TCC
DORA, UmA mENINA NORDESTINA Em Um LIVRO ILUSTRADO
Gabriel Benedito da Silva Orientadora: Nair de Paula Soares
Coorientadora: Graça Lima 2018.2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE LETRAS E ARTES
Comunicação Visual Design
GAbRiEL bENEDiTO DA SiLVA Trabalho de Conclusão de Curso - 2018.2
Orientação: Nair de Paula Soares Coorientação: Graça Lima
O projeto foi um grande desafio, desde o começo eu sabia que precisava fazer um trabalho que espelhasse todas as minhas experiências vividas até o momento e teria que ser autoral. Estou realizando um sonho, um sonho que não é só meu, fui o primeiro da família a entrar numa faculdade pública e não conseguiria chegar até aqui sem o apoio da minha casa.
Devemos acreditar naquilo que nos dá esperança, sendo uma pessoa de fé, acreditei que no final daria tudo certo. Meu primeiro agradecimento vai para Deus, depois a meu pai, Edmilson Carvalho da Silva, minha mãe, Cleusa benedito da Silva, minha família e meus avós, tenho que citar a minha avó Luiza Ferreira da Silva que foi uma das inspirações para o projeto, a narrativa nunca teria existido sem as suas lembranças, sua vida difícil na Paraíba.
É lamentável como o nosso país não valoriza o professor, esses que investem boa parte do seu tempo passando conhecimentos para futuros profissionais. Professores! Muito obrigado pois em meio a situação atual do país não deixaram de cumprir seus papeis como educadores, o ápice do descaso foi a triste perda de grande parte da memória brasileira no incêndio do nosso Museu Nacional.
Apesar de todos os acontecimentos, greves, incêndios, eu não poderia deixar de falar sobre a minha escola, EbA/UFRJ. Sou grato por poder estudar com grandes mestres e conviver com pessoas de todos os tipos. Há ocasiões que não convém citar nomes, porém, está é uma ocasião que faço questão de contrariar, em especial quero agradecer a minha querida professora e orientadora Nair de Paula Soares que foi mais do que uma orientadora, não conseguiria finalizar o projeto sem a sua ajuda, sua expertise e experiências, Ary Pimenta de Moraes Filho, eu achava que sabia desenhar até assistir suas aulas, grande mestre! E à querida professora Graça Lima que viu um potêncial no meu trabalho e tem uma paciência enorme com os alunos. É fácil de enxergar o amor que eles têm pela arte de representar sobre uma superfície seja ela qual for.
Finalmente, meus agradecimentos para todos aqueles que
acompanharam a minha trajetória, uns de perto e outros nem tanto, Tina Leitão que foi essencial para a edição do texto do livro, Eider que contribuiu com a sua memória nordestina, Miller Almeida, Leidiane Lessa com as suas sugestões e Patricia Amorim.
Atualmente dispomos de diversas ferramentas de comunicação, seja digital ou impresso. Eu optei pelo livro impresso, através de uma narrati-va em que a imagem exerce a função principal acompanhada pelo texto: o livro ilustrado. Neste suporte, o ilustrador tem total liberdade, seja na narrativa quanto na estética, sendo assim um dos motivos pela escolha do livro ilustrado como objeto de estudo e de expressão.
O projeto procura valorizar os elementos da cultura brasileira, direciona-do para o público infantil, numa história de uma personagem nordestina que vem para o Rio de janeiro com a sua família, fenômeno conhecido como migração.
Adotando essa ótica, pude explorar a questão migratória através de Dora, suas lembranças, regionalismos pouco conhecidos até então pelo público infantil. A ideia é enriquecer o vacabulário dessas crianças e trazer a me-mória elementos da nossa diversificada cultura regional brasileira.
Palavras-chave: Livro ilustrado, livro-imagem, ilustração, design
ABSTRACT
bENEDiTO, Gabriel
We currently have at our disposal a number of tools for communication, be it digital or in print. i opted for the printed book, through a narrati-ve in which the image plays the main role accompanied by the text: the picturebook. Through this medium the illustrator possesses complete freedom, both narratively as well as aesthetically, being one of the rea-sons the illustrated book was chosen as an object of study and means of expression.
The project seeks to promote elements of brazilian culture, aimed at children, in a story about a character from the northeastern region of brazil who comes to Rio de Janeiro with her family, a phenomenon known as migration.
it was through this viewpoint that i was able to explore the issue of migra-tion through Dora, her memories and regionalisms that are not yet well known to children. The idea is to enrich these children’s vocabularies and to bring to mind elements of our diversified brazilian regional culture.
Key-words: Picturebook, illustration, editorial design, Northwest,
1. Introdução
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2. Pesquisa
2.1. Livro ilustrado 2.2. O Nordeste 2.3. Regionalismos48
3. PROCESSO
3.1. Narrativa 3.2. Pesquisa iconográfica 3.3 Estudos 3.4 ilustração72
4.
Projeto Gráfico/Produção gráfica
4.1. Materialidade do Livro 4.2. Título da edição
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5. Conclusão
10 Quem nunca desenhou nas bordas de um caderno
enquanto a sua professora falava? Sim, eu era uma daquelas crianças que não se intimidava com a folha em branco. Meu caderno era todo desenhado nas bordas, eu só tinha receio do desenho se misturar com texto.
Uma coisa que eu não sabia é que essas figuras registradas nas folhas me ajudavam a memorizar ou até serviam como um registro visual quando eu esquecia de colocar a data. Meus pais percebendo isso me colocaram num curso de desenho.
Minha relação com a arte começou desde cedo, inoscentemente eu observava os desenhos feitos
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nas paredes das ruas e aquilo agradava o meu olhar. Durante um tempo da minha vida, me dediquei só tentando copiar as artes feitas nas paredes, na maioria das vezes eram letras, alguma coisa nelas me chamava atenção a ponto de só querer reproduzí-las.
Eu levei um tempo para entender isso, sempre fui um pouco calado, mas quando eu pegava num lápis iniciava-se um diálogo entre mim e a folha, ou qualquer superfície que tivesse atrito com o grafite. Hoje eu tenho buscado um equilíbrio entre essa relação com a imagem, um dos principais motivos pela escolha de um livro ilustrado como suporte de comunicação das minhas ideias.
infelizmente, eu não tive muito acesso aos livros. Meus pais que eram de origem humilde não tinham a noção da importância que a leitura tinha para uma criança.
Não sou conhecedor da cultura nordestina, para mim é um grande desafio representar visualmente a sutiliza que há naquela parte do brasil. A minha pequena proximidade com a região vem da minha
família por parte de pai e pelas produções cinematográficas, tais como:
O Auto da Compadecida, 2000 O caminho da Nuvens, 2003
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de colocar no projeto a minha visão gráfica da paisagem do local onde resido. O objetivo não é dizer que a minha cidade está tomada por favelas o que também não seria errado, mas mostrar um fato ao qual observo há um bom tempo. boa parte da minha vizinhança vem de cidades nordestinas, isto se deve pelos movimentos migratórios, assunto melhor explicado no tópico sobre o Nordeste.
A partir disso pude desenvolver: Um livro ilustrado que propõe valorizar as tradições e culturas do nosso brasil.
Rui de Oliveira em seu livro, Pelos Jardins de Boboli fala com maestria sobre o multiplicidade de assuntos que o ilustrador de livros para crinças deve expressar.
“Tomando o conceito grego do maravilhoso, compreendido como o meio de se chegar ao conhecimento, acredito que o trabalho do ilustrador de livros para crianças deve expressar qualquer temática, das favelas aos contos de fadas, de forma prodigiosa e maravilhosa.”
O AUTO DA COmPADECIDA É um filme brasileiro de co-média dramática lançado em 2000. Dirigido por Guel Arra-es e com roteiro de Adriana Falcão e João Falcão, o filme é baseado na peça teatral “Auto da Compadecida” de 1955 de Ariano Suassuna, com elementos de O Santo e a Porca e Torturas de um Coração, ambas do mesmo autor, e influências do clás-sico de Giovanni boccaccio Decameron.
O CAmINhO DAS NUVENS É um filme brasileiro de 2003, do gênero drama, dirigido por Vicente Amorim. Foi produzido por bruno barreto e Ângelo Gastal; a trilha sonora é de An- dré Abujamra. O filme é basea-do em um fato real, na história de Cícero Ferreira Dias, um caminhoneiro desempregado que, junto com sua mulher e seus cinco filhos, pedalou des-de Santa Rita, na Paraíba, até o bangu, no Rio de Janeiro.
DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL
É um filme brasileiro de 1964, do gênero drama, dirigido por Glauber Rocha. Conside-rado um marco do cinema novo, foi gravado em Monte Santo, bahia.[1] Em novem-bro de 2015 o filme entrou na lista feita pela Associa-ção brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
14
2
PESqUISA
2.1 livro ilustrado
2.2 O Nordeste
3.3 Regionalismos
“As pessoas dizem: Os livros hoje em dia são ilustrados”, isso mostra um total desconhecimento da história do livro. No Brasil o livro foi muito ilustrado na década de 50. Calibé, Calazns Neto, Santa Rosa, Paulinho Werneck. Uma época em que não tinha muita separação entre artes plásticas, artes gráficas, desenho e arte. (ROGER MELLO REVELA SUAS INFLUÊNCIAS. Grupo Editorial Global. Youtube. 26 de mar
de 2014. 06min42s. Disponívl em: < https://www.youtube. com/watch?v=Pxa8ncjK6Ec&t=0s&list=PLEH8C2YVdpXeeund_ q9pHtLTYCRI1bpfc&index=26> Acesso em: 14 jul. 2018.)
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Antes de definirmos o que caracteriza um livro ilustrado que no brasil é conhecido como de livro-imagem, devemos dizer sobre sua origem. Para a introdução, tomei como base o artigo do autor e ilustrador Salmo Dansa que começa falando da produção ocidental de livros.
Ehon - e, “imagem”, hon, “livro” palavra japonesa, que significa livro de imagem. Eles começaram a ser produzidos no século Viii e até o final do século XiX eram feitos manualmente. Hoje esse tipo de livro é conhecido como picture books.
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de 1498, um livro sagrado ilustrado por ele, todo em xilogravura,
inagurura uma nova dimensão de representação desses tipos de livros que até então diziam que era impossível convertê-los em imagens.
“A invenção da impressão com tipos móveis, no meio do século XV, que viria a precipitar uma revolução, aconteceu graças a dois importantes desenvolvimentos técnicos que tiveram origem dois ou três séculos antes: o crescimento da indústria manufatureira de papel, que assegurou o suprimento de papéis com a qualidade necessária, e a produção de novas tintas com a consistência apropriada para o uso em tipos e matrizes xilográficas, que eram naquele momento o principal modo de reproduzir ilustrações.”
A xilogravura provavelmente antecedeu a produção de tipos móveis. Depois de 1450, imagens e textos eram impressos na mesma página, ou melhor a ilustração e o texto eram entalhados no mesmo bloco de madeira, os chamados block books, melhor representado pela Bíblia
Pauperum (Bíblia dos Pobres).
Antes de ir ao assunto principal da pesquisa, recorrendo ao artigo que me baseei para a pesquisa, o autor, Salmo Dansa fala sobre o começo da ilustração para crianças e ressalta importantes livros que deram início a esta jornada.
Fábulas de Esopo, Kunst und Lehrbüchlein que segundo o autor seria o
17 Albrecht Pfister Bíblia Pauperum Willian Caxton Fábulas de Esopo Jost Amman
Kunst und Lehrbüchlein Uma das Ilustrações do livro
Johann Amos Comênio
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outro formato, chamado volumen (rolo) muito usado no período romano.
O livro ilustrado ou livro-imagem no brasil, é um suporte para narrativa visual com predominância de imagens, podendo ou não conter texto. Segundo Sophie Van der Linden, podemos dizer que:
“O livro ilustrado seria assim uma forma de expressão que traz uma interação de textos (que podem ser subjacentes) e imagens (espacialmente preponderantes) no âmbito de um suporte, caracterizada por uma livre organização da página dupla, pela diversidade de produções materiais e por um encadeamento fluido e coerente de página para página.”
(VAN DER LINDEN, 2011, p 87).
Em seguida alguns outros tipos de livros que se assemalham ao objeto principal de estudo:
Em geral, o formato é característico do romance, a narrativa é
sequenciada em capítulos curtos, sendo direcionado especificamente aos leitores em processo. Este tipo de livro pode se assemelhar aos livros ilustrados pelas vinhetas e pequenas imagens emolduradas junto do texto.
São obras que apresentam um texto acompanhado de ilustrações, o texto ocupa um espaço consideravel na página que serve como ponto de entrada para a história.
Liv
ros
com ilustração
Aprendendo a ler
Página dupla | Roger Mello (ils).
Griso, O Unico
Capa
Página dupla | Euclides da Cunha • Andrés Sandoval (ils).
Os sertões
Capa
Capa
Página dupla | Rui de Oliveira (ils).
Capa
25
Página dupla | Cláudio Martins (ils).
Camilao, o comilão, 2011
25 25
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Pouca coisa mudou na estrutura básica do livro desde os códices até os nossos dias, disse Rui de Oliveira, como: as tintas, os métodos de impressão. Porém a relação do leitor com o livro continua a mesma.
É nessa linha que seguimos nossa pesquisa, a relação entre texto e imagem, o trabalho do ilustrador em solucionar os espaços de forma harmoniosa. Sem dúvidas o autor sabe do que está falando e quando se trata de contar histórias através de imagens ele diz:
Contar histórias através de imagens é comungar, compartilhar um variado repertório rítmico com a finalidade de elaborar as relações entre o pequeno e o grande, o reto e o curvilíneo, a verticalidade e a horizontalidade, os espaços ocupados e os espaços vazios etc. (OLIVEIRA, 2008 p 57)
Sabendo da importância dos elementos rítmicos na estruturação gráfica de um livro, entendemos que para lermos uma boa ilustração ou chamar a atenção do leitor é preciso também descobrir os elementos opostos que a constituem, como disse Rui de Olveira. (OLiVEiRA, 2008 p 59)
O ilustrador provém de diversas possibilidades para construção da imagem e organização das formas. Sobre isso o autor fala que a composição
coordena e organiza o mosaico de detalhes que o artista elabora.
A seguir, algumas características básicas da composição na ilustração, tiradas do livro Pelos Jardin boboli.
As formas estruturais dispostas basicamente por meio de linhas horizontais criam na ilustração uma sensação de paz, repouso, tranquilidade e estabilidade.
Um esquema compositivo utilizando
predominantemente linhas verticais impregnará a ilustração de uma atmosfera espiritualizada. Personagens e obejtos são tomados de uma atmosfera ascensional, bem como de leveza e
A estrutura compositiva em diagonal, por exemplo, do canto inferior esquerdo da ilustração em direção ao canto superior direito, faz com que todos os elementos nessa narrativa pareçam estar subindo, levantando voô, uma sensação de escalar uma ladeira ou um morro imaginário.
Se porventura a ossatura compositiva estiver
direcionada do canto esquerdo superior em direção ao canto inferior, a sensação que temos é a de que tudo está desabando, os elementos parecem cair.
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O LIVRO COmO OBJETO
Uma das particularidades que me chama atenção, e uma das razões pela qual escolhi o meu objeto de estudo é a importância que o ilustrador tem neste suporte, ainda mais quando ele também é o autor.
Seu nome vem na capa.
Pensar o livro como objeto, nos obriga a olhá-lo como um todo, fazer o uso de todos os recursos visuais a favor da narrativa. Sophie Van de Linder ao falar da materialidade do livro usa um termo para isso, o chamado paratexto: os formatos, as capas, guardas, folhas de rosto, páginas do miolo.
O formato
A partir da definição do formato do livro, que é primordial, poderemos desenvolver todo o conjunto que forma o suporte, há uma grande variedade de tamanhos o que influenciará no resultado final e até na produção gráfica.
Capa
Dependendo dos códigos visuais usados, a capa que é constituída pela primeira e quarta capas podem gerar um entendimento ou alguma pista de qual assunto se trata, devido ao primeiro contato entre o leitor e o objeto.
29 Título
A composição tipográfica do título, pode fornecer ao leitor uma
expectativa em relação ao todo, neste caso o livro. Robert Bringhust diz: “a tipografia existe para honrar seu conteúdo”, ou seja, ela carrega junto consigo toda uma carga de significado.
Guardas
Esses espaços apesar de terem uma função neutra no suporte do livro, podem também serem usadas a favor da narrativa.
Folhas de Rosto
Em geral, as folhas de rosto trazem indicações do título, nome do autor e ilustrador e da editora, acompanhados de uma imagem emoldurada que retoma o detalhe de uma imagem interna, podendo ser usada para reforçar uma ideia.
2.2
ESTADOS qUE FAzEm PARTE DA REGIãO DO NORDESTE AL Alagoas BA bahia CE Ceará mA Maranhão PB Paraíba PE Pernambuco PI Piauí
RN Rio Grande do Norte SE Sergipe
31
O “Dicionário do Nordeste” de autoria de Fred Navarro e o livro “Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no brasil”, disponível no site do ibGE, foram usados como referências para a pesquisa.
O Brasil é um arquipélago formado por linhas históricas, o que se reflete no plano sociocultural e linguístico. Revendo este aspecto, a língua portuguesa trazida pelos colonizadores foi-se propagando em ondas de ação lenta e eficiente sobre os falares indígenas, a partir de núcleos fundamentais, entre os quais Pernambuco e Bahia, os mais antigos polos irradiadores e fixadores desta língua europeia na terra do pau-brasil. Formou, assim, dessa língua transplantada nos primórdios da colonização, a base do dialeto nordestino que leva o seu povo a falar diferente do resto do pais (NAVARRO Fred, 2004).
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uma grande quantidade de pessoas oriundas de estados nordestinos, no livro Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no brasil, os autores apontam algumas pesquisas que direcioanm para uma possível resposta a minha observação.
Os deslocamentos de população no Brasil tiveram um período intenso, que foi marcado pelos anos 1960-1980, quando
grandes volumes de migrantes se deslocaram do campo para a cidade, delineando um processo de intensificação da urbanização e caracterizando áreas de expulsão ou emigração: Região Nordeste e os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; e áreas de atração ou forte imigração populacional - núcleo industrial, formadas pelos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro (ERVATTI, 2003).
Através da análise dos movimentos migratórios observou-se uma tendência dessas correntes migratórias ao longo do tempo, isto se deu através do senso demográfico 2000 e da PNAD ( Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios), realizada em 2004 e 2009.
O livro nos mostra algumas mudanças do fluxo de migrantes que
ocorreram durante os anos, como a diminuição da tendência migraória do Nordeste para o Sudeste de 2000-2010 que chegou a envolver
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3,3 milhões de pessoas no censo 2000, e caiu para 2 milhões no último quinquênio 2004/2009. O Nordeste apresentou uma perda absoluta de 760 mil pessoas, sendo o sudeste a região que mais teve responsabilidade nisto, cerca de 2/3 desta perda.
Na conclusão do artigo que é onde eu queria chegar o autor diz que: Desta forma, quando levamos em consideração distâncias maiores, como na escala inter-regional, observamos que os fluxos migratórios apresentaram uma tendência de redução nos seus volumes, muito embora a direção dos principais fluxos seja mantida, com as maiores correntes ocorrendo no eixo Nordeste-Sudeste.
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Açaí
Açaí • s.m. • MA / AM / AP / PA • 1 • Palmeira (Euterpe
oleracea) de até 25 m, nativa do brasil, Colômbia, Equador,
Guianas e Venezuela, de palmito valorizado. Outros nomes:
açaí-branco / açaí-do-pará / açaizeiro / coqueiro-açaí / guaçai
/ iuçara / juçara / palmeira-açaí / palmeira-jiçara / palmiteiro /
palmito / piná / piriá / tucaniei / uaça. DHLP • “Travou do arco
e o brandiu. A seta obedeceu-lhe, pregando no tronco do açaí
a faixa que flutuava ao sopro do vento. ” Ubirajara, José de
Alencar • 2 • Fruto roxo-escuro dessa palmeira, de cuja polpa
se extrai um sumo espesso muito apreciado; amassado com
açúcar, farinha-d’água ou tapioca, é um dos alimentos das
classes populares no Pará, segundo Diléa Zanotto Manfio, no
glossário de Macunaíma, de Mario de Andrade • Açaí, guardiã,
/ zum de besouro, um imã, / branca é a tez da manhã. ” “Açaí,
Djavan • 3 • Refresco ou o suco desse fruto. • [origem: tupi
‘iwasa’i’ (fruto que chora, que deita água) ] • v. bacuri / chibé.
temas natalinos • 2 • Presépio montado entre a véspera do
natal (24 de dezembro) e o dia de Reis (6 de janeiro). NDEA
• Arco feito de plantas e matos (bambus, papoulas), de
altura e largura de uma porta, colocado no lugar onde se
apresenta o pastoril e que representa a porta da manjedoura;
as pastorinhas se apresentam nesse local, como se Jesus
estivesse lá dentro; uma das pernas do arco é enfeitada com
flores e fitas azuis, e a outra com flores e fitas encarnadas
(representando os dois cordões do pastoril); na noite de 5
de janeiro, véspera do dia de Reis, a lapinha, que não é o
presépio, mas o simboliza, é queimada, marcando o fim do
ciclo natalino e o início do período das festas carnavalescas.
• “Os presépios foram armados em Portugal desde 1391,
quando as freiras do salvador, em Lisboa, fizeram o primeiro.
(...)Lapa, lapinha, é sinônimo tradicional de presépio. (...) No
Natal de 1584 foram os presépios trazidos pelos jesuítas para
o Rio de Janeiro. ” DDFB • “(...) oi lá vai os Três Rei Mago / oi
lá vai os Três Rei Mago / cum a istrêla de guia / cum a istrêla
de guia / visitano na capela / vistiano na lapinha / o Mínino
qui nascia / o Minino qui nascia.” Noite de santo reis, Elomar •
“ Então, os benditos religiosos dentro de casa ante a lapinha
eram cantados. ”Calderão: a guerra dos beatos, Claudio Aguiar
• 3 • Armação, aprontação, badaronha, armadilha. • “Então
Vanda contou que viera para o trair, a talante do prefeito mais
seu conluiado Ararigbóia Delecródio. Desistira dessa lapinha
durante a noite...”A santa do cabaré, Moacir Japiassu.
no batente da porta, continuou a olhar a rua alastrada de sol,
onde só havia um menino, debaixo da canícula, a empinar
um papagaio.” Os tambores de São Luis, Josué Montello • “(...)
Aqui estou, nesta várzea, reduzido a professor de meninos:
/ Hoje vivo ensinando a empinar papagaios...”Congresso dos
ventos, Joaquim Cardozo • “(...) queria correr descalço, sem
medo de queimar os pés nas ruas de macadame aquecidas
pelo sol forte da tarde, e saltar para pegar a linha ou a rabiola
de um papagaio que planava lentamente, em círculos, solto no
espaço.” Dois irmãos, Milton Hatoum • “Descoberta da rua! Os
vendedores a domicílio. / Ao mundo dos papagaios de papel,
dos piões, da amarelinha! / Uma noite a menina me tirou da
roda de coelho-sai, / me levou, imperiosa e ofegante, / para
desvão da casa de Dona Aninha Viegas, / levantou a sainha
e disse: mete.” Infância, Manuel Bandeira • [origem: árabe
‘babaca’] • v. citações em bodoque / cerol / índio.
animada por instrumentos de percussão, que surgiu nos
festejos do Divino Espírito Santo no Maranhão no início da
década de 1970. O Cacuriá agrega vários outros ritmos e
festas da região como A Dança do Carimbó, o bumba meu
boi, os ritmos das caixas da Festa do Divino Espírito Santo e
as festividades juninas. Esta dança típica representa parte do
folclore da região do Maranhão, aparece durante a Festa do
Divino Espírito Santo na tradição junina.
mangue
• s.m. • N.E. • 1 • Fato ou ação confusa, barulhenta, enrolada:
não se meta, o mangue já está muito grande. • 2 • Para
os integrantes do movimento manguebeat, equivale a
diversidade de culturas, terreno fértil para um sem-número
de formas de vida.
em especial o da varidade abóbora-menina (Cucurbita
maxima), com polpa comestível, geralmente de um tom entre
o alaranjado e o vermelho, e os das variedades abóbora-chila
(C. ficifolia) e abóbora-cheirosa (C.moschata); as sementes
são comestíveis, frequentemente nassadas e salgadas. • “(...)
fazendo vinagre / - naquele quarto onde dormia / toda a
família e / se vendiam quiabo e jerimum - (...).” Poema sujo,
Ferreira Gullar • “Sêo doutor Lula, os porcos do Coronel
comeram pra amanhecer hoje o roçado de jerimuns / passei
fogo nos bichos que deixei o campo coalhado.”
Calunga, Jorge de Lima • Mestre Ambrósio menciona: “Desses
dois que ficaram / um foi roubar jerimum / deu no tango,
deu no mango / desses dois só ficou um.” Usina - tango no
mango, Chico Antônio / Paulírio • “Depois, linguiça e vaca,
jerimum com leite, coalhada escorrida e requeijão (...).” Dona
Guidinha do Poço, Manuel de Oliveira Paiva • Ivanildo Vilanova
e Oliveira de Panelas mencionam: “Eu também já tô cansado
/ de lembrar os numerais, / já cantei não quero mais, / vou
voltar pro meu roçado, / quero o céu todo estrelado, / uma
caneca de rum, / farofa de jerimum / e a chuva sobre o meu
zinco, / oito, sete, seis e cinco, / três e quatro, e dois e um.”
Quebra cabeça é assim, José Paulo Cavalcanti Filho • v. citação
em mal-assada • 2 • Aboboreira, jerimunzeiro, pé de jerimum.
• 3 • Abóbora-moranga (C.pepo). • [origem: tupi ‘yuru’mu’] •
v. abobrada / alamambica / farofa de jerimum / manteiga de
esculenta) da família das euforbiáceas, nativo da América
do Sul, conhecido em todo o país como ‘mandioca’; tem
folhas membranáceas, inflorescências ramificadas e
frutos capsulares, cultivado pelas raízes tuberozas, muito
semelhantes às do aipim e também ricas em amido e de largo
emprego na alimentação, embora sejam geralmente mais
venenozas e frequentemente usadas apenas para a produção
de farinha de mandioca, farinha-d’água e ração animal. Outros
nomes: castelinha / mandioca-brava / maniva / maniveira. • 2 •
Arbusto (M. palmata) da família das euforbáceas, de até 4 m,
com folhas partidas, pequenas flores amarelas ou violáceas e
frutos capsulares; nativo do brasil, é semelhante à mandioca
(M. esculenta) e também cultivado, com inúmeras variedades,
pelas raízes tuberosas, de elevado teor alimentício e
geralmente menos venenozas. outros nomes: aipi / uaipi. DHLP
• 3 • Tubérculos dessas plantas. * O PDNA esclarece: “A massa
da mandioca (crua, ralada e lavada) é usada, no Nordeste, na
preparação de bolos, substituindo a farinha de trigo. O polvilho
(goma) é usado em substituição à farinha de trigo em biscoitos.
Não confundir com a farinha de mandioca, que é a mandioca
ralada e assada.” • O DPPB, do paraibano Horácio Almeida,
relaciona as quinze espécies mais conhecidas: amazonas, bahia,
branca, chapéu-de-couro, manteiga, mulatinha, ouro,
pão-do-chile, pé-de-pombo, pipoca, preta, retrós, rósea, sedinha e
vinagre. • “Trabalhou de enxada, plantou macaxeira / desfrutou
coqueiros.” O anjo, jorge de Lima • “ - Ô Maria, hoje nós temos /
vinhos da Quinta do Aguirre, / uma queijada de Sintra, / só pra
tu te ‘distraíre’ / desse pensamento ruim... / - Seu Manuel, isso
é besteira! / Eu prefiro macaxeira / com galinha de oxinxim!”
Oropa, França e Bahia, em “Poemas de Ascenso Ferreira” •
“O leão passou depressa / um telegrama pra trás, / minha
comadre elevante / a bandeira e grite paz, / ela não tinha
bandeira, / levantou a macaxera / e ali ninguém brigou mais.”
intriga do cachorro e o gato, josé Pacheco • [a forma macaxera
é usualmente grafada pelos que moram afastados dos centros
urbanos] • [origem: tupi ‘maka’sera’] • v. citações e referências
em aipi / aluá / bobó/ canji / capiau / com a bexiga / cordel /
cuia / engenho / mandioca-brava / manipueira / maniva / nas
macaxeiras / tamboeira.
pau e arara para transportar araras e outras aves; equivale, no
interior dos Estados nordestinos, ao caminhão dotado de varas
longitudinais na carroceria para servir de apoio e pendurar
redes de dormir, utilizado no transporte de retirantes entre os
Estados da Região, e de lá para o Sudeste. • 2 • s.2g. • Alcunha
dos que viajam nesse caminhão. • Elba Ramalho menciona:
“Vim da bahia pro Rio de Janeiro / pra ganhar dinheiro, /
desaforo não. / Pau de arara é a vovozinha, / eu só viajo é de
avião.” Pau de arara é a vovozinha, Gordurinha • “Mas a poesia
é rara e não comove / nem move o pau de arara.” Homem
comum, Ferreira Gullar, em “Dentro da noite veloz” • Fagner
e Gilberto Gil registram: “A vida aqui só é ruim / quando
não chove no chão / mas se chover dá de tudo, / fartura tem
porção. / Tomara que chova logo, / tomara, meu Deus, tomara,
/ só deixo o meu Cariri / no último pau de arara. ” Último pau
de arara, Venâncio / Corumba / josé Guimarães • v. citações em
catabi / malota / matolão / paroara • 3 • s.2g. • Por derivação de
sentido, matuto, caipira, morador do interior. • “nossa cabrita,
tão cabita, tão bonita / depois de tanta desdita havia feito uma
opção, / se casaria com outra linda cabrita, hah!, / que até bem
pouco namorara o meu irmão, / o pau de arara do meu pai
o que diria disso / que ela me disse, disso que ela me disse?”
3
PROCESSO
3.1 Construção Narrativa
3.2 Pesquisa iconográfi ca
3.3 Estudos
50
3.1
A narrativa nasceu primeiramente a partir do desejo de explorar
elementos da cultura nordestina, como: Alimentos, brincaderias, danças, hábitos e etc. Então, o método para o desenvolvimento da narrativa foi entrevistar algumas pessoas que eu conheço da região com a fi nalidade de transformar esses relatos em um imaginário vivido pela personagem Dora.
A história desenvolvida pôde juntar dois universos:
• Elementos da cultura nordestina e Carioca
A ideia é mostrar por meio da personagem, o poder do seu imaginário em conduzí-la por paisagens, momentos ou lembranças da época em que morou no Nordeste, dentro de uma realidade em que vive sendo moradora de uma comunidade.
ENREDO DA hISTÓRIA
A história contada fala sobre uma menina nordestina que veio morar no Rio de Janeiro com sua família. Em um de seus sonhos, ela começa lembrar da época em que viveu no Nordeste.
Entrevistas
relatos
memórias
Personagem
narrativa
le
m
br
an
ças/regionali
sm
os
ESTRUTURA DA NARRATIVA
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Antes de iniciar o projeto, o meu entendimento sobre a
criação de personagens era totalmente visual, neste processo
percebi que não se encaixaria nos métodos usados pelos
então chamados de character designers, esses profissionais
são responsáveis pela concepção de personas de produções
cinematográficas da Disney, Dreamworks, Laika e etc..
O projeto me ensinou que a narrativa é muito importante
para o desdobramento projetual, não que a linguagem
gráfica seja menos importante e sim mais palpável. Dora não
dependeu só das expertises do desenho, anatomia, pintura...
A personagem foi gerada através da memória das pessoas,
ela pode ser qualquer cidadão. Suas características físicas não
estereotipadas, a citar seu cabelo azul dão pistas de que a
personagem é quase um pretexto para a narrativa ser criada,
um reflexo do meu imaginário gráfico.
Minha conclusão é que o meu processo criativo de
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processo de criação de personagens de filmes, desenhos
animados.. No presente livro, os protagonistas são as suas
lembranças, paisagens, brincadeiras, comidas.
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O ponto de partida para o projeto foi fazer uma pesquisa visual, sobre qual linguagem gráfica adotar. Como ilustrador eu acho muito importante sabermos o que está sendo produzido.
No livro Pelos Jardins boboli, na introdução livro do mestre Rui de Oliveira, Ana Maria Machado faz uma observação muito interessante a respeito da representação visual gráfica brasileira.
Certa vez, ela viajando de trem na Europa entre a italia e a Alemanha, observava as paisagens, essas que ela conhecia através de livros infantis. Logo entrou em questionamento sobre a dificuldade de nós brasileiros nos reconhecermos na ilustração, pela falta de educação do olhar.
A partir disso, inicicei uma pesquisa da produção principalmente de ilustradores brasileiros e também de estrangeiros. Minhas referências permeiam entre diversos tipos de representação visual, seja pintura, gravura, histórias em quadrinhos, artes gráficas e etc. Abaixo algumas das refrências:
Rui de Oliveira, Samico, J. borges, J. Carlos, Tomás Santa Rosa, nossos grandes pintores, Portinari, Tarsila do Amaral.. Nossos ilustradores ao qual são referências no meu objeto de estudo: Ziraldo, Roger Mello,
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Graça Lima, Ciça Fitpaldi, Mariana Massarani, Odilon Moraes, Andrés Sandoval e Lorenzo Matotti, um grande ilustrador italiano e entre tantos outros que fazem parte da nossa produção de livros.
O meu objetivo não é que o trabalho seja nordestino ou carioca. A ideia aqui é cruzar estes elementos da nossa cultura e criar o meu mosaico, o que torna o livro mais interessante. Como eu já disse, nunca estive no Nordeste, minha pesquisa visual sobre o a região, baseou-se em filmes e imagens da internet o que trouxe uma carga autoral ao meu livro. Já a visualidade carioca eu quis mostrar através da comunidade onde atualmente eu vivo. As fotografias da comunidade foram feitas por mim, tentei captar a essência do que eu considero como o meu olhar, o meu modo de enxergar o entorno. Em seguida algumas fotos:
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3.3
Eu não sei exatamente quando comecei a desenhar, mas desde então a prática tornou-se uma obsessão. Na era das redes sociais, ter um trabalho autoral é importante. Venho usando estas ferramentas como um laboratório mesmo que não físico para experimentação de técnicas, prática do desenho e estímulo, que no final tem sido um aprendizado e tem me dado bastante resultado.
Nada se cria do zero, para chegar na linguagem gráfica adotada no livro, realizei um série de pesquisas e estudos, revisitando sketchbooks antigos, conhecendo ilustradores, como Lorenzo Matotti indicado pela Graça Lima, grande ilustradora brasileira.
Técnica:
Grafite sobre papel jornal
Técnica:
70
3.4
A linguagem gráfica da ilustração teve inspiração no ilustrador italiano Loranzo mattotti. Como
referência, adiquiri o livro Carvanal, ilustrado por ele para entender um pouco de como funcionava a técnica. Em muitos casos é realizada com giz de cera e lápis de cor.
O meu procedimento funcinou como um híbrido de técnica tradicional com digital, eu percebi que precisava de algumas áreas com chapados de cor, o melhor artifício foi usar a cor digital o que deixou o projeto com uma característica distinta.
Fatores importantes na execução das ilustrações:
O tratamento das imagens, recorte digital das
ilustrações, o cuidado com a resolução e calibragem de cor foram impressindíveis para a arte final.
materiais usados:
Giz de cera Neo Color i - Caran d’ache Lápis de cor Polychromos - Faber-Castel
Solvente Terebentina para diluir o giz de cera e Pinceis.
Página dupla | Lorenzo Mattotti (ils).
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4
4.1 Espelho; acabamento; capa;
contra-capa; folha de rosto; guardas;
papel; tipografia; paleta de cores;
4.2 título da edição/logotipo;
“No Livro ilustrado, tudo o que cerca as páginas em que se apresentam a narrativa ou expressão como tal depende muitas vezes da criação do ilustrador, e não só dos editores ou desig-ners, como acontece, por exemplo, no romance. Por essa pers-pectiva, os formatos, as capas, guardas, folhas de rosto e pá-ginas do miolo devem na maioria das vezes ser vistas como um conjunto coerente.” (VAN DER LINDEN, 2011, p 51).
O processo de criação é muito individual, neste caso não separei a fase de produção das ilustrações e do projeto gráfico. Para uma melhor unidade adotei uma linguagem gráfica, grafismos dos regionalismos, composição cromática e aproveitei todos esses recursos na criação dos paratextos.
O espelho do livro serviu de apoio para organização das páginas e do projeto num todo.
ESPELhO DO LIVRO
Fechado 23 cm 80,7 42 cm 21 cm 23 cm 23 cm Aberto
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ACABAmENTO
A escolha do papel foi feita a partir da coleção Pedro Fugiu de casa.
Papel (miolo) Papel offset Alta alvura 150g/m²
Papel (capa) Papel Cartão Supremo 300g/m²
miolo
Garamond
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
abcdefGhijklmn
opqrstuvwxyz
123456789
A fonte serifada com a designação Garamond foi desenhada e fundada em Paris, em 1535, pelo gravador de punções Claude Garamond (1480-1561).
É uma fonte do gênero das Romanas renascentistas. Garamond foi o primeiro a conceber o corte redondo e o corte itálico com duas componentes da mesma família de fontes. As formas de letras Garamond foram mais tarde aperfeiçoadas por Robert Granjon e Christoph van Dyck. Graças à clareza e à harmonia das suas formas, mantiveram-se em uso até aos nossos dias.
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4.2
Conceito
DORA, UMA MENINA NORDESTINA
O nome surgiu da personagem nordestina do filme “O alto da
compadeci-da”, a ideia do título é antecipar o assunto para o leitor. O projeto é
total-mente autoral e Dora é um nome solar, para traduzir este conceito desen-volvi uma letra saindo do padrão de xilogravura, com a minha caligrafia para passar a sensação de exclusividade.
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5
CONCLUSãO
A gênese do projeto era ser um dicionário visual de palavras e expres-sões nordestinas. Foi um início muito confuso, mas ao longo do tempo o caminho foi sendo delineado, aprimorado. Eu precisva de um motivo maior, uma narrativa.
Foi um desafio enorme conceber o trabalho pois além de todos os pro-cessos eu escolhi um caminho que eu não dominava: a escrita.
Outro fator desafiante foi a técnica usada na ilustração, foi praticamente um ano aprendendo, experimentando materiais.
Concluo que foi muito trabalhoso, cansativo, mas o somatório de todas essas experiências, contribuiu para um amadurecimento pessoal, profis-sional e um trabalho totalmente autoral.
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OLiVEiRA, Rui de; Pelos Jardins Boboli: reflexões sobre a arte de ilustrar livros. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
bRiNGHURST, Robert. Elementos do estilo tipográfico.
São Paulo: Ed. Cosac Naify, 2. ed. 2011. NAVARRO, Fred. Dicionário do nordeste.
Recife: Ed. Cepe, 2. ed. 2013.
OLiVEiRA, Luiz Antonio Pinto de; OLiVEiRA, Antonio Tadeu Ribeiro de (Org.). Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil.
Rio de Janeiro: ibGE, 2011. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/ visualizacao/livros/liv49781.pdf>.
Acesso em: 12 Jun. 2018.
ALENCAR, José Salmo Dansa de. Uma breve história dos livros ilustrados.
Disponível em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/ artes/0022.html>. Acesso em: 08 jul. 2018.
NÓbREGA, Jorge; GUAZELLi, Eloar (ilustrador). Pedro vai a Botafogo: e prepara a sua fuga. Rio de Janeiro: Edições de janeiro, 2015. (Pedro
fugiu de casa; 1)
MATTOTTi, Lorenzo. Carnaval. Rio de Janeiro: casa 21 Ltda, 2006
MüLLER-bROCkMANN, Josef. Sistemas de Grelhas: Um manual para designers gráficos. barcelona: Ed. Gustavo Gili, 3. ed. 2012.