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Comportamento institucional eleitoral

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E

DESENVENVOLVIMENTO REGIONAL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DE CAMPOS

ALEXANDRE PRALON BARBOSA

Comportamento institucional eleitoral

CAMPOS DOS GOYTACAZES

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E

DESENVENVOLVIMENTO REGIONAL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DE CAMPOS

ALEXANDRE PRALON BARBOSA

Comportamento institucional eleitoral

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade

Federal Fluminense como

requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Sociais.

Orientador: Prof. Dr. JOSÉ HENRIQUE CARDOSO ORGANISTA

CAMPOS DOS GOYTACAZES

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer

meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, deste de que

citado a fonte.

Catalogação da Publicação

PRALON, Alexandre Barbosa

Comportamental eleitoral Institucional / Alexandre Pralon Barbosa; orientador José Henrique Cardoso Organista. Campos dos Goytacazes, 2016.

número de folhas

Monografia (bacharelado) Universidade Federal Fluminense, UFF-ESR, 2016. 1. Comportamento eleitoral. 2. Instituição. 3. Entidade. 4. Processo Eleitoral. 5. Comportamento Prospectivo.

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ALEXANDRE PRALON BARBOSA

Comportamento institucional eleitoral

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade

Federal Fluminense como

requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Sociais.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________ Prof: Dr. José Henrique Carvalho Organista - Orientador

Universidade Federal Fluminense

__________________________________________ Profª. Drª. Natália dos Reis Cruz

Universidade Federal Fluminense

__________________________________________ Prof. Dr. Leonardo Soares dos Santos

Universidade Federal Fluminense

CAMPOS DOS GOYTACAZES 2016

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AGRADECIMENTOS

Fazer agradecimentos, parece um ato nobre, mas na posição que ocupo posso afirmar que trata-se de uma missão que terei que sucumbir, pois não conseguirei ser grato a todos as pessoas e instituições que fizeram junto comigo parte desde sonho.

Realizar o sonho de terminar a primeira graduação no curso que sempre quis e na universidade que sempre desejei é muito gratificante, também postulo ser inenarrável. Onde não posso deixar de agradecer a todas as pessoas que participaram deste longo caminho que tive que trilhar até chegar neste ponto. Caminho extremamente extenso, pois foram anos e anos de viagens todos os dias no percurso entre Macaé x Campos dos Goytacazes, sendo duas horas para chegar até a universidade e mais duas horas e quinze minutos para voltar para casa.

Desta estrada, pude compartilhar de excelentes companhias, umas "insanas" como a do Rafael (gordo) e outras nem tanto assim, como a da Kanire Ribas, Marcela Almeida (...). Se as poltronas desses ônibus falassem, certamente seriam censuradas, pois foi neste percurso que fiquei encantado por duas lindas mulheres que posteriormente vieram a tornarem-se minhas namoradas, evidentemente que cada um ao seu tempo e eu no meu tempo. Mas é também nestas viagens que pude ler muitos textos e construir diversos trabalhos, alguns foram feitos sobre extrema pressão. Foi um período muito cansativo, mas ao chegar neste ponto, reafirmo que valeu a pena!

Como não poderia ser diferente, tenho um enorme sentimento de gratidão a minha mamãe que sempre incentivou-me a concluir minha graduação, aos meus três irmãos, João Júnior, Adriano Pralon e Pedro Pralon. Onde também quero deixar o registro pela colaboração e apoio que recebi de papai e dona Neide nos momentos em que precisava fugir de Macaé para apenas estudar, era na sua casa que encontrava refúgio e tranquilidade para ler um texto ou escrever um artigo.Também estendo meus sentimentos de gratidão as minhas tias, tios, primas e primos, pois posso assegurar que todos

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foram relevantes com palavras de incentivo para esta fase tão importante da minha vida.

Não obstante, deixo o registro à todos os docentes do Departamento de Ciências Sociais e demais departamentos , funcionários administrativos, funcionários da limpeza, seguranças entre outros, meu muito obrigado.

Entre os professores, gostaria de agradecer especialmente ao professor Cléber Andrade, Eugênio Soares, professoras Simone Silva e Glaucia Pontes por me ensinarem muito além de um conteúdo programático e pelas palavras de incentivo e tantos que além desses fizeram parte da minha formação intelectual.

Meus agradecimentos, em especial ao professor José Henrique Carvalho Organista por ter aceitado em orientar-me, pela sua contribuição foi que muito além do esperado, onde nossas discussões com a posse do computador em mãos se deram além dos muros rígidos da universidade, também pude contar com seu auxílio aos finais de semana na mesa do boteco da Família Muniz, Fonseca -Niterói e em sua casa, São Gonçalo. Aqui reafirmo que não é apenas meu professor e mestre, mas um amigo. Ao professor Leonardo Soares e a professora Natália dos Reis, por terem aceitado compor minha banca de arguição do trabalho monográfico, meu muito obrigado.

Aos representantes e presidentes que entrevistei nas instituições representativas de classe, em Macaé, meu muito obrigado por serem tão solícitos e atenciosos. Vocês foram fundamentais para a conclusão desse trabalho de monografia.

Em tempo, gostaria de agradecer a todos os amigos que conheci e cultivei na graduação, que tornaram mais aprazível minha estadia na universidade. Minha turma em geral e "manolos" João Paulo Vinhegron, Elias Alves Soares, Rômulo da Matta, Allan da Silveira e tanto outros que além de compartilharem os espaços da sala de aula, dividiram comigo os espaços mais loucos e secretos que um ambiente universitário pode promover, foram muitas loucuras, mas estamos, ainda bem, todos vivos e com saúde. De forma alguma poderia esquecer das meninas, Bianca, Solange Neagelle, Raíssa Moquiche,

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Mariana Domingues e Priscila Reis por aturarem minhas angústias pós término de namoro e por se alegrar comigo por diversos momentos. Aqui também aproveito o ensejo para agradecer a dupla mais ácida da universidade João Paulo Nascimento e Stella Ravalhia que além de ter o prazer de conviver com vocês também puder, assim como ocorreu com os demais amigos, conhecer seus familiares.

Honestamente a vida precisa seguir, mas tenho a certeza que após ter conhecido vocês e passado por tudo que passei, minha vida seguirá com mais entusiasmo e muito mais vontade de viver. Espero que perdoe-me os demais amigos que não citei nominalmente e são tão relevantes quanto estes que descrevi. A todos vocês, meu sincero agradecimento e o desejo de levar esses laços de amizade para o resto da vida.

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SUMÁRIO

RESUMO ...9

INTRODUÇÃO ...10

CAPÍTULO 1: Uma breve descrição sobre a cidade de Macaé...12

CAPÍTULO 2: Sistema FIRJAN...15

CAPÍTULO 3: SINDIPETRO-NF...23

CAPÍTULO 4:Análise das entrevistas: Comportamento Institucional Eleitoral....30

À GUISA DE CONCLUSÃO...39

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RESUMO

Este trabalho analisou o perfil de duas instituições, de um lado, patronal e do outro a sindical e a forma como estas entidades atuam na dinâmica do processo eleitoral no município de Macaé.

Ao contrário do que normalmente se supõe, não partimos de hipóteses a serem confirmadas ou não, em síntese foi, no limite de tempo deste trabalho, desde o início, conhecer e averiguar como se comportam diante do processo eleitoral, duas entidades de interesses classistas antagônicos.

A metodologia utilizada para conhecer, averiguar, e, a posteriori, analisar a relação destas entidades com o comportamento eleitoral institucional deu-se através de entrevistas realizadas com os Presidentes das respectivas instituições, além de pesquisas realizadas em sites e consultas bibliográficas.

Nas análises foi possível constatar que a entidade patronal atua de forma orgânica, em especial após o pleito eleitoral, para dar sustentação aos seus interesses corporativos e classistas, enquanto que a entidade de representação dos trabalhadores expõem uma ação mais tímida e pouco efetiva, comparativamente a primeira.

Do exposto, ao invés de concluirmos, preferimos ao final deste trabalho, trazer algumas questões que sugerem o aprofundamento da pesquisa, haja vista as implicações de cariz metodológico, cujo mais relevante seria o desenvolvimento de entrevistas junto aos representados. Não obstante, o leitor perceberá que a preocupação com o processo eleitoral institucional é pouco significativo na organização laboral e mais presente na patronal, a despeito, desta última, no discurso inicial, tentar mistificar a política como interesse de todos.

Palavras chave: 1. Comportamento eleitoral. 2. Instituição. 3. Entidade. 4. Processo Eleitoral. 5. Comportamento Prospectivo.

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Introdução

Este trabalho tem por objetivo investigar o comportamento de duas entidades, que, ao menos, a priori possuem interesses coletivos antagônicos, uma patronal e a outra de trabalhadores. A pesquisa foi efetuada na Cidade de Macaé, município localizado na região Norte-Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, junto à FIRJAN e ao Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (SINDIPETRO-NF), tendo como ponto fulcral procurar identificar como ambas comportam-se no processo eleitoral e após a realização do pleito eleitoral.

De imediato, cabe ressaltar que, não iremos, no escopo deste trabalho, entrevistar os representados destas entidades, em especial pelo escasso tempo. Sabemos, pois, da importância de fazê-lo para, dentre outras coisas, averiguar se os discursos dos representantes possuem relação ou não com os representados. Na impossibilidade de realizarmos esta empreitada, deixaremos a mesma para o nosso projeto de mestrado, por isso, tomamos as entrevistas e as pesquisas realizadas nos sites destas entidades como referenciais para identificar o comportamento de ambas no processo eleitoral e após a realização das eleições.

Esta monografia encontra-se organizada, como segue.

No primeiro capítulo, tivemos a preocupação de situar o leitor acerca da Cidade de Macaé. Cidade localizada na região norte do Estado do Rio de Janeiro e que ganhou relevância e notoriedade nacional, por conta do Petróleo. Resumidamente, trouxemos para o texto, sua história e seus indicativos socioeconômicos.

No segundo capítulo, tratamos da FIRJAN, entidade patronal, cuja história, missão, visão e interesses procuramos evidenciar a partir da entrevista realizada com o seu representante, bem como, através do site da própria entidade.

No terceiro capítulo, abordamos a formação do SINDSPRETO-NF, da mesma forma que fizemos com a entidade patronal, ou seja, entrevistamos o seu representante e perscrutarmos o endereço eletrônico da entidade.

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É bom destacar que não identificamos os entrevistados e que no corpo desta monografia serão chamados somente de representante e/ou entrevistado. Procedemos assim, para atender à exigência ética e preservar o anonimato dos nossos entrevistados.

No quarto capítulo, procuramos sintetizar e sistematizar as entrevistas ao nosso objetivo mais específico, isto é, como estas entidades se comportam frente ao processo eleitoral e suas atuações após as eleições. As possibilidades e os limites são apontados pelos nossos entrevistados e aqui foram analisadas criticamente.

Por último, ao contrário do que normalmente se faz, não concluiremos, deixaremos, portanto, questões a serem respondidas em nossa dissertação. Assim, fizemos por compreender que nos falta, dentre outros elementos, entrevistas com os representados, bem como, análise dos periódicos das entidades e da imprensa local. A não realização desta empresa, pelo motivo acima elencado, não nos permite a conclusão, posto que entendemos que conclusão significa “fechar” a questão.

Neste trabalho lançaremos mão da abordagem teórica de Fiorina acerca das três variáveis relacionadas ao voto e do conceito de ideologia, em Gramsci, a partir da perspectiva de Barrett.

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Capítulo I: Uma Breve descrição sobre a Cidade de Macaé.

Uma cidade bicentenária, outrora conhecida majoritariamente como "Princesinha do Atlântico", e mais recentemente, isto é, a partir da década 70, como a "Capital Nacional do Petróleo.

Macaé apresenta-se assim, como a representação de dois lados opostos, da mesma forma que uma moeda que em um de seus lados, pauta o capital, isto é, valor monetário representado por ela e do outro lado, há expressão simbólica, geralmente um busto de alguma personalidade relevante para o país, podemos estabelecer um breve exemplo com a moeda de cinquenta centavos que traz o busto de um importante diplomata que conquistou o Estado do Acre para o Brasil, através do Tratado de Petrópolis.

A extensão territorial do município é composto de 1.216,846 quilômetros quadrados, sendo entre estes os vinte e três quilômetros de faixa costeira, ou seja, que são banhados pelo Oceano Atlântico e de onde saem aproximadamente 450 mil trabalhadores anualmente para exercerem as atividades do setor do petróleo, mas precisamente offshore, tendo em vista os dados divulgados pela Infraero o aeroporto da cidade funciona 24 horas por dia e executa cerca de 60 mil vôos anuais, entre decolagens e pousos1.

É no meio dessa dualidade, entre a Macaé anterior e posterior ao petróleo que se formou dinâmicas interessas a serem analisadas. Hoje o município de Macaé possui uma população estimada, em 234.628 habitantes, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro Geografia Estatística)2. Com referências aos valores e números divulgados pela Prefeitura Municipal de Macaé a renda per capita é de 42 mil reais, somando também uma renda mensal média de 7,9 salários mínimos. A cidade também

1 http://www.infraero.gov.br/index.php/aeroportos/rio-de-janeiro/aeroporto-de-macae.html Consultado, em 31 de janeiro de 2016.

2 Através da consulta ao link, pode-se encontrar mais referências da estimativa populacional com dados atuais e anteriores -

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2015/estimativa_tcu.shtm Acesso em: 1o de fevereiro de 2016.

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ostenta um dos melhores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)3, do estado do Rio de Janeiro, ficando atrás apenas dos seguintes municípios, Niterói em primeiro lugar com 0,837, cidade do Rio de Janeiro, em segundo lugar com 0,799, em terceiro lugar, Rio das Ostras com 0,773, em quarto lugar Volta Redonda com 0,771, na quinta colocação a cidade de Maricá com 0,765 e por fim Macaé, ocupando a sexta colocação entre as cidades com maior índice de desenvolvimento humano do Estado com o IDH de 0,764.

Há também a dinâmica do mercado econômico que envolve deste os trabalhadores informais/autônomos indo até as grandes indústrias, correspondendo, de acordo com os dados divulgados pela prefeitura local aos seguimentos que somados representam o montante de 11.545, classificados na tabela 1 abaixo:

Tabela 1 – Dinâmica de Mercado

Seguimento: Números: Trabalhadores autônomos 2.524 Prestadores de Serviços 3.099 Comércios e Serviços 2.247 Comércios 3.399 Indústrias 276 Total 11.545

Todos os seguimentos acima expostos na tabela 1 são relevantes para a vida social, econômica e política da cidade. Entretanto, no limite desta monografia e para o nosso objetivo, interessa-nos, em especial, dois seguimentos, estes são: as indústrias e os trabalhadores que estão representados pelo Sindicato dos Petroleiros Norte-Fluminense, sendo estes

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A verificação dos IDH dos municípios do estado do Rio de Janeiro pode ser realizada através do link: http://cidades.ibge.gov.br/comparamun/compara.php?lang=&coduf=33&idtema=16&codv=v20&search =rio-de-janeiro|macae|sintese-das-informacoes- . Acesso: 10 de fevereiro de 2016.

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vinculados a cadeia de extração, produção e processamento de petróleo e o gás. Quanto a indústria nos pareceu conveniente e oportuno partir de uma abordagem da sua representação, neste caso específico o Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), também representado pela Comissão Municipal de Empresários de Macaé, já em relação aos trabalhadores, a representação de sua classe, SINDIPETRO-NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense).

Suas histórias e a forma como se instalaram na cidade, expressam não apenas dados para avaliação, mas revela outro assim o modus operandi dessas instituições, como organizam e defendem seus interesses em momentos cuja tomada de decisão do pleito eleitoral municipal está em pauta, bem como após as eleições.

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Capítulo II –SISTEMA FIRJAN:

"Representatividade empresarial para fortalecer a indústria" essa é a primeira frase encontrada para àqueles que desejam conhecer a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), em seu endereço eletrônico (http://www.firjan.com.br/firjan/). Como pode-se notar o Sistema FIRJAN é uma instituição privada, composta por cinco organizações, que compõem 102 (cento e dois) sindicatos patronais, 7.103 (sete mil cento e três colaboradores) e 283 (duzentos e oitenta e três estagiários) no Estado do Rio de Janeiro, como segue:

Tabela 2: Organizações

Organizações Ação

FIRJAN Competitividade empresarial e

desenvolvimento econômico

CIRJ Fortalecimento do encadeamento

produtivo da indústria

SESI Produtividade para a indústria

bem-estar para o trabalhador

SENAI Tecnologia, inovação e educação

profissional

IEL Empreendedorismo e educação

executiva

É relevante ressaltar que a descrição que faz menção ao histórico do Sistema FIRJAN, sua Estrutura, sua inserção na sociedade e como comporta-se em processos eleitorais foi construída por pesquisas, realizadas na internet, através de endereços eletrônicos oficiais do Sistema FIRJAN, pesquisas

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bibliográficas4 e tão importante quanto, uma entrevista realizada, com o presidente da Comissão Municipal de Empresários de Macaé que traz um maior riqueza de detalhes e que, doravante, não será identificado, mas tratado de presidente ou entrevistado.

Antes da efetiva consolidação do Sistema FIRJAN, houve um longo caminho percorrido que trataremos aqui de forma breve.

No ano de 1958, com o Estado do Rio de Janeiro ainda como sede do Distrito Federal, o Sistema era conhecido, como "Federação das Indústrias do Distrito Federal, passando a ser chamada, em 1960, de Federação das Indústrias do Estado Guanabara (FIEGA) e, em 1975, recebeu seu atual nome de Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), porém é, em 1994, que ocorre a consolidação do Sistema FIRJAN, onde o sistema passa a atuar de forma integrada com o Sistema S e outros instituições que descreve na tabela 2, acima.

O Sistema FIRJAN é regional, abrangendo todo o Estado do Rio de Janeiro, mas a Representação Regional da Comissão Municipal de Empresários de Macaé nasceu vinculada a Regional Norte-Fluminense há cerca de 15 anos. A comissão é composta por 20 empresários e outras instituições que assumem algum tipo de relevância para o cenário municipal, entre elas estão: PETROBRAS, Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Petróleo (ABESPETRO), Zona Especial de Negócios de Rio das Ostras (ZEN), Associação Comercial e Industrial de Macaé (ACIM), SEBRAI, Society of Petroleum Engineers (SPE) e a International Association of Dredging Companies (IADC).

Nas palavras do presidente desta Comissão Municipal de Empresários de Macaé, a mesma, "é um órgão consultivo, mas possui autonomia para deliberar sobre diversas questões", como por exemplo: solicitar estudos estratégicos que orientem o setor empresarial para possíveis áreas de

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BELOCH I. e FAGUNDES L. R. Sistema FIRJAN: a história dos 170 anos da representação industrial no Rio de Janeiro, 1827-1997: Memória Brasil Projetos Culturais Ltda. Rio de Janeiro. 1997.

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investimento, ter posicionamento quanto as questões sociais e políticas de investimento da cidade, inclusive a promoção de debates dos candidatos no período pré-eleitoral e em ações pós-eleitoral.

Destaca outrossim, de acordo com a entrevista concedida, a função do presidente da Comissão, está pautada sobre o exercício de trazer ideias, demandas e provocar questões no núcleo da comissão. Mas o que irá tornar factível o trabalho feito pelo presidente é a tomada de decisão sobre tais demandas e provocações que são feitas a priori, envolvendo a lógica do convencimento e consenso entre seus pares na comissão e instituições representadas, mas quando há divergência encaminha-se a partir daí a votação maioria simples, isto é, 50% mais 1.

Em Macaé, uma das principais atividades desenvolvidas pela Sistema FIRJAN está voltada para o setor considerado o principal motor da economia do Estado do Rio, e que outrossim motivou a criação da Comissão Municipal de Empresários de Macaé: o petróleo e o gás, encontrados em dois grupos, (i) operadores de exploração e produção (petroleiras) e (ii) as empresas que atendem e dão suporte para este mercado, setores que compreendem outras variáveis de mercado, como: naval, mecânica, plásticos, metal entre outras. Entre outras iniciativas, a comissão também realiza estudos estratégicos para acompanhar o movimento desse mercado, com geração de dados para indicar ao investidor, seja ele, empresarial, contribuindo para gerar competitividade no mercado.

A missão do Sistema FIRJAN não se encontra desvinculada da missão da Comissão Municipal de Empresários de Macaé, sendo garantia do crescimento sustentável da indústria, atrelado a competitividade dessa indústria. O entendimento de competitividade para o Sistema é estabelecido por três pontos estratégicos que se integram, sendo eles: (i) a gestão empresarial, (ii) a estrutura da cadeia produtiva e a sistêmica que compreende as condições microeconômicas, a infraestrutura e o (iii) cenário de negócios.

A Comissão Municipal de Empresários de Macaé provocou, a regional Norte Fluminense, em Campos há certa de 12 anos para que trouxesse o

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Sistema S (SESI/SENAI) para Macaé, pois houve o entendimento baseado na necessidade de ganhar mais força, instrumentalizando os mesmos para garantir competitividade na cidade e aumento a qualificação da mão industrial.

Essa movimentação que traz o SENAI para a cidade é uma atividade que o presidente entende que faz parte da intervenção social do Sistema na sociedade de Macaé.

A chegada do SENAI buscou e busca atender a necessidade da indústria local, pois as demandas industriais dão-se de forma diversificada e o SENAI oferta cursos de qualificação mediante a necessidade das empresas filiadas.

Hoje, de acordo com a entrevista concedida pelo presidente o sistema possui uma média de 5 (cinco) mil alunos e uma demanda que excede mais de 2(dois) mil alunos, aguardando vagas.

Além disso, há outros serviços de oferta assistencial para trabalhadores que atuam, em indústrias e empresas associadas ao através do Sistema FIRJAN, pelo Sistema S (SESI E SENAI), entre eles estão, além da escola, um clube que possui academia, sauna, teatro, aula de natação, assistência médica e dentária entre outros.

Na entrevista, é destacado pelo entrevistado a parceria feita em tripartite para criação de outra unidade de ensino, localizada próximo ao terminal de Cabiúnas, local onde ocorre o processamento de petróleo e gás. O objetivo central deste acordo é a formação de mão de obra qualificada para um mercado específico de trabalho. Cada uma dessas entidades irá assumir responsabilidades, a prefeitura doará o terreno, a Petrobras entrará com toda estrutura e equipamentos e o Sistema FIRAN, através do SENAI agregará com a parte técnica, ou seja, utilizando seu know-how, sua expertise no processo de ensino aprendizagem dos futuros alunos.

Este acordo, contemplará a Petrobras, a indústria, ao sistema FIRJAN e, não obstante, a prefeitura municipal de Macaé que irá receber 10% (dez por

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cento) das vagas ofertadas sobre todos os cursos para utilizar da forma que desejar.

Para o presidente da Comissão, o sistema possui este papel de intervenção social através do SESI/SENAI, oferecendo um portfólio de produtos que irão auxiliar não apenas as indústrias na qualificação do seu quadro de funcionários, mas irá agregar a sociedade inovação tecnológica e qualificação profissional/formação de mão de obra.

Quanto ao processo eleitoral, ao ser perguntado sobre como a instituição vislumbra o mesmo, o presidente da comissão fez a seguinte observação:

"Ela (FIRJAN) é uma instituição apartidária, mas a política hoje não é importante para FIRJAN, não. A política é importante para todos nós. Não adianta você falar que a política não interfere a sua vida. Ela interfere, sim. Uma decisão errada mexe com a sua vida, com economia do país e cidade"

Mesmo colocando a que entidade é apartidária, ele destaca alguns exemplos dos enfrentamentos feito pelo FIRJAN, entre eles estão: a luta acerca da questão do custeio da energia elétrica no país, publicações de estudos que pautam o enfrentamento para a diminuição do custeio da energia hoje no país, apontamentos de outros caminhos para renovação da mesma, como: o norteamento dos geradores de energia e a busca por energias alternativas

Outro exemplo de intervenção estacado foi o projeto do governador do Rio que criaria um novo pacote de impostos. A comissão tomou conhecimento desse pacote através do radar5 que trouxe essa informação e a Comissão com as demais representações da FIRJAN traçam um plano estratégico de intervenção para sanar essas questões, como ocorreu com o novo pacote de impostos, que pôde ser sanada através da movimentação dos empresários.

5 Radar é uma pessoa especializada, técnica que trabalha para FIRJAN, junto ao setor jurídico e acompanha todos os projetos que tramitam na ALERJ (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). Também entendido como uma espécie de olheiro que ao identificar algum projeto que "atrapalhe e/ou perturbe empresas e indústrias A,B,C ou D" informa ao Sistema FIRJAN.

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Perguntado sobre a participação da FIRJAN nos governos municipais, o entrevistado expõe que ela (FIRJAN) participa de todos os governos, pois não apenas mostra caminhos para o desenvolvimento, mas é também uma indutora na condução de levar o governo municipal a enxergar as coisas de outra forma. "Sendo uma indução técnica, pois estamos ali para ajudar o governo, à população e a classe empresarial", ressalta.

Também há outras iniciativas que a comissão acompanha e que são fundamentais para o desenvolvimento dos negócios empresariais da região, destaca ele. Como a construção do novo aeroporto de Macaé, instalação do Porto-Macaé e as duplicações da avenida Amaral Peixoto e da BR 101, são exemplos dessas movimentações.

Sobre a participação no processo eleitoral municipal, de acordo com o presidente, o Sistema FIRJAN, realiza no período eleitoral um debate com os principais candidatos que estão na disputa pelo processo eleitoral. A formatação desse debate, obedece a uma metodologia, podendo variar, conforme o entendimento de comissão, mas em regra funciona da seguinte forma, os candidatos enviam seus representantes para escolher cinco perguntas sorteadas, esse representante leva essas perguntas ao candidato que no dia e hora marcado para ocorrer o debate irá apresentar suas propostas sobre tais perguntas. Mas também haverá outras cinco perguntas aleatórias feitas pelo plenário sobre temas diversos. Não há confronto e/ou debate de um candidato para o outro, sendo um candidato por vez.

Perguntado se a comissão participa da elaboração de algum plano de governo, ou apresenta suas propostas/interesses aos candidatos e/ou partidos, o presidente, esclarece que isso não ocorre, mas ressalta que há a apresentação das propostas e interesses ao candidato que após o pleito eleitoral é eleito. Por mais que entrevistado revele que não ocorra a participação em processos pré-eleitorais, ele apresenta uma contradição ao dizer que há a exposição dos interesses ao candidato eleito, no pós-eleitoral.

Outros questionamentos foram realizados, entre eles, estão: (i) a instituição indica algum de seus membros e/ou associados como candidato

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para disputa do processo eleitoral? (ii) como é administrada a relação dos membros da comissão com o governo municipal?

A resposta para a primeira provocação feita acima, não surpreende, pois obedeceu ao padrão formal, com uma indicação do não, a entidade não realiza esta indicação, pois mantém-se imparcial.

O mesmo não pode ser dito sobre a segunda provocação, visto que os membros da comissão participaram e participam efetivamente dos governos, tanto na condição de secretários municipais ou em outras funções administrativas. Situação que não levanta qualquer tipo de constrangimento entre seus pares, mas há uma ressalva sobre a condição do presidente e vice-presidente da comissão, em participar efetivamente do governo que mesmo não sendo ilegal, os demais pares da comissão enxergam essa participação, como imoral.

Mesmo não ocorrendo esta hipótese até a presente data em que a entrevista fora realizada, a participação do presidente e vice-presidente não é vista com bons olhos, na hipótese da concretização desse fato, será solicitado que o(s) mesmo(s) faça(m) uma carta de desligamento do(s) seu(s) respectivo(s) cargo(s),e postule seu trabalho no governo da forma que desejar.

Sobre mobilização dos recursos financeiros para participar do processo eleitoral, a resposta obtida obedeceu ao padrão esperado, em que o Sistema FIRJAN não mobiliza seus recursos para financiamento do processo eleitoral nem para candidatos, nem para partidos. Mas ressalta que seus pares, isto é, a musculatura da comissão possui total liberdade para assim fazer, visto que não há nenhum impedimento neste processo, apenas as limitações legais.

Quanto a fiscalização das ações do Sistema FIRJAN e da Comissão Municipal de Empresários de Macaé, o entrevistado disse que ela é feita pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), sendo esta a mãe de todo processo, onde também toda estrutura do Sistema FIRJAN deve se reportar. A fiscalização destacada pela presidente da comissão, a despeito de não ter sido claro, provavelmente ocorra parâmetros de burocracia, visto que a FIESP, em São Paulo, em eventos atuais veste a camisa partidária ao posicionar-se contra

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o PT (Partido dos Trabalhadores). Tanto a FIRJAN, como a FIESP estão "subordinados" à CNI, mas não há qualquer tipo de manifestação pública contrária ou afirmativa por parte da Confederação Nacional das Indústrias aos comportamentos dessas entidades.

Além dessas colocações, o presidente destaca uma série de iniciativas que são, em conformidade com o mesmo, de extrema importância, tanto para o setor empresarial, como para a gestão pública no Estado do Rio, por conta do auxílio que presta para o desenvolvimento das regiões e do Estado, em sua amplitude. São documentos e estudos consolidados através de pesquisas, tais como: Mapa do Desenvolvimento Regional do Estado do Rio de Janeiro, que norteia empresários que desejam investir no estado, descrevendo a vocação de cada município e/ou região. Também há outro documento chamado de Visão de Futuro, este está mais voltado para a gestão pública e não muito distante deste também há o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), responsável por fazer uma avaliação e medir a qualidade de setores, como, saúde, educação e segurança.

Outro ponto de extrema relevância, cujo qual iremos abordar nas análises das entrevistas, trata-se da pauta acercar da reestruturação da Petrobras, apontada pelo presidente da Comissão Municipal de Empresários de Macaé.

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Capítulo III – Sindipetro-NF

Tão relevante quanto realizar a descrição que faz menção ao histórico do SINDIPETRO-NF, sua estrutura, sua inserção na sociedade e como comporta-se em processos eleitorais é, apontar a partir de quais referências esta descrição será composta, não obstante, por pesquisas, realizadas na internet, através de endereços eletrônicos oficiais da instituição, pesquisas contendo matérias jornalísticas e não menos relevante, uma entrevista realizada junto ao dirigente sindical que representa, aqui, a fala do Sindicato dos Petroleiros Norte-Fluminense, trazendo uma maior riqueza de detalhes. O entrevistado não será identificado, mas tratado com as seguintes nomenclaturas, diretor sindical e entrevistado.

O Sindicato dos Petroleiros é uma instituição que possui cerca de 30 (trinta) anos de existência, momento em que havia necessariamente apenas o SINDIPETRO-RJ, sua instalação ocorreu, em 1988. Mas somente com o desenvolvimento das cadeias produtivas do petróleo e gás ao longo dos anos, houve a consolidação da bacia de campos, como a maior produtora de petróleo e gás do país e com ela, o surgimento do SINDIPETRO-NF.

Tal fato, criou a necessidade de a classe de trabalhadores deste setor ter uma representação mais próxima de suas atividades, alguma instituição que pudesse representar seus interesses, momento em que, em 1995, ocorreu um plebiscito, provocado pela categoria que decidiu pela criação do Sindicato dos Petroleiros Norte-Fluminense, mas sua primeira diretoria somente tomaria posse, em junho de 1996.

Hoje esta estrutura do SINDIPETRO-NF, possui certa de 12 (doze) mil trabalhadores sindicalizados que possuem seus vínculos em empresas de economia mista, como é o caso da PETROBRAS e outros empresas privadas. Estas empresas desenvolvem suas operações em aproximadamente 50 (cinquenta) plataformas de perfuração e exploração de petróleo e gás. A maioria dos trabalhadores sindicalizados são funcionários da PETROBRAS, o segundo maior número de sindicalizados está distribuído entre as 24 empresas

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privadas que assinaram acordo coletivo com o sindicato e em menor número de representação de filiados, estão os pensionistas e aposentados (o estatuto do sindicato permite a filiação destes, tendo em vista que também há negociação salarial).

Sobre a estrutura organizacional, isto é, quais são as pessoas que estão a frente deste sindicato, que compõem sua diretoria, organizam a agenda sindical e encaminham outras agendas relacionadas as atividades sindical ou não foi apresentado da seguinte forma, descrita abaixo.

Provocado sobre essa dinâmica sindical, o entrevistado, apresenta a estrutura sindical a partir do seguinte quadro. A diretoria sindical funciona em formato de colegiado, obedecendo um padrão horizontal com mandato de três anos, todos eleitos pelos trabalhadores. Essa diretoria é composta por 30 (trinta) diretores sindicais e 10 (dez) conselheiros fiscais. O papel do conselho fiscal está sobre a responsabilização de acompanhar, analisar e realizar reuniões paralelas para aprovar ou não as contas do sindicato.

Entre os 30 (trinta) diretores sindicais, há uma eleição interna para escolher a diretoria executiva, esta diretoria executiva irá lidar com o dia-a-dia do sindicato. A diretoria executiva ainda é responsável por cuidar de departamentos, ao todo são 10 (dez), divididos desde a formação política até a o departamento que trata das questões concernentes aos os aposentados e pensionistas.

Quanto a missão do SINDIPETRO-NF está afirmada na "luta pelos interesses de todos os trabalhadores das empresas do setor petróleo que atuam em atividades fins: perfuração, exploração e processamento de óleo e gás."

A visão do SINDIPETRO-NF, apontada por seu diretor sindical é o (i) fortalecimento da unidade do trabalhador, (ii) contar com a representação dos trabalhadores nos locais trabalho, quanto a este último ponto, o mesmo faz uma observação, visto que "um dos fatores que enxerga como empecilho na construção de lideranças é a falta de proteção aos trabalhadores que estão se

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organizando. Por conta que ainda há uma perseguição ao trabalhador que busca realizar um movimento por seus direitos".

Sobre os valores que regem a instituição, o entrevistado fez referência aos seguintes adjetivos: responsabilidade, credibilidade e coerência.

O regimento interno do SINDIPETRO-NF, faz a descrição dos princípios que orientam a entidade, sendo eles:

a) Independência de classe;

b) Autonomia perante o Estado, autoridades oficiais, igrejas, partidos políticos, etc.;

c) Democracia e participação dos trabalhadores nas suas ações e decisões com ampla garantia de liberdade de expressão na sua organização interna;

d) Combatividade e defesa dos interesses imediatos e históricos dos trabalhadores rurais e urbanos;

e) Promoção de ampla e ativa solidariedade às categorias de assalariados e segmentos oprimidos, buscando elevar a sua unidade nos planos nacional e internacional, prestar apoio aos povos do mundo inteiro na luta contra a opressão do homem pelo homem; f) Defesa de liberdade de expressão contra qualquer tipo de censura;

g) Respeito à Carta de Princípios e Estatutos da Central Única dos Trabalhadores – CUT, e da Federação Única dos Petroleiros – FUP.

Depois de colocadas tais questões e cenários, importa-nos agora debruçar sobre o comportamento institucional eleitoral do Sindicato dos Petroleiros Norte-Fluminense, isto é, a forma como estabelece sua dinâmica social e política na cidade Macaé.

O diretor sindical reconhece que falta participação do sindicado na dinâmica social da cidade, mas justifica que a limitação em participar e/ou fazer intervenções é tímida, muito por conta das atividades que são o foco central do sindicato. Mas realiza alguns apontamentos de algumas intervenções, entre elas estão palestras que cumprem o papel de provocar à sociedade a respeito de diversos temas, onde dar o exemplo de palestra de democratização dos meios de comunicação, em que a entidade trouxe o jornalista e fundador do blog Conversa Afiada, Paulo Henrique Amorim.

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Além disso, há também a descrição de iniciativas voltadas para o Dia da Consciência Negra, o apoio aos movimentos de cunho progressistas, como: Movimento Sem Terra (MST) e Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA). Esses apoios são ofertados através da assistência do corpo técnico do sindicato, contribuição financeira e a utilização da estrutura física do sindicato.

Outro ponto interessante para entender a linha de atuação dessa instituição se dá através da entrevista e da pesquisa no endereço eletrônico do sindicato. Na entrevista, descortina-se o entendimento do diretor sindical de lutar contra o grande capital, isto é, pautar uma lógica que seja diferente da estabelecida pelo capitalismo, esquerda socialista. Já no site oficial também há o entendimento de estabelecer a mesma linha de pensamento, como observa-se:

"A diretoria é contrária ao neoliberalismo como forma de organização econômica, pois faz o Estado renunciar ao poder de alocar recursos, deixando a tarefa para o mercado. Mercado que não é livre porque é controlado pelos grandes grupos financeiros e empresas transnacionais, cujos proprietários não são eleitos. Isso é um golpe na democracia, de graves conseqüências, aumentando a exclusão social com desemprego e miséria. É contrária às reformas que privatizam estatais e os sistemas públicos de saúde, educação e previdência, mecanismos de distribuição de renda e justiça social geridos por governos eleitos democraticamente. www.oguiaoffshore.wordpress.com http://gazetalitoral.blogspot.com.br/

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Reformas que retiram direitos dos trabalhadores, do serviço público e da iniciativa privada, da ativa e aposentados, para aumentar o lucro dos empresários e acionistas."

Sobre a percepção da política municipal do Sindicato dos Petroleiros Norte-Fluminense. O entrevistado fez algumas considerações ao ser perguntado como a entidade vislumbra e se posiciona com relação ao processo eleitoral. Ressalta que o SINDIPETRO-NF não possui posicionamento no que tange ao processo eleitoral municipal, mas destaca que há uma movimentação do mesmo em sentido nacional, ou seja, ele tomar partido de um candidato(a) nas disputas eleitorais para presidência da república. Onde sugere a hipótese de que esta postura do sindicato quanto as candidaturas nas esferas estaduais e federais esteja atrelada ao papel que esses atores políticos possam exercer na defesa de interesses da categoria, com poderes decisórios maiores do que o executivo e o legislativo municipal.

Nas dinâmicas eleitorais municipais, o representante sindical ressalta que apesar de não interferir, na condição de organização sindical, nas disputas eleitorais municipais, seus diretores sindicais possuem total autonomia para atuarem e ressalta, que eles atuam geralmente escolhendo alguns representantes de sua filiação partidária ou política, engajando-se nas campanhas.

É relevante colocar em foco essa vertente dos diretores, pois eles também são a representação da instituição, mesmo que não estejam atuando em nome da mesma, mas carregam essa carga simbólica, enquanto tal. De acordo com o diretor, todos os diretores possuem algum tipo de relação partidária e a atual diretoria possui vínculo entre dois partidos, o PT (Partidos dos Trabalhadores) e o PCdoB (Partido Comunista do Brasil). Sendo a diretoria plural e a maior parte dos diretores não reside no município de Macaé, mas em outros estados do país. Condição que torna a movimentação e/ou militância desses diretores muito tímida na cidade de Macaé.

Um dos possíveis motivos para que tanto a diretoria, quanto os trabalhadores petroleiros não residirem na cidade de Macaé, onde executam

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suas atividades de trabalho é a escala dos trabalhadores offshore que para empresas terceirizadas, trabalham 14 dias e folgam outros 14 dias. Já os funcionários da Petrobras que executam suas atividades offshore, tem escala diferenciada dos terceirizados, trabalhando 14 dias e folgam 21 dias.

Além disso, há também a relação política que a o sindicato possui com o governo municipal que para o diretor sindical está estremecida por algumas questões, entre elas dois episódios emblemáticos.

O primeiro está sob o não atendimento ao pedido do prefeito que solicitou, durante o momento em que o SINDIPETRO-NF fazia barreiras, impedindo o trafego de caminhos e outros meios de transporte para cidade de Macaé, nas principais vias de acesso à cidade.

O segundo episódio está pautando sobre a divergência de projetos político, em que o prefeito da cidade de Macaé, durante a feira Brasil Offshore, a maior feira sobre petróleo do país, trouxera o senador do PSDB-SP, José Serra, para apresentar seu projeto que desobriga a estatal (PETRONBRAS) a ser a operadora única do pré-sal

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Visto que o sindicato dos petroleiros defende o projeto político oposto, com maior participação estatal e a distribuição dessa riqueza nacional com investimento social.

Sobre o financiamento eleitoral, o entrevistado relatou que o sindicato é limitado juridicamente para fazer qualquer tipo de operação neste sentido, uma vez que este lida com dinheiro público, em outras palavras, nenhuma entidade sindical pode usar seus recursos para além de suas atividades sindicais, nem para apoiar partidos, candidatos.

Perguntado se o sindicato realiza e/ou fomenta algum debate no processo eleitoral municipal, apresentando seus projetos de interesse aos candidatos e partidos, o mesmo diz que já houve o pensando entre os dirigentes para consolidar essa proposta, mas este ainda não foi concretizada.

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Capítulo IV – Comportamento institucional eleitoral

Antes de iniciar esta empreitada, a priori, que consta como proposta para este capítulo, isto é, sintetizar, sistematizar as entrevista a partir de uma análise crítica de seus conteúdos. Nos cabe advertir aos leitores que nas entrevistas, concedidas pelos entrevistados, em conformidade com os mesmos, não falam a partir do seu posicionamento subjetivo, ideológico ou comportamental sobre o processo que envolve o pleito eleitoral na cidade de Macaé, mas, sobretudo, falam "como" instituição, sendo as suas falas revestidas de autoridade para representar as entidades em questão. Nos parece óbvio que nenhum ator atua na arena política, mesmo que institucional, sem que compartilhe dos princípios das mesmas. Em outras palavras, a despeito de respeitarmos as falas de nossos entrevistados que destacam a postura, acima de tudo, institucional nas entrevistas nos concedida, não nos é crível que atores partícipes de instituições deixem do lado de fora da sala, suas convicções.

Neste trabalho utilizaremos alguns conceitos que irão nos nortear na interpretação das entrevistas, entre eles os conceitos de (i) ideologia de Gramsci (BARRETT. M. 1996.) e os conceitos trabalhados por (FIORINA, 1981) de (ii) voto prospectivo, (iii) voto retrospectivo e (iv) voto irracional. Aqui cabe ressaltar que, o nosso trabalho não trata do voto e das seus condicionantes, entretanto, nos interessa, os conceitos desenvolvidos por Fiorina, por compreendermos que as suas definições, com o cuidado da mediação, pode explicar o comportamento eleitoral institucional.

Para Gramsci a ideologia não se apresenta apenas como consequência de determinantes econômicos, repousa uma polêmica sobre a discussão de ideologia orgânica, em que de um lado encontra-se a "superestrutura necessária de uma estrutura particular". Já do outro o entendimento de ideologia como sendo "elucubrações arbitrárias dos indivíduos".(BARRETT. M. Ideologia, política e hegemonia: De Gramsci a Laclau e

Mouffe. In: ZIZEK, S. Um mapa da ideologia. Rio de Janeiro: Contraponto, p. 236,1996.) Entretanto, Gramsci nos chama a atenção para a ideologia que parte de uma

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convicção popular que é capaz de assemelhar-se a força material. Onde completa:

"A análise dessas proposições tende, penso eu, a reforçar a concepção de bloco histórico, na qual, precisamente, as forças materiais são o conteúdo, e as ideologias, a forma, embora essa distinção entre forma e conteúdo tenha um valor puramente didático, já que as forças materiais seriam historicamente inconcebíveis sem a forma e as ideologias sedam fantasias individuais sem as forças materiais" (GRAMSCI, Antonio

Selections from the Prison Notebooks, arg. de Quintin

Hoare e Geoffrey Nowell-Smith, Londres, Lawrence & Wishart, 1976, p. 376-7. apud ZIZEK, S. Um mapa da ideologia. Rio de Janeiro: Contraponto, p. 236,1996.) Ideologia, não é pois falsa consciência ou construída a partir de um vazio, a ideologia para se tornar dominante, portanto ideologia da classe dominante, não pode e não prescinde daquilo que os dominados sentem objetiva e subjetivamente. Somente assim, é possível falarmos de ideologia e, por conseguinte, de consenso e/ou hegemonia. Nesse sentido, tomaremos para este trabalho, a ideologia como organizadora de um consenso acerca dos posicionamentos das instituições no processo eleitoral e após o pleito.

Compreendemos que o voto, é, de fato, o objetivo final de qualquer atuação estratégica ou comportamento eleitoral. É sim duvida, a partir dele e para ele que encontramos dos mais sofisticados ao mais simples modus

operandi de sedução e conquista do mesmo, isso em perspectivas subjetivas

ou corporativas.

Enquanto for o voto o maior, quem sabe o único, elemento que orienta o processo eleitoral, ele continuará sendo a cereja do bola. Não obstante, os condicionantes que inferem para sua tomada de decisão podem variar drasticamente, mas o que nos interessa analisar é como as entidades que trabalhamos se colocam acerca do processo eleitoral. Dito de outra maneira, sendo o voto o ponto final do processo eleitoral, entendemos apropriado, procedermos nossas análises a partir desta perspectiva, ressalvando que não

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nos interessa nesta monografia o voto em si, mas o comportamento institucional eleitoral.

De acordo com (MIGNOZZETTI, Umberto, et all), seguindo à literatura sobre os determinantes do voto de Fiorina (1981), "podemos considerar que o voto seguiria, em abstrato, três padrões distintos: i) voto prospectivo; ii) voto retrospectivo e; iii) voto irracional6".

Ainda em conformidade com o autor,

"por voto prospectivo devemos entender o voto dado em resposta a uma preferência política existente ex-ante no indivíduo e que seria fruto de características psico-sociológicas, como a sua socialização, o partido e a identificação política dos pais, entre outros. (...) Por sua vez, por voto retrospectivo entendemos o voto que é dado tendo em conta uma avaliação da preferência do eleitor em si (...)Por fim, o voto irracional seria aquele, por exclusão, nem retrospectivo nem prospectivo. Por exemplo, quando uma pessoa vota em um candidato sem avaliar prospectivamente ou retrospectivamente seu desempenho ou suas propostas, ou quando a pessoa vota em um candidato por motivos estritamente não-políticos (por exemplo, torcem pelo mesmo time de futebol, têm a mesma religião, gostam do mesmo programa televisivo, etc.), dizemos que o voto, nesse caso, é irracional" (MIGNOZZETTI, 2010, p.6).

Uma das características do voto prospectivo é que o mesmo requer um grau significativo de conhecimento e recursos acumulados, além é claro de maior relação interpessoal e envolvimento político. Enquanto o voto retrospectivo não implica envolvimento partidário, já que o voto é dado a partir da avaliação do governo anterior, por outro lado, o voto irracional é aquele que é dado pelas relações sociais afetivas.

É necessário destacar que diante do "público" que escolhemos trabalhar, ou seja, um público que por essência já postula ser organizado, pois são pessoas jurídicas. Essas instituições já estariam excluindo, por definição,

6 As referências contidas neste trabalho acerca das variáveis de voto estão em: FIORINA, M.

Retrospective Voting in American National Elections . New Haven: Yale University Press, 1981. In

MIGNOZZETTI, Umberto, et all. Ensino superior e voto: análise do comportamento eleitoral da

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dois tipos de votos e/ou comportamento eleitoral: o voto retrospectivo e o voto irracional.

Do exposto, trataremos apenas do voto/comportamento prospectivo, visto que, essas entidades possuem uma organização cognitiva, conhecem as alternativas políticas disponíveis, possuem seus membros/associados com filiação partidária e dispõe de elementos suficientes para decidir quem irão apoiar ou não, isto é, como será o seu comportamento eleitoral que, em última instância, avalizará o direcionamento de voto dos seus associados e sua postura pós-eleitoral.

Enquanto instituições, patronal e trabalhadores, ambas possuem posicionamentos distintos acerca do comportamento eleitoral institucional, bem como ideologias em disputas no que concerne as suas expectativas específicas. Estes posicionamentos ficaram claros nas entrevistas. Partilham, conquanto, de um comportamento institucional prospectivo, haja vista que se organizam, se estruturam e participam, com maior ou menor organicidade, das políticas sociais de interesses de suas coletividades. Tanto a FIRJAN, quanto o SINDSPETRO-NF, racionalizam seus interesses corporativos de forma e maneira prospectiva, embora a atuação da primeira seja mais ampla na Cidade de Macaé, do que a segunda.

Sobre a entrevista concedida pelo presidente da Comissão Municipal de Empresários de Macaé, observou-se que logo ao ser provocado sobre qual a importância que o processo político eleitoral possui para a entidade, o mesmo deixou claro que a instituição é apartidária, mas foi contundente em afirmar que a política "não é apenas importante para o Sistema FIRJAN, mas, sim, para todos nós(...)". Colocação que apresenta-se como contraditória, pois se de um lado, a instituição não tem um comportamento partidário,conforme o entrevistado, por outro, não esconde que o processo eleitoral revela-se como relevante.para ela ao ponto de ouvir os principais candidatos numa espécie de "debate", organizado dentro do espaço institucional da entidade. Trata-se, pois de um comportamento prospectivo da instituição que busca conhecer e avaliar os programas dos partidos e candidatos no pleito eleitoral. Além, de aludir que

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a "política é importante para todos nós", tentando demonstrar que o interesse da FIRJAN e de seus associados estão para além dos seus interesses corporativos, o que não é de todo verdadeiro, como veremos abaixo na questão relacionada ao "radar".

Outra situação que deixa claro a preocupação do Sistema FIRJAN quando a dinâmica política, foi a exposição de uma pessoa que acompanha a tramitação dos projetos de lei na ALERJ (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), conhecida como "radar", este radar é responsável por identificar projetos que possam perturbar determinadas indústrias que são filiadas o SISTEMA. Mesmo não tratando-se de uma ação em âmbito político municipal, que é o nosso interesse específico na construção desta monografia, é interessante apontar, pois nesta atuação revela-se uma das características do modus operandi corporativo em que pautar exclusivamente a defesa de seus interesses. Ora, a institucionalização de uma pessoa responsável por conhecer, analisar e avaliar os projetos de leis em tramitação na ALERJ, revela que a FIRJAN, pode até não ter filiação partidária, mas, demonstra com clareza que trabalha para que seus interesses corporativos sejam contemplados. Para isso, é necessário ter conhecimento e reconhecimento de valores, comportamentos e ideologias que organizem seus associados em torno de pautas e reivindicações comuns. De certa forma, o "radar", descobre o véu que, sob a aparência de neutralidade na entrevista concedida, fez transparecer. O "radar" não se encontra na ALERJ para avaliar, nem analisar projetos de "interesses de todos", mas de um seguimento específico, em nosso caso, do setor industrial.

Perguntado sobre a participação e/ou relação que a comissão estabelece com o governo municipal, o entrevistado declarou que essa relação com o governo é feita a partir de uma indução técnica, isto é, nas palavras dele, "mostra caminhos", fazendo o governo enxergar as coisas de outra forma. Decerto, esta indução técnica faz parte de uma condução sobre os interesses institucionais da FIRJAN, ou seja, uma relação em que as atividades políticas e de investimentos do governo municipal estejam vinculadas à agenda econômica e industrial que a comissão estabelece como prioridade. Aqui, mais

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uma vez, fica claro que o posicionamento da FIRJAN visa, tão-somente, contemplar seus interesses. Induzir é levar outrem a organizar sua agenda, sua proposta em torno daquilo que, quem induz, julga adequado e melhor para si.

Outro fator que merece ser destacado está sobre a forma como o Sistema FIRJAN, apresenta seus interesses/projetos para os candidatos, pois não o fazem antes ou durante ao período eleitoral, mas, sim, no pós eleição.

Se é apenas no período pós eleitoral, isto é, com o candidato eleito que ocorrerá a apresentação, aqui repousa outra contradição, visto que, não querem expor seus projetos antes, mas os apresentam depois. Será que existe algum tipo de receio por parte da comissão que o projeto seja, de alguma forma, utilizado para outros interesses ou atores que não lhe sejam convenientes? Essa questão é uma provocação a reflexão e a resposta que apresentamos provém das contradições apontadas nos excertos das entrevistas. Não entendemos que a não apresentação dos projetos de seus interesses se dê por conta da apropriação dos candidatos que não lhes convenha. E, sim, entendemos, uma política institucional de não se comprometer diretamente com o processo eleitoral, deixando assim, portas abertas para tratar de seus interesses com quem quer que seja eleito. Afinal, como dissemos acima, a FIRJAN não possui filiação partidária, mas têm interesses corporativos específicos que não podem deixar de serem tratados e/induzidos com qualquer partido eleito.

Mesmo não ocorrendo a apresentação de membros e associados para disputa do processo eleitoral municipal, em sentido institucional, o presidente da comissão não exclui essa possibilidade de um de seus pares almejar esta hipótese. Mas faz a ressalva de que o membro ou associado que possui esse interesse não terá um apoio corporativo, ele poderá investir nesta empreitada, mas será uma escolha subjetiva.

É interessante fazer o apontamento no que tange ao envolvimento de membros em cargos de confiança nos locais estratégicos, em secretarias do município, seja na condição de secretários ou em outras funções mais administrativas. De acordo com o entrevistado, essa é uma prática que não

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apenas possui uma participação no governo atual, mas houve a participação da entidade, através de seus membros e associados nos governos anteriores. Nesta fala ocorre, de fato, uma afirmação do quanto o Sistema FIRJAN não apenas participa, mas também é parte orgânica do próprio governo. Uma vez que a instituição, possuindo parte de seus membros atuando e desenvolvendo políticas públicas nas esferas do governo municipal, o seu distanciamento, enquanto uma entidade apartidária, torna-se fraco, portanto.

Além disso, podemos dizer que a mesma linha de pensamento da instituição refere-se a mobilização de seus recursos para apoiar candidatos e/ou partidos de sua preferência nos processos eleitorais municipais. Já que o Sistema FIRJAN não realiza doações nem para candidatos e partidos na disputas dos processos eleitorais, mas o entrevistado deixa extremamente evidente que a sua "musculatura" possui total liberdade para fazerem isso, não havendo qualquer limitação, além das estabelecidas em lei, em outras palavras, nada impede que seus filiados contribuam com recursos financeiros no processo eleitoral.7

Há outrossim, outro elemento que nos serve para apontar o posicionamento político econômica institucional do sistema que encontra na defesa da reestruturação da estatal Petrobras. Este entendimento é postulado como não ensejando que a estatal seja a operadora única da camada do Pré -Sal no país. Interessa notar, pois, que o discurso de apartidário, neutralidade, proferido pela FIRJAN, mais uma vez se desnuda e demonstra a sua filiação ideológica, seu interesse de classe e, no limite, sua busca pela direção do sistema econômico, político e societal. Se o estatuto da FIRJAN não permite filiação partidária, o seu posicionamento quanto a Petrobras indica uma simetria com o pensamento neoliberal, ainda hegemônico.

Com relação ao Sindicato dos Petroleiros do Norte-Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, este declara seu posicionamento ideológico contrário

7

É fato, hoje mais do que conhecido, de que diversas empresas contribuem financeiramente para os mais diversos partidos. O que demonstra que não há, de forma evidente, qualquer constrangimento ideológico, prevalecendo o pragmatismo em verter suas contribuições em interesses privados.

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ao modelo econômico neoliberal, afirmações que já foram apresentados ao longo deste texto.

O SINDSPRETO-NF, declara-se como uma instituição que pauta uma linha de pensamento vinculada a política de esquerda, com o fortalecimento das estatais e o enfretamento ideológico ao sistema capitalista.

O sindicato não apresentou o mesmo envolvimento com relação a participação nos governos e eleições municipais. Fazendo apenas apontamos de apoio aos processos eleitorais mais amplos, tais como: eleições para deputados estaduais, federais, governadores, senadores e a presidência da república. O declarado interesse na política nacional se dá em virtude de dois pontos, em especial, em virtude dos diretores desta entidade morarem fora da Cidade de Macaé, e por entenderem que a autonomia do executivo municipal é mínima no que tange aos seus interesses corporativos.

Mesmo a entidade não postulando posicionamentos eleitorais no que tange a sua participação no pleito eleitoral municipal, ressalta que seus diretores que são filiados majoritariamente a dois partidos, ao PT (Partidos dos Trabalhadores) e PCdoB (Partido Comunista do Brasil) participam apoiando os candidatos ligados a estas legendas, já que é do interesse desta instituição conquistar assentos nas bancadas federal e estadual, posto que entendem como estratégicas para, por exemplo, esvaziar o interesse de "privatização" da estatal. Compreendemos aspectos do comportamento prospectivo, baseado na associação partidária, conhecimento cognitivo e racional. Todavia, nos causa espécie, a perspectiva desta entidade dos trabalhadores em não ter uma participação mais ativa e contundente em relação aos projetos de seus interesses, tal como demonstramos com a FIRJAN. O SINDSPRETO-NF, mostra-se menos orgânico com os interesses de sua categoria do que com os projetos dos partidos que são filiados, confiando a estes seus anseios e desejos, seja enquanto categoria ou classe social.

Diferentemente da entidade que representa o nicho patronal, ou seja, o Sistema FIRJAN que possui seus membros participando efetivamente do governo municipal. O sindicato dos petroleiros não possui nenhum de seus

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pares, isto é, diretores que também são ligados aos partidos de esquerda participando do governo municipal. Situação que demonstra claramente uma maior participação e envolvimento da representação patronal em detrimento da representação dos trabalhadores nas políticas públicas desenvolvidas na região.

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À guisa de Conclusão

Este trabalho ao contrário de muitos que nos apresentam respostas, nos traz mais dúvidas que a tempo, não serão sanadas nele, mas no mestrado.

A Primeira reflexão a se levantar está sobre como as contradições são construídas, de um lado, o Sistema FIRJAN afirma não ser um ator político que suba ao palco eleitoral/governamental para representar uma peça teatral. Mas no decorrer da entrevista, revela-se um exímio ator, ora atuando como protagonista e ora exercendo o papel de ator coadjuvante. De qualquer forma, o que fica evidente é a atuação dessa instituição dentro do processo eleitoral municipal, não apenas neste, mas, efetivamente, nos poderes executivos e legislativos, no pós eleição.

Pois sabe-se que, determinados cargos estratégicos de governos não são entregues a partir de uma escolha de sorte, evidentemente que esses cargos que englobam, por vezes, pastas inteiras. Estão além das funções a serem executados administrativamente, mas carregam a lógica política a serem desenvolvidas por estes que estão a frente dessa secretaria. Acredito que aqui caberia alguns questionamentos, sendo eles: (i) O Sistema FIRJAN utiliza desse envolvimento para beneficiar as indústrias que estão filiadas a ele? (ii) Em que medida as indústrias/empresas que são associadas ao Sistema FIRJAN prestam algum tipo de serviço para prefeitura? (iii) Há algum tipo de investimento, como construção de estradas, pontes, pavimentação, desapropriação ou outras iniciativas da prefeitura que venha a atender algum interesse industrial?

Quanto a outra instituição, o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense do Estado do Rio de Janeiro, este apesar de ter entre seu quadro todos os diretores filiados a partidos políticos não apresentou grande preocupação com a dinâmica política municipal.

De forma muito tímida participam dos enfrentamentos sociais e políticos do município. Não obstante, nos cabe levantar os seguintes questionamentos: (i) Quais são os principais condicionantes que pautam o não envolvimento dessa instituição no processo eleitoral da cidade? (ii) Os diretores

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financiam seus pares partidários nos processos eleitores municipais? (iii) Depois do conflito entre o sindicato e o prefeito que trouxera o senador do PSDB, José Serra, há outra percepção na participação do processo eleitoral? (iv) O sindicato não participa deste processo por vislumbrá-lo como desnecessário ou por enxergar que o mesmo não trará algum tipo de retorno político, financeiro ou eleitoral?

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Referências

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