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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

LOGíSTICA REVERSA

PRM – ADMINISTRAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DE PRODUTOS

ANTONIO CARLOS MANARTE MAT.: T205565

RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

LOGíSTICA REVERSA

PRM – ADMINISTRAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DE PRODUTOS

OBJETIVO:

Este trabalho atende a complementação do curso de pós-graduação em Logística Empresarial pelo Instituto A Vez do Mestre

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi o de falar da importância de se ter cuidado com o descarte de produtos após seu consumo e também procurar meios de retornarem aos responsáveis pela sua colocação no mercado consumidor. A Logística Reversa tem esta preocupação retornando produtos, materiais e peças ao processo de produção da empresa. As legislações ambientais são outra forma de conscientização social fazendo com que as empresas utilizem uma maior quantidade de materiais reciclados e também tendo que se preocupar com o descarte ecologicamente perfeito de seus produtos ao final de seu ciclo de vida. Vantagens econômicas são também explanadas por este trabalho, pois algumas empresas já estão descobrindo que a Logística Reversa quando utilizada de maneira adequada pode reverter em economia. O estudo feito foi exclusivamente bibliográfico e telematizado, sendo seu conteúdo principal baseado em artigos acadêmicos e periódicos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

... 05

CAPITULO I – ENTENDENDO A LOGíSTICA REVERSA

... 08

1.1 O que é Logística Reversa?... 08

1.2 Logística Reversa do pós-consumo... 09

1.3 Logística Reversa do pós-venda... 10

1.4 Motivos e causas da Logística Reversa... 11

1.5 A importância da Logística Reversa... 15

CAPITULO II – GERENCIAMENTO DO FLUXO REVERSO

... 18

2.1 PRM – Administração da Recuperação de Materiais... 18

2.2 Custos em Logística Reversa... 19

CAPITULO III – IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE CANAIS DE

LOGíSTICA REVERSA

... 24

4.1 Canais de Distribuição Reversos de Bens de Pós-Consumo... 24

4.2 Canais de Distribuição Reversos de Bens de Pós-venda... 26

CAPITULO IV – ASPECTOS LEGAIS

... 28

CAPITULO V – O PROGRAMA DE COLETA SELETIVA EM

CURITIBA

... 30

CONCLUSÃO

... 35

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INTRODUÇÃO

Entende-se como Logística Reversa o procedimento com os produtos pós-venda e pós-consumo.

A consciência da sociedade sobre estes produtos tem como objetivo a não agressão ao meio ambiente, logo, as empresas fabricantes empenham-se em buscar meios de resgatarem estes mesmos produtos e darem a eles um destino que venha ao encontro dos interesses da sociedade, criando assim a Logística Reversa, que nada mais é do que o fluxo inverso da logística tradicional, desde a saída dos produtos da fábrica até o consumidor final.

Por tratar-se de um tema relativamente novo, a maioria das empresas ainda não possui um gerenciamento satisfatório deste fluxo reverso, o PRM –

Product Recovery Management – que seria a Administração da Recuperação

de Produtos.

Enquanto a Logística Reversa tradicional trata do fluxo de saída de produtos, a Logística Reversa tem como finalidade a preocupação com o retorno de produtos, materiais e componentes ao processo de produção da empresa. Tais preocupações com a Logística Reversa por parte da empresa dão-se não somente pela consciência ecológica, mas também pela pressão de regulamentação governamental no setor.

A temática cultura organizacional esta, de uma forma acelerada, sendo integrada pelas empresas, no entanto, ainda se tem dificuldades para que se possa realizar um fluxo reverso satisfatório de seus produtos. Outra preocupação das empresas é quanto a sua imagem corporativa pelo mercado. Uma visão moderna de marketing social, ambiental e principalmente de responsabilidade ética empresarial permitirá observar que suas imagens corporativas estarão cada vez mais comprometidas com as questões de preservação empresarial.

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A Administração de Recuperação de Materiais vem ocupando cada vez mais um lugar de destaque dentro das empresas. Trata de custos logísticos, incluindo sistema de Logística Reversa com o retorno dos produtos às empresas, pois estas passam a ser responsáveis por seus produtos ao final de sua vida útil. Trata também da existência de sistemas de informação pouco eficientes desenvolvidos e específicos para trabalhar com a Logística Reversa. O gerenciamento é outro ponto abordado na pesquisa de suma importância para a Logística Reversa, pois é necessário que se tenha um profundo conhecimento de toda a cadeia produtiva da empresa, pois é assim que se começa a conscientização para o desenvolvimento da Logística.Reversa.

Constata-se, na pesquisa feita, de que uma boa administração da Logística Reversa trás grandes economias para as empresas e um dos problemas que dificultam sua realização é a falta de sistemas de informação que permitam a integração da Logística Reversa ao fluxo de distribuição. Sendo que algumas empresas criam seus próprios mecanismos ou terceirizam este processo para outras empresas especializadas no ramo. Trata também da importância da implementação da Logística Reversa como uma vantagem competitiva para as empresas refletindo na diminuição de custos e na elevação do nível de serviço ao consumidor. O fluxo reverso de produtos deve ser integrado na logística entre as empresas.

As empresas da cadeia produtiva reversa têm como característica possuir uma estrutura própria de canal formada por empresas especializadas em suas diversas etapas reversas. Essa especialização refere-se ao tipo de atividade desempenhada como a natureza do material ou produto de pós-consumo trabalhado.

Mostra como o fator ecológico contribui para que se consiga a implementação da Logística Reversa nas diversas atividades empresariais, devido ao aparecimento de um novo tipo de consumidor cada vez mais

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sensível aos aspectos ambientais do planeta e as possibilidades de impacto dos produtos no meio ambiente.

Fala também da evolução nas legislações visando responsabilizar as empresas pelo retorno de seus bens e materiais e evitando o impacto disso sobre o meio ambiente, e uma maior preocupação dos empresários na busca de competitividade por meio de Logística Reversa, na medida em que ela permite uma diferenciação mercadológica de serviço perceptível aos clientes. Em outro ponto pesquisado, fala também das contribuições da Logística Reversa para a gestão ambiental empresarial. A preocupação com o meio ambiente passou a ser motivo para a criação de leis a fim de minimizar os danos causados a este, gerando responsabilidade social através de tecnologias limpas e sistemas de gestão ambiental.

Por fim a pesquisa apresenta um trabalho realizado na cidade de Curitiba, que diz respeito à coleta seletiva de lixo doméstico. Por este trabalho pode-se ter uma idéia da degradação causada ao meio ambiente por estes resíduos e do impacto causado pela extração de matérias primas. Através deste trabalho, também é possível ter-se o entendimento da nova fonte de trabalho surgida para muitos que têm dificuldade de uma colocação no mercado de trabalho formal, assim como o impacto econômico produzido na cidade.

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CAPITULO I – ENTENDENDO A LOGÍSTICA REVERSA

1.1 O que é Logística Reversa?

O conceito de Logística Reversa é recente, surge na década de 70, com motivações relacionadas particularmente a gestão de resíduos e a reciclagem (GONÇALVES-DIAS, 2006). Segundo Rogers, Tibben-Lembke (1998) a Logística Reversa pode ser definida como ‘o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos acabados e as informações correspondentes do ponto de consumo para o ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou destinar à apropriada disposição’. Esse conceito passou por grande evolução na década de 90, com o aumento das preocupações e das pressões legais sobre os temas ambientais, que se somaram a uma maior conscientização, além da busca pelas empresas em reduzir perdas nos processos produtivos (CHAVES, 2005).

A Logística tradicional trata do fluxo de uma cadeia de suprimentos no sentido ‘jusante’. Entretanto existem fluxos materiais contrários nos processos produtivos, ou seja, que ocorrem no sentido ‘montante’, do final do processo para o início (PIRES, 2004).

Portanto, a Logística Reversa, por meio de sistemas operacionais diferentes em cada categoria de fluxos reversos, objetiva tornar possível o retorno dos bens ou de seus materiais constituintes ao ciclo produtivo ou de negócios. Agrega valor econômico, ecológico, legal e de localização ao planejar as redes reversas e as respectivas informações, operacionaliza o fluxo desde a coleta dos bens de pós-consumo ou de pós-venda, por meio dos processamentos logísticos de consolidação, separação e seleção, até a reintegração ao ciclo.

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1.2 A Logística Reversa do pós-consumo

Entende-se como Logística Reversa do pós-consumo a área de atuação da Logística Reversa que planeja, controla e disponibiliza os bens de pós-consumo, que são aqueles que se encontram no final de sua vida útil, devido ao uso. Essa vida útil pode ser prolongada se outras pessoas perceberem outras utilidades, para este mesmo bem, fazendo com que este permaneça em uso por um determinado tempo, e só então, após isso esse bem é destinado à coleta de lixo urbano, podendo ser reciclado ou simplesmente depositado em aterros sanitários, causando sérios impactos ao meio ambiente.

De acordo com Leite (2003), esses bens ou materiais transformam-se em produtos denominados de pós-consumo e podem ser enviados a destinos finais tradicionais, como a incineração ou os aterros sanitários, considerados meios seguros de estocagem e eliminação, ou retornar ao ciclo produtivo por meio de canais de desmanche, reciclagem ou reuso em uma extensão de sua vida útil. Essas alternativas de retorno ao ciclo produtivo são a principal preocupação do estudo da Logística Reversa e dos canais de distribuição reversos de pós-consumo.

Após a Segunda Guerra Mundial, aconteceu um considerável aumento nos descartes dos bens devido ao crescente desenvolvimento tecnológico que um melhor atendimento às necessidades dos consumidores, simultaneamente em que reduz os preços e a vida útil desses bens. Provocou-se a rápida obsolescência, principalmente no que se referem a eletrodomésticos, automóveis, computadores, embalagens e equipamentos de telecomunicações. Estes bens quando descartados são um problema, pois não possuem valor agregado após seu descarte.

Para Leite (2003), em algum momento os bens produzidos serão de pós-consumo, sendo assim, é necessário que se viabilize meios controlados

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para o descarte desses bens ao meio ambiente. O autor denomina de disposição final segura, o desembaraço dos bens usando-se um meio controlado que não danifique, de alguma maneira, o meio ambiente e que não atinja, direta ou indiretamente, a sociedade. Já a disposição não segura é o desembaraço dos bens de maneira não controlada, tal como em locais impróprios (terrenos baldios, riachos, rios, mares, lixões etc.), em quantidades indevidas.

1.3 Logística Reversa de Pós-venda

A Logística Reversa de pós-venda deve planejar, operar e controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós-venda por motivos agrupados nas classificações: ‘garantia/qualidade’, ‘comerciais’ e ‘substituição de componentes’.

Classificam-se como devoluções por ’garantia/qualidade’ aquelas nos quais os produtos apresentam defeitos de fabricação ou de funcionamento (verdadeiros ou não), há avarias no produto ou na embalagem etc.. Esses produtos poderão ser submetidos a consertos ou reformas que permitam que retornem ao mercado primário ou a mercados diferenciados denominados secundários, agregando-lhes novamente valor comercial.

Na classificação ‘comerciais’ destaca-se a categoria de ‘estoques’, caracterizada pelo retorno de produtos devido a erro de expedição, excesso de estoques no canal de distribuição, mercadoria em consignação, liquidação de estação de venda, pontas de estoque etc. que retornam ao ciclo de negócios por meio de redistribuição em outros canais de vendas.

Devido ao término de validade de produtos ou a problemas observados após a venda, o denominado recall, os produtos serão devolvidos por motivos legais ou por diferenciação de serviço ao cliente e se constituirão na classificação ‘validade’.

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A classificação ‘substituição de componentes’ decorre da substituição de componentes de bens duráveis e semiduráveis em manutenção e consertos ao longo de sua vida útil e que são remanufaturados, quando tecnicamente possível, e retornam ao mercado primário ou secundário ou são enviados à reciclagem ou para uma disposição final, na impossibilidade de reaproveitamento.

1.4 Motivos e causas da Logística Reversa

De acordo com o grupo RevLog (um grupo de trabalho internacional para o estudo da Logística Reversa, envolvendo pesquisadores de várias Universidades em todo o mundo e sob a coordenação da Erasmus University

Rotterdam, na Holanda), as principais reações que levam as firmas a atuarem

mais fortemente na Logística Reversa são:

- Legislação Ambiental, que forçam as empresas a retornarem seus produtos e cuidar do tratamento necessário;

- Benefícios econômicos do uso de produtos que retornam ao processo de produção, ao invés dos altos custos do correto descarte do lixo;

- A crescente conscientização ambiental dos consumidores.

Além destas razões, Rogers e Tibben-Lembke (1999) ainda apontam motivos estratégicos, tais como:

- Razões competitivas – Diferenciação por serviço; - Limpeza do canal de distribuição;

- Proteção de Margem de lucro;

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Quaisquer que sejam os motivos que levem uma empresa qualquer a se preocupar com o retorno de seus produtos e/ou materiais e a tentar administrar este fluxo de maneira científica, isto é a prática de Logística Reversa. De acordo com Bowersox et al (1986, pp.15-16), o processo logístico é visto como um sistema que liga a empresa ao consumidor e seus fornecedores. O processo logístico é apresentado em termos de dois esforços inter-relacionados: o Fluxo de Estoques de Valor Adicionado e as Necessidades de Fluxo de Informações.

Apesar do planejamento logístico muitas vezes, priorizar apenas o estudo do fluxo de produtos no sentido Empresa-Cliente, Bowersox et al (1986), coloca a importância de também olharmos o fluxo reverso. Quer seja devido a recalls efetuados pela própria empresa, vencimento de produtos, responsabilidade pelo correto descarte de produtos perigosos após seu uso, produtos defeituosos e devolvidos para troca, desistência da compra por parte do cliente ou legislação, o fato é que o fluxo reverso é um fator comum.

‘A Logística Reversa não serve necessariamente para aprimorar a produtividade logística. No entanto, o movimento reverso é justificado sobre uma base social e deve ser acomodado no planejamento do sistema logístico. [...]. O ponto importante é que a estratégia logística não poderá ser formulada sem uma consideração cuidadosa dos requerimentos da logística reversa’. (Bowersox et al , 1986, p.16)

Em termos logísticos, quando adicionamos o sistema de logística reversa ao fluxo de saída de mercadorias, temos uma Cadeia de Suprimentos Integral (CSI), que é baseada no conceito de ciclo de vida do produto. Durante no conceito de ciclo de vida do produto. Durante seu ciclo de vida, o produto percorre a sua cadeia de suprimentos normal. O que é acrescentado na CSI são as etapas de descarte, recuperação e reaplicação, permitindo a reentrada do fluxo de material de suprimentos. (KRIKKE, 1998, p.4).

Um planejamento de Logística Reversa envolve praticamente os mesmos elementos de um plano logístico convencional: nível de serviço, armazenagem, transporte, nível de estoques, fluxo de materiais e sistema de informações.

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O nível de serviços faz parte da estratégia global da empresa. Se como arma de vendas está incluído algo como ‘satisfação garantida ou seu dinheiro de volta’ ou ‘garantia de troca em caso de defeito’, o sistema logístico tem que estar preparado para o fluxo reverso e qualquer falha pode arriscar toda a imagem da companhia. Uma vez determinado o volume e as características do fluxo reverso, deve-se estabelecer os locais de armazenagem, os níveis de estoque, o tipo de transporte a ser utilizado e em que fase se dará a reentrada no fluxo normal do produto.

Bowersox et al (1986, p.267) estabelece que “o objetivo administrativo fundamental é obter integração de todos os componentes no sistema logístico”. Esta integração deverá ser buscada em três níveis: primeiro, a integração dos componentes das áreas de distribuição física, suporte a manufatura e compras em uma base de custo total. Depois estas três áreas têm que ser coordenadas em um esforço logístico único. E, finalmente, a política de logística da empresa tem que ser consistente com os objetivos globais e dar apoio a outras áreas na busca destes objetivos. Como integrar a política logística da empresa é hoje um dos grandes desafios do Administrador Logístico.

As diferenças entre os sistemas de logística com fluxo normal e a Logística Reversa são quatro, de acordo com Krikke (1998):

‘A primeira diferença é que a logística tradicional à frente é um sistema

onde os produtos são puxados (“pull system”), enquanto que na Logística Reversa existe uma combinação entre puxar e empurrar os produtos pela cadeia de suprimentos.[...] Como resultado de uma legislação mais restritiva e a maior responsabilidade do produtor, na Logística Reversa, a quantidade de lixo produzido (e a distinção entre o que é reciclável do que é lixo indesejado) não pode ser influenciada pelo produtor e deverá ser igualada à demanda de produtos, já que a quantidade de descarte já é limitada em muitos países.

‘Em segundo lugar, os fluxos tradicionais de logística são basicamente divergentes, enquanto que os fluxos reversos podem ser fortemente convergentes e divergentes ao mesmo tempo.

‘Terceiro, os fluxos de retorno seguem um diagrama de processamento pré-definido, no qual produtos descartados são transformados em produtos secundários, componentes e materiais. No fluxo normal, esta

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transformação acontece em uma unidade de produção, que serve como fornecedora da rede.

‘Por último, na Logística Reversa, os processos de transformação

tendem a ser incorporados na rede de distribuição, cobrindo todo o processo de ‘produção’, da oferta (descarte) a demanda (reutilização)’.

Krikke(1998, p.154).

Outro ponto importante é que fluxos reversos estão envoltos em um nível de incerteza considerável. Ao se definir um sistema de Logística Reversa, a incerteza sobre quantidade e qualidade se torna bastante relevante. Todos estes fatores nos levam a concluir que um sistema de Logística Reversa, embora envolva os mesmos elementos básicos de um sistema logístico tradicional, deve ser planejado e executado em separado e como atividade independente. Alguns autores (ROGERS e TIBBEN-LEMBKE: 1999)(KIM: 2001) discutem sobre as vantagens de se terceirizar esta área da empresa. Mas, terceirizando-se ou não, o que a maioria dos autores acredita é que as equipes responsáveis pela logística tradicional e pela Logística Reversa devem ser independentes, já que as características dos fluxos com os quais elas lidam são bastante diferentes.

Lacerda (2002) aponta seis fatores críticos que influenciam a eficiência do processo de logística reversa. Estes fatores são: a) Bons controles de entrada; b) Processos mapeados e formalizados; c) Tempo de ciclo reduzidos; d) Sistemas de informação; e) Rede logística planejada; e f) Relações colaborativas entre clientes e fornecedores. Quanto mais ajustados estes fatores, melhor o desempenho do sistema logístico. Os autores acreditam que,devido ao processo de globalização, onde multinacionais adotam políticas comuns para todas suas filiais e os governos tendem a adotar legislações ambientais mais rigorosas em todos os países, em pouco tempo, as mesmas práticas ambientais adotadas na Europa serão implementadas no Brasil. Fora isto, temos um Código do Consumidor bastante rigoroso que permite ao consumidor desistir e retornar sua compra em um prazo de sete dias, define maiores responsabilidades das empresas por produtos fabricados e/ou comercializados por ela e estabelece normas para os recalls. Nosso consumidor tem-se tornado também bastante consciente de seus direitos e das

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responsabilidades ambientais das empresas. Além de tudo isto, várias empresas (tanto varejistas como fabricante), por razões competitivas, estão adotando políticas de devolução de produtos mais liberais. Temos também o reaproveitamento de materiais pelas empresas para redução de custos. Tudo isto, aumenta o fluxo reverso dos produtos e/ou materiais do canal de distribuição.

1.5 A importância da Logística Reversa

Lambert et al(1998, pp.13-19) relacionam as seguintes atividades como parte da administração logística em uma empresa: serviço ao cliente, processamento de pedidos, comunicações de distribuição, controle de inventário, previsão de demanda, tráfego e transporte, armazenagem e estocagem, localização de fábrica e armazéns/depósitos, movimentação de materiais, suprimento, suporte de peças para reposição e serviços, embalagem, reaproveitamento e remoção de refugo e administração de devoluções. De todas estas atividades, fazem parte diretamente da logística reversa o reaproveitamento e remoção de refugo e a administração de devoluções.

Reaproveitamento e remoção de refugo estudam e gerenciam o modo como os subprodutos do processo produtivo serão descartados ou reincorporados ao processo. Devido a legislações ambientais cada vez mais rígidas, a responsabilidade do fabricante sobre o produto está se ampliando. Além do refugo gerado em seu próprio processo produtivo, o fabricante está sendo responsabilizado pelo produto até o final de sua vida útil. Isto tem ampliado uma atividade que até então era restritiva as suas premissas.

Tradicionalmente, os fabricantes não se sentem responsáveis por seus produtos após o consumo. A maioria dos produtos usados é jogada fora ou incinerada com consideráveis danos ao meio ambiente. Atualmente,

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legislações mais severas e a maior consciência do consumidor sobre danos ao meio ambiente estão levando as empresas repensarem suas responsabilidades sobre seus produtos após o uso.

Este trabalho considera como Logística Reversa as duas atividades descritas acima (Reaproveitamento e remoção de refugo e Administração de devoluções) e não apenas a segunda, como em Lambert et al (1998). Várias pesquisas e trabalhos mostram a importância de se prestar atenção a este lado da logística. Caldwell (1999) entrevistou várias empresas e mostrou como um pequeno investimento no gerenciamento da Logística Reversa resulta em economias substanciais. Ele cita um executivo da Sears que diz: “A Logística Reversa é a última fronteira em redução de custos”.

Vários pesquisadores mostram as economias relacionadas ao bom gerenciamento da Logística Reversa. Rogers e Tibben-Lembke (1999) pesquisaram uma empresa varejista que obtinha 25% de seus lucros derivados de um melhor gerenciamento de sua Logística Reversa. Caldwell(1999), entre outros, cita textualmente a empresa Esteé Lander Corporation que conseguiu uma economia de US$ 30 milhões em produtos que ela deixou de jogar fora (cinqüenta por cento do volume anterior) com a implementação de sua Logística Reversa. (O desenvolvimento do sistema proprietário custou US$ 1,3 milhão, recuperado já no primeiro ano apenas com a economia com mão-de-obra que lidavam com as devoluções de produtos). Outros autores (TERRY, 2000; QUINN, 2001) também falam de grandes economias de custos nas empresas que implementaram o controle do fluxo reverso.

Não existem dados sobre o valor que os custos com Logística Reversa representam na economia do Brasil. Levando-se em consideração as estimativas para o mercado americano e extrapolando-as para o Brasil, os custos com Logística Reversa apresentam aproximadamente 4% dos custos totais de Logística, que de acordo com a Associação Brasileira de Movimentação e Logística foi de US$ 153 milhões em 1998 (Guia de Logística, in HTTP://www.gialog.com.br/estatistica-log.htm. Acessado em 16 de abril de

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2002). Estes números tendem a crescer, à medida em que as atividades com Logística Reversa aumentem entre as empresas.

Apesar de muitas empresas saberem da importância que o fluxo reverso tem, a maioria delas tem dificuldades ou desinteresse em implementar o gerenciamento da Logística Reversa.

A falta de sistemas informatizados que se integrem ao sistema existente de logística tradicional (CALDWELL,1999), a dificuldade em medir o impacto dos retornos de produtos e/ou materiais, com o conseqüente desconhecimento da necessidade de controlá-lo (ROGERS e TIBBEN-LEMBKE,1999), o fato de que o fluxo reverso não representa receitas, mas custos e como tal recebem pouca ou nenhuma prioridade nas empresas (QUINN,2001), são algumas das razões apontadas para não implementação da Logística Reversa nas empresas.

Lambert et al (1998, pp. 28-30) apontam a logística desempenhando importante papel no Planejamento Estratégico e como Arma de Marketing nas empresas. Empresas com um bom sistema logístico conseguiram uma grande vantagem competitiva sobre aquelas que não o possuem. Sua grande contribuição é na ampliação do serviço ao cliente, satisfazendo exigências e expectativas. Os autores pesquisados são unânimes em colocarem a Logística Reversa como parte fundamental do sistema logístico das empresas. Não se concebe mais um sistema logístico completo se esta atividade não estiver incorporado a ele.

O que se percebe é que é apenas uma questão de tempo até que a Logística Reversa ocupe posição de destaque nas empresas. As empresas que forem mais rápidas terão uma maior vantagem competitiva sobre as que demorarem a implementar o gerenciamento do fluxo reverso, vantagem que pode ser traduzida em custos menores ou melhora no serviço ao consumidor. Uma implementação da cadeia de suprimentos também se fará necessária. O fluxo reverso de produtos deverá ser considerado na coordenação logística entre as empresas.

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CAPITULO II – GERENCIAMENTO DO FLUXO

REVERSO

2.1 PRM – Administração da Recuperação de Materiais

O gerenciamento das operações que compõem o fluxo reverso faz

parte da Administração da Recuperação de Produtos – Product Recovery

Management (PRM). PRM é definida como “o gerenciamento de todos os

produtos, componentes e materiais usados e descartados pelos quais uma empresa fabricante é responsável legalmente, contratualmente ou por qualquer outra maneira”. (THIERRY et al. , APUD KRIKKE: 1998, p.9). Algumas de suas atividades são, em parte, similares àquelas que ocorrem no caso de devoluções internas de itens defeituosos devido a processos de produção não confiáveis. PRM lida com uma série de problemas administrativos, entre os quais se encontra a Logística Reversa. As seis áreas principais do PRM são: (THIERRY et al., APUD KRIKKE: 1998, pp.11-20).

Tecnologia: nesta área estão incluídos desenhos do produto,

tecnologia de recuperação e a adaptação de processos primários.

Marketing: diz respeito a criação de boas condições de mercado para

quem está descartando o produto e para os mercados secundários.

Informação: diz respeito à previsão de oferta e demanda, assim como

a adaptação dos sistemas de informação nas empresas.

Organização: distribui as tarefas operacionais aos vários membros de

acordo com sua posição na cadeia de suprimentos e estratégias de negócios.

Finanças: inclui o financiamento das atividades da cadeia e a

avaliação do fluxo de retorno.

Logística Reversa e Administração de Operações: este é o foco do

trabalho e será aprofundado no decorrer.

O objetivo da PRM é a recuperação, tanto quanto possível, de valor, econômico e ecológico dos produtos componentes e materiais (KRIKKE: 1998, pp.33 – 35), e estabelece quatro níveis em que os produtos retornáveis podem

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ser recuperados: nível de produto, módulo, partes e material. A reciclagem é a recuperação ao nível de material, sendo este o nível mais baixo.

Diferentes empresas utilizam uma ou mais opções de PRM. Por conseguinte, seu sistema de Logística Reversa deverá ser desenhado de acordo com a(s) opção(ões) de PRM utilizadas. O correto planejamento e organização da Logística Reversa são fundamentais para o bom andamento da PRM.

2.2 Custos em Logística Reversa

Em Logística Reversa, as empresas passam a ter responsabilidade

pelo retorno do produto à empresa, quer para reciclagem, quer para descarte. Seu sistema de custeio deverá, portanto, ter uma abordagem bastante ampla, como é o caso do Custeio do Ciclo de Vida Total. Para Atkinson et al (2000, p.676), este sistema permite aos gerentes administrar os custos “do berço ao túmulo”. “O ciclo de vida do produto abrange o tempo desde o início da P&D até o término de suporte ao cliente”. (HORNGREEN et al: 2000, p.313). Em Logística Reversa, este ciclo se estende, abrangendo também o retorno do produto ao ponto de origem.

Horngreen et al (2000, p. 315) aponta três benefícios proporcionados pela elaboração de um bom relatório de ciclo de vida do produto: a evidenciação de todo o conjunto de receitas e despesas associadas a cada produto; o destaque do percentual de custos totais incorridos nos primeiros estágios e permite que as relações entre as categorias de custo da atividade se sobressaiam.

O uso de um sistema de custeio de ciclo de vida total não prescinde os sistemas tradicionais, tais como Custo Meta, Custeio Kaizen, Custeio Baseado em Atividades (ABC) ou Custeio por Processo. O que ele proporciona é a visibilidade dos custos por vida total que abrange os demais, dependendo da fase em que se encontra o produto. Logo, em cada fase pode ser utilizado um

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tipo de custeio, sendo que o Custeio do Ciclo de Vida Total é o que engloba todos eles. O que se deve ter em mente é o ciclo todo desde a fase de P&D para que todo o produto possa gerar receitas durante seu ciclo de vida que possibilitem o ressarcimento dos custos. Com a inclusão do retorno do produto, temos mais um fator a ser considerado.

Ciclos compreendendo a abordagem do Ciclo de Vida Total e o Enfoque:

Ciclo de P&D e de Engenharia (Custo Meta) + Ciclo de Fabricação (Custo Kaizen) + Ciclo de Serviço Pós-venda, Distribuição e Retorno = Custeio do Ciclo de Vida Total.

A importância de se conhecer o ponto em que se encontra o produto

em seu ciclo de vida e a diferença de custos incorridos em cada fase pode ser entendido em um gráfico simples que mostra os custos de carregamento de estoques em cada etapa do ciclo de vida de um produto. (ROGERS e TIBBEN-LEMBKE: 1999). Sendo assim, na fase inicial os custos de estocagem são relativamente baixos, tendendo a crescer bastante à medida que o produto avança em seu ciclo de vida. A não consideração de todas as fases leva ao levantamento incorreto de custos totais.

Tibben-Lembke (2000) e de Brito et al (2000), ao falarem sobre o ciclo de vida do produto e a Logística Reversa, relatam da importância de, ainda na fase de desenvolvimento, ser levado em consideração como se dará o descarte ou o reaproveitamento de peças e partes ao final da vida do produto. Empresas automobilísticas ao lado de empresas de alta tecnologia, como IBM e Xerox são citadas como exemplos de empresas que projetam seus produtos já pensando na última etapa do mesmo.

No que se refere a casos de canais reversos de materiais pós-consumo que proporcionam retorno econômico, é possível encontrar informações que datam de 2002, em um estudo realizado pela Associação Compromisso Empresarial para Reciclagem – Cempre, com panoramas da reciclagem no Brasil. Observa-se que a logística reversa de pós-consumo é mais difundida,

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devido principalmente à oportunidade de empregos diretos e indiretos que proporciona, sendo o Brasil um dos maiores recicladores em âmbito mundial. Os dados são os seguintes sobre a reciclagem no Brasil:

Papel, papelão e embalagem longa-vida

Um total de 3.017.400 toneladas de papéis recuperados (sendo 61,7% de caixas de papelão ondulado), 128 fabricantes, 28.347 empregos diretos gerados e faturamento de R$ 3.269.038.000. (esse é o resultado obtido, em 2002, segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel – Bracelpa).

Alumínio

Um total de 121 mil toneladas de latas de alumínio recicladas, 35 recicladores, 152 mil empregos diretos e indiretos gerados e faturamento de R$ 850 milhões. (Esse é o resultado obtido em 2002, segundo dados da Associação Brasileira de Alumínio – Abal).

Aço

Em 2002, cinco milhões de toneladas de sucatas de aço foram usadas no Brasil, sendo que 3,3 milhões de toneladas se destinaram à produção de novo aço. A fabricação de folhas metálicas para embalagens de aço consumiu 1 milhão de toneladas. As latas de folha de flandres correspondem a 21% do mercado nacional de embalagens, 6% ficam com as latas para bebidas carbonatadas e o restante está nas mãos das aciarias que derretem a sucata para novos produtos ou novas chapas de aço.

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Plásticos

Para a Abiquim, o potencial do mercado de reciclagem de plásticos é grande: a capacidade instalada da indústria já alcança cerca de 340 mil toneladas/ano e movimenta, em valor de produção, mais de R$ 200 milhões anuais. Em 2001, a produção de plásticos atingiu 3,7 milhões de toneladas e, em 2002, chegou a 3,9 milhões de toneladas.

PVC

O pvc tem taxa de reciclagem de cerca de 10%, sendo que sua participação no lixo urbano é menor do que 0,5%. Trata-se de uma resina com longo ciclo de vida – cerca de 50 anos – aplicada prioritariamente (70% da produção) na construção civil.

Vidro

O último levantamento da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (abividro) mostra que os investimentos na reciclagem do vidro foram aproximadamente R$ 700 mil, renderam R$ 56 milhões e geraram 1.200 empregos diretos e mais de 10 mil indiretos.

Pneus

De acordo com informações da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), apenas cinco laminadores têm cadastro no Ibama, porém mais de 20 trabalham informalmente, reciclando pneus convencionais que são transformados em produtos como solado de sapato e percinta para sofás, entre outros. Segundo a Anip, cerca de 70 mil toneladas de pneus foram destinadas à reciclagem em 2002.

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ÓIeo lubrificante usado

Dados da coleta de 2002 do Cempre revelam que a coleta nesse ano foi de 221,0 milhões de litros, portanto, em torno de 22%. O volume de óleo usado coletado, possibilitou em 2002 a fabricação de 155 milhões de litros de óleo básico rerrefinado.

Baterias de chumbo-ácido

Nos países desenvolvidos a reciclagem está próxima de 95% enquanto que no Brasil a reciclagem fica em torno de 80%, sendo que nas grandes áreas urbanas chegam a 85% e em áreas mais remotas, pouco é recuperado.

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CAPITULO III – IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE

CANAIS DE LOGISTICA REVERSA

3.1 Canais de distribuição reversos de bens pós-consumo

Os bens industriais apresentam ciclos de vida útil de algumas semanas ou de muitos anos, após o que são descartados pela sociedade, de diferentes maneiras, constituindo os produtos de pós-consumo e os resíduos sólidos em geral. As diferentes formas de processamento e de comercialização dos produtos de pós-consumos ou de seus materiais constituintes, desde sua coleta até sua reintegração ao ciclo produtivo como matéria-prima secundária, são denominadas aqui de “canais de distribuição reversos de pós-consumo” (LEITE, 1999 a).

Conforme já foi dito, os bens industriais classificados como duráveis ou semi-duráveis, após seu desembaraço pelo primeiro possuidor, tornam-se produtos de pós-consumo. Nos casos em que ainda apresentam condições de utilização podem destinar-se ao mercado de segunda mão, sendo comercializados diversas vezes até atingir seu fim de vida útil. O tipo mais comum desse tipo de canal reverso é o de veículos em geral, que desse tipo de canal reverso é o de veículos em geral, que possuem mercados de segunda mão instituídos em todas as regiões do planeta. Nesses casos, portanto, os canais reversos de ‘reuso’ são definidos como aqueles em que se tem a extensão do uso de um produto de pós-consumo ou de seu componente, com a mesma função para a qual foi originalmente concebido, o seja, sem nenhum tipo de remanufatura (CLM, 1993:3). Deve-se observar que, nesses casos, o termo ‘pós-consumo’ é adotado como sinônimo de bem usado, mesmo que haja interesse na sua reutilização.

Após os bens atingirem seu efetivo fim de vida útil, e nessa categoria de pós-consumo incluem-se os produtos descartáveis que apresentam vida útil de algumas semanas, podemos observar o fluxo reverso desses bens por meio

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de dois grandes sistemas de canais reversos de revalorização: o canal reverso de ‘desmanche’ e o de ‘reciclagem’. Na impossibilidade dessas revalorizações, os bens de pós-consumo encontram a “disposição final” em aterros sanitários ou são incinerados.

Podemos definir ‘desmanche’ como um sistema de revalorização de um produto durável de pós-consumo que, após sua coleta, sofre um processo industrial de desmontagem no qual seus componentes em condições de uso ou de remanufatura são separados de partes ou materiais para os quais não existem condições de revalorização, mas que ainda são passíveis de reciclagem industrial. Os primeiros são enviados diretamente ou após remanufatura, ao mercado de peças usadas, enquanto os materiais inservíveis são destinados a aterros sanitários ou são incinerados.

‘Reciclagem’ é o canal reverso de revalorização, em que os materiais constituintes dos produtos descartados são extraídos industrialmente, transformando-se em matérias-primas secundárias ou recicladas que serão reincorporadas à fabricação de novos produtos. O exemplo mais ilustrativo é o da revalorização dos metais em geral: são extraídos de diferentes tipos de produtos descartados ou de resíduos industriais para se constituírem em matérias-primas secundárias a serem reintegradas ao ciclo produtivo, fechando-se seu ciclo de reciclagem. Para que essa reintegração se realize, são necessárias as etapas de coleta, seleção e reparação, reciclagem industrial e reintegração ao ciclo produtivo (CLM, 1993:3).

A ‘disposição final’ é entendida nesta pesquisa como o último local de destino para o qual são enviados produtos, materiais e resíduos em geral sem condições de revalorização. Tradicionalmente, são consideradas ‘disposições finais seguras’, sob o ponto de vista ecológico, os aterros sanitários tecnicamente controlados, nos quais os resíduos sólidos de diversas naturezas são ‘estocados’ entre camadas de terra, para que ocorra sua absorção natural, ou são incinerados, obtendo-se a revalorização pela queima e pela extração de sua energia residual. A ‘disposição final não controlada’, constituída pela

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deposição desses resíduos em lixões não controlados e pelo despejo em córregos, rios, terrenos etc. acarreta poluição ambiental.

Fica claro, então, que o fluxo reverso dos bens de pós-consumo nos canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo refere-se a uma parcela total existente, sendo a outra parte destinada a disposições seguras ou não seguras. Esses produtos ou materiais de pós-consumo, se não retornarem ao ciclo produtivo de alguma forma, em quantidades adequadas, se constituirão em acúmulos que excederão, em alguns casos, as diversas possibilidades e capacidades de ‘estocagem’, transformando-se em ‘problemas’ ambientais com ‘visibilidade’ crescente no limiar de nosso século (FULLER e ALLEN, 1995: 244; CLM, 1993:; LEITE,1999 a).

Nas últimas décadas, os impactos causados sobre o meio ambiente pelos produtos e processos industriais, acrescidos dos grandes desastres ecológicos cada vez mais próximos e que fazem parte da vida moderna, tornaram-se mais visíveis à sociedade em geral, modificando hábitos de consumo em alguns países. Regulamentações expressas de proteção contra esses impactos e outras modificações evidenciados no decorrer deste trabalho justificam o interesse crescente pelas oportunidades e riscos dos canais de distribuição reversos de pós-consumo.

3.2 Canais de distribuição reversos de bens pós-venda

Os bens industriais de pós-venda, que por diversos motivos retornam à cadeia de suprimentos, sendo reintegrados ao ciclo de negócios, por meio de uma diversidade de forma de comercialização e de processamentos, constituem uma categoria de fluxo reverso denominada ‘canais de distribuição reversos de pós-venda’. Esses produtos são devolvidos por uma variedade de motivos, como: por terminar a validade deles, por haver estoques excessivos no canal de distribuição, por estarem em consignação por apresentarem problemas de qualidades e defeitos etc., após o que são destinados ao

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mercado secundário, a reforma, ao desmanche, à reciclagem dos produtos e de seus materiais constituintes, ou a disposições finais (LEITE, 2002 b). Eles podem ser entendidos como um sistema de distribuição reversa, de acordo com a definição do Council of Logistics Magagement (CLM, 1993:3).

Uma pesquisa realizada na Universidade de Nevada em 1997, entre outras conclusões, obteve os níveis de devoluções médios entre setores de atividades econômicas diferentes. Há poucas informações estatísticas sobre canais de distribuição de bens de pós-venda entre outros países até o momento.

O fluxo reverso de bens de pós-venda pode se originar de várias formas, por problema de performance do produto ou por garantias comerciais; ao mesmo tempo, pode se originar em diferentes momentos da distribuição direta, ou seja, do consumidor final para o vearejista ou entre membros da cadeia de distribuição direta. Dentre os problemas de performance mais comuns, podem ser citados as avarias de transporte e os defeitos em garantia, enquanto os comerciais são os erros de pedido, a limpeza de canal nos elos da cadeia de distribuição, os excessos de estoques, o fim de estação, o fim de vida comercial do produto, os estoques obsoletos, entre outros.

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CAPITULO IV – ASPECTOS LEGAIS

Outro fator importante a ser considerado trata das penalidades legais a que estão sujeitas as empresas que não tem políticas ambientais definidas. O desenvolvimento de legislações pertinentes exige um posicionamento das empresas no que tange à logística reversa, em suas áreas de atuação pós-consumo e pós-venda.

A lei 9.605 “Lei de Crimes Ambientais” de 12/02/1998 prevê pena de reclusão de um a cinco anos, conforme seu artigo V, Seção III, para quem causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora, quando ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos., óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos.

A resolução RDC nº 306, de 07/12/2004 da ANVISA dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente.

De acordo com a resolução CONAMA, nº 301, de 21/03/2002, em seu artigo 1°, as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos para uso em veículos automotores e bicicletas ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nesta resolução relativamente às quantidades fabricadas e/ou importadas.

Em seu artigo 1º a resolução CONAMA, nº 257, de 30/06/1999, estabelece que as pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, necessárias ao funcionamento de quaisquer tipos de aparelhos, veículos ou sistemas, móveis ou fixos, bem

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como os produtos eletro-eletrônicos que as contenham integradas em sua estrutura de forma não substituível, após seu esgotamento energético, serão entregues pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem tratamento ou disposição final ambientalmente adequada.

A Lei Estadual nº 13.039, de 11/01/2001, estabelece em seu artigo 1º, que é de responsabilidade das indústrias farmacêuticas e das empresas de distribuição de medicamentos, dar destinação final e adequada aos produtos que estiverem com seus prazos de validade vencidos ou fora de condições de uso, conforme a Lei nº 12.493, de 22/01/1999.

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CAPITULO V – O PROGRAMA DA COLETA SELETIVA

EM CURITIBA

O Programa de Coleta Seletiva em Curitiba foi implantado em 13 de outubro de 1989, iniciando-se com trabalhos de educação ambiental através das escolas da rede pública municipal de ensino. O processo compreende a separação prévia, no domicílio ou comércio, do material orgânico do inorgânico. O material inorgânico é composto por materiais de interesse dos canais reversos como: vidro, plástico, papel, papelão e metais. Este material separado é coletado em dias e horários predeterminados sendo que o município foi dividido em 121 setores de coleta e estes subdivididos em três sub-setores onde existe uma freqüência de coleta de três, duas e uma vez por semana.

A estrutura de coleta é composta por dezesseis caminhões baú trabalhando em dois turnos, trinta motoristas e noventa ajudantes. O serviço é executado por empresa contratada pelo Município e coleta uma média de cinqüenta e cinco toneladas por dia.

Outra fonte de material que pode ser classifica como formal é o câmbio verde, que iniciou em julho de 1991, e consiste na troca de materiais recicláveis por produtos hortigranjeiros. Os pontos de troca estão localizados em pátios de supermercados, órgãos municipais e associação de moradores, sendo que existem hoje sessenta e um pontos de troca. Esta fonte, em 1999, coletou 4.358 toneladas de material, o que representa uma média de 12,11 toneladas por dia.

Os materiais oriundos dos dois tipos de coleta são destinados a uma usina de reciclagem e a depósitos da iniciativa privada.

Em pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Saúde através do programa Ação contra a Dengue, abrangendo 100% do município de Curitiba foram identificados 2.663 coletores e a existência de 229 depósitos de

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materiais recicláveis, estes depósitos foram classificados conforme a tabela abaixo:

Categoria Nº de Coletores comercializa (ton./mês) 1 <10 <30 2 10 a 30 30 a 90 3 30 a 50 90 a 150 4 50 a 70 150 a 210 5 70 a 100 210 a 550 6 - 550 a 2000 7 - 2000 a 2500 Fonte: Secretaria Municipal do Meio Ambiente

E a distribuição dos depósitos por categoria é apresentada na tabela abaixo: Classificação Nº de depósitos % 1 157 68,56 2 55 24,02 3 7 3,06 4 4 1,75 5 1 0,44 6 4 1,75 7 1 0,44 Total 229 100,00 Fonte.: Secretaria Municipal do Meio Ambiente

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A pesquisa apurou que cada coletor trabalha uma média de 5,09 dias por semana, executa em média 1,54 viagens por dia, tem uma renda média mensal de R$ 154, 23 (cento e cinqüenta e quatro reais e vinte e três centavos), percorre uma distância média de 15 quilômetros por dia e coleta uma média de 135,06 quilogramas de material reciclável por dia o que representa um total de 356,6 toneladas por dia.

Os dados obtidos na Unidade de Valorização de Resíduos Sólidos Recicláveis que é administrada por uma Fundação vinculada a Prefeitura Municipal de Curitiba e é responsável pelo processamento de uma média de 67,11 toneladas de material reciclável por dia demonstram o seguinte perfil destes resíduos:

Papel e Papelão Plástico Flexível Plástico Rígido Tetra Park 29,39% 5,22% 11,42% 1,55%

Vidro Alumínio Sucata Rejeito 15,35% 0,64% 21,16% 29,39%

Fonte.: Secretaria Municipal do Meio Ambiente

a) Distribuição do Total do Lixo Reciclável Considerando o Perfil do Lixo: Tipo de Material Perfil do Lixo Total Coleta Total Catadores Total

(A) Seletiva(B) (C) (B+C) % (ton) (ton) (ton)

Papel e papelão 29,39% 6.144 37.624 43.768 Plástico rígido 11,42% 2.387 14.619 17.007 Plástico flexível 5,22% 1.091 6.682 7.774 Tetra Park 1,55% 324 1.984 2.308 Vidro 15,35% 3.209 19.650 22.860 Alumínio 0,64% 134 819 953

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Sucata 21,16% 4.424 27.088 31.512 Rejeito 15,27% 3.192 19.548 22.740 Total 100,00% 20.906 128.016 148.922 Obs: Para obtenção dos totais dos catadores foi utilizado o mesmo perfil de lixo da coleta formal.

b) Evolução da Taxa de Desvio do Aterro Sanitário:

Ano Total Coletado Coleta Seletiva Rejeito Material Taxa de (ton) (ton) (ton) Reciclável Desvio

1989 176.227 1.045 160 885 0,50% 1990 193.792 5.163 788 4.375 2,26% 1991 208.047 7.279 1.112 6.167 2,96% 1992 209.487 8.048 1.229 6.819 3,26% 1993 224.202 9.556 1.459 8.097 3.61% 1994 241.163 9.372 1.431 7.941 3,29% 1995 283.955 11.109 1.696 9.413 3,31% 1996 331.340 14.874 2.271 12.603 3,80% 1997 365.694 18.540 2.831 15.709 4,30% 1998 381.877 21.580 3.295 18.825 4,79% 1999 382.989 20.906 3.192 17.714 4,63% Obs.: A taxa de desvio refere-se somente a coleta domiciliar.

c) Cálculo do Montante Estimado de Dinheiro Movimentado pelo Canal Informal:

Tipo de Material Quantidade Preço Unitário Total Anual (ton) (ton) R$ Papel e papelão 37.624 90,00 3.386.151,22 Plástico rígido 14.619 40,00 584.777,09 Plástico flexível 6.682 70,00 467.770,09

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Tetra Park 1.984 120,00 238.109,76 Vidro 19.650 50,00 982.522,80 Alumínio 819 1.200,00 983.162,88 Sucata 27.088 20,00 541.763,71 Total...7.184.257,92 Obs,: Os preços unitários referem-se aos preços pagos pelos depósitos, onde é feito o processamento e classificação do material.

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CONCLUSÃO

Toda empresa fabricante num futuro bem próximo terá como sua principal preocupação a Logística Reversa, pois de acordo com seu procedimento isto afetará sua imagem corporativa positiva ou negativamente. A sociedade está atenta para os processos logísticos reversos das empresas, hoje ela evita o consumo daquelas empresas que não correspondem aos seus anseios em termos ecológicos.

A punição monetária também é outro motivo que faz com que as empresas empenhem-se em adotar processos de fluxos reversos de seus produtos. A legislação não tem como finalidade simplesmente punir as empresas por não cumprirem estes processos, mas por não terem, elas, a preocupação de evitarem a degradação do meio ambiente.

Devido à impossibilidade de controle de todos os produtos e materiais após o consumo pela sociedade, surge não só por um ato de consciência, mas também por uma necessidade econômica e financeira, uma classe de trabalhadores que são introduzidos ao processo reverso e fazem disso um meio de serem integrados à sociedade através de coletas domiciliares.

Hoje as empresas já enxergam a Logística Reversa como sendo um grande diferencial para a sociedade, que por sua vez ganha com produtos que não agridam ao meio ambiente, contribuindo para a limpeza do planeta.

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BIBLIOGRAFIA

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Referências

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