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15º Congresso Português. De Gerontologia Social. Conferência: Portugal é um País bom para se envelhecer?

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Academic year: 2021

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15º Congresso Português

De Gerontologia Social

Conferência: Portugal é um País bom para se envelhecer?

Dia: 28/11/13

Envelhecimento em Portugal

Portugal, de acordo com os Censos 2011, apresenta um quadro de envelhecimento demográfico bastante acentuado, com uma população idosa (pessoas com 65 e mais anos) de 19,15%, uma população jovem (pessoas com 14 e menos anos) de 14,89% e uma esperança média de vida à nascença de 79,2 anos. Em 2050, prevê-se que se acentue a tendência de involução da pirâmide etária, com 35,72% de pessoas com 65 e mais anos e 14,4% de crianças e jovens, apontando a longevidade para os 81 anos. Notória é, também, a presença maioritária de mulheres (58%) no grupo etário dos 65 e mais anos, em relação à dos homens do mesmo grupo (42%), sinal da “feminização” do envelhecimento, que se observa na sociedade portuguesa desde 1900.

Estes ganhos em anos de vida produzem alterações na relação com a vida e o futuro e exigem novos comportamentos, novos estilos de vida, outras expectativas e outros valores obrigando a um interrogar sobre as representações sociais estereotipadas e a ter em conta a explosão de singularidades, no âmbito do direito inclusivo.

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Este envelhecimento da população está a ser provocado pelos baixos índices de fecundidade, pelo aumento da esperança média de vida e pelo fenómeno da emigração, e tem impacto no desenho das políticas sociais, no risco de insustentabilidade de sistemas financeiros, na maior taxa de abandono de idosos pelas famílias, na baixa produtividade, na fraca inovação tecnológica e na diminuição do espírito empreendedor.

Por todas estas razões, Portugal é actualmente o sexto país mais envelhecido do mundo e em quarenta anos passou de país com a maior taxa de natalidade da Europa para detentor da taxa de natalidade mais baixa.

Entre 1990 e 2011 todos os países nórdicos, em particular os escandinavos, começaram a subir no índice de fecundidade, enquanto o padrão se manteve sempre baixo nos países do sul ao ponto de, actualmente, o ponto mínimo de fecundidade nos países nórdicos ser o ponto máximo de fecundidade nos países do sul.

Esta mudança teve na base políticas sociais adoptadas naqueles países, com fundamento na ideia de que “mulheres e homens têm direito ao trabalho e à família e que as crianças devem ser protegidas por todos e são uma responsabilidade da sociedade”.1

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http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013/11/08/estudo-revela-que-portugal-e-o-sexto-pais-mais- envelhecido-do-mundo

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Este fenómeno do envelhecimento demográfico e, sobretudo a imposição do segmento populacional das pessoas idosas, emerge como um desafio, assumindo lugar de destaque nas agendas sociais e políticas. Aliás, a sua importância foi reconhecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas, com enfoque na óptica do “envelhecimento activo”, e também, pelo Parlamento Europeu e Conselho da União Europeia, incluindo-se a “solidariedade entre gerações”.

O The GlobalWatch Index, é um indicador que pretende mostrar quais os melhores e os piores países para se envelhecer, desenvolvido pela HelpAge International e com base na recolha de dados internacionais. Analisam e posicionam 91 países segundo o rendimento e as pensões, o sistema de saúde, emprego e educação e o meio ambiente. Conclui-se, que o melhor país para se viver na reforma é a Suécia, seguida pela Noruega e pela Alemanha. O pior país para se envelhecer é o Afeganistão, logo após o Paquistão e a Tanzânia.

Portugal está na 34ª posição, atrás de países como Espanha, Holanda, Dinamarca, Chile e Brasil, e logo seguido pela China. Curiosamente, os Estados Unidos da América, considerada a maior potência económica do Mundo, encontra-se em 8º lugar.

Através do The GlobalWatch Index, podemos concluir que nem sempre o poder económico dos países define a qualidade de vida dos seus seniores. Mark Gorman da HelpAge International diz que “O estudo mostra-nos o que a história conta. Os países escandinavos são o que se espera deles, mas não eram países economicamente abastados quando introduziram o

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sistema de pensões. Todos os países enfrentam escassez de recursos, mas não devem esquecer-se de também abordar as questões do envelhecimento quando fazem investimentos”. Mark refere também como apostar em políticas de envelhecimento tem grandes efeitos a longo prazo na qualidade de vida das pessoas. Numa altura difícil para Portugal, podemos tirar bons exemplos deste estudo e repensar as nossas políticas sociais para que possamos progredir e não regredir.

Segundo o The GlobalWatch Index, apesar de nos encontrarmos quase a meio da tabela dos 91 países, somos um dos piores no emprego e educação, comparando com países como o Equador ou o Chile, onde o sistema de pensões não é tão funcional, mas em contrapartida oferecem um melhor sistema de saúde. O Brasil é considerado um país com uma boa segurança económica para os seniores, mas com um sistema de saúde, emprego e educação a precisarem de melhorias. 2

O aumento da população idosa coloca questões ao nível da sua qualidade de vida, bem como da qualidade dos cuidados de saúde primários que lhes são prestados. Isto é de crucial importância na promoção do envelhecimento activo.

“Envelhecer é natural. Já o modo de envelhecer, não o é. A forma como se envelhece é uma marca da sociedade de referência, da comunidade de pertença e da condição de vida que se tem”.

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O envelhecimento activo promove “o bem-estar físico, social e mental (…) e inclui a participação activa dos seniores nas questões económicas, culturais, espirituais, cívicas e na definição das políticas sociais”.

Assistimos, actualmente, à tentativa de mudança de paradigma na abordagem das questões relativas ao envelhecimento, ainda que, aparentemente, esta seja mais motivada pelas vontades políticas de resposta à queda dos sistemas de solidariedade social do que pela transformação das representações sociais e culturais que se fazem dos mais velhos nas sociedades ocidentais actuais.

Na verdade, até há pouco tempo, o processo de envelhecimento estava associado à ideia de dependência, de doença e de insuficiência e representava, antes de mais, um percurso de retirada e/ou exclusão do mercado de trabalho. 3

O envelhecimento dinâmico poder ser uma solução para o crescimento económico traz soluções em três ramos essenciais: pobreza e exclusão social, emprego e saúde.

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No que diz respeito à Pobreza e Exclusão social, seria importante apostar numa estratégia de combate à pobreza das pessoas mais velhas, favorecendo uma acção a diferentes níveis. Por exemplo:

 Incentivar a igualdade de oportunidades e de género;

 Revisão do papel dos pensionistas em termos de participação activa na sociedade e as leis que fomentam a reforma e combate ao isolamento:

 Estímulo ao Empreendedorismo Sénior que incite à criação do próprio emprego ou de uma fonte adicional de rendimentos, como forma de aumentar as suas economias.

Quanto ao emprego seria pertinente promover medidas que visassem uma Estratégia de Inclusão Activa dos mais velhos, integrando um rendimento mínimo adequado e garantindo um apoio para a inserção num mercado de trabalho digno.

Exemplos de algumas destas medidas são:

 Adaptação dos postos de trabalho aos trabalhadores com idades mais avançadas.

 Horários flexíveis, mais formação, segurança e medicina no trabalho;

 Incrementação da igualdade de oportunidades no acesso a emprego e abolição da discriminação pela idade;

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Por último, na Saúde é necessário o Estado reforçar as iniciativas locais, que actualmente estão muito desapoiadas e que tentam fazer o que está ao seu alcance no âmbito de proporcionarem às pessoas idosas um desenvolvimento de comportamentos saudáveis e consequente melhoria de qualidade de vida.

Algumas das apostas na Saúde são:

 Maior acompanhamento dos seniores com problemas de dependência, por exemplo alcoolismo;

 Minimizar o isolamento e a depressão dos idosos com programas de voluntariado ou acompanhamento de proximidade;

 Promover o exercício físico através da criação de associações recreativas com vista a minimizar os riscos da idade.

Algumas destas medidas já foram implementadas e postas em prática essencialmente no campo da Saúde, embora de forma muito tímida na exclusão social e emprego. O problema é que estas medidas só resultam se forem articuladas umas com as outras e para que tal aconteça terá de haver uma mudança organizacional da sociedade portuguesa.

As políticas de saúde e sociais têm de ser redesenhadas num contexto de envelhecimento crescente da população e pressão contínua sobre os custos da saúde, ao mesmo tempo que o Estado é confrontado com a necessidade de cortes na despesa pública. Há, pois, que pugnar por uma actuação selectiva das Autoridades.

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E põe-se, então, a questão: Portugal é um País bom para se envelhecer?

A resposta está imbuída do que atrás expusemos, não é preto nem branco, é antes fruto de uma redefinição de políticas e de estratégias de intervenção justificadas pela importante conquista da civilização que é a maior longevidade, a qual deve ser produtiva e feliz.

Referências

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