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EDUCAÇÃO DO CAMPO: Interfaces teóricas e políticas na formação do professor

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Academic year: 2021

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EDUCAÇÃO DO CAMPO:

Interfaces teóricas e políticas na formação do professor

Juliana Graciano Parise1 Eliane de Lourdes Felden2

Resumo: O trabalho apresenta uma experiência de ensino articulado à pesquisa

que está sendo desenvolvido no Curso de Licenciatura em Educação do Campo, no Instituto Federal Farroupilha-Câmpus Jaguari. Há uma intencionalidade em examinar o papel social dos professores e das escolas do campo na promoção de novos sistemas, materializando a transição de uma educação do campo comprometida com o desenvolvimento local. A metodologia está sustentada na pesquisa bibliográfica, com três eixos de análise: a pesquisa, o diálogo e a reflexão. A intencionalidade é, através do garimpo teórico, examinar as concepções que estão sendo estudadas em relação à educação do campo e a relevância desses estudos na formação de professores. O referencial teórico central Ghedin (2012), Marcelo Garcia (1999), Tardif (2007 e 2008) e aportes legais brasileiros. Há uma perspectiva de oportunizar uma formação com olhar para a docência, a gestão, e igualmente para o agente comunitário, capaz desconstituir profissionais mais preparados para assumir uma docência da melhor qualidade.

Palavras-chave: Formação de Professores; Educação do Campo; Interfaces

teóricas e políticas.

Introdução

O presente trabalho relata uma experiência desenvolvida no Curso de Licenciatura em Educação do Campo, ofertada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha - Câmpus Jaguari, Jaguari/RS, com o objetivo de promover uma reflexão, em torno dos caminhos possíveis para a construção da qualidade da educação para os povos que vivem no campo.

Esse movimento, pela implementação de uma educação voltada aos interesses e necessidades do homem do campo, iniciou mais precisamente na década de 1990, quando houve um Debate sobre a Educação do Campo no Encontro Nacional de Educadores de reforma Agrária (1997), posteriormente com a

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Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação do Campo - Ciências da Natureza; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha-Câmpus Jaguari. Bolsista do Grupo de Pesquisa Educação do Campo e Agroecologia. E-mail: julianagparise@gmail.com

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Doutorado em Educação. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha-Câmpus Jaguari. Líder do Grupo de Pesquisa Educação do Campo e Agroecologia. E-mail: eliane.felden@iffarroupilha.edu.br

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2 Conferência Nacional por uma Educação Básica do Campo (1998), logo depois com a construção das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica do Campo (2002)

Esse trabalho se justificou, pois havia uma compreensão de que a educação desenvolvida nas escolas do campo não correspondia às necessidades dos sujeitos que viviam no campo, e, ainda com a falta de formação inicial e continuada dos profissionais da educação para educar - emancipar os sujeitos do campo.

Desenvolvimento

A inquietação com a formação de professores não é recente, ela acompanha a história da educação. Estudos atuais sobre formação docente têm evidenciado o cunho de estruturação do conhecimento profissional, apresentando reflexões e evidências que contribuem para alargar o entendimento a respeito do assunto em questão.

A formação, desse modo, é conhecida como área de discernimento, sondagem e investigação, constituindo envolvimento pessoal ou de um grupo estabelecido que almeja planejar atividades, dispondo-se a avançar, progressivamente, na sua área educacional, com o objetivo de construir aprendizagens pelo processo de ensinar crítico-reflexivo. É oportuno referenciar um conceito de formação de professores, entendendo que:

[...] é a área de conhecimento, investigação e de propostas teóricas e práticas que, no âmbito da Didáctica e da Organização Escolar, estuda os processos através dos quais os professores - em formação ou em exercício - se implicam individualmente ou em equipe, em experiências de aprendizagem através das quais adquirem ou melhoram os seus conhecimentos, competências e disposições, e que lhes permite intervir profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem (GARCÍA, 1999, p.26).

Nas considerações que o referido autor faz a respeito da formação de professores, evidencia-se a preocupação com a formação inicial e a formação continuada dos docentes, entendidas como essenciais no processo de habilitação dos professores, favorecendo as atividades de aprendizagem dos educandos. Nos seus estudos, revela preocupação em definir alguns princípios básicos para referendar esse processo, dos quais destaca o da individualização, como elemento

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3 integrante e sobre o qual afirma que “o ensino é uma atividade com implicações científicas, tecnológicas e artísticas” (GARCÍA, 1999, p.29).

Diante desse contexto, pensar uma educação do campo demanda definir estratégias para formar professores, gestores e agentes comunitários realmente comprometidos com a comunidade na qual estará inserida a escola, desenvolvendo projetos que promovam o desenvolvimento social dessas localidades, com a participação da comunidade como um todo.

Tardif (2008) declara que, se a profissão tem como centro de gravidade a formação, então a pesquisa necessita sustentar e orientar os programas, pois qualifica a formação inicial. Pelos seus argumentos vai-se compreendendo o valor da pesquisa como instrumento de qualificação permanente da prática de formação de professores, tendo em vista que subsidia e aponta referenciais relevantes para as transformações essenciais e necessárias na prática de formação docente.

A pesquisa manifesta-se, assim, como estratégia para qualificar a prática profissional, na qual o incentivo, a orientação e a justificativa do professor são imprescindíveis. Como reitera Tardif (2007), se a contribuição da pesquisa para a formação inicial funda-se em proporcionar aos docentes em formação um conjunto de conhecimentos organizados a partir do estudo da própria prática dos professores, a colaboração da pesquisa para o desempenho da profissão e para a formação continuada dos professores procede de sua competência em responder às demandas deles e de auxiliá-los a resolver as circunstâncias duvidosas com as quais possam se defrontar.

Assim como qualquer profissão, há exigências quanto à formação e ao desempenho dos profissionais da educação, e o ensino articulado à pesquisa, tem sido referenciado por teóricos contemporâneos como fundamental, pois oportuniza a aquisição de autonomia, responsabilidade, disciplina, construindo habilidades na busca da solução de problemas e/ou dificuldades.

Portanto, há um objetivo de qualificar os acadêmicos do Curso de Licenciatura em Educação do Campo a direção de um desenvolvimento profissional emancipador, propiciando ensino com pesquisa para que possam ministrar e desenvolver práticas semelhantes em seus contextos profissionais.

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4 A construção de concepções teóricas e práticas, com rigor epistemológico, a respeito do tema da educação do campo bem como as exigências de pesquisa, tem contribuído para o aprimoramento da formação docente e consequentemente dos currículos, dos métodos de ensino e avaliação, nas escolas do campo.

É imprescindível que os acadêmicos, compreendam que a “Educação do Campo é um processo em construção que assume sua particularidade que é exclusiva de classe, mas sem deixar de considerar a formação humana nas suas várias dimensões, construindo no campo a escola necessária.” [...] (GHEDDIN, 2012, p.119).

É necessário conceber que a ação educativa do educador do Campo, não se limita a ensinar a ler e escrever. Há uma perspectiva de que o professor defina práticas educacionais que promovam a participação da sociedade na qual está vivendo e “lute ao lado dos agricultores por melhorias de vida no ambiente campestre.” (GHEDDIN, 2012, p.366).

Considerações finais

O Instituto Federal Farroupilha, Câmpus Jaguari, busca se consolidar como um espaço compartilhado de reflexão e problematização sobre a educação do campo e a agroecologia, promovendo o desenvolvimento profissional dos professores em formação, acadêmicos do Curso de Licenciatura em Educação do Campo.

Esse trabalho tem sido desenvolvido articulado com o grupo de pesquisa, Educação do Campo e Agroecologia, como proposta que envolve, professores e alunos do Curso de Licenciatura em Educação do Campo. A educação do campo e a agroecologia como temas transversais no Curso de Licenciatura é uma temática que está sendo investigada, numa perspectiva teórica e prática, apoiada em aportes legais, inicialmente, calcada na pesquisa bibliográfica.

Como resultado é possível socializar que são inúmeros os teóricos que defendem e pesquisam a educação do campo, seus fundamentos e pressupostos, e, sem dúvida essa construção tem contribuído para formar professores mais preparados e comprometidos em atuar nas escolas do campo.

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5 Formar professores para atuar no campo, demanda a construção de uma educação que privilegia a articulação do educador com a comunidade, na qual está inserida a escola; elaborar projetos que valorizem esse território agrário; reconhecer que a escola precisa assumir a condição de instituição comprometida com a inserção social; valorizar mais o planejamento pedagógico atendendo as exigências locais e as expectativas e necessidades do homem do campo, reconhecendo sua identidade camponesa, seu trabalho e os cuidados com a terra.

Para tanto, é imprescindível reestruturar o Projeto Político Pedagógico das instituições, com a finalidade de promover o desenvolvimento rural sustentável, apoiado em práticas pedagógicas e conteúdos com significado para todos, alunos, professores, gestores, pais e comunidade.

Na verdade, para além do educador, o Curso de Licenciatura em Educação do Campo, precisa formar o gestor e o agente comunitário, buscando a cada dia desenvolver e integrar projetos interdisciplinares - ensino, pesquisa e extensão rural.

Acredita-se na educação como um investimento nos sujeitos, capaz de constituí-los, carregados de conhecimentos e competências para que possam intervir criticamente na realidade em que se insere. Essa é a dimensão da educação, o valor do processo educativo em si, por isso é importante e necessário pesquisar, compreender e explicitar teorias/práticas que possam abrir caminhos, qualificando o processo educativo em nossas instituições.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada,

Alfabetização, Diversidade e Inclusão - SECADI. Educação do Campo: marcos normativos/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão – Brasília: SECADI, 2012.

______. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica do Campo. In: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,

Diversidade e Inclusão - SECADI. Educação do Campo: marcos

normativos/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão – Brasília: SECADI, 2012.

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6 GHEDIN, Evandro. Educação do Campo: epistemologia e práticas. São Paulo: Cortez, 2012.

GARCÍA, C. Marcelo. Formação de professores: para uma Mudança Educativa. Portugal: Porto, 1999.

TARDIF, M. A profissão docente face à redução da educação à economia. In:

Vertentes, São João Del-Rei, n. 29, p. 11-27, Jan/Jun. 2007.

_______. Princípios para guiar a aplicação dos programas de formação inicial para o ensino. Anais do XIV ENDIPE: trajetórias e processos de ensinar e aprender:

Didática e formação de professores. XIV ENDIPE, 27 a 30 de abril de 2008. PUC/Porto Alegre, RS, 2008.p.17-46.

Referências

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