pesquisa, foram agendadas as entrevistas, que ocorreram individualmente em uma sala na clínica-escola de Psicologia da UNISUL. Inicialmente, a pesquisadora explicou a pesquisa e posteriormente leu o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que constava também a autorização para a gravação de voz durante a entrevista. Após o esclarecimento de dúvidas e o aceite em participar, os termos foram assinados, uma via permaneceu com a pesquisadora e a outra com o participante. Em seguida, o participante foi convidado a preencher o questionário sociodemográfico e, na sequência, foi realizada a entrevista semiestruturada.

2.6 PROCEDIMENTOS PARA ORGANIZAÇÃO, TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

Inicialmente, os áudios das entrevistas foram transcritos na íntegra. Em seguida, foram realizadas leituras das entrevistas e os comportamentos relativos ao sofrimento psicológico foram analisados funcionalmente.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 ESTUDO DE CASO 1

A participante (P1) relatou que fez intercâmbio de idioma na Irlanda, no período de maio a junho de 2015, na época com 28 anos. Na entrevista, P1 relatou que dez dias após a conclusão do intercâmbio, começou a sentir fortes dores em uma de suas pernas e percebeu o aparecimento de feridas. Ao consultar com uma dermatologista, foi diagnosticada com Herpes-Zoster4. A médica lhe informou que essa é uma doença que só atinge quem está com a imunidade extremamente baixa, foi cogitada a possibilidade de P1 estar com HIV, após exames foi descartada.

Segundo o relato de P1: “Aí eu vi que era da viagem mesmo, tudo que eu tinha passado, de estar lá sozinha, de não entender o que eles falavam, não conhecer o lugar, de ter lidado com

4 Conforme o site do Ministério da Saúde (2017), a Herpes-Zoster é uma doença causada pelo Vírus Varicela-Zoster (VVZ). Esse vírus permanece em latência durante a vida inteira da pessoa, ele pode ser reativado em pessoas que estão com o sistema imunológico comprometido, como portadores de doenças crônicas, inclusive Aids. Fonte:

http://saude.gov.br/

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tudo aquilo”. P1 chegou à conclusão de que, por conta das situações de sofrimento psicológico que vivenciou durante o intercâmbio e o fato dela não ter reagido a esses sofrimentos conforme os vivenciava, como “falar a respeito com alguém, ou ter chorado”, ela acabou “somatizando”. Para a Análise do Comportamento, as doenças psicossomáticas, assim como as emoções e sentimentos, são produtos das contingências às quais estamos expostos. Não são quaisquer contingências que culminam em doenças psicossomáticas, mas sim as aversivas que, presentes durante um período na vida da pessoa, geram alterações fisiológicas levando a essas doenças, ou seja, dizer que o estresse causou determinada doença não explica a doença e nem como tratá-la, pois, são as contingências que precisam ser analisadas e alteradas, não as emoções. (SKINNER, 1989)

Durante o intercâmbio de idioma, a participante morou com uma senhora que recebia ajuda do governo para hospedar estrangeiros em sua casa, adaptada para isso, com vários quartos. Essa senhora era “bem-humorada e simpática”, no entanto, ela tinha o hábito de rir de seu sotaque, repetia o que ela falava e imitava o sotaque dela. A participante sentia vergonha nessas situações (Quadro 5).

Quadro 5 - Análise funcional da resposta de falar em inglês com sotaque com a dona da casa

SA - R SP+ CR

Necessidade de pedir algo à dona da casa

ocasião para

falar em inglês com

sotaque

produz a dona da casa

ri do sotaque elicia

respostas emocionais de

vergonha

Fonte: A autora, 2019.

P1 relatou que com o tempo passou a ensaiar suas falas antes de se dirigir à dona da casa, a fim de evitar que ela risse de seu sotaque, conforme relatou na situação em que precisava pedir um detergente à dona da casa (Quadro 6).

Quadro 6 - Análise funcional da resposta de ensaiar sua fala para pedir um detergente à dona da casa

SA - R SR-

Necessidade de pedir detergente à dona casa

ocasião para

ensaiar como falar em inglês sem

sotaque

evita a dona da casa rir do sotaque

Fonte: A autora, 2019.

Pela manhã, a participante frequentava aulas numa escola de idioma para aprender inglês. Sua professora separava a turma em equipes e fazia jogos de competição entre eles. P1

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observou que se um aluno errasse alguma questão a equipe era prejudicada no jogo, e a própria equipe “tratava de forma hostil” a pessoa que errou, “encarando-a” (Quadro 7).

Quadro 7 - Análise funcional da resposta de perceber que possui dificuldades de compreensão nas aulas.

AS - R SP+ CR

Professora faz jogos de competições entre as equipes ocasião para perceber que possui dificuldades de compreensão nas aulas produz possibilidade dos colegas serem hostis com ela elicia respostas emocionais de agonia e medo Colegas da sala eram

hostis com quem errasse no jogo

Questões são feitas durante o jogo

Fonte: A autora, 2019.

A fim de evitar passar por essa situação, considerando que tinha dificuldade de compreender o que era falado durante as aulas, P1 estudava à tarde em casa o que ia ser passado na aula do dia seguinte, sentindo-se “agoniada” o tempo todo que permaneceu no curso. Segundo a participante: “Eu ficava sem passear para ficar fazendo as tarefas do curso. Porque meu curso era terrorista”.

A partir desta situação, P1 passou a estudar o assunto do dia seguinte com antecedência com o objetivo de evitar sofrimento com os olhares de seus colegas, caso errasse, o que caracteriza uma contingência de reforçamento negativo (Quadro 8).

Quadro 8 - Análise funcional da resposta de estudar com antecedência o assunto do dia seguinte

SA - R SR-

Professora faz jogos de

competições entre as equipes ocasião para

estudar com antecedência o assunto do dia seguinte evita

possibilidade de receber hostilidades dos colegas

da sala Colegas da sala eram hostis

com quem errasse no jogo

Fonte: A autora, 2019.

Por ter conseguido a consequência que desejava, isso determinou que o comportamento de esquiva da hostilidade de seus colegas se repetisse, neste caso, diariamente até o fim do curso, mantendo-a nessa “agonia” conforme mencionado. De acordo com o relato de P1, no curso estavam presentes muitos estímulos aversivos para ela, portanto, era alta a probabilidade

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de ela tentar evitar esses estímulos, já que, para ela, era um ambiente “aterrorizante”: “ficavam todos olhando com cara feia. Os alunos eram bravos, a professora era brava”.

Por outro lado, pode-se inferir que a resposta de estudar com antecedência o assunto do dia seguinte, tendo apenas como única possibilidade vivenciada pela participante evitar as hostilidades dos colegas, a impediu de ficar sob controle de outras possíveis consequências reforçadoras decorrentes da resposta emitida, como a própria aprendizagem do idioma, as boas notas recebidas, os possíveis reforçadores da professora e dos colegas e até mesmo ganhar o jogo no dia.

Durante o intercâmbio, P1 foi sozinha para o interior da capital da Irlanda do Norte. Chegando na cidade, perguntou a uma senhora determinado castelo, a participante entendeu que estava a cinco minutos de carro, e pensou que chegaria em 15 minutos a pé até ele. No entanto, passado este tempo caminhando, percebeu que entendeu errado a informação que a senhora lhe passou. Continuou a andar, numa região em que só via ovelhas pelo caminho, P1 avistou outra senhora na rua e se dirigiu até ela para pedir informações, mas ao vê-la, a senhora correu e se escondeu dentro de casa (Quadro 9).

Quadro 9 - Análise funcional da resposta de pedir informação.

AS - R SP+ CR

Passou os 15 minutos e

não chegou no destino ocasião

para pedir informação produz a senhora corre e se esconde elicia respostas emocionais de medo Ver outra senhora

Fonte: A autora, 2019.

Por estar sozinha e sem conhecer o lugar que estava, P1 precisava de informações para chegar ao seu destino. A participante relatou que sentiu medo como resposta emocional: “Eu achava que por ser mulher estrangeira algum homem da região podia me encontrar e querer fazer alguma coisa comigo”.

Devido ela não ter entendido a informação inicial e não ter tido novas informações no decorrer do caminho, continuou a caminhar e demorou três horas para chegar ao seu destino. Em situações futuras em que P1 precisou pedir informações, relatou que se sentia “insegura e apreensiva” sem saber se entendeu o que a pessoa falou: “Essa apreensão durou a viagem inteira. Eu entendia sempre mais ou menos. Só quando eu entendia eu ficava mais tranquila, mais segura”.

Em alguns momentos, a participante pedia informação e conseguia o que desejava e sentia-se segura, no entanto, em outros momentos, quando não compreendia o que a pessoa

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falava, sentindo-se insegura e apreensiva. Relatou que houve situações em que não obtinha a informação que ela questionava, ora sua resposta de pedir informação era reforçada, ora não. Nesse sentido, verifica-se que a resposta de P1 de solicitar informações estava sob controle de um esquema de reforço intermitente, tendo em vista que o acesso a reforçadores ocorria de forma esporádica (SKINNER, 1957, 1978).

P1 relatou outras situações que considerava ter passado por sofrimento psicológico, como ter perdido o cartão com todo seu dinheiro no início do intercâmbio, dificuldade financeira na última semana, dificuldade de compreender o que as pessoas falavam por onde ia, episódio de xenofobia, enfim, várias situações que P1 indicava como causadoras da doença que adquiriu dias após o intercâmbio, a Herpes-Zoster. Devido a limitação de tempo da entrevista, não foi possível fazer análise funcional destas outras situações relatadas. Contudo, constatou-se que a experiência de sofrimento psicológico vivenciada por P1 foi caracterizada por contingências de reforçamento negativo e punição positiva.

3.2 ESTUDO DE CASO 2

A participante (P2) relatou que fez intercâmbio de idioma na Inglaterra no período de julho a dezembro de 2010, na época com 24 anos. P2 relatou vir de uma família de pouco poder aquisitivo. Aos 15 anos era bolsista numa escola particular e ouvia as colegas de sala comentarem sobre suas viagens internacionais, inclusive para os parques de diversão temáticos da Disney nos Estados Unidos, e isso deixava a participante com muita vontade de poder conhecer outros países também. Anos depois, trabalhando numa agência de turismo, começou a se planejar para fazer um intercâmbio de idioma. Sentia-se muito ansiosa e insegura quando ouvia alguém falar sobre as dificuldades de entrar num país estrangeiro (Quadro 10).

Quadro 10 - Análise funcional da resposta de falar sobre seu planejamento de intercâmbio de idioma.

AS - R SP+ CR

Alguém fala sobre o intercâmbio de

idioma

ocasião para

falar sobre seu planejamento de intercâmbio de idioma Produz comentários sobre as dificuldades de conseguir fazer intercâmbio elicia respostas emocionais de ansiedade e insegurança Fonte: A autora, 2019.

“Sempre que alguém falava da imigração, dizendo ‘olha, a imigração é complicada, é ruim, eles são difíceis com a gente’, as falas eram ‘todo brasileiro é pobre, você vai lá procurar emprego e eles não querem que você

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vá’. Isso me deixava muito insegura e quanto mais insegura e ansiosa, mais quieta eu ficava” (Informação verbal) (Quadro 11).

Quadro 11 - Análise funcional da resposta de ficar quieta ao ouvir alguém falar sobre intercâmbio.

AS - R SR-

Alguém fala sobre o intercâmbio de idioma

ocasião

para ficar quieta evita comentários sobre as dificuldades

de conseguir fazer intercâmbio

Observa-se a contingência de punição positiva no Quadro 10, em que a resposta de falar sobre o intercâmbio foi punida devido a afirmação de que passou a ficar “mais quieta”, ao passo que as pessoas comentavam sobre as dificuldades de se fazer o intercâmbio. Devido ela ter mantido seu comportamento de falar sobre o intercâmbio, infere-se que, somente algumas pessoas comentavam sobre as dificuldades e outras reforçavam positivamente a resposta de falar sobre o intercâmbio, então a resposta de ficar quieta ocorria somente na presença do agente punidor, a fim de evitar os comentários que a deixava insegura.

P2 relatou que, conforme foi se organizando para o intercâmbio de idiomas, se sentiu mais segura e mais calma. Nesse período de preparação, P2 conheceu H., um turista europeu que estava na sua cidade. Logo começaram a namorar e ele reforçou incentivou ela fazer o intercâmbio de idioma. Se organizaram para morarem juntos em Londres durante o período em que ela ficaria lá. Mesmo ele sendo europeu, a participante afirmou que o fato de se conhecerem há pouco tempo não a tranquilizava.

P2 estudou no período da manhã numa escola de idioma que focava no ensino da língua inglesa, e no cotidiano da cidade que vivenciava o intercâmbio. Seus colegas de sala eram todos estrangeiros, assim como ela. Durante as aulas, a participante sentiu bastante dificuldade de entender o que os colegas falavam e relatou uma situação em que a professora trouxe como tema de discussão da aula falar sobre suas origens e debater os seus pontos de vista. Uma de suas colegas falou sobre a situação econômica ruim de seu país e P2 entendeu que ela culpava os brasileiros por isso (Quadro 12).

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Quadro 12 - Análise funcional da resposta de interagir em inglês e expressar seu ponto de vista com colegas.

AS - R SP+ CR

Discussão e debate sobre suas origens ocasião para interagir em inglês com os colegas

produz desentendimento elicia

respostas emocionais de

medo e nervosismo Colega inicia uma

discussão envolvendo brasileiros

expressar seu ponto de vista

Fonte: A autora, 2019.

Segundo P2 despois dessa situação, ela passou a interagir menos com as pessoas: “Então depois disso eu me fechei. Porque como eu não era bem interpretada e não entendia direito. A partir dali eu fiquei muito silenciosa. Minha vida social a partir daí acabou”.

Relatou que em algumas situações, não compreendia e não era compreendida, como quando ia à padaria, ou precisava solicitar crédito para o transporte. Depois do ocorrido com sua colega de curso e o frio intenso que fazia na época, a participante passou a recusar convites para sair e ficava muito em casa, saindo apenas para ir à escola. Entende-se que o custo de respostas para ser compreendida era alto para a participante, nesse sentindo dificultava sua ocorrência, diminuindo a probabilidade de ela interagir com seus colegas novamente no futuro. Diante desses acontecimentos, o contato com as pessoas ficou aversivo para ela (Quadro 13).

Quadro 13 - Análise funcional da resposta de isolar-se para evitar contato com situações aversivas.

SA - R SR-

Situações em que não era compreendida ou não compreendia

o que as pessoas falavam ocasião

para isolar-se evita

contato com situações aversivas Frio intenso

Fonte: A autora, 2019.

Então, em casa, P2 relatou que passou a comer excessivamente para se sentir melhor e que essa era a forma dela sentir prazer: “A alimentação lá é diferente, é mergulhada no óleo. Aí eu fiquei sedentária, fiquei carente, sozinha e desenvolvi distúrbio alimentar por ansiedade”.

A participante relatou que durante o intercâmbio não percebeu que ganhou peso, ela voltou para o Brasil com 14kg a mais. Já no Brasil, sua família percebeu seu ganho de peso e fizeram comentários a respeito: “ ‘Nossa como você está gorda’, ‘Como você deixou isso

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acontecer?’ ‘Se você não emagrecer o seu namorado não vai mais gostar de você e aí vocês não vão se casar!’ ”.

P2 relatou que ficou muito triste e sentindo-se culpada com essa situação, passou a ficar horas sem comer para poder emagrecer, mas a privação de alimento a deixava com muito mais fome e ela acabava comendo novamente e de forma excessiva (Quadro 14).

Quadro 14 - Análise funcional da resposta de comer em excesso que produz comentários sobre seu peso

AS - R SP+ CR

Refeições em família ocasião para comer em excesso produz sobre seu peso comentários elicia

respostas emocionais de tristeza e culpa

Fonte: A autora, 2019.

“Eu pensava ‘não vou comer, não vou comer, não vou comer...’ e comia um ‘boi’”. (Quadro 15)

Quadro 15 - Análise funcional da resposta de jejuar para evitar comentários sobre seu peso.

AS - R SR-

Refeições em família ocasião

para jejuar evita comentários sobre seu peso

Fonte: A autora, 2019.

Sua resposta de comer durante as refeições feitas em família foi punida ao receber os comentários sobre seu peso. O que determinou a mudança de resposta nas situações em que fez refeições com seus familiares, passou a jejuar a fim de evitar esses comentários e perder peso, porém, relatou: “a fome piorava e eu acabava comendo bastante. [...] Eu acho que foi o maior impacto do intercâmbio sobre mim. Eu não consigo perder [peso], eu perco 4kg e depois volto”. Após realizar as análises funcionais das situações relatadas pela participante, constatou-se que a experiência de sofrimento psicológico vivenciada por ela foi caracterizada por contingências de reforçamento negativo e punição positiva.

3.3 ESTUDO DE CASO 3

A participante (P3) relatou que fez intercâmbio de idioma nos Estados Unidos, no período de janeiro a julho de 2013, na época com 18 anos. P3 relatou que tinha acabado de terminar o ensino médio quando a proposta de intercâmbio de idioma lhe foi ofertada pelos seus

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pais. Ouviu uma conversa entre eles em que diziam que era a única oportunidade de ela ir: “Eu mal sabia o que eu ia querer da minha vida, então eu estava com a cabeça a mil”. Sobre sua indecisão, P3 só falou a respeito com sua mãe: “Para o meu pai não, porque eu tenho um pouco de medo de enfrentar ele. Sempre tive na verdade, mas ele estava me dando uma oportunidade de estudar fora”. P3 sentia-se culpada por reclamar da oportunidade que eles estavam lhe dando de conseguir fazer um intercâmbio (Quadro 16).

Quadro 16 - Análise funcional da resposta de pensar em recusar fazer o intercâmbio.

SA - R SP+ CR

Histórico de situações em que não conseguia

“enfrentar o pai” ocasião para pensar em recusar fazer o intercâmbio produz possibilidade de “enfrentar” o pai elicia respostas emocionais de pressão, culpa e medo Incertezas sobre seu

futuro

Oferta do pai para fazer intercâmbio de idioma

Fonte: A autora, 2019.

P3 relatou que aceitou fazer o intercâmbio para agradar o pai e aliviar a pressão que sentia (Quadro 17).

Quadro 17 - Análise funcional da resposta de aceitar fazer o intercâmbio.

SA - R SR- CR

Incertezas sobre seu futuro ocasião para aceitar fazer o intercâmbio evita “enfrentamento”

com pai elicia

respostas emocionais de

alívio Oferta do pai para

fazer intercâmbio de idioma

Fonte: A autora, 2019.

Durante o intercâmbio, P3 ficou numa casa de família composta por um casal e mais duas crianças. Ela dividiu o quarto com mais uma brasileira, chamada aqui de A., que também estava fazendo intercâmbio de idioma. A convivência entre as duas não foi considerada fácil, P3 relatou: “Ela [A] me achava infantil. Ela acabava com meu emocional”.

(17)

Nos primeiros dias de intercâmbio, P3 costumava chorar com frequência na frente de A., mas esta fazia comentários de que ela deveria “aproveitar o intercâmbio, curtir ao invés de ficar chorando” (Quadro 18).

Quadro 18 - Análise funcional da resposta de falar para A. sobre seu sofrimento e chorar

SA - R SP+ CR

Estar no intercâmbio contra vontade própria

ocasião para

falar para A. sobre seu sofrimento

produz depreciativos de comentários A.

elicia emocionais de respostas culpa Incertezas sobre seu

futuro

Presença de A. chorar

Fonte: A autora, 2019.

P3 relatou que em outros momentos passou a chorar trancada no banheiro para não a “incomodar”, pressionando as mãos contra a boca para ela não ouvir (Quadro 19).

Quadro 19 - Análise funcional da resposta de chorar trancada no banheiro.

SA - R SR-

Estar no intercâmbio contra vontade própria ocasião para chorar trancada no banheiro evita comentários depreciativos de A.

Incertezas sobre seu futuro Presença de A.

Fonte: A autora, 2019.

A partir disso, A. reparou que P3 se trancava no banheiro e batia na porta “gritando” para ela parar de chorar (Quadro 20). “Eu não conseguia parar de chorar, eu ficava mais nervosa ainda. Aí eu saia do banheiro para ela parar de gritar”.

(18)

Quadro 20 - Análise funcional da resposta de sair do banheiro para evitar gritos e comentários depreciativos de A

SA - R SR-

Estar no banheiro chorando escondida de A. ocasião para sair do banheiro Evita gritos de A. comentários depreciativos de A.

A. fala para P3 parar de chorar

Fonte: A autora, 2019.

Em um dos dias em que foi sozinha para escola, enquanto P3 retornava para casa, começou a se questionar como sua família estava, o que estavam fazendo no momento, sentiu-se sozinha e com muita vontade de chorar. Ao chegar em casa, preferiu não entrar para ninguém ver que estava chorando e se sentou na entrada. A dona da casa a viu e perguntou a ela o que estava acontecendo (Quadro 21). P3 relatou: “Ela perguntou e eu fiquei “meu deus como que vou explicar para ela, sabe? Como que eu vou explicar isso que eu estava passando, para uma pessoa que nem me conhece”. P3 afirmou que preferiu inventar uma desculpa ao invés de contar o que estava acontecendo.

Quadro 21 - Análise funcional da resposta de inventar uma desculpa para evitar comentários depreciativos

SA - R SR- CR

Situações que A. punia o choro de P3 ocasião para inventar uma desculpa evita comentários depreciativos

da dona da casa elicia

respostas emocionais de insegurança A dona da casa vê P3 chorando e pergunta o que aconteceu Fonte: A autora, 2019.

A dona da casa, conforme relato da participante, em nenhum outro momento puniu o choro de P3, no entanto, por suas respostas de chorar e falar de seu sofrimento terem sido punidas em outras situações com A., a participante passou a emitir respostas diferentes na tentativa de evitar a consequência punitiva que ocorria.

P3 relata várias situações em que A. era punitiva com ela. Afirmou: “Eu me sentia muito mal, muito pressionada, sem escolha. Na hora eu não tinha consciência, mas hoje vejo o quanto ela era egoísta”. A relação das duas afetou a relação de P3 com os donos da casa. Nas primeiras semanas, ela jantava com eles e as crianças. Porém, quando voltava para o quarto

(19)

A. não interagia com ela, a ignorava e virava os olhos quando a participante falava sobre o jantar (Quadro 22).

Quadro 22 - Análise funcional da resposta de jantar com os donos da casa

SA - R SP+ CR

Os donos da casa convidam para jantar

ocasião para jantar com eles produz recriminações de A.

elicia emocionais de respostas vulnerabilidade

e fraqueza

Fonte: A autora, 2019.

Com o tempo, A. passou a exigir que P3 não comesse mais a comida que os donos da casa ofereciam e que fosse sair com ela: “Ela ‘ah, você vai sim, senão você vai comer aquela comida velha daqui?’ Ela me puxava pelo braço, eu não tinha escolha. Então eu ia para não ter que ouvir” (Quadro 23).

Quadro 23 - Análise funcional da resposta de recusar o convite dos donos da casa

SA - R SR-

Os donos da casa convidam para jantar

ocasião

para recusar o convite evita recriminações de A.

Fonte: A autora, 2019.

P3 relatou que seu desempenho foi prejudicado no curso de idioma: “Eu na aula tinha dificuldade de me concentrar, eu estava lá, mas minha cabeça estava em outro lugar”. No final do intercâmbio, relatou que recebeu uma avaliação da professora, que a via como uma aluna esforçada, mas que poderia ter se expressado mais durante as aulas, recebeu 7,5 de nota pelo seu desempenho. A participante relatou que sentiu muita raiva de si mesma, pois via seus colegas postando suas notas altas nas redes sociais e ela não estava feliz com a nota dela.

Chegando em casa depois da aula, queimou o papel que tinha a nota, relatou que pensou na hora: “falhei, não dei conta do que era para dar. Meus pais estão pagando aqui e eu nem dei conta, então o que que eu fiz aqui?” (Quadro 24).

(20)

Quadro 24 - Análise funcional da resposta de queimar o papel que contém a nota

SA - R SR-

Recebe a nota 7,5 ocasião

para

queimar o papel

que contém a nota evita

os pais saberem da nota

Fonte: A autora, 2019.

A participante vivenciou outras situações de sofrimento psicológico após o intercâmbio e em decorrência deste, no entanto, por falta de informações suficientes, não foi possível realizar análise funcionais delas. Constatou-se que a experiência de sofrimento psicológico vivenciada por P3 ao longo do processo de intercâmbio de idioma foi caracterizada por contingências de reforçamento negativo e punição positiva.

3.4 ESTUDO DE CASO 4

O participante (P4) relatou que fez intercâmbio de idioma na Irlanda, no período de maio de 2012 a maio de 2013, na época com 27 anos. P4 relatou que ficou os 15 primeiros dias numa república de estudantes paga antes de viajar, em seguida conseguiu uma vaga de um quarto em outra república onde moravam apenas brasileiros e ficou nessa casa até o final do intercâmbio. A sua reserva financeira durou apenas 4 meses, ele precisava arrumar um emprego ou teria que voltar para o Brasil. Quando conheceu outros brasileiros, percebeu que teria dificuldades em encontrar emprego. P4 relatou que um dia acordou perto do horário de almoço e não tinha nada para comer (Quadro 25).

Quadro 25 - Análise funcional da resposta de procurar por comida nos armários

SA - R SP+ CR Horas de privação de alimentos ocasião para procurar por comida produz não encontrar nada para comer elicia respostas emocionais de tristeza e impotência Fonte: A autora, 2019.

Comentou com um de seus colegas da casa que não tinha o que comer e ele estava na mesma situação que P4. Segundo seu relato: “Esse dia foi o que mais me recordo de triste, sabe? Isso nos gerou um sentimento de impotência, de pensar “o que eu estou fazendo aqui passando fome? Eu não precisava estar passando por isso”.

(21)

Relatou que juntos perceberam que precisavam conseguir dinheiro para comprar comida porque estavam com muita fome, ligaram para algumas pessoas e conseguiram um trabalho de fazer faxina no mesmo dia, no final do dia conseguiram comprar comida para toda a semana (Quadro 26).

Quadro 26 - Análise funcional da resposta procurar emprego

SA - R SR-

Não ter comida em casa

ocasião

para procurar emprego evita passar fome

Não ter dinheiro para comprar comida

Horas de privação de alimentos

Fonte: A autora, 2019.

A fome que sentia, conforme relato de P4, foi o motivo pelo qual procurou por emprego naquele dia, algo que pudesse realizar e conseguir dinheiro no mesmo dia para acabar com a fome que sentia e evitar passar fome pelos próximos dias. Portanto, esse trabalho foi apenas temporário, P4 não tinha mais dinheiro e precisava procurar um trabalho fixo para poder se manter no intercâmbio, pois começou a perceber que havia a possibilidade de voltar para o Brasil antes do prazo e ele não queria isso (Quadro 27).

Quadro 27 - Análise funcional da resposta de procurar emprego

SA - R SR-

Necessidade de se manter financeiramente

ocasião

para procurar emprego evita

possibilidade de voltar para o Brasil

antes do prazo Ausência de dinheiro

Fonte: A autora, 2019.

A possibilidade de voltar para o Brasil antes do prazo era o estímulo aversivo que o participante tentou evitar. Ao conseguir um emprego, devido ao horário que precisava trabalhar teve que sair das aulas de inglês, em função disso não aprimorou o idioma e tampouco obteve o certificado de conclusão do curso, o que deixou triste e arrependido de não ter conseguido.

O novo trabalho de P4 era segurar uma placa de propaganda de uma loja, de 6 a 8 horas por dia, de segunda a sexta-feira. Ele tinha que ficar parado durante todo o período e esse trabalho não exigia que ele conversasse com as pessoas, o que não lhe ajudou na prática do

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inglês: “Tive bastante tempo para pensar na minha vida (risos), eu ficava pensando ‘o que eu estou fazendo aqui? Eu precisava disso?’ Eu pensava várias vezes em desistir”.

Relatou que diariamente um senhor muito simpático passava por ele na rua, enquanto trabalhava segurando a placa, e lhe fazia sempre as mesmas perguntas, queria saber como ele estava, de onde ele vinha e o que estava fazendo ali (Quadro 28).

Quadro 28 - Análise funcional da resposta de responder somente aos questionamentos, perceber que o senhor quer conversar mais

SA - R SP- CR

O senhor passa por ele, faz perguntas e demonstra interesse em conversar mais Baixa capacidade de comunicar-se em inglês ocasião para responder somente as perguntas produz não conseguir se comunicar o suficiente elicia respostas emocionais de tristeza e incapacidade Fonte: A autora, 2019.

O participante relatou: “A gente se comunicava do jeito que dava, mas por muitas vezes eu me sentia incapaz de me comunicar sabendo que as pessoas queriam conversar mais, muitas vezes eu me escondia para não ter diálogos, eu tentava evitar”. (Quadro 29)

Quadro 29 - Análise funcional da resposta esconder-se para evitar não entender o que o senhor falava.

AS - R SR-

Presença do senhor na rua Baixa capacidade de comunicar-se

em inglês

ocasião

para esconder-se evita

não compreender o que o senhor fala comunicar-se em

inglês

Fonte: A autora, 2019.

Tal situação caracteriza-se por comportamento de esquiva devido a presença do senhor sinalizar a possibilidade de ele conversar com P4 e este não o compreender, tornando-se estímulo aversivo para o participante e sua resposta de esconder-se adiou ou cancelou a apresentação desse estimulo aversivo no ambiente. Em seu relato P4 afirmou sentir-se incapaz de se comunicar “sabendo que as pessoas queriam conversar mais”, compreende-se então que esconder-se para não ter diálogos não ocorreu somente com o senhor, mas também com outros falantes da língua inglesa.

(23)

Após realizar as análises funcionais das situações relatadas pelo participante, constatou-se que a experiência de sofrimento psicológico vivenciada por ele foi caracterizada por contingências de reforçamento negativo e punição positiva.

3.5 DISCUSSÃO DOS ESTUDOS DE CASOS

Ao realizar as análises funcionais das situações que os participantes relataram experienciar sofrimento psicológico, observou-se que as relações entre as consequências contingentes às suas respostas eram de punição positiva e reforço negativo. Os participantes nomeavam como sofrimento psicológico as respostas eliciadas por um estímulo consequente à emissão de um operante como, culpa e medo. A compreensão do que é sentido depende das relações verbais entre o sujeito e sua comunidade (SKINNER, 1978), ou seja, depende da mediação da comunidade para discriminar o que é sentido pelo sujeito. Alguns autores (BANACO, 1999; HOLLAND, SKINNER 1961/1973; SKINNER, 1974) propõem que os prováveis sentimentos produzidos pela contingência de punição positiva sejam: ansiedade, culpa, vergonha, medo, raiva, cólera e aborrecimento. E o alívio é produzido pelo término ou evitação de estímulos aversivos, como a contingência de reforço negativo.

Conforme destacaram alguns estudos (ARAÚJO et al., 2016; GIRARD; MARTINS-BORGES, 2017; MARTINS-BORGES 2013) os desafios da imersão cultural associados a perda de seus reforçadores contribuem para o sofrimento psicológico durante o intercâmbio. Neste estudo, por exemplo, constatou-se que duas participantes (P2, P3) demonstraram, por meio de seus relatos, como as variáveis familiares foram determinantes do sofrimento psicológico vivenciado por elas. As dificuldades nas interações sociais durante o intercâmbio também foram consideradas determinantes conforme foram apresentadas nos relatos de todos os participantes.

A dificuldade com o idioma foi o que apareceu nos relatos de P1, P2 e P4 como fator determinante de sofrimento psicológico. A escolha dos participantes pelo intercâmbio de idioma deveu-se ao principal objetivo de aprender a língua inglesa, idioma supervalorizado pelo mercado de trabalho (REVISTA EXAME, 2019). No entanto, a imersão cultural para os participantes, exigiu um repertório verbal que eles não possuíam, repercutindo negativamente na ampliação de seus repertórios comportamentais relacionados à aprendizagem do idioma, bem como na saúde psicológica.

Segundo Skinner (1957, 1978), a comunidade verbal assume o controle sobre a resposta verbal do falante por meio de reforço diferencial, modelando o seu comportamento verbal. Fator

(24)

esse importante para a ampliação do repertório da língua inglesa garantindo a sua manutenção e a aprendizagem do novo idioma.

Foi possível identificar que dois dos quatro participantes (P2 e P4) trabalharam durante o intercâmbio. P2 apesar de ter vivenciado o isolamento social, conseguiu trabalhar por um período, não relatando nenhuma situação de sofrimento psicológico nesta fase. Já P4, precisou trabalhar para evitar a volta antecipada para o Brasil, devido à falta de dinheiro. Ambos optaram pelo intercâmbio de idioma que possibilitasse acesso ao trabalho e os dois ao conseguirem o trabalho passaram a não frequentar mais o curso de idioma.

Todos os participantes deste estudo avaliaram que foram para o intercâmbio de idioma com pouca proficiência na língua inglesa e voltaram com um nível mediano. Exceto P2 que, mesmo vivenciando o isolamento social, se comunicava com seu namorado europeu em inglês, exigindo que ela aprendesse a língua para comunicar-se com ele. Em seus relatos, P2 mencionou o quanto o namorado era gentil e compreensível ao comunicar-se em inglês com ela, o que indica uma relação não punitiva. As relações não punitivas de aprendizado de um novo comportamento têm se mostrado mais eficaz, conforme Botomé e Kienen (2018).

Skinner (1990) e Sidman (1995) afirmaram que o melhor método de se ensinar um novo comportamento é por meio de contingências de reforço, num ambiente propício e favorável à aprendizagem. Um sujeito exposto a controle aversivo pode tentar evitar ou eliminar esses estímulos que causam sofrimento para ele. Dessa forma ocorre o contracontrole por fuga ou esquiva, como em algumas situações relatadas pelos participantes, e o novo comportamento (falar outro idioma) não é adquirido e mantido. Assim, deixam de aprender o novo idioma por vivenciarem condições desfavoráveis ao aprendizado.

Identificou-se que a imersão cultural dos participantes deste estudo não possibilitou a aprendizagem do idioma ser de forma gradual, que é a modo como Kubo e Botomé (2001) compreendem o processo de ensino. Devendo ser gradual para ser mais efetivo, obedecendo uma ordem de hierarquia de comportamentos simples a mais complexos com objetivo de alcançar o comportamento final.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os participantes relataram experiências de sofrimento psicológico com colegas de quarto, com anfitriões, com colegas do curso de idiomas, com familiares, com empregos, com questões financeiras, em experiências de isolamento social, de alterações na alimentação e de incompreensão do idioma. Assim, por meio da análise funcional dessas situações, verificou-se que a adaptação ao clima, à alimentação e às interações sociais, mas principalmente, o fato de

(25)

possuírem pouco repertório verbal da língua inglesa, foram determinantes para proporcionar-lhes sofrimento psicológico. Este caracterizado neste estudo por contingências de reforçamento negativo e punição positiva.

Contudo, identificou-se que as experiências de sofrimento psicológico que vivenciaram no intercâmbio, repercutiram negativamente na ampliação de seus repertórios comportamentais relacionados à aprendizagem do idioma, também na saúde psicológica. A partir deste estudo, é possível perceber a necessidade de repensar a imersão cultural em casos de sujeitos com pouco repertório verbal do novo idioma. Bem como, na promoção de condições favoráveis para além do ambiente das aulas, possibilitando interações reforçadoras entre os intercambistas e as pessoas de seu convívio para a aprendizagem de um novo idioma.

Sugere-se para interessados em pesquisas futuras sobre o tema, realizar mais de uma entrevista com cada participante, a fim de obter mais informações para as análises funcionais das situações relatadas.

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Referências

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