Ensino Fundamental 2
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Nome No
5a série História – Prof. Caco
AS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES
AS ORIGENS DA ESCRITA
A escrita mais antiga
As escavações arqueológicas realizadas na Mesopotâmia revelaram não apenas as ruínas de suas cidades, mas também uma imensa quantidade de placas de argila e monumentos recobertos de inscrições desconhecidas.
Os estudiosos tiveram de enfrentar um duplo desafio, pois desde logo ficou evidente que eram usadas duas escritas diferentes na Mesopotâmia, e era preciso decifrá-las. A mais antiga era a escrita dos sumérios, a outra, a escrita dos assírios e dos babilônios. Posteriormente verificou-se que uma derivava da outra.
Os egípcios inventaram a escrita provavelmente na mesma época que os sumérios. A existência do papiro, uma planta encontrada em abundância às margens do Rio Nilo, facilitou o desenvolvimento da escrita egípcia. Com o papiro produziu-se um tipo de papel que foi utilizado durante milênios.
A argila foi o material utilizado como suporte da escrita na Mesopotâmia. Em placas geralmente pequenas de argila úmida, eram feitas as inscrições. Depois elas eram colocadas à luz do Sol para secar.
A invenção da escrita se deve, prova-velmente, aos sacerdotes sumérios. Eles pre-cisavam registrar de alguma forma, o rece-bimento de produtos, sua distribuição e as des-pesas feitas pelos templos.
As mais antigas plaquinhas gravadas com a escrita suméria foram as encontradas nas ruínas da cidade de Uruk. As inscrições tinham como assunto anotações de contabilidade. Placas mais recentes tratavam da rivalidade entre as cidades de Umma e Lagash.
Placa de argila inscrita com sumeriogramas. Datada de 3000 a.C. aproximadamente, a placa traz uma lista
de alimentos. Museu Ashmolean, Oxford, Inglaterra.
ESCRITAS PICTOGRÁFICAS E IDEOGRÁFICAS Os achados de milhares de inscrições
per-mitiram a reconstituição de diversas fases pelas quais passou a escrita mesopotâmica. Inicialmente, os símbolos e seus significados coincidiam, ou seja, para representar a palavra sol, por exemplo, faziam um desenho circular. Qualquer pessoa, de qualquer
nesse caso, poderia significar “calor”. A escrita pas-sava, assim, a ser ideográfica. Posteriormente, veio a tornar-se silábica: cada desenho representava um som. Combinando vários desenhos, podia-se for-mar uma palavra. Com o passar do tempo, a escrita se tornou alfabética. Essa evolução, entretanto, não Ficha 11
As placas mais antigas encontradas em Uruk utilizavam cerca de 2 mil símbolos diferentes. Mais tarde, esse número foi reduzido para seiscentos, o que demonstra ter havido um progresso na técnica da escrita, que se tornou mais simples.
A escrita cuneiforme e sua decifração
Os símbolos da escrita dos sumérios eram formados por meio de riscos, o que tornava difícil sua transcrição nas placas úmidas de argila. Por essa razão, com o tempo, passou a ser utilizada uma haste que imprimia os sinais tal como uma cunha. Daí a palavra “cuneiforme”, adotada para designar essa nova fase da escrita.
Os escribas — pessoas que sabiam ler e escrever — tinham a tendência de simplificar muito os símbolos que gravavam em suas placas de argila. Com isso, alguns deles sofreram tantas modificações que é difícil ver, no desenho cuneiforme, o símbolo inicial da escrita suméria que lhe deu origem.
A decifração da escrita cuneiforme resultou do esforço de inúmeros sábios, entre eles o alemão Georg Grotefend, o primeiro a conseguir entender o significado de alguns sinais. Mais tarde, um inglês chamado Henry Rawlinson conseguiu decifrar a escrita cuneiforme em sua totalidade. Inscrições existentes num rochedo localizado de Behistun, norte do Iraque atual, facilitaram os trabalhos de decifração.
Trecho de inscrição cuneiforme encontrada no rochedo de Behistun. Foi o instrumento-chave para decifrar a escrita mesopotâmica.
A literatura dos sumérios e dos babilônios
Devemos ao rei Assírio Assurbanípal grande parte do conhecimento da literatura mesopotâmica. Nas dependências do palácio real foram encontradas mais de 20 mil placas de argila que formavam sua biblioteca. O rei tentou reunir todas as obras de valor existentes em sua época, e isso permitu que a maior parte da literatura elaborada na Mesopotâmica fosse preservada.
As escavações realizadas em Mari, no palácio do rei Zimri-Lim, contemporâneo de Hamurabi, também revelaram milhares de inscrições.
Até nossos dias, continuam a ser encontradas milhares de inscrições, e quase não há tempo para traduzi-las. O excesso de documentos escritos deixado pelos mesopotâmios chega a dificultar o próprio avanço de nossos conhecimentos sobre eles.
O aparecimento da escrita
Os comerciantes e os funcionários do Estado precisavam controlar as quantidades de mercadorias e os impostos, calcular preços, pesos e medidas. Como tinham necessidade de registrar tudo isso, inventaram sinais ou símbolos para representar essas mercadorias e quantidades. Esses sinais deram origem à escrita e à numeração, em um longo e lento processo.
Nessas sociedades, eram poucas as pessoas que sabiam ler e escrever: apenas alguns funcionários do Estado, o rei e os sacerdotes. E apenas os filhos destes tinham direito de aprender. O restante da população, que era a maioria, não tinha direito a esse conhecimento.
Escrita fenícia, século XVIII a.C., que deu origem ao nosso alfabeto. Foi a primeira escrita totalmente fonética. Os sinais simbolizam os sons da fala oral. Repare que, com apenas 23 sinais, conseguimos escrever tudo o que falamos.
Escrita cuneiforme da Mesopotâmia. Sinais em forma de cunha gravados em tabletes de argila.
Hieróglifos egípcios. Escrita com dese-nhos que simbolizam coisas e idéias.
Giraudon/Keystone
Museu Iraquiano, Bagdá. Giraudon/Keystone
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Decifrando símbolos
Os povos estrangeiros que dominaram o Egito por muito tempo não tiveram interesse em pesquisar a cultura, a arte e os costumes dos egípcios. Os hieróglifos encontrados nos túmulos e nas pirâmides não foram estudados até 1798, quando Napoleão, imperador da França, invadiu o Egito e nomeou estudiosos para registrar os monumentos encontrados.
Em 1822, o francês François Champollion decifrou fragmentos de um texto escrito em uma pedra egípcia, hoje conhecida como peda de roseta, facilitando a leitura de outras inscrições hieroglíficas posteriormente descobertas.
O estudo mais detalhado das múmias, das pirâmides, dos túmulos, dos
objetos e dos fragmentos de papiro possibilitou aos egiptólogos (estudiosos da cultura do Egito) recurperarem grande parte da história desse poderoso império da Antiguidade, demonstrando a importância dessa civilização para os nossos dias.
Museu Britânico, LOndres.
Ampliando o vocabulário
Os pesquisadores tiveram um imenso trabalho para decifrar a escrita dos antigos egípcios. Agora é sua vez! O sinônimo de algumas palavras extraídas do texto do capítulo está escrito em código. Para decifrá-lo, substitua cada símbolo pela letra correspondente, de acordo com a seguinte tabela:
a) b) c) d) e) f) Bibliografia:
• GIOVANNI, Cristina Visconti, JUNQUEIRA, Zilda Almeida e TUONO, Sílvia Guena. História – Compreender para aprender. Editora FTD. São Paulo. p. 58-59
• BRAICK, Patrícia Ramos e MOTA, Myriam Becho. Da Pré-História à crise do Império Romano. Editora Moderna. São Paulo. pg. 68 • PANAZZO, Silvia e VAZ, Maria Luísa. Navegando pela História. Povos da Antigüidade: trabalho e diversidade cultural. Quinteto Editorial. São
Paulo. pg. 84
Escribas
Os escribas constituíam um grupo de elite na sociedade egípcia antiga, já que detinham o co-nhecimento da escrita. Era um ofício quase que exclusivamente reservado aos homens. A formação era demorada, iniciando-se os estudos na infância e concluindo por volta dos 20 anos de idade. As escolas funcionavam nos escritórios reais ou nos templos espalhados por todo o país. O aprendizado
Alfa + Beta = alfabeto
Alfabeto é o conjunto das letras. Apesar de essa definição ser bastante simples, a humanidade precisou de muitos e muitos séculos para substituir os pictogramas e os hieróglifos por letras.
Acredita-se que o alfabeto tenha sido criado há quase 4 000 anos pelos fenícios, povo que vivia no território onde hoje fica o Líbano, no litoral do mar Mediterrâneo.
Os fenícios faziam intenso comércio marítimo. Para controlar melhor esse comércio precisavam anotar o que compravam e o que vendiam. Por isso, criaram alguns sinais, que deram origem às atuais consoantes.
Os gregos, um dos povos que tinham relações comerciais com os fenícios, aprenderam esses sinais e, com o tempo, acrescentaram outros, as vogais.
As consoantes são letras como B, P, T e outras, que têm o som completado pelas vogais A, E, I O,
As escritas egípcias
A escrita hieroglífica surgiu por volta de 3000 a.C. e foi usada ao longo de toda a história faraônica, principalmente nas inscrições monumentais de templos e tumbas, além de objetos e papiros. Segundo as crenças, fora criada pelo deus Toth. Os sinais representavam seres humanos, animais, plantas e objetos. Uma variação cursiva dos hieróglifos surgiu no Antigo Império e foi usada para inscrições em papiros: a escrita hierática (sacerdotal, em grego). Desde 700 a.C. os registros mais simples do cotidiano eram escritos em demótico (popular, em grego). Em 1799 a expedição napoleônica no Egito encontrou a Pedra de Rosetta, com inscrições em hieróglifos, demótico e grego. Comparando esses textos, o francês Jean-François Champollion decifrou os hieróglifos em 1822.
SCHNEIDER, Maurício Elvis. O Egito Antigo. São Paulo: Saraiva, 2001.
Em geral os escribas trabalhavam como funcionários nos escritórios reais ou dos templos, copiando os decretos ditados pelos faraós e administradores, anotando a saída e entrada de mercado-rias, as taxas de impostos e todo tipo de registros. Nas horas de folga, copiavam manuscritos como obras literárias e religiosas, e produziam exemplares de textos funerários que eram vendidos aos interessados.
O escriba usava tintas e juncos acondicionados numa paleta. O papiro era fabricado com o caule da planta do mesmo nome. Cortavam-no em tiras compridas, que eram então sobrepostas e prensa-das. As folhas produzidas eram coladas com resina e formavam rolos, leves e facilmente transporta-dos, de tamanho variável.
Foi precisamente a criação do alfabeto que proporcionou uma grande mudança na escrita, porque, com menos de trinta sinais simples, que representam os sons, tornou-se possível escrever e ler qualquer tipo de ideia, em diferentes línguas. Os romanos, por sua vez, há mais ou menos 2 200 anos, apren-deram o uso do alfabeto com os gregos e também introduziram nele algumas modificações. Dessa for-ma, criaram o alfabeto latino, que é o que usamos hoje em dia.
O PAPEL CULTURAL DOS FENÍCIOS
Ao trocarem produtos, as pessoas trocam também informações, conhecimentos, técnicas, costumes, crenças. Os fenícios, além de desempenharem um importante papel econômico, serviram de elo cultural entre os diversos povos que habitavam as regiões próximas ao mar Mediterrâneo.
A grande contribuição cultural fenícia foi sem dúvida a sua escrita fonética. Através do comér-cio, os fenícios entraram em contato com os povos da Mesopotâmia e com os egípcios: na Mesopotâmia e no Egito já se conhecia a escrita. Já havia um sistema pelo qual os sons eram representados por sinais. Mas, embora os fenícios tenham, com certeza, aproveitado a experiência desses povos, a escrita fenícia não é uma simplificação nem dos hieróglifos* egípcios, nem da escrita cuneiforme* mesopotâmica.
No século XV a.C. a escrita fonética compunha-se de um sistema de trinta sinais representando os consoantes. Cerca de três séculos depois, já havia um sistema de escrita bastante simples, com 22 sinais.
A simplicidade do alfabeto fenício fez com que ele fosse adotado por diversos povos. Os arameus, vizinhos dos fenícios, adaptaram esse alfabeto para o aramaico e o transmitiram para os assírios e os persas através de contatos comerciais. Na Palestina o aramaico passou a ser usado no lugar do hebraico. Jesus e seus discípulos pregaram em aramaico.
Talvez em decorrência desse intenso contato com outros povos, por meio do comércio e da navegação, a arte e a religião fenícia assimilaram muitos elementos estrangeiros.
A deusa fenícia da fertilidade, Astarté, tem identidade com a deusa mesopotâmica Ichtar; o deus Hadad foi tomado de empréstimo aos sírios; Mot e Aliyan, deuses fenícios, morrem e ressuscitaram nas festas da cidade fenícia de Biblos, tal como o des grego Adônis.
A arte fenícia mistura elementos egípcios, mesopotâmicos e gregos. O palácio de Salomão e o templo de Jerusalém, dos hebreus, foram erguidos, segundo a Bíblia, com auxílio fenício, mas suas características são mesopotâmicas e egípcias.
Todavia, apesar das influências externas, a religião fenícia manteve características tradicionais, como o forte caráter agrário (Dagon, deus do trigo; Mot, deus da maturação...) e o sacrifício de crianças ao deus El, criador de todas as coisas.
“Os meninos fizeram todas as combinações necessárias, e no dia marcado partiram muito cedo, a cavalo no rinoceronte, o qual trotava um trote mais duro que a sua casca. Trotou, trotou e, depois de muito trotar, deu com eles numa região onde o ar chiava de modo estranho.
— Que zumbido será esse? — indagou a menina. — Parece que andam voando por aqui milhões de vespas invisíveis.
hieróglifos:
Escrita criada pelos antigos egípcios, cujos sinais represen-tam idéias. É, portanto, uma escrita ideográfica.
cuneiforme:
Escrita criada pelos sumérios, na antiga Mesopotâmia, com sinais em forma de cunha.
— Não comece a falar difícil que nós ficamos na mesma — observou Emília. — Sons Orais,. como dizem os senhores gramáticos.
— Pois diga logo que são letras! — gritou Emília.
— Mas não são letras! — protestou o rinoceronte. — Quando você diz A ou O, você está produzindo um som, não está escrevendo uma letra. Letras são sinaizinhos que os homens usam para representar esses sons. Primeiro há os Sons Orais; depois é que aparecem as letras, para marcar esses sons orais. Entendeu?
O ar continuava num zunzum cada vez maior. O meninos pararam, muitos atentos, a ouvir.”
LOBATO, Monteiro. Emília no país da gramática – Aritmética da Emília. São Paulo: Brasiliense, s.d. p. 8.