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ANÁLISE DAS PRECIPITAÇÕES E DAS VAZÕES DE UM TRECHO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARAIBUNA SP

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Academic year: 2021

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Yuri VENEZIANI Valdir de CICCO Carla Daniela CÂMARA Maurício RANZINI Francisco Carlos Soriano ARCOVA

O Vale do Paraíba é o principal eixo econômico do sudeste brasileiro. O ciclo do café, nos séculos passados, potencializou as fragilidades ambientais, causando grandes desgastes aos recursos naturais pelo manejo inadequado da água e dos solos. Hoje as pastagens e os extensos plantios de eucaliptos e de leguminosas predominam na região (Companhia de Tecnologia de SaneamentoAmbiental - CETESB, 2007). É uma das áreas mais desenvolvidas industrialmente no país (São Paulo, 2005), responsável por arrecadar cerca de 10% de todo o PIB, tendo, por conta disto, um papel de destaque na implementação das Políticas Nacionais de Recursos Hídricos (Marengo &Alves, 2005).

A importância ambiental conferida a bacia hidrográfica do rio Paraibuna no contexto da apropriação dos recursos naturais da Bacia do Paraíba do Sul, engrandece a necessidade de se precisar as variações temporais e as tendências, pluviométricas e fluviométricas, dessa região. Objetivando a compreensão da dinâmica hídrica natural da região do Alto Paraíba, o presente estudo analisa o ritmo de séries históricas de dados pluviométricos em três setores da bacia hidrográfica do rio Paraibuna, bem como, a evolução e a tendência da série histórica das vazões do rio em seu terço médio.

As cabeceiras do Paraíba do Sul são formadas pelos rios Paraibuna e Paraitinga, e a área de drenagem de sua bacia é 55.000,0 km , sendo a vazão média de 216 m³/s. A bacia do rio Paraibuna, por sua vez, possui 2.185,5 km e, aproximadamente, 481,0 km inseridos no Parque Estadual da Serra do Mar - PESM, onde se localizam os núcleos Cunha e Santa Virgínia. O rio Paraibuna tem suas nascentes no município de Cunha, a uma altitude aproximada de 1.600 m, com o leito se estendendo por 125 km, até desaguar no reservatório do Paraibuna, na cidade de Paraibuna, a uma altitude de 632 m. Localizada a leste de São Paulo, a bacia hidrográfica está no reverso do domínio morfoestrutural da Serra do Mar de geologia cristalina pré-cambriana. As serras se alongam inclinadas e escarpadas, na direção preferencial NO-SE (Prandini , 1982). O leito do Paraibuna possui perfil longitudinal de acentuado declive e obedece ao controle litológico, entalhando e modelando vales estreitos e restritas planícies de inundação (Colângelo, 1990). O uso do solo em suas cabeceiras caracteriza-se por ser agropastoril de pequeno porte, com fragmentos de Mata Atlântica. No terço médio esta floresta é protegida pelo PESM. À jusante dessa unidade de conservação, o predomínio é de floresta Ombrófila entremeada por pequenas áreas de agricultura (Honda ., 2002). De acordo com Luiz (2008), o clima segundo a classificação de Köppen, em 25 anos de observação é, predominantemente do tipo Cwb, temperado chuvoso e moderadamente quente. 1 2 3 4 5 2 2 2 1 INTRODUÇÃO 2 MATERIALE MÉTODOS et al. et al ______

(1) Discente do curso de Geografia da Universidade de São Paulo. Bolsista da Fundação para o Desenvolvimento Administrativo - FUNDAP. E-mail: yuri.veneziani@usp.br (3) Co-orientadora. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Avenida Brasil, 4232, 85884-000, Medianeira, PR, Brasil.E-mail: carladanielacamara@ig.com.br (2) Orientador. Instituto Florestal, Caixa Postal 1322, 01059-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: valdircicco@if.sp.gov.br

(4) Co-orientador. Instituto Florestal, Caixa Postal 1322, 01059-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: ranzini@if.sp.gov.br (5) Co-orientador. Instituto Florestal, Caixa Postal 1322, 01059-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: arcova@if.sp.gov.br

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VENEZIANI, Y.et al. Análise das precipitações e das vazões de um trecho da bacia hidrográfica do rio Paraibuna–SP.

Foram utilizadas séries históricas de dados de precipitação dos postos pluviométricos da Agência Nacional de Águas - ANA, identificados com os códigos E1-005 e E2-135, disponíveis no sítio eletrônico do Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE (2009), e do posto meteorológico do Núcleo Cunha do PESM. Para os dados fluviométricos do rio Paraibuna foi usada série de vazões do posto Ponte Alta 1, código 58060000 (ANA, 2009). As informações locacionais dos quatro equipamentos estão na TABELA 1, que apresenta também as respectivas séries históricas.

TABELA1 – Localização dos postos pluviométricos e fluviométrico, e período de estudo.

AFIGURA1 apresenta o mapa da bacia hidrográfica do rio Paraibuna, com a indicação dos locais onde estão instalados os postos.

FIGURA 1 – Mapa da bacia hidrográfica do rio Paraibuna indicando a localização dos postos pluviométricos e fluviométrico. Coordenadas Posto Parâmetro Lat. Long. Altitude (m) Município Série Histórica (anos) E1-005 Precipitação 23º 11’ 44º 59’ 1120 Cunha 1972 a 1992 E2-135 Precipitação 23º 22’ 45º 12’ 815 São Luis do Paraitinga 1973 a 1992 Núcleo

Cunha Precipitação 23º 15’ 45º 01’ 1060 Cunha 1982 a 2001 58060000 Vazão 23º 19’ 45º 08’ 900 São Luis do Paraitinga 1933 a 2006

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Em relação às análises estatísticas foram feitas avaliações das variabilidades temporais dos totais pluviométricos e dos índices de vazões. Para ambas as variáveis também foram calculadas as respectivas médias mensais com base nos registros históricos estudados.

Os índices pluviométricos anuais foram de 1625,0 mm, 1957,0 mm e 1844,0 mm para os postos E1-005, Núcleo Cunha e E2-135, respectivamente. Na FIGURA2 estão os valores anuais de precipitação das três localidades e suas respectivas linhas de média. No período em que as séries históricas foram coincidentes, isto é, de 1982 a 1992, observou-se uma hierarquia pluviométrica, partindo de índices maiores para o posto do Núcleo Cunha, intermediárias para E2-135 e inferiores para E1-005.

FIGURA 2 – Variação anual de precipitação nos três postos pluviométricos. Em destaque o período de coincidência da coleta dos dados (1982-1992).

De modo geral, o posto E1-005 apresentou os menores índices anuais, tanto nos anos mais chuvosos, quanto nos mais secos, e a diferença das médias anuais referente às séries históricas, entre E1-005 e o posto do Núcleo Cunha foi de 332,0 mm, e, daquele em relação ao pluviômetro E2-135 foi de 219,0 mm.

Em relação aos totais anuais pluviométricos a maior diferença de um ano consecutivo ao outro ocorreu no posto do Núcleo Cunha, entre 1984 e 1985. No primeiro ano o total foi de 1.523,0 mm, considerado um ano seco, onde o índice ficou, aproximadamente, 400,0 mm abaixo da média. No ano seguinte se observou os mais intensos eventos de chuva dentro do período histórico de 20 anos, registrando um total anual de 3.132,5 mm. Uma disparidade de 1.609,5 mm, mais que dobrando de um ano para outro. Ritmo semelhante, porém em menor magnitude, também ocorreu em outros postos.

Observa-se também na FIGURA 2, uma alternância de períodos mais úmidos e mais secos. Há consecutivos momentos de ascensão e queda em picos anuais de um, dois ou mesmo três anos, evidenciando uma flutuação do ritmo pluviométrico na bacia. Os três postos apresentaram uma dispersão espacial onde os menores índices foram do posto mais a leste, próximo ao topo da escarpa, os maiores no Núcleo Cunha, e os intermediários mais a oeste.

A FIGURA 3 agrupa as variações dos índices de chuva dos três postos, considerando o trecho de intersecção destacado na FIGURA2.

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FIGURA 3 – Totais anuais de precipitação no período de 1982 a 1992 nos três postos, com as respectivas linhas de tendência.

Observou-se tendência negativa da precipitação nos três postos, com diferentes inclinações das retas. No posto do Núcleo Cunha a inclinação foi maior do que em E2-135, e este, por sua vez, maior que E1-005. Cicco (2004), em estudo de regime hídrico no Núcleo Cunha, também verificou uma tendência negativa dos índices de precipitação na série histórica de 1983 a 1998. Sant’Anna Neto (1999), analisando o período de 1941 a 1993, constatou que houve uma tendência positiva dos índices de precipitação para o Estado de São Paulo, com exceção para a faixa litorânea (Serras do Mar e da Mantiqueira, e Vales do Paraíba do Sul e Ribeira do Iguape), onde as tendências de chuvas foram negativas, corroborando com o presente estudo.

No período em estudo, nos três postos pluviométricos considerados o mês de janeiro se caracterizou como o mais chuvoso, e os meses de julho e agosto foram considerados os mais secos (FIGURA 4), com diferença pronunciada de 225,0 mm referente à média mensal desses meses.

FIGURA4 – Valores médios mensais de precipitação dos três postos pluviométricos.

O maior valor mensal foi de 892,5 mm, registrado em janeiro de 1985, no Núcleo Cunha, sendo que deste montante 420,0 mm precipitaram apenas nos dias 23 e 24.

A FIGURA 5 apresenta as variações temporais das descargas anuais mínimas, médias e máximas, como também as suas respectivas linhas de tendências.Amaior amplitude foi para a vazão máxima, com destaque para ascotasdosanosde1959e1985.Poroutrolado,asvazõesmínimasemédiasapresentarammenoresamplitudes.

FIGURA5 – Valores mínimos, médios e máximos de vazão no período de 1933 a 2006.

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O maior valor foi registrado em janeiro de 1985, correspondendo a 926 m /s, como consequência das fortes chuvas ocorridas nos dias 23 e 24. Na ocasião aconteceu uma grande cheia, com o rio Paraibuna assumindo feições diferentes daquelas normalmente observadas em seu canal principal. As menores descargas foram verificadas em março de 2001, atingindo 1,3 m /s.

Ao longo do período de estudo foi observada tendência de diminuição nas vazões máximas. Por outro lado, para as séries mínimas e médias não foram observadas tendências. Marengo & Alves (2005) também identificaram uma diminuição das vazões em seis pontos na bacia do rio Paraíba do Sul, nenhum deles no rio Paraibuna, para os meses de dezembro a fevereiro, de 1920 a 2000.

As maiores descargas ocorreram em fevereiro e março, e as menores prevaleceram em agosto e setembro (FIGURA6). Podemos observar, contudo, que as maiores amplitudes não são coincidentes aos maiores valores médios mensais de vazão, já que aquelas ocorreram em janeiro e fevereiro. Para os meses mais secos, as amplitudes foram mais estreitas, com destaque para o mês de agosto que possui o menor intervalo de variação da média. Ressalta-se o mês de junho, com uma grande amplitude da variação em relação ao período menos chuvoso.

FIGURA 6 – Valores médios mensais de vazão e intervalo de variação da média para cada um dos meses com base nos 73 anos de monitoramento.

Os índices pluviométricos na bacia hidrográfica do rio Paraibuna foram elevados, sendo as médias dos totais anuais das três localidades acima de 1.600 mm. Não houve uma delimitação clara de sazonalidade, embora sejam detectáveis os meses mais secos (julho e agosto) e o mais úmido (janeiro) A análise temporal da variação pluviométrica indicou tendência negativa das precipitações para os três postos.

Observou-se tendência de diminuição das descargas máximas, e de estabilidade das séries mínimas e médias com o tempo. Fevereiro apresentou a maior média mensal de vazão e a maior amplitude de variação da média; enquanto agosto obteve os menores índices para ambas variáveis.

Da análise das médias mensais de precipitação dos três postos e da vazão, percebeu-se um intervalo de um mês, entre o período mais chuvoso (janeiro) e a maior média mensal de vazão (fevereiro).

À FUNDAP pela bolsa-auxílio do primeiro autor. À pesquisadora Marina Mitsue Kanashiro da Seção de Geoprocessamento do IF, pela confecção do mapa da bacia do rio Paraibuna.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. . Disponível em:

<http://hidroweb.ana.gov.br>.Acesso em: 19 fev. 2009.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5 AGRADECIMENTOS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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