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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO SECRETARIA-GERAL DE CONTENCIOSO

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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO SECRETARIA-GERAL DE CONTENCIOSO

EXCELENTíSSIMA SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA, RELATORA DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO N° 675.978/SP

Constitucional. Administrativo. Tributário. Teto remuneratório. A1omento de aplicação. Incidência sobre o valor bruto da remuneração, antes do desconto das obrigações tributárias. Ingresso da União. Manifestação pelo desprovimento do recurso.

Egrégio Supremo Tribunal Federal,

A UNIÃO. representada por seu Advogado-Geral (art. 4°. inciso UI. da Lei Complementar n.o 73/93), nos autos do recurso extraordinário em epígrafe. interposto por ÉCIO CRISTINO SILVA E OUTROS em face do ESTADO DE SÃO PAULO, vem requerer seu ingresso no feito na qualidade de amicus curiae. nos termos do art. 543-A, §6°, do Código de Processo Civil, e do art. 323. §2°. do Regimento Interno desse Supremo Tribunal Federal, fazendo-o conforme os seguintes fundamentos.

Assinado por CESAR EDUARDO LIGABUE:27065588149 em 06/08/2014 15:21:12.144 -0300 Signature Not Verified

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L DO PEDIDO DE INTERVENÇÃO

Trata-se de recurso extraordinário interposto por Écio Cristino Silva e outros contra acórdão do Tribunal de Justiça local assim ementado:

Servidores públicos estaduais aposentados. Base de cálculo para os descontos previdenciários e imposto de renda. Aplicação do redutor salarial e após os descontos legais. Recurso desprovido.

Discute-se no presente recurso extraordinário, cUJa repercussão geral fora reconhecida pelo Plenário Virtual, o momento de incidência do redutor do teto remuneratório previsto no art. 37, XI, da Constituição. alterado pela Emenda Constitucional n° 41, a saber, se antes ou após as deduções previdenciárias e do imposto de renda.

São inegáveis os reflexos e impactos financeiros que a decisão dessa Suprema Corte trará também para a Administração Pública Federal.

Com efeito. também a União aplica o redutor do teto remuneratório antes da incidência do imposto de renda e das contribuições previdenciárias. Segundo informado pelo Ministério do Planejamento Orçamento e GestãoI, a mudança do critério de cálculo, com aplicação do abate-teto apenas após a incidência das exações. terá um reflexo imediato na remuneração de 1.885 servidores, com impacto orçamentário estimado em R$ 9 milhões anuais.

Por tal razão, e dada a relevância da controvérsia constitucional tratada nos autos, vem a União requerer seu ingresso no feito e apresentar manifestação, a fim de melhor elucidar a questão.

I Nota Informativa n° 14/2üI3/SRT/MP.

RE-RGno675978-Rel. Min. Cármen Lúcia

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Secretaria-Geral de Contencioso/AGU

II DO MOMENTO DE INCIDÊNCIA DO TETO

REMUNERATÓRIO NO SERVIÇO PÚBLICO

Os recorrentes procuram, por meIO do presente recurso extraordinário, assegurar que o redutor constitucional referente ao teto remuneratório seja aplicado somente após a incidência do imposto de renda retido na fonte e das contribuições previdenciárias.

É

dizer: na interpretação que fazem do texto constitucional, o teto do funcionalismo teria em mira o valor líquido percebido pelo servidor, de modo que. primeiramente. dever-se-ia proceder ao desconto tributário e, somente no caso de o valor sobressalente ultrapassar o limite constitucional, haveria de se cogitar da incidência do redutor.

A EC 41/03 conferiu a seguinte e redação ao artigo 37. XL da Constituição, ainda em vigor:

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos. funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ali de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite. nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo. o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça. limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;

A Constituição prevê. como limite máximo de remuneração do funcionalismo público, o subsídio bruto dos Ministros desse Supremo Tribunal Federal e. no âmbito do Executivo estadual, o subsídio bruto dos Governadores.

RE-RG 11°675.978- ReI. Min. Cármen Lúcia

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É de se ver que a intenção clara da norma constitucional é a de que nenhum servidor público ganhe mais que as autoridades elencadas como paradigmas no art. 37, XL da Constituição.

Não obstante, pretendem os recorrentes que os seus rendimentos

líquidos - isto é, após o desconto das exações - tenham como limite o subsídio bruto do Governador de Estado.

Ora, se o valor líquido das remunerações e subsídios de qualquer servidor pudesse atingir o valor bruto dos subsídios dessas autoridades, os Ministros do STF, Governadores e Prefeitos, ao revés, deixariam de ocupar os cargos mais bem remunerados da República.

Por isso, é intuitivo que o abate teto incida sobre o rendimento bruto do servidor. sendo mantido o paralelismo entre as contraprestações salariais (valor bruto servindo de limite ao valor bruto - e não valor bruto como limite ao valor líquido).

Em clara afronta à teleologia da norma, a interpretação levada a cabo pelos recorrentes implicaria uma autorização constitucional para que qualquer servidor pudesse ganhar acima dos subsídios dos Ministros desse STF, limite máximo de remuneração do Estado brasileiro, revelando-se, assim, uma distorção da regra constitucional.

Do termo "em espécie" utilizado pela Constituição para referir-se ao subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal não se extraem maiores consequências, como bem anotou a Procuradoria do Estado de São Paulo em suas contrarrazões de recurso:

Por outro lado, apegam-se os recorrentes ao termo --em espécie" usado para referir-se ao subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal federal. No entanto. ao utilizar referido termo, ao contrário da equivocada compreensão dos autores, o constituinte não quis se referir ao líquido, mas sim especificar a situação diferenciada dos membros da magistratura que recebem, além da retribuição monetária pelo desempenho do cargo (daí subsídio em espécie). outras verbas de caráter indenizatório, tais como auxílio-moradia.

RE-RG n° 675. 978 - Rei. Min. Cármen Lúcia

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Secretaria-Geral de Contencioso/AGU

indenização de transportes, ajuda de custo para mudança e transporte. excluídas da incidência do teto, conforme art. 8° da Resolução nO J 3/06 do

Conselho Nacional de Justiça.

Por outro lado, há que se ter em mente que o Imposto de Renda incide sobre a parcela disponível, jurídica ou econômica, nos termos do art. 43 do CTN2, e

não há qualquer disponibilidade do servidor sobre a parcela recebida acima do teto remuneratório. Não há direito sobre o montante que ultrapasse o teto constitucional.

Como esclarece Roque Antonio Carrazza:

Renda é disponibilidade de riqueza nova, havida em dois momentos distintos

(...) É o acréscimo patrimonial experimentado pelo contribuinte, ao longo de um determinado período de tempo. Ou, ainda, é o resultado positivo de uma subtração que tem, por minuendo, os rendimentos brutos auferidos pelo contribuinte, entre dois marcos temporais, e, por subtraendo, o total das deduções e abatimentos, que a Constituição e as leis que com ela se afinam permitem fazer. (... ) Tanto a renda quanto os proventos de qualquer natureza pressupõem ações que revelem mais-valias, isto é, incrementos na capacidade contributiva. Só diante de realidades econômicas novas, que se incorporam ao patrimônio da pessoa é que podemos juridicamente falar em renda ou proventos de qualquer natureza'.

o

valor excedente ao teto constitucional não é um direito e não representa qualquer acréscimo de riqueza ou de capacidade contributiva, logo. não pode ser tributado.

Por sua vez, a Lei n° 7.713/88 determina que o imposto de renda incidirá sobre o rendímento bruto, sem qualquer dedução, nos seguintes termos:

Art. 3° O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução. ressalvado o disposto nos arts. 9° a 14 desta Lei. (Vide Lei 8.023, de 12.4.90)

2 Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato

gerador a aquisição da disponibilidade econômica oujurídica:

I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;

II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

, CARRAZA, Roque Antonio. A natureza meramente interpretativa do art. 129 da Lei I1.196/05. o imposto de renda, a contribuição previdenciária e as sociedades de serviços profissionais apud PAULSEN, Leandro. Curso de Direi/o Tribu/úrio Comple/o. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012, p. 279-280.

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§ 10 Constituem rendimento bruto todo o produto do capital. do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro. e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados

A rigor, só é possível estabelecer o montante bruto da remuneração do servidor após a incidência do abate teto, haja vista que a própria Constituição desqualifica juridicamente qualquer parcela que ultrapasse o limite previsto em seu artigo 37, XI. Desse modo, a incidência do teto constitucional não configura "dedução obrigatória" - isto é, desconto que incide sobre a remuneração do servidor -, mas um regulador da própria remuneração devida.

Como bem anotado pela Procuradoria do Estado de São Paulo, pretender que referidos descontos incidam sobre parcela que sequer pertence ao servidor (excedente que supera o teto) significa pretender quitar obrigações tributárias com dinheiro público.

IH -

PEDIDO

São essas as considerações que a Advocacia-Geral da União traz para o deslinde da causa, pugnando pela admissão de seu ingresso e, no mérito. pelo desprovimento do recurso extraordinário.

./ F BÍOLA .

ZA~

GRACE MARIA.E R DES MENDONÇA

Secretária-Geral de Contencioso

Diretora do Departamento de Acompanhamento Estratégico

RE-RG nO 675.978 - Rei. lv/in. Cármen Lúcia

Referências

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