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Sistema de proteção direcional para microrredes com somente medição de corrente

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EL ´ETRICA

LEANDRO DE MARCHI PINTOS

SISTEMA DE PROTEC¸ ˜AO DIRECIONAL PARA MICRORREDES COM SOMENTE MEDIC¸ ˜AO DE

CORRENTE

Florian´opolis 2014

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SISTEMA DE PROTEC¸ ˜AO DIRECIONAL PARA MICRORREDES COM SOMENTE MEDIC¸ ˜AO DE

CORRENTE

Disserta¸c˜ao submetida ao Programa

de P´os-Gradua¸c˜ao em Engenharia El´etrica

para a obten¸c˜ao do Grau de Mestre

em Engenharia El´etrica.

Orientadora: Prof. Jacqueline Gis`ele Rolim, Dra.Eng. – UFSC

Coorientador: Prof. Miguel Moreto, Dr.Eng. – UFSC

Florian´opolis 2014

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Pintos, Leandro de Marchi

Sistema de Proteção Direcional para Microrredes com Somente Medição de Corrente / Leandro de Marchi Pintos ; orientadora, Jacqueline Gisèle Rolim ; coorientador, Miguel Moreto. - Florianópolis, SC, 2014.

205 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica.

Inclui referências

1. Engenharia Elétrica. 2. Proteção de Sistemas Elétricos de Potência. 3. Proteção Direcional. 4. Proteção Direcional com medição somente de corrente. 5. Relés Direcionais de Sobrecorrente. I. Gisèle Rolim, Jacqueline. II. Moreto, Miguel. III. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica. IV. Título.

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Primeiramente quero agradecer `a minha fam´ılia, Luiz Alberto (Pai), Maria Isabel (M˜ae) e Fabio (Irm˜ao), por todo o apoio e incentivo dedicados a mim por todos esses anos durante todas as etapas mais importantes da minha vida. Sem a aten¸c˜ao e dedica¸c˜ao de vocˆes n˜ao teria sido poss´ıvel a realiza¸c˜ao deste trabalho de mestrado assim como a minha gradua¸c˜ao em Engenharia El´etrica. Quero agradecer tamb´em a Nanci Yumi por todo o carinho, dedica¸c˜ao e companheirismo durante o per´ıodo de realiza¸c˜ao do mestrado.

Quero estender meus agradecimentos `a minha orientadora e pro-fessora Jacqueline Gis`ele Rolim por ter se disponibilizado a me orien-tar neste projeto de disserta¸c˜ao, assim como as in´umeras sugest˜oes e contribui¸c˜oes fornecidas. Ao Prof. Miguel Moreto, meu coorientador, por auxiliar na resolu¸c˜ao das in´umeras d´uvidas que surgiram durante este trabalho, tanto na parte de implementa¸c˜ao e simula¸c˜ao, quanto na parte de concep¸c˜ao do trabalho.

Aos professores avaliadores presentes na banca de defesa de dis-serta¸c˜ao, Prof. Ildemar Cassana Decker, Prof. Flavio Antonio Becon Lemos, Prof. Hans Helmut Z¨urn e `a Prof. Katia Campos de Almeida pelos elogios, cr´ıticas e sugest˜oes que contribu´ıram de forma relevante para a elabora¸c˜ao deste trabalho.

A todos os professores do Grupo de Sistemas de Potˆencia (GSP) da UFSC, com os quais aprendi e cujos ensinamentos levarei para a minha vida pessoal e profissional. A todos os colegas do Labspot pela convivˆencia e amizade e todos os momentos bons que passamos juntos, em especial ao pessoal que me ajudou diretamente no desenvolvimento do mestrado: Bruno, Humberto, Edson, Antonio, Jo˜ao, Kauana, Fran-ciele, Edwin e Gustavo; e tamb´em aos amigos do Labplan: Paulo Andr´e, Rodolfo, F´abio, Br´ıgida, Marco Antonio, Pablo, Carlos Arturo e Deysy. Meus sincera gratid˜ao, tamb´em, ao Leonardo, `a Patr´ıcia e `a An-nelise que contribu´ıram com a realiza¸c˜ao desta disserta¸c˜ao atrav´es dos trabalhos realizados anteriormente.

Finalmente, gostaria de agradecer ao CNPq pelo incentivo fi-nanceiro durante o desenvolvimento desta pesquisa, e ao professor Ilde-mar Decker pela participa¸c˜ao no projeto de P&D Microger (convˆenio UFSC/UFRGS/FEESC/CPFL/RGE), vinculado ao Labplan, que pos-sibilitou a continua¸c˜ao do desenvolvimento desta disserta¸c˜ao.

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SISTEMA DE PROTEC

¸ ˜

AO DIRECIONAL PARA

MICRORREDES COM SOMENTE MEDIC

¸ ˜

AO DE

CORRENTE

Leandro de Marchi Pintos

Florian´opolis 2014

Rel´es de sobrecorrente s˜ao amplamente utilizados na prote¸c˜ao de sis-temas el´etricos. Em sistemas de transmiss˜ao ´e comum o uso de rel´es direcionais em raz˜ao do fluxo de potˆencia nas linhas e transformadores ser poss´ıvel nos dois sentidos em situa¸c˜oes normais ou de falta. Em sis-temas de distribui¸c˜ao, por outro lado, os rel´es n˜ao direcionais s˜ao mais utilizados. Quando existem fontes de gera¸c˜ao distribu´ıda conectadas `

a rede de distribui¸c˜ao, o sentido das correntes de falta medidas pelos rel´es pode possuir sentido para frente (entre rel´e e o equipamento pro-tegido) ou sentido reverso (entre gera¸c˜ao e rel´e). Os rel´es direcionais de sobrecorrente tradicionais usam como referˆencia um fasor de tens˜ao para estimar o sentido da falta, isso requer medi¸c˜oes de corrente e de tens˜ao fazendo com que essa aplica¸c˜ao em redes de distribui¸c˜ao tenha custo mais elevado em rela¸c˜ao aos rel´es n˜ao direcionais. Este trabalho prop˜oe uma abordagem de identifica¸c˜ao direcional de faltas com so-mente medi¸c˜ao de corrente para coordena¸c˜ao de rel´es em sistemas com topologia malhada com a presen¸ca de gera¸c˜ao distribu´ıda. O sistema de prote¸c˜ao proposto permite a garantia de seletividade da prote¸c˜ao em sistemas de distribui¸c˜ao com fluxo em ambos sentidos das linhas com a aplica¸c˜ao de faltas trif´asicas e monof´asicas-terra. A metodologia de prote¸c˜ao direcional ´e desenvolvida sequencialmente para um sistema teste baseado em um sistema real. Posteriormente, o desempenho e a eficiˆencia da ferramenta de prote¸c˜ao direcional s˜ao avaliados atrav´es da aplica¸c˜ao a outro sistema de teste. Os resultados obtidos demonstram que a utiliza¸c˜ao do sistema de prote¸c˜ao direcional com somente medi¸c˜ao de corrente em redes de distribui¸c˜ao ´e vi´avel e promissora na quest˜ao da seletividade e coordena¸c˜ao de rel´es.

Palavras-chave: Prote¸c˜ao de Sistemas El´etricos de Potˆencia. Prote¸c˜ao Direcional. Prote¸c˜ao Direcional com medi¸c˜ao somente de corrente. Rel´es Direcionais de Sobrecorrente.

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DIRECTIONAL PROTECTION SYSTEM FOR

MICROGRIDS WITH ONLY CURRENT

MEASUREMENTS

Leandro de Marchi Pintos

Florian´opolis 2014

Overcurrent relays are widely used for power system protection. In transmission systems the use of directional relays is common due to the power flow in power lines and transformers be possible in both ways in normal or fault situations. In distributions systems, however, the non-directional relays are more used. When distributed genera-tion sources are connected to the distribugenera-tion network, the direcgenera-tion of the fault current measured by the relay can be forward (between the relay and the protected equipment) or in reverse direction (between generation and relay). Traditional overcurrent directional relays rely on a reference voltage phasor for estimating the direction of the fault, for that reason they require current and voltage measurements increa-sing the cost of their application with respect to non-directional relays. This work proposes an approach for identifying the direction of faults with only current measurements for relay coordination on systems with meshed topology in the presence of distributed generation. The pro-posed protection system offers the guarantee of protection selectivity in distribution systems with flow in both directions of the lines. The methodology of directional protection is developed sequentially for a test system based on a real system. Subsequently the performance and efficiency of the directional protection tool is evaluated through its ap-plication to other electrical system. Single phase and three phase faults have been simulated and the results demonstrate that the use of the directional protection system with only current measurement in distri-bution networks is feasible and a promising approach for selectivity and coordination of relays.

Keywords: Power systems protection. Directional Protection. Current-Only Directional Overcurrent Relay. Directional Overcurrent Relay

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ABNT Associa¸c˜ao Brasileira de Normas e T´ecnicas ANSI American National Standards Institute BT Baixa Tens˜ao

CA Corrente Alternada CC Corrente Cont´ınua

CERTS Consortium for Electric Reliability Technology Solutions CHP Combined Heat and Power

DFT Discrete Fourier Transform DMS Distribution Management System

FACTS Flexible Alternating Current Transmission Systems FED Fontes de Energia Distribu´ıda

FFT Fast Fourier Transform FS Fator de Sobrecorrente GD Gera¸c˜ao Distribu´ıda

IEC International Eletrotechnical Commission IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers INEE Instituto Nacional de Eficiˆencia El´etrica LC Load Controllers

LTC Load Tap Changer MC Microsource Controllers

MDCF M´aximo Desequil´ıbrio Percentual entre Fases MGCC MicroGrid Central Controller

MT M´edia Tens˜ao

PCC Point of Common Coupling PCH Pequena Central Hidroel´etrica PMU Unidade de Medi¸c˜ao Fasorial RED Recursos Energ´eticos Distribu´ıdos RMS Root Mean Square

RTC Rela¸c˜ao de Transforma¸c˜ao de Corrente SEP Sistemas El´etricos de Potˆencia

TC Transformador de Corrente

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1 Introduc~ao . . . 21

1.1 Contextualiza¸c˜ao . . . 21

1.2 Objetivos e Contribui¸c˜oes da Disserta¸c˜ao . . . 23

1.3 Estrutura da Disserta¸c˜ao . . . 24

2 Gerac~ao Distribuda e Microrredes . . . 27

2.1 Introdu¸c˜ao . . . 27

2.1.1 Benef´ıcios da utiliza¸c˜ao de GD . . . 28

2.1.1.1 Benef´ıcios Locais . . . 28

2.1.1.2 Benef´ıcios Globais . . . 28

2.1.2 Desvantagens da utiliza¸c˜ao de GD . . . 29

2.2 Quest˜oes t´ecnicas associadas `a utiliza¸c˜ao de GD . . . 29

2.2.1 Qualidade de energia el´etrica . . . 30

2.2.2 ´Indices de confiabilidade . . . 30

2.2.3 Regula¸c˜ao de Tens˜ao . . . 30

2.2.4 Correntes de Curto-circuito . . . 32

2.2.5 Estudo de redes de distribui¸c˜ao . . . 33

2.3 Tecnologias de Fontes GD . . . 34

2.4 Microrredes . . . 35

2.4.1 Hist´oria do conceito de Microrrede . . . 37

2.4.2 Topologia b´asica de uma Microrrede . . . 39

2.4.3 Modos de Opera¸c˜ao . . . 40

2.4.3.1 Modo interligado . . . 41

2.4.3.2 Modo isolado . . . 41

2.4.4 Considera¸c˜oes de Comunica¸c˜ao . . . 42

2.5 Conclus˜oes . . . 45

3 Sistemas de Distribuic~ao . . . 47

3.1 Introdu¸c˜ao . . . 47

3.2 Sistema El´etrico Radial . . . 47

3.3 Sistema El´etrico em Anel . . . 48

3.4 Prote¸c˜ao de Sistemas de Distribui¸c˜ao . . . 49

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4 Protec~ao Direcional de Microrredes . . . 57

4.1 Introdu¸c˜ao . . . 57

4.2 Prote¸c˜ao Direcional Convencional . . . 57

4.2.1 Princ´ıpio de funcionamento do Rel´e Direcional . . . 57

4.2.2 Polariza¸c˜ao de Rel´es Direcionais . . . 60

4.2.3 Rel´e Digital de Sobrecorrente Direcional . . . 61

4.2.4 Prote¸c˜ao com Rel´e de Sobrecorrente Direcional . . . 64

4.2.5 Rel´e Direcional de Sequˆencia Zero . . . 65

4.3 Pesquisas referentes `a coordena¸c˜ao de Rel´es Direcionais . . . 66

4.3.1 Fatores que influenciam o desempenho de Rel´es Direcionais 68 4.4 Metodologia de prote¸c˜ao direcional com somente medi¸c˜ao de corrente . . . 70

4.4.1 Princ´ıpio de Estima¸c˜ao Direcional . . . 71

4.4.2 Elemento direcional de neutro polarizado por corrente . . . 74

4.5 Conclus˜oes . . . 78

5 Estimac~ao Fasorial . . . 79

5.1 Introdu¸c˜ao . . . 79

5.2 Contexto da Estima¸c˜ao Fasorial . . . 79

5.3 Transformada Discreta de Fourier . . . 80

5.3.1 Abordagem n˜ao recursiva com janela de um ciclo . . . 82

5.3.2 Abordagem n˜ao recursiva com janela deslizante . . . 83

5.3.3 Abordagem recursiva com janela deslizante . . . 84

5.3.4 T´ecnica n˜ao recursiva de estima¸c˜ao direcional . . . 87

5.3.5 T´ecnica recursiva de estima¸c˜ao direcional . . . 88

5.4 M´etodo Proposto e L´ogica de Opera¸c˜ao . . . 89

5.5 Conclus˜oes . . . 92

6 Resultados e Simulac~oes . . . 93

6.1 Introdu¸c˜ao . . . 93

6.2 Descri¸c˜ao do programa computacional PSCAD/EMTDC . . . . 93

6.3 Resultados das T´ecnicas de Estima¸c˜ao Fasorial . . . 94

6.4 Simula¸c˜oes de faltas em PSCAD com Sistema Teste 1 . . . 99

6.4.1 Faltas Trif´asicas . . . 101

6.4.2 Faltas Monof´asicas-terra . . . 108

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6.5.2 Faltas 1φ-terra Sistema Teste 2 . . . 127

6.6 Conclus˜oes . . . 135

7 Conclus~oes . . . 137

7.1 Sugest˜oes para trabalhos futuros . . . 139

AP^ENDICE A -- Descric~ao dos ajustes do Sistema de Protec~ao . . . 143

AP^ENDICE B -- Analise das componentes simetricas. . . 151

AP^ENDICE C -- Blocos utilizados em PSCAD e Funci-onamento do Sistema . . . 161

AP^ENDICE D -- Dados dos Sistemas Teste . . . 185

AP^ENDICE E -- Analise dos Diagramas Fasoriais . . . 191

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1 INTRODUC ~AO

1.1 Contextualiza¸c˜ao

A inser¸c˜ao de Gera¸c˜ao Distribu´ıda (GD) nas redes de distri-bui¸c˜ao de energia traz algumas vantagens para o sistema el´etrico como redu¸c˜oes de perdas, suporte de tens˜ao, libera¸c˜ao da capacidade de transmiss˜ao e distribui¸c˜ao, melhoria na qualidade e na confiabilidade de fornecimento de energia do sistema. Por outro lado, a conex˜ao de GD implica em uma redistribui¸c˜ao do fluxo de potˆencia, mudan¸ca nos valores de carregamento dos alimentadores e aumento das correntes de falta podendo ocasionar, tamb´em, problemas de coordena¸c˜ao do sis-tema de prote¸c˜ao. Al´em disso, ilhamentos indesej´aveis podem ocorrer causando problemas de seguran¸ca e qualidade de energia [1]. Outro as-pecto importante dessa an´alise ´e o fato da redu¸c˜ao do n´ıvel de corrente de falta quando a rede opera no modo isolado [2], isso causa problemas de seletividade e coordena¸c˜ao dos rel´es de sobrecorrente.

De modo a proporcionar uma melhor integra¸c˜ao da GD `as re-des de distribui¸c˜ao, nota-se a necessidade de mudan¸ca de paradigma no projeto e opera¸c˜ao dessas redes. Torna-se necess´aria a utiliza¸c˜ao de tecnologias de comunica¸c˜ao e informa¸c˜ao de modo a proporcionar uma maior controlabilidade dos dispositivos conectados `a rede de dis-tribui¸c˜ao. Para oferecer essa flexibilidade de controle e de prote¸c˜ao dos equipamentos da rede, surge um conceito relativamente novo aplicado a sistemas de potˆencia, as Smart Grids.

Smart Grid ´e um termo utilizado para definir uma rede na qual os consumidores tˆem participa¸c˜ao ativa (tanto na gera¸c˜ao de energia quanto no gerenciamento de cargas) e que tamb´em oferece aos opera-dores das redes um conjunto de novas fun¸c˜oes de monitora¸c˜ao e con-trole [3]. Uma smart grid deve ser autorrecuper´avel (retomar o forne-cimento de energia de forma r´apida e sem a necessidade de atua¸c˜oes de controles ou agentes externos) bem como ser resistente a poss´ıveis defei-tos no sistema (realizar a previs˜ao de falhas iminentes e tomar medidas corretivas para evitar ou reduzir os problemas do sistema) [4]. Essas redes tamb´em devem encorajar e proporcionar condi¸c˜oes para que os agentes do sistema (empresas e consumidores) realizem transa¸c˜oes no mercado de energia de forma eficiente. Esses objetivos s˜ao alcan¸cados com a integra¸c˜ao da infraestrutura da rede el´etrica e de uma infraestru-tura de informa¸c˜ao e comunica¸c˜ao, provendo a “inteligˆencia” necess´aria para a implementa¸c˜ao desse novo conceito de redes de energia el´etrica.

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Com o objetivo de solucionar os problemas t´ecnicos anterior-mente citados da conex˜ao de GD em redes de distribui¸c˜ao, pesquisas realizadas recentemente [5] tˆem aplicado a ideia das Smart Grids `a redes de distribui¸c˜ao possibilitando o surgimento do conceito de Microrredes. Tal conceito vem sendo discutido como uma alternativa em potencial para solucionar os problemas causados pela utiliza¸c˜ao de gera¸c˜ao dis-tribu´ıda, proporcionando, assim, uma inclus˜ao de maior qualidade de GD em redes de distribui¸c˜ao. Uma defini¸c˜ao geral ´e que a microrrede ´e um subsistema da rede de energia el´etrica constitu´ıdo de cargas e microgera¸c˜oes em n´ıveis de m´edia e baixa tens˜ao. Esse subsistema ´e conectado `a rede da concession´aria por um ponto de acoplamento co-mum (PCC – Point of Common Coupling) respons´avel pelos seus dois modos de opera¸c˜ao: interligada (ou normal) e ilhada (ou isolada). A filosofia operacional de uma microrrede ´e que em condi¸c˜oes normais opere no modo conectado `a rede (opera¸c˜ao interligada), mas na pre-sen¸ca de um dist´urbio, situa¸c˜ao de emergˆencia ou em decorrˆencia de eventos programados, seja desconectada da concession´aria operando como um subsistema isolado (opera¸c˜ao ilhada) [6], [7] e [8].

A inclus˜ao de gera¸c˜ao distribu´ıda em redes de distribui¸c˜ao em opera¸c˜ao faz com que seja necess´aria a realiza¸c˜ao de uma an´alise deta-lhada a respeito dos efeitos causados nos sistemas de prote¸c˜ao. Como consequˆencia da altera¸c˜ao das caracter´ısticas da rede, como o aumento dos n´ıveis de curto-circuito e a altera¸c˜ao nos sentidos de fluxo de potˆencia, torna-se necess´ario o redimensionamento dos sistemas de pro-te¸c˜ao previamente instalados nessas redes. Em sistemas de prote¸c˜ao baseados em rel´es de sobrecorrente, a inclus˜ao de unidades GD pode afetar negativamente a coordena¸c˜ao desses dispositivos levando a in-terrup¸c˜oes indevidas de fornecimento de energia el´etrica em pontos da rede originalmente n˜ao afetados pelo defeito.

Uma das alternativas para solucionar o problema de coordena¸c˜ao dos rel´es de sobrecorrente nessas redes ´e a utiliza¸c˜ao do elemento de prote¸c˜ao direcional. Em sistemas de transmiss˜ao ´e comum o uso de rel´es de sobrecorrente do tipo direcional, enquanto que em sistemas de distribui¸c˜ao e sistemas de subtransmiss˜ao radial s˜ao utilizados tipos n˜ao direcionais. A dire¸c˜ao da falta pode ter sentido para frente (entre rel´e e rede), ou sentido reverso (entre rel´e e fonte de gera¸c˜ao). Os rel´es direcionais de sobrecorrente tradicionais usam como referˆencia um fasor de tens˜ao (“tens˜ao de polariza¸c˜ao”) [9] para estimar a dire¸c˜ao da falta, isso requer medi¸c˜oes de corrente e de tens˜ao fazendo com que rel´es direcionais sejam mais caros do que os n˜ao direcionais.

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proposta de rel´e direcional denominado como rel´e direcional de sobre-corrente com somente medi¸c˜ao de corrente (Current-Only Directional Overcurrent Relay). Esse tipo de rel´e utiliza como grandeza polariza-dora (grandeza de referˆencia) a medi¸c˜ao de corrente, visto que rel´es dire-cionais convendire-cionais empregam como unidade polarizadora a medi¸c˜ao de tens˜ao. Entre algumas vantagens dessa abordagem ´e poss´ıvel citar o fato da redu¸c˜ao de custos com a implementa¸c˜ao da prote¸c˜ao da rede com a necessidade de somente transformadores de corrente (TCs) para monitora¸c˜ao da condi¸c˜ao operacional do sistema. Outra novidade que se pode destacar ´e o fato da inser¸c˜ao de rel´es direcionais em n´ıveis de tens˜ao de distribui¸c˜ao (2,4 a 34,5 kV [10]), visto que sua utiliza¸c˜ao comumente ´e realizada em n´ıveis de tens˜ao de transmiss˜ao (69 a 765 kV [10]).

1.2 Objetivos e Contribui¸c˜oes da Disserta¸c˜ao

Os objetivos desta disserta¸c˜ao est˜ao listados a seguir:

• Analisar os problemas da aplica¸c˜ao de sistemas convencionais de prote¸c˜ao em microrredes e avaliar a viabilidade do uso da prote¸c˜ao direcional nessas redes;

• Realizar uma discuss˜ao a respeito das t´ecnicas de estima¸c˜ao fa-sorial com o objetivo de utilizar a mais adequada para o sistema de prote¸c˜ao direcional proposto;

• Propor uma metodologia de detec¸c˜ao direcional de faltas com somente medi¸c˜ao de corrente em sistemas de distribui¸c˜ao; • Realizar simula¸c˜oes no dom´ınio do tempo atrav´es da utiliza¸c˜ao

dos programas computacionais MATLAB e PSCAD/EMTDC, com o objetivo de validar a metodologia proposta de identifica¸c˜ao de direcionalidade de faltas trif´asicas e monof´asicas-terra.

Este trabalho apresenta algumas diferen¸cas em rela¸c˜ao ao tra-balho elaborado pela referˆencia [10] na quest˜ao do tipo de estima¸c˜ao fasorial e na proposta de metodologia para analisar a direcionalidade de faltas monof´asicas-terra. Aqui a estima¸c˜ao fasorial ´e realizada atrav´es da t´ecnica recursiva com janela deslizante, enquanto que no trabalho base ´e utilizado a t´ecnica n˜ao recursiva com janela de dados de um ciclo. Da mesma forma, a metodologia proposta neste trabalho realiza a es-tima¸c˜ao direcional de faltas 1φ-terra, fato que n˜ao era contemplado pelo

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trabalho anteriormente citado. No trabalho anterior tamb´em havia um sentido normal de fluxo e n˜ao era necess´ario combinar as informa¸c˜oes de estado dos rel´es nos dois terminais da linha.

O m´etodo de estima¸c˜ao direcional proposto aqui neste trabalho ´e uma boa solu¸c˜ao para a redu¸c˜ao de custos para implementa¸c˜ao de sistemas de prote¸c˜ao direcional em sistemas de distribui¸c˜ao. ´E interes-sante destacar que essa metodologia ganha espa¸co somente em raz˜ao do avan¸co da tecnologia dos rel´es digitais, onde o tratamento dos dados dos fasores do sistema ´e realizado digitalmente. No passado, para fornecer o elemento de torque na decis˜ao direcional, era necess´aria a intera¸c˜ao eletromagn´etica entre os fluxos gerados pela corrente de opera¸c˜ao e a tens˜ao de polariza¸c˜ao nos discos magn´eticos dos rel´es eletromecˆanicos.

1.3 Estrutura da Disserta¸c˜ao

Os pr´oximos sete cap´ıtulos desta disserta¸c˜ao est˜ao organizados conforme descrito abaixo.

O Cap´ıtulo 2 trata da realiza¸c˜ao de uma revis˜ao detalhada dos conceitos de gera¸c˜ao distribu´ıda e de microrredes. Entre os assuntos abordados inicialmente est˜ao a discuss˜ao acerca do conceito de GD, os benef´ıcios, as desvantagens e quest˜oes t´ecnicas relacionadas a sua uti-liza¸c˜ao. Os modelos existentes, os modos de opera¸c˜ao e considera¸c˜oes acerca da comunica¸c˜ao entre os equipamentos do sistema s˜ao quest˜oes abordadas na descri¸c˜ao do conceito de microrredes.

O Cap´ıtulo 3 apresenta as configura¸c˜oes t´ıpicas de sistemas de distribui¸c˜ao e exp˜oe alguns dos elementos utilizados na prote¸c˜ao de so-brecorrente convencional. S˜ao discutidas, tamb´em, as formas de ajuste dos elementos de prote¸c˜ao convencionais da mesma forma que ´e apre-sentada a teoria de componentes sim´etricas.

No Cap´ıtulo 4 ´e feita a apresenta¸c˜ao da t´ecnica convencional de prote¸c˜ao direcional e ´e discutido o princ´ıpio de funcionamento do rel´e direcional polarizado por tens˜ao. As formas de polariza¸c˜ao tradicionais dos rel´es direcionais s˜ao revisadas e as caracter´ısticas da proposta de prote¸c˜ao direcional com somente medi¸c˜ao de corrente s˜ao expostas.

O Cap´ıtulo 5 ´e dedicado ao estudo da concep¸c˜ao dos fasores de corrente que ser˜ao utilizados nos rel´es do sistema. Nos estudos de es-tima¸c˜ao fasorial, apresentam-se algumas das t´ecnicas mais comumente utilizadas e ´e descrita, com maior enfoque, a metodologia de estima¸c˜ao fasorial baseada na Transformada Discreta de Fourier. Comparam-se trˆes t´ecnicas de estima¸c˜ao fasorial e ao final do cap´ıtulo s˜ao discutidos

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os aspectos relevantes de cada abordagem.

O Cap´ıtulo 6 apresenta as simula¸c˜oes e os resultados obtidos para dois sistemas teste atrav´es da aplica¸c˜ao da metodologia de de-tec¸c˜ao direcional de faltas proposta neste trabalho. Primeiramente s˜ao apresentados os resultados obtidos com a aplica¸c˜ao de faltas trif´asicas. Em seguida s˜ao realizadas simula¸c˜oes de faltas monof´asicas e ´e eviden-ciada a necessidade de utiliza¸c˜ao de sinais direcionais adicionais para prote¸c˜ao do sistema. Os resultados obtidos com as simula¸c˜oes imple-mentadas em PSCAD/EMTDC e MATLAB s˜ao mostrados e ´e realizada a discuss˜ao acerca das quest˜oes de prote¸c˜ao.

O Cap´ıtulo 7 ´e dedicado `as conclus˜oes e `a revis˜ao das contri-bui¸c˜oes obtidas com a realiza¸c˜ao desta disserta¸c˜ao, bem como as su-gest˜oes para trabalhos futuros.

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(29)

2 GERAC ~AO DISTRIBUIDA E MICRORREDES

2.1 Introdu¸c˜ao

Os sistemas de gera¸c˜ao de energia convencionais est˜ao enfren-tando problemas como a escassez gradual das fontes de combust´ıvel f´osseis, baixa eficiˆencia energ´etica e restri¸c˜oes ambientais. Esses pro-blemas trouxeram uma nova tendˆencia de gera¸c˜ao local de energia em n´ıveis de tens˜ao de distribui¸c˜ao atrav´es da utiliza¸c˜ao de fontes de ener-gia renov´aveis n˜ao-convencionais como e´olica, biog´as, energia solar, fo-tovoltaica, c´elulas combust´ıveis, microturbinas, entre outras fontes [12]. Apesar de tradicionalmente os Sistemas El´etricos de Potˆencia (SEP) terem se desenvolvido baseados em uma estrutura de gera¸c˜ao predominantemente hierarquizada e centralizada, quest˜oes t´ecnicas, am-bientais, sociais e econˆomicas levaram ao interesse pela integra¸c˜ao de unidades de gera¸c˜ao de energia el´etrica utilizando fontes de baixa capa-cidade conectadas a n´ıveis de tens˜ao menores [13]. Essa gera¸c˜ao local ´

e denominada de Gera¸c˜ao Distribu´ıda (GD) e as fontes de energia s˜ao denominadas fontes de energia distribu´ıda (FED) [8]. O termo Gera¸c˜ao Distribu´ıda foi concebido para viabilizar a distin¸c˜ao desse conceito de gera¸c˜ao do tradicional conceito de gera¸c˜ao centralizada. Vale salien-tar que as redes de distribui¸c˜ao sem a presen¸ca de gera¸c˜ao distribu´ıda s˜ao denominadas passivas em virtude da gera¸c˜ao possuir sentido ´unico de fluxo de potˆencia: da concession´aria para os consumidores conecta-dos `a rede. A rede de distribui¸c˜ao se torna ativa quando unidades de gera¸c˜ao distribu´ıda s˜ao adicionadas `a rede principal fazendo com que possa existir fluxo de potˆencia bidirecional na rede.

A introdu¸c˜ao de fontes de gera¸c˜ao no lado da distribui¸c˜ao pode impactar significativamente o fluxo de potˆencia e a qualidade de tens˜ao dos locais pr´oximos `a consumidores e equipamentos da concession´aria [14]. Esses impactos podem se manifestar tanto positivamente quanto negativamente dependendo das caracter´ısticas de opera¸c˜ao do sistema de distribui¸c˜ao. Entre os principais impactos positivos, incluem-se o suporte local de tens˜ao e melhoria na qualidade de energia, redu¸c˜ao de perdas, al´ıvio dos alimentadores da distribui¸c˜ao e do sistema de trans-miss˜ao, assim como o aumento da confiabilidade do sistema de distri-bui¸c˜ao da concession´aria. Os impactos relacionados aos sistemas de prote¸c˜ao e a ocorrˆencia de poss´ıveis ilhamentos indesejados podem ser mencionados como alguns dos pontos negativos relacionados `a conex˜ao de GD nos sistemas de distribui¸c˜ao [15]. Alguns aspectos relacionados

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`

a quest˜ao da inser¸c˜ao de GD no sistema el´etrico s˜ao discutidos a seguir.

2.1.1 Benef´ıcios da utiliza¸c˜ao de GD

De acordo com o Instituto Nacional de Eficiˆencia El´etrica (INEE), os benef´ıcios da utiliza¸c˜ao de GD podem ser divididos em benef´ıcios locais, decorrentes da usual proximidade do local de consumo, e be-nef´ıcios econˆomicos e ambientais, os quais possuem uma esfera maior de abrangˆencia. Tais benef´ıcios s˜ao listados a seguir [16].

2.1.1.1 Benef´ıcios Locais

• Atendimento mais r´apido ao crescimento da demanda em raz˜ao do tempo de implementa¸c˜ao de uma unidade GD ser inferior ao de implementa¸c˜ao de novos investimentos em gera¸c˜ao centralizada e refor¸cos das respectivas redes de transmiss˜ao e distribui¸c˜ao; • Aumento da confiabilidade do suprimento de energia el´etrica aos

consumidores conectados pr´oximos `a gera¸c˜ao local em raz˜ao da GD n˜ao estar sujeita a falhas na transmiss˜ao e distribui¸c˜ao; • Melhoria da estabilidade do sistema el´etrico pela existˆencia de

reservas de gera¸c˜ao distribu´ıdas;

• Redu¸c˜ao dos riscos de planejamento, das perdas de transmiss˜ao e dos respectivos custos com investimentos para refor¸car o sistema de transmiss˜ao;

• Para os produtores independentes h´a ainda o aumento da eficiˆencia energ´etica, a redu¸c˜ao dos custos de produ¸c˜ao e a inser¸c˜ao dos ex-cedentes gerados no mercado de energia a pre¸co competitivo.

2.1.1.2 Benef´ıcios Globais

• Redu¸c˜ao dos impactos ambientais de gera¸c˜ao atrav´es do uso de combust´ıveis menos poluentes, melhor utiliza¸c˜ao dos combust´ıveis tradicionais e, em plantas de cogera¸c˜ao, aumento da eficiˆencia energ´etica do processo de gera¸c˜ao;

• Maior eficiˆencia energ´etica obtida pela utiliza¸c˜ao de gera¸c˜ao dis-tribu´ıda e centralizada;

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• Maiores oportunidades de comercializa¸c˜ao e de a¸c˜ao da concor-rˆencia em mercados de energia el´etrica, visto que mais agentes est˜ao envolvidos no processo.

2.1.2 Desvantagens da utiliza¸c˜ao de GD

Apesar da existˆencia de diversos benef´ıcios com a utiliza¸c˜ao de gera¸c˜ao distribu´ıda, algumas desvantagens de sua aplica¸c˜ao tamb´em devem ser citadas.

• Maior complexidade no planejamento e na opera¸c˜ao do sistema el´etrico, inclusive na garantia da energia fornecida por GDs de reserva [16];

• A diminui¸c˜ao do fator de utiliza¸c˜ao das instala¸c˜oes das conces-sion´arias de distribui¸c˜ao pode causar um aumento do pre¸co m´edio de fornecimento aos consumidores que n˜ao s˜ao abastecidos pela gera¸c˜ao distribu´ıda;

• Para o produtor independente, a interliga¸c˜ao `a rede acarreta em uma redu¸c˜ao da autonomia em virtude de n˜ao poder mais agir visando apenas a maximiza¸c˜ao do seu pr´oprio benef´ıcio. Isso ocorre pois existem casos em que o benef´ıcio global dos usu´arios pode ser prejudicado pelos interesses individuais dos produtores. Existe ainda a dificuldade da ausˆencia de padr˜oes e diretrizes como guia para quest˜oes de opera¸c˜ao, seguran¸ca e prote¸c˜ao das fontes GD. A inexistˆencia de dados de qualidade de energia, assim como a escassez de normas e protocolos para integra¸c˜ao de microfontes e sua participa¸c˜ao em mercados desregulados de energia [8], s˜ao quest˜oes que ainda demandam maiores esfor¸cos para serem resolvidas no ˆambito da inser¸c˜ao de GD nos sistemas el´etricos.

2.2 Quest˜oes t´ecnicas associadas `a utiliza¸c˜ao de GD

Nesta se¸c˜ao s˜ao apresentadas algumas quest˜oes t´ecnicas relevan-tes quanto `a utiliza¸c˜ao de GD em grande escala, como a manuten¸c˜ao da qualidade de energia el´etrica fornecida, ´ındices de confiabilidade, regula¸c˜ao de tens˜ao da rede, correntes de curto-circuito, impactos nos sistemas de prote¸c˜ao e mudan¸cas relativas `a metodologia de an´alise das redes de distribui¸c˜ao.

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2.2.1 Qualidade de energia el´etrica

Um ponto positivo da utiliza¸c˜ao de unidades de GD para a continuidade do suprimento de energia el´etrica aos consumidores ´e a possibilidade de, desde que autorizada pela concession´aria, a unidade de gera¸c˜ao distribu´ıda continuar fornecendo energia para um determi-nado grupo de consumidores, mediante a forma¸c˜ao de pequenas ilhas el´etricas, mesmo ap´os algum defeito na rede [3]. Por outro lado, em virtude das caracter´ısticas de grande parte das fontes de GD (por exem-plo, a falta de controle sobre as fontes prim´arias nos casos de unidades e´olicas ou fotovoltaicas), podem surgir altera¸c˜oes nas formas de onda de tens˜ao. Nesse contexto, os problemas mais comumente detectados s˜ao: Varia¸c˜oes de tens˜ao (flickers e flutua¸c˜oes de tens˜ao) associadas `

as partidas de GD, afundamentos de tens˜ao e harmˆonicos de tens˜ao e corrente [14].

2.2.2 ´Indices de confiabilidade

A inser¸c˜ao de GD em redes de distribui¸c˜ao operadas no modo passivo pode causar, tamb´em, um impacto negativo nos ´ındices de con-fiabilidade do sistema. Tal impacto est´a relacionado `as quest˜oes relaci-onadas a atua¸c˜oes indevidas dos dispositivos de prote¸c˜ao [17].

Para melhorar os ´ındices de confiabilidade do sistema ´e necess´ario que o n´umero e a dura¸c˜ao das interrup¸c˜oes de fornecimento de energia aos consumidores seja reduzido. Nesse caso em espec´ıfico, o uso de unidades de GD em grande escala, conectadas aos alimentadores do sistema de distribui¸c˜ao, pode reduzir a quantidade e o intervalo de tempo das interrup¸c˜oes, mantendo a continuidade do suprimento de energia mesmo ap´os a ocorrˆencia de defeitos na rede.

2.2.3 Regula¸c˜ao de Tens˜ao

Os n´ıveis de tens˜ao em um sistema devem ser mantidos pr´oximos `

a tens˜ao nominal para garantir a qualidade de energia entregue ao con-sumidor. Entretanto, flutua¸c˜oes de tens˜ao ocorrem e podem compro-meter o bom funcionamento do sistema [15]. Essas flutua¸c˜oes s˜ao ge-ralmente de maior intensidade nos finais de linha e s˜ao mais acentuadas caso haja uma concentra¸c˜ao maior de carga na extremidade [18].

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apropria-dos e, tamb´em, a realiza¸c˜ao de uma opera¸c˜ao coordenada atrav´es do despacho da GD gerando mais quanto maior for o aumento da carga (localmente), faz com que exista um suporte para diminui¸c˜ao das flu-tua¸c˜oes de tens˜ao. Entretanto, existem casos em que esta coordena¸c˜ao n˜ao ´e poss´ıvel (ou n˜ao desej´avel), como por exemplo quando a gera¸c˜ao varia de acordo com o pre¸co da energia no mercado [18]. Nesses casos, podem ocorrer momentos em que a presen¸ca de GD afete negativa-mente o perfil de tens˜ao da rede quando ´e realizada uma compara¸c˜ao com o sistema operando com a ausˆencia de gera¸c˜ao distribu´ıda. Como exemplo ´e poss´ıvel citar um per´ıodo de carga leve com alta produ¸c˜ao de GD [18]. Quando a rede opera com um baixo n´ıvel de carregamento e as unidades de GD est˜ao operando perto de sua capacidade nominal (como ocorre em parques e´olicos com grande oferta de vento durante a noite [19]), os limites permitidos para a inje¸c˜ao de potˆencia pelas uni-dades de GD na rede de distribui¸c˜ao s˜ao bastante restritos e o excesso de gera¸c˜ao ´e exportado para o sistema de transmiss˜ao [3]. Entretanto, se esses limites de inje¸c˜ao de potˆencia n˜ao forem respeitados haver´a uma eleva¸c˜ao das tens˜oes na rede.

A principal causa da eleva¸c˜ao de tens˜ao provocada pela inje¸c˜ao de potˆencia pelas unidades de GD ´e a baixa rela¸c˜ao X/R em redes de distribui¸c˜ao. A magnitude das tens˜oes nas barras ´e altamente de-pendente das inje¸c˜oes de potˆencia ativa na rede. Dessa forma, para valores elevados de inje¸c˜ao de potˆencia ativa pelas unidades de GD, as tens˜oes nas barras do sistema passam a ser bastante elevadas o que pode acarretar s´erios problemas para a opera¸c˜ao [20].

Adicionalmente, as pr´aticas de regula¸c˜ao de tens˜ao em sistemas radiais consideram o fluxo de potˆencia unidirecional partindo da su-besta¸c˜ao para a carga. A poss´ıvel mudan¸ca no sentido do fluxo nas linhas pode fazer com que a inser¸c˜ao de GD, a jusante de um sis-tema de compensa¸c˜ao pr´e-existente na rede, cause efeito contr´ario ao desej´avel quando a produ¸c˜ao da GD pode levar a uma determina¸c˜ao incorreta da tens˜ao no final da linha e, consequentemente, uma com-pensa¸c˜ao errˆonea [14]. Esse problema ocorre pois a GD reduz a carga observada e confunde o controle do regulador de tens˜ao na defini¸c˜ao da compensa¸c˜ao, isso faz com que um n´ıvel mais baixo de tens˜ao seja ajustado quando comparado ao necess´ario para manter n´ıveis de servi¸co adequados no final do alimentador.

O mesmo impacto ´e observado quando da inser¸c˜ao de unidades de GD em redes de distribui¸c˜ao com a opera¸c˜ao indevida de transfor-madores equipados com ajuste autom´atico de tap, os Load Tap Changer (LTC) [14]. Caso a unidade GD seja instalada a jusante de um LTC que

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est´a usando uma consider´avel compensa¸c˜ao, o controle da regula¸c˜ao es-tar´a incapaz de medir corretamente a demanda do alimentador pois, com a GD, a tens˜ao no alimentador permanece abaixo do n´ıvel quando o sistema opera sem a presen¸ca de gera¸c˜ao distribu´ıda. Isso ocorre em virtude de que, como citado anteriormente, o perfil de tens˜ao do ali-mentador ´e reduzido em virtude da GD reduzir a carga observada pelo controle do compensador do LTC fazendo com que a regula¸c˜ao ocorra de maneira errˆonea. Tamb´em h´a o problema de redes com mais de um compensador instalado. Nesses casos pode ocorrer uma “competi¸c˜ao” entre os LTCs e as unidades de GD causando oscila¸c˜oes de tens˜ao e desgaste prematuro dos contatos dos LTCs.

2.2.4 Correntes de Curto-circuito

Em redes radiais de distribui¸c˜ao de baixa (BT) e m´edia tens˜ao (MT), as correntes de curto-circuito tendem a ser limitadas pelas im-pedˆancias dos transformadores e outros elementos a montante. Dessa forma, as redes de distribui¸c˜ao costumam ser dimensionadas para ope-rar pr´oximo a seus limites de forma que, mesmo que seja pequena a contribui¸c˜ao das GDs `as correntes de curto-circuito, o n´ıvel de corrente atingido durante a falta pode ser suficiente para ultrapassar os limites de projeto da rede [21].

Para o uso de unidades de GD baseadas em m´aquinas s´ıncronas conectadas diretamente `a rede, as estrat´egias de prote¸c˜ao referentes `as correntes de curto-circuito utilizadas em redes convencionais continuam v´alidas [21]. Entretanto, a contribui¸c˜ao `as correntes de falta de uni-dades de GD conectadas `a rede por meio de dispositivos de eletrˆonica de potˆencia ´e mais complexa de ser analisada, uma vez que seu com-portamento durante transit´orios da rede depende intrinsecamente das estruturas de controle desses dispositivos.

Para alguns geradores interfaceados por inversores, a contribui¸c˜ao para a falta pode durar menos de um ciclo, mas em outros casos pode durar um tempo maior. Para geradores s´ıncronos, a contribui¸c˜ao de corrente depende da tens˜ao pr´e-falta, das reatˆancias transit´orias e sub-transit´orias da m´aquina e tamb´em das caracter´ısticas do sistema de excita¸c˜ao [14]. Geradores de indu¸c˜ao tamb´em podem contribuir para os n´ıveis de falta desde que permane¸cam excitados por qualquer tens˜ao residual do alimentador e, para a maioria dos geradores de indu¸c˜ao, as correntes de falta significativas duram poucos ciclos (2 a 5 ciclos). Ape-sar de poucos ciclos significar um curto per´ıodo de tempo, este intervalo adicional j´a ´e suficiente para impactar negativamente a coordena¸c˜ao dos

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elementos de prote¸c˜ao do sistema.

Outro ponto a ser destacado ´e o fato de que a contribui¸c˜ao de uma ´unica unidade GD n˜ao aumenta significativamente as correntes de curto-circuito do sistema no qual est´a inserida. No entanto, caso existam muitas unidades GD de pequeno porte, ou poucas de grande porte, os n´ıveis de curto-circuito podem ser alterados o suficiente para causar descoordena¸c˜ao com os equipamentos de prote¸c˜ao, como rel´es e fus´ıveis [14], levando a interrup¸c˜oes indevidas de fornecimento de energia em pontos da rede originalmente n˜ao afetados pelo defeito [13]. A conex˜ao de geradores no sistema de distribui¸c˜ao causa al-tera¸c˜oes no fluxo de potˆencia que podem influenciar a capacidade de interrup¸c˜ao dos equipamentos de disjun¸c˜ao, a filosofia de prote¸c˜ao, as-sim como o ajuste e coordena¸c˜ao da prote¸c˜ao da rede el´etrica. Um aumento da corrente de curto-circuito na rede faz com que novos ajus-tes nos equipamentos sejam necess´arios e, em alguns casos, a presen¸ca de novos dispositivos de prote¸c˜ao seja indispens´avel, como ´e o caso da inser¸c˜ao de rel´es direcionais.

Em virtude das fontes de GD serem tipicamente conectadas `a rede atrav´es de dispositivos interfaceados por eletrˆonica de potˆencia, qualquer dist´urbio no sistema pode afetar a opera¸c˜ao dessa interface e as suas respectivas prote¸c˜oes internas podem atuar em um instante de tempo muito inferior ao tempo de abertura dos disjuntores con-vencionais. Esse fato ´e um problema pois a coordena¸c˜ao do sistema de prote¸c˜ao fica comprometida, assim como ocorre a perda da seletividade e das zonas de prote¸c˜ao de equipamentos como rel´es de sobrecorrente. Pesquisas realizadas na ´area de eletrˆonica de potˆencia [22] apon-tam para uma poss´ıvel solu¸c˜ao para essas dificuldades. Com a utiliza¸c˜ao de dispositivos de prote¸c˜ao de estado s´olido, a r´apida velocidade de in-terrup¸c˜ao desses equipamentos pode substituir os disjuntores conven-cionais garantindo coordena¸c˜ao e seletividade para os equipamentos de prote¸c˜ao. Do mesmo modo, esses equipamentos fornecem uma alter-nativa para resolver o problema de queda de tens˜ao em sistemas de distribui¸c˜ao em baixa tens˜ao durante perturba¸c˜oes. Por outro lado, com os comandos de trip realizados mais rapidamente, a coordena¸c˜ao do sistema deve ser refeita considerando os novos tempos de atua¸c˜ao. 2.2.5 Estudo de redes de distribui¸c˜ao

Um fato que merece mais destaque nas pesquisas relacionadas `

as redes de distribui¸c˜ao diz respeito `as mudan¸cas necess´arias nas me-todologias de an´alise dessas redes [3]. Os programas computacionais

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existentes utilizados para o c´alculo do fluxo de potˆencia, an´alise de curto-circuito, an´alise de estabilidade transit´oria, etc., tamb´em devem ser revistos. Alguns fatores que contribuem para essa necessidade de revis˜ao das ferramentas computacionais utilizadas para an´alise de sis-temas de distribui¸c˜ao s˜ao:

• Fluxos de potˆencia bidirecionais;

• Baixa rela¸c˜ao X/R tornando inv´alidas algumas hip´oteses simpli-ficadoras utilizadas na an´alise de sistemas de transmiss˜ao; • An´alise de redes trif´asicas equilibradas balanceadas ou n˜ao, ou at´e

mesmo setores da rede de distribui¸c˜ao que operam com apenas uma ou duas fases;

• Para estudos de estabilidade transit´oria, os elevados valores de resistˆencia das linhas ocasionam uma s´erie de implica¸c˜oes pr´aticas que necessitam de estudos mais aprofundados [23].

2.3 Tecnologias de Fontes GD

Nesta se¸c˜ao s˜ao apresentadas algumas das principais tecnologias existentes de fontes geradoras utilizadas em GD. Maiores detalhes po-dem ser encontrados em [8]. As principais fontes GD est˜ao listadas abaixo [24]:

• Turbinas E´olicas: A utiliza¸c˜ao do vento para gera¸c˜ao de energia el´etrica se tornou muito popular devido `a diminui¸c˜ao dos custos e `

a melhoria na confiabilidade e no desempenho dos equipamentos. Outra vantagem ´e o fato de ser uma fonte de energia renov´avel capaz de substituir o uso de combust´ıveis f´osseis para a gera¸c˜ao de energia el´etrica. A faixa de potˆencia nominal dos geradores e´olicos est´a entre o intervalo de 100 kW – 2 MW;

• C´elulas fotovoltaicas: Alternativa energ´etica bastante promissora visto a sua mat´eria-prima, o sol, ser inesgot´avel. Apesar de atu-almente serem de capacidade inferior (potˆencias entre 5 e 100W) aos sistemas de gera¸c˜ao e´olica, esse tipo de gera¸c˜ao ´e passivo (n˜ao necessita de outros dispositivos mecˆanicos ou el´etricos para gerar energia) e oferece maior flexibilidade de opera¸c˜ao. Sua conex˜ao com a rede el´etrica depende obrigatoriamente do uso de conver-sores baseados em eletrˆonica de potˆencia;

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• Gera¸c˜ao hidroel´etrica de pequeno porte: Gera¸c˜ao de energia re-nov´avel j´a presente em muitos locais onde existe a possibilidade de aproveitamento hidroel´etrico. Uma das principais vantagens da utiliza¸c˜ao de Pequenas Centrais Hidroel´etricas (PCHs) ´e da gera¸c˜ao distribu´ıda e descentralizada, fornecendo maior confiabi-lidade para o sistema el´etrico da regi˜ao onde est´a conectada. As centrais hidroel´etricas de pequeno porte podem ser microgera¸c˜oes de capacidade instalada menor ou igual a 100 kW, minigera¸c˜oes com centrais geradoras de 101 kW at´e 1 MW de capacidade insta-lada e pequenas gera¸c˜oes com potˆencia instalada entre 1,1 e 30,0 MW [25];

• Microturbinas: S˜ao utilizadas como unidades geradoras em siste-mas de GD e, tamb´em, como produtores de energia em sistemas de cogera¸c˜ao Combined Heat and Power (CHP). De constru¸c˜ao simples e com capacidade de gera¸c˜ao que vai at´e algumas uni-dades de MW (faixa de potˆencia de 25 kW – 1 MW), esse tipo de gera¸c˜ao utiliza diversos tipos de combust´ıvel para gera¸c˜ao de energia el´etrica, tais como: g´as natural, GLP/Propano, diesel, biog´as, etc;

• C´elulas a combust´ıveis: Possuem a vantagem de ser altamente eficientes e pouco poluentes, por´em, o custo ainda ´e bastante alto. S˜ao geralmente utilizadas em sistemas combinados (CHP) e geralmente possuem faixa de potˆencia entre 100 kW e 2 MW; • Turbina a g´as: As novas tecnologias de turbinas a g´as est˜ao

tor-nando esses equipamentos economicamente vi´aveis quando com-parados aos custos de amplia¸c˜ao ou recondicionamento de redes de distribui¸c˜ao e transmiss˜ao. Entre as vantagens da utiliza¸c˜ao de turbinas a g´as para a gera¸c˜ao de energia el´etrica como GD, pode-se citar a produ¸c˜ao de elevada potˆencia ´util com rela¸c˜ao ao tamanho e peso e a possibilidade de ser trazida a plena carga em um tempo bastante reduzido, medido em minutos, enquanto uni-dades t´ermicas a vapor podem levar horas. As caracter´ısticas da turbina a g´as a tornam adequada para prover capacidade de supri-mento no pico ou em situa¸c˜oes de alta demanda ou de emergˆencia.

2.4 Microrredes

Conforme mencionado no Cap´ıtulo 1, as redes de distribui¸c˜ao est˜ao passando por um processo de altera¸c˜ao da filosofia de projeto e

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opera¸c˜ao, evoluindo da vis˜ao de rede passiva adotada tradicionalmente para um conceito de rede ativa [8]. Nessas situa¸c˜oes, as redes de dis-tribui¸c˜ao deixam de apresentar fluxos de potˆencia unidirecionais para apresentar fluxos bidirecionais advindos da participa¸c˜ao coordenada de unidades GD nessas redes.

O conceito de Microrredes vem sendo discutido desde o in´ıcio do ano 2000 como uma poss´ıvel alternativa para solucionar os problemas causados pela utiliza¸c˜ao em grande escala de Gera¸c˜ao Distribu´ıda, dessa forma proporcionando uma maior inclus˜ao dessas unidades de gera¸c˜ao nas redes de distribui¸c˜ao [6]. De acordo com o IEEE [26], as Microrredes s˜ao sistemas de potˆencia que possuem as seguintes caracter´ısticas:

• Possuem gera¸c˜ao distribu´ıda e cargas;

• Existe a habilidade de se desconectar do sistema principal e operar em paralelo;

• Incluem o sistema de potˆencia local e podem incluir por¸c˜oes de ´

areas do sistema de principal; • S˜ao intencionais e planejadas.

Al´em da gera¸c˜ao distribu´ıda, outro componente de grande im-portˆancia no funcionamento de uma microrrede ´e o dispositivo de ar-mazenamento de energia. Esses dispositivos atuam como uma reserva acionada para equilibrar a gera¸c˜ao e carga auxiliando no controle da qualidade de energia da Microrrede permitindo que as unidades de GD forne¸cam energia constante e est´avel mesmo com flutua¸c˜oes de carga. Tamb´em existe o aux´ılio quando ocorrem varia¸c˜oes de energia prim´aria, como nas fontes de gera¸c˜ao dependentes de vento ou sol, fornecendo suporte de gera¸c˜ao. Na ocorrˆencia de dist´urbios, esses dispositivos ga-rantem o fornecimento de energia at´e que os geradores reserva estejam prontos para assumir a carga [27].

Alguns dos mais populares dispositivos de armazenamento de energia, para entrega instantˆanea quando for necess´ario, s˜ao os volantes de in´ercia (flywheels), baterias e os supercapacitores [13]. Os flywheels est˜ao sendo considerados uma boa alternativa para suportar cargas cr´ıticas durante interrup¸c˜oes de fornecimento no sistema el´etrico em virtude de apresentarem uma resposta mais r´apida que os dispositivos de armazenamento eletroqu´ımicos [27].

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2.4.1 Hist´oria do conceito de Microrrede

O conceito de Microrrede come¸cou a ser desenvolvido original-mente nos Estados Unidos no ano de 2002 pelo Departamento de Ener-gia atrav´es do projeto intitulado CERTS (Consortium for Electric Re-liability Technology Solutions) [6, 28]. A grande meta do CERTS re-presenta a integra¸c˜ao de grande n´umero de Recursos Energ´eticos Dis-tribu´ıdos (RED), e n˜ao somente a instala¸c˜ao de GD nas redes de dis-tribui¸c˜ao. Assim sendo, procura-se superar a pol´ıtica de integra¸c˜ao de unidades de gera¸c˜ao distribu´ıda fundamentadas no conceito fit and for-get (instala¸c˜oes de unidades GD sem maiores cuidados com poss´ıveis problemas causados pelas GD), o qual ´e v´alido apenas quando ´e con-siderada a integra¸c˜ao de pequenas quantidades de gera¸c˜ao distribu´ıda. Dessa forma, torna-se poss´ıvel a aplica¸c˜ao do conceito de microrredes com um grande n´umero de RED e de forma coordenada [6, 28].

A n´ıvel de Uni˜ao Europeia, o projeto “MICROGRIDS – Large scale integration of microgeneration to low voltage grids” financiado pelo Fifth Framework Programme (1998-2002), marcou a primeira ten-tativa de um desenvolvimento aprofundado nesta ´area [13]. Da mesma maneira que o projeto CERTS, esse projeto se baseia fundamentalmente em uma rede de baixa tens˜ao incluindo unidades de microgera¸c˜ao, dis-positivos de armazenamento de energia e sistema de controle para as fontes e para as cargas [29].

´

E importante salientar que os dispositivos de armazenamento de energia s˜ao de extrema importˆancia para o funcionamento das micror-redes, uma vez que essas redes possuem in´ercias muito baixas ou at´e mesmo nulas. Nessas situa¸c˜oes de in´ercia reduzida, os dispositivos de armazenamento de energia atuam como uma “in´ercia virtual”, sendo que esse fato ´e vital principalmente para o comportamento dinˆamico do sistema [8]. O projeto MICROGRIDS considera uma estrutura de controle hier´arquica que possibilita a otimiza¸c˜ao da opera¸c˜ao da mi-crorrede a partir da a¸c˜ao de um controlador central, fornecendo, dessa forma, uma integra¸c˜ao entre as unidades de GD da microrrede e o sis-tema de distribui¸c˜ao a montante [15]. O controle da microrrede ´e exe-cutado de forma hier´arquica com o prop´osito de otimizar a opera¸c˜ao do sistema em geral. Para isso s˜ao utilizados controladores locais de microgera¸c˜ao (Microsource Controllers – MC) e carga (Load Control-lers – LC), um controlador central da microrrede (MicroGrid Central Controller – MGCC) e um gerenciador do sistema de distribui¸c˜ao (Dis-tribution Management System – DMS).

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impor-tante da estrutura base da microrrede e encontram-se organizados em n´ıveis hier´arquicos [29]:

• Controladores de fontes e de cargas (MC e LC) controlam as mi-crofontes e as cargas control´aveis (agrupadas ou individualmente) existentes na microrrede. S˜ao ainda respons´aveis por fazer a in-terliga¸c˜ao com o n´ıvel hier´arquico superior, quando necess´ario; • As fun¸c˜oes do controlador principal da microrrede (MGCC) v˜ao

desde a monitora¸c˜ao dos fluxos de potˆencia at´e `a gest˜ao t´ecnica e econˆomica, incluindo a otimiza¸c˜ao do funcionamento da micror-rede. O controle ´e exercido atrav´es do envio de sinais para os MC e LC. Quando necess´ario, fazem tamb´em a interliga¸c˜ao com o DMS;

• O sistema de gest˜ao da distribui¸c˜ao (DMS) ´e encontrado em um n´ıvel superior na hierarquia, estando interligado com mais do que um MGCC. Algumas novas fun¸c˜oes necessitam ser integradas no DMS para que haja correta atua¸c˜ao em rela¸c˜ao `as particulari-dades das microrredes, assim como o intercˆambio de informa¸c˜ao com os MGCC e a possibilidade de as microrredes operarem au-tonomamente.

Ambos os tipos de microrredes referidos anteriormente s˜ao basea-dos em redes de baixa tens˜ao (BT) e incluem unidades de microgera¸c˜ao, dispositivos de armazenamento de energia e sistemas de controle desti-nados `a produ¸c˜ao e `as cargas control´aveis [29]. Apesar das semelhan¸cas, existem algumas diferen¸cas relevantes. Por exemplo, enquanto a Mi-crorrede CERTS admite valores de at´e 500 kW [6] para as capacidades individuais m´aximas das microfontes que a integram a Microrrede do projeto MICROGRIDS considera, em geral, valores menores (at´e 30 kW [30]). Adicionalmente, o conceito de Microrrede CERTS permite que novas microfontes sejam instaladas no sistema sem haver a necessi-dade de reconfigura¸c˜ao dos equipamentos pr´e-existentes, sejam eles de produ¸c˜ao ou de supervis˜ao e controle (conceito de Plug and Play) [6]. Pelo contr´ario, a Microrrede do projeto MICROGRIDS necessita, para um controle eficaz de muitas das suas microfontes, que o MGCC seja informado (atualizado) sobre as caracter´ısticas das novas unidades de modo a manter o funcionamento adequado da Microrrede [13].

Outra caracter´ıstica fundamental de uma microrrede ´e a uti-liza¸c˜ao da carga como um recurso de controle de acordo com as ne-cessidades do sistema [6]. Isso significa que, al´em da possibilidade de controle das microgera¸c˜oes, as cargas tamb´em podem ser gerenciadas

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de tal forma que os agentes que comp˜oem a microrrede e o operador do sistema de distribui¸c˜ao tenham benef´ıcios. ´E importante destacar, no entanto, que nem todas as cargas conectadas `a microrrede precisam ser gerenci´aveis. O conceito de Gerenciamento da Demanda ´e, ent˜ao, de fundamental importˆancia para a opera¸c˜ao desse tipo de sistema [3]. Existem ainda trabalhos recentes que elevam um pouco mais os n´ıveis de capacidade das fontes utilizadas em Microrredes, como em [31], onde as potˆencias das GDs est˜ao entre 10 e 50 MW. O plano de desenvolvimento do Departamento de Energia dos Estados Unidos [32], estabelece para o ano de 2020 algumas metas de desempenho de mi-crorredes com capacidade de at´e 10 MW, como a diminui¸c˜ao de custos, aumento da confiabilidade e da eficiˆencia energ´etica e a redu¸c˜ao de emiss˜oes para avan¸car nos objetivos de moderniza¸c˜ao da rede: desen-volvimento de sistemas baseados em microrredes em escala comercial capazes de reduzir o tempo de interrup¸c˜ao de fornecimento `as cargas em at´e 98%, redu¸c˜ao das emiss˜oes em mais 20% e melhoria da eficiˆencia energ´etica do sistema para mais de 20%.

2.4.2 Topologia b´asica de uma Microrrede

Nesta se¸c˜ao s˜ao apresentados alguns detalhes referentes `a arqui-tetura b´asica de uma microrrede de acordo com o projeto MICRO-GRIDS. A Figura 2.1 representa a estrutura t´ıpica de uma microrrede baseada no conceito do projeto MICROGRIDS [13]. Nesse sistema a rede principal ´e interligada com a microrrede atrav´es de um trans-formador MT – BT. Esse ponto de conex˜ao com a rede principal ´e denominado de ponto de acoplamento comum, em inglˆes fica Point of Common Coupling (PCC). ´E nesse ponto que deve ser instalado o equipamento de prote¸c˜ao respons´avel pelas manobras de ilhamento e ressincroniza¸c˜ao da microrrede com a rede principal.

Na microrrede mostrada na Figura 2.1 ´e poss´ıvel visualizar a presen¸ca de diversos tipos de microfontes representando a variedade de op¸c˜oes de fontes que existem para a concep¸c˜ao desse tipo de sis-tema. E poss´ıvel observar, tamb´´ em, a presen¸ca dos dispositivos de armazenamento de energia e dos dispositivos de controle em n´ıvel local (Microsource Controller (MC) e Load Controller (LC)) e central (Mi-crogrid Central Controller (MGCC) e Distribution Management System (DMS)). Uma an´alise mais detalhada desta figura permite identificar os seguintes elementos:

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alimentam as cargas, muitas delas control´aveis;

• V´arias microfontes (c´elulas fotovoltaicas, microturbina, CHP e c´elulas combust´ıvel);

• Dispositivos de armazenamento de energia el´etrica, como baterias de acumuladores e volantes de in´ercia (flywheels);

• Elementos de controle e monitora¸c˜ao associados `as cargas e mi-crofontes (identificados com as siglas MC, LC e MGCC), interli-gados atrav´es de um sistema de comunica¸c˜ao de modo a permitir a coordena¸c˜ao da sua opera¸c˜ao.

BT MT CA CC Microturbina Célula Combustível Bateria Flywheel PV

DMS

CHP CA CC CA CC CA CC MC MC MC MC MC MC LC LC LC LC CA CC PCC

MGCS

Figura 2.1 – Arquitetura usual de uma microrrede com base no conceito do projeto MICROGRIDS [13].

2.4.3 Modos de Opera¸c˜ao

A possibilidade de opera¸c˜ao tanto em modo interligado (tamb´em conhecido como modo normal) quanto em modo isolado (ou modo de emergˆencia) [6,29] ´e a grande diferen¸ca entre a utiliza¸c˜ao de microrredes e a simples integra¸c˜ao de unidades de gera¸c˜ao distribu´ıda em BT. A descri¸c˜ao de cada modo de opera¸c˜ao, obedecendo a filosofia de controle hier´arquica proposta no projeto MICROGRIDS, ´e apresentada a seguir.

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2.4.3.1 Modo interligado

O modo de opera¸c˜ao interligado ocorre quando a microrrede est´a conectada `a rede principal atrav´es do PCC. Neste modo de opera¸c˜ao, a microrrede pode se encontrar importando ou exportando energia de acordo com o balan¸co energ´etico interno entre gera¸c˜ao e carga e, tamb´em, das condi¸c˜oes contratuais em rela¸c˜ao ao operador do sistema de distribui¸c˜ao [13].

Nesse modo de opera¸c˜ao o MGCC ´e respons´avel pela otimiza¸c˜ao da opera¸c˜ao da microrrede atrav´es do envio de dados de despacho para os MC e tamb´em para os LC (DSM). De acordo com os estudos re-alizados pelo projeto MICROGRIDS, a periodicidade de envio de in-forma¸c˜oes entre MGCC e LC e MC ´e da ordem dos minutos e pode incluir valores pr´e-ajustados de tens˜ao ou potˆencia, assim como car-gas para serem desligadas, por exemplo. Com o objetivo de otimizar a opera¸c˜ao da microrrede, o MGCC incorpora m´odulos de previs˜ao a curto prazo para cargas e produ¸c˜ao, despacho econˆomico, an´alise de seguran¸ca e DSM [30].

2.4.3.2 Modo isolado

No modo de opera¸c˜ao isolado a microrrede se encontra desco-nectada da rede principal. Essa desconex˜ao pode ser previamente pla-nejada ou provocada por um defeito na rede principal (concep¸c˜ao de ilhas el´etricas a partir da atua¸c˜ao dos dispositivos de prote¸c˜ao [3]). Caso ocorram ilhamentos n˜ao planejados e, dependendo da gravidade da perturba¸c˜ao, a microrrede pode possuir a capacidade de continuar operando mesmo ap´os o isolamento da rede principal. Entretanto, a opera¸c˜ao isolada depende das caracter´ısticas dos controladores locais e do MGCC, bem como da condi¸c˜ao operacional da rede antes da con-tingˆencia [13].

A transi¸c˜ao do modo interligado para o modo isolado de opera¸c˜ao deve ser assegurada pela a¸c˜ao instantˆanea dos controladores locais das fontes e cargas (MC e LC). Somente depois dos controladores locais recuperarem a condi¸c˜ao de equil´ıbrio de potˆencias no interior da mi-crorrede ´e que o MGCC ir´a se encarregar de otimizar a opera¸c˜ao em modo isolado, caso isso seja poss´ıvel [29]. Caso a capacidade instalada de gera¸c˜ao seja insuficiente para suprir a demanda, deve-se proceder ao corte de cargas em uma a¸c˜ao conjunta entre os LCs e o MGCC [29].

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de operar no modo isolado), a microrrede ainda assim pode ser ´util e conseguir explorar a possibilidade de efetuar a recomposi¸c˜ao de servi¸co internamente, de modo autˆonomo, sem esperar que a rede principal seja recuperada primeiro [13]. Isto permite que os consumidores da microrrede sejam beneficiados com a redu¸c˜ao dos tempos de recom-posi¸c˜ao, melhores ´ındices de confiabilidade e qualidade de suprimento de energia el´etrica.

2.4.4 Considera¸c˜oes de Comunica¸c˜ao

As microrredes oferecem uma melhoria na quest˜ao da comu-nica¸c˜ao existente entre os equipamentos de prote¸c˜ao do sistema el´etrico. Entre outros aspectos, o avan¸co na troca de informa¸c˜oes ocorre devido `

a capacidade e `a infraestrutura de comunica¸c˜ao que as microrredes possuem, proporcionando, assim, uma evolu¸c˜ao no desempenho das decis˜oes de prote¸c˜ao.

As microrredes necessitam de um meio de comunica¸c˜ao entre os dispositivos de prote¸c˜ao para que sua opera¸c˜ao ocorra adequada-mente [33]. Ao inv´es de fornecer autonomia para cada rel´e efetuar o trip dos disjuntores individualmente (envio do sinal de abertura ao dis-juntor), a l´ogica de prote¸c˜ao de uma microrrede pode ser realizada em um centro de controle atrav´es da aquisi¸c˜ao de dados da opera¸c˜ao de cada dispositivo do sistema, de tal maneira que uma ´area mais am-pla de monitora¸c˜ao seja envolvida. Dessa forma, aplica-se um controle centralizado aos dispositivos de prote¸c˜ao do sistema para, em seguida, realizar a identifica¸c˜ao e localiza¸c˜ao de faltas com o consequente envio dos comandos de trip aos disjuntores.

Os esquemas de prote¸c˜ao utilizados em linhas de transmiss˜ao e alimentadores de distribui¸c˜ao podem realizar a prote¸c˜ao de componen-tes individuais, como acontece com a prote¸c˜ao diferencial, e de tre-chos do sistema el´etrico que necessitam de dados de v´arios dispositivos para realizar a seletividade de prote¸c˜ao, como ocorre com a prote¸c˜ao de distˆancia e prote¸c˜ao de sobrecorrente [33]. Nessa ´ultima metodologia de prote¸c˜ao, a decis˜ao dos rel´es ´e tomada somente com base nas medi¸c˜oes locais, ou seja, as decis˜oes de trip dos disjuntores s˜ao individuais de cada equipamento, ao contr´ario da prote¸c˜ao diferencial onde medi¸c˜oes s˜ao realizadas em v´arios pontos do sistema para determina¸c˜ao da de-cis˜ao de um ´unico rel´e [34]. O desenvolvimento na ´area de microrredes em sistemas de distribui¸c˜ao expande o conceito de sistemas de prote¸c˜ao ao incluir a comunica¸c˜ao entre os rel´es de ambas as extremidades de um

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determinada linha. Portanto, cada rel´e de sobrecorrente em uma ex-tremidade da linha deve receber os dados da outra exex-tremidade atrav´es de canais dedicados de comunica¸c˜ao.

Com base nesta discuss˜ao, as decis˜oes de prote¸c˜ao da rede s˜ao enviadas para centros de controle situados nas duas extremidades de cada linha do sistema, com cada centro de controle sendo suprido com informa¸c˜oes de v´arios pontos de medi¸c˜ao e comunicando qualquer de-cis˜ao resultante aos rel´es do sistema. Esse m´etodo pode ser expandido para fornecer informa¸c˜oes a um centro de decis˜oes global incluindo da-dos enviada-dos a partir de linhas adjacentes, linhas paralelas e tamb´em de outros locais da rede [33].

O aumento do n´umero de possibilidades da utiliza¸c˜ao de rel´es de prote¸c˜ao em microrredes proporcionam algumas oportunidades assim como alguns problemas. A desvantagem a esse respeito ´e a disponibi-lidade de canais de comunica¸c˜ao e o recebimento de dados a partir de diferentes pontos da rede. As redes inteligentes estabelecem uma sofis-ticada infraestrutura de comunica¸c˜ao que pode servir os usu´arios em diferentes n´ıveis de aplica¸c˜ao al´em da possibilidade de ser otimamente utilizada para melhorar o desempenho dos sistemas de prote¸c˜ao. Em outras palavras, maiores investimentos em sistemas de prote¸c˜ao para microrredes dever˜ao ser realizados no futuro, isso exigir´a sistemas de co-munica¸c˜ao de banda larga a fim de atingir a velocidade de comunica¸c˜ao ´

otima entre os dispositivos de prote¸c˜ao.

A comunica¸c˜ao entre os dispositivos de prote¸c˜ao de uma micror-rede ´e de extrema importˆancia para a correta opera¸c˜ao do sistema. Dessa forma, s˜ao necess´arios canais de comunica¸c˜ao confi´aveis para tal opera¸c˜ao que pode ser realizada atrav´es de conex˜oes hard wire, con-dutores carrier, por sistema de microondas, cabos ethernet ou fibras ´

oticas [35]. Os meios de comunica¸c˜ao utilizados para transmiss˜ao de sinais de prote¸c˜ao podem ser resumidos como descrito abaixo [34]:

• Conex˜oes hard wire: Um sistema de comunica¸c˜ao de prote¸c˜ao no qual um circuito met´alico auxiliar ´e utilizado como o mecanismo de comunica¸c˜ao entre os rel´es nos terminais das linhas;

• Condutores Carrier: Forma de conex˜ao entre rel´es em que um sinal de comunica¸c˜ao ´e sobreposto aos condutores do sistema de transmiss˜ao [36];

• Sistema de microondas: O mecanismo de comunica¸c˜ao entre rel´es ´e realizado pela transmiss˜ao de sinais de r´adio microondas. O canal de comunica¸c˜ao do rel´e ´e multiplexado com outros canais para a transmiss˜ao de voz ou dados [37];

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• Cabos Ethernet: Cabeamento de rede da comunica¸c˜ao entre dis-positivos da prote¸c˜ao, geralmente utilizado entre os equipamentos internos `a subesta¸c˜oes e outras instala¸c˜oes el´etricas [38–40]; • Fibras ´Oticas: O mecanismo de comunica¸c˜ao entre rel´es utiliza

uma forma de pulso digital de luz em fibra ´optica para transmiss˜ao de dados entre rel´es [40, 41].

Existem ainda trabalhos que utilizam redes de comunica¸c˜ao wire-less para realiza¸c˜ao de prote¸c˜ao diferencial, como citado em [42]. Adici-onalmente, com o desenvolvimento da tecnologia das redes inteligentes, os canais de comunica¸c˜ao j´a existentes entre os componentes de uma microrrede podem ser utilizados para comunica¸c˜ao dos dispositivos de prote¸c˜ao como rel´es de sobrecorrente.

A informa¸c˜ao atual (instantˆanea) em um terminal da linha tem de ser transmitida para o rel´e instalado no outro lado da linha em vir-tude da necessidade de comunica¸c˜ao entre os dispositivos de prote¸c˜ao. Nesta disserta¸c˜ao os rel´es digitais de corrente amostram as correntes de linha, realizam a estima¸c˜ao fasorial e, em seguida, enviam para os outros rel´es, atrav´es de um canal de comunica¸c˜ao, informa¸c˜oes como estado de disjuntores, sinais direcionais de fase e de neutro, entre outros sinais relevantes que ser˜ao discutidos posteriormente.

A opera¸c˜ao de envio de dados, por meio dos canais de comu-nica¸c˜ao, pode introduzir um atraso de tempo que pode ser visto como um deslocamento de fase entre as correntes amostradas para os rel´es instalados no in´ıcio e no terminal da linha [35]. Como resultado, os rel´es podem enviar entre si sinais de corrente defasados e com carac-ter´ısticas alteradas dos sinais de origem. Para evitar esses problemas, ´e necess´ario que seja realizada uma adequada sincroniza¸c˜ao no tempo entre os fasores de corrente. Os rel´es digitais modernos s˜ao capazes de medir o atraso de tempo e executar a compensa¸c˜ao durante os c´alculos. Alguns m´etodos de sincroniza¸c˜ao podem ser utilizados para estimar o atraso de tempo. Com a informa¸c˜ao do atraso de tempo ´e poss´ıvel alinhar os dados locais com os dados de final de linha. Ao mesmo tempo, o link de comunica¸c˜ao deve ser monitorado. Quando uma fa-lha no link de comunica¸c˜ao ´e detectado, os rel´es devem ser chaveados automaticamente para suas configura¸c˜oes de prote¸c˜ao de backup.

Caso as redes inteligentes j´a tenham sido implementadas, o ca-nal de comunica¸c˜ao correspondente deve ser utilizado para o envio das informa¸c˜oes, como citado anteriormente. O esquema de prote¸c˜ao prim´aria utiliza rel´es que medem valores de corrente amostrados a 16 ou um maior n´umero de amostras por ciclo, em seguida esses sinais s˜ao

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transmitidos atrav´es do link de comunica¸c˜ao para o rel´e do outro lado da linha [43]. Para distˆancias inferiores a 18 milhas (aproximadamente 29 km), a transmiss˜ao direta do sinal leva menos de 0,1 milissegundo com base na velocidade da luz, e v´arios microssegundos adicionais para tempo de processamento. Esse intervalo de tempo ´e mais do que sufi-ciente para a maioria dos sistemas de distribui¸c˜ao e significa que n˜ao h´a nenhuma necessidade de se obter medi¸c˜oes sincronizadas em ambos os lados das linhas de distribui¸c˜ao curtas. Para as linhas com mais de 18 milhas, no entanto, uma Unidade de Medi¸c˜ao Fasorial (PMU) [43] ou simplesmente um rel´ogio sincronizado por sat´elite GPS [44] podem ser necess´arios para que as medi¸c˜oes sejam sincronizadas.

2.5 Conclus˜oes

Neste cap´ıtulo foram apresentados os conceitos de Gera¸c˜ao Dis-tribu´ıda e Microrredes. Discutiu-se os benef´ıcios, as desvantagens, as-pectos t´ecnicos e sociais e os tipos de fontes de gera¸c˜ao comumente utilizados para esse tipo de aplica¸c˜ao. Da utiliza¸c˜ao de GD em redes de distribui¸c˜ao, podem-se citar algumas vantagens como a redu¸c˜ao do n´ıvel de carregamento dos cabos em virtude da redistribui¸c˜ao dos flu-xos de potˆencia, suporte local de tens˜ao e atendimento mais r´apido da demanda, enquanto que entre as desvantagens est˜ao os impactos causados no sistema de prote¸c˜ao e quest˜oes relacionadas a ilhamentos indesejados. Dessa maneira, evidencia-se a necessidade de uma mu-dan¸ca no paradigma de projeto e opera¸c˜ao de redes de distribui¸c˜ao de energia el´etrica de forma que essas assumam um comportamento ativo, possibilitando, assim, a maximiza¸c˜ao dos benef´ıcios da GD e tamb´em proporcionando um ambiente adequado para uma participa¸c˜ao mais ativa dos consumidores.

Apresentou-se uma vis˜ao geral do conceito de microrredes assim como quest˜oes t´ecnicas relacionadas a sua opera¸c˜ao. Foram descri-tas, tamb´em, as caracter´ısticas de duas abordagens sobre microrredes: O cons´orcio americano CERTS e o projeto europeu MICROGRIDS. Apesar da semelhan¸ca quanto `as topologias dos dois projetos, existem algumas diferen¸cas quanto `a capacidade das microfontes, aos elemen-tos de controle da microrrede, da necessidade ou n˜ao de reconfigura¸c˜ao e atualiza¸c˜ao dos equipamentos de produ¸c˜ao ou supervis˜ao e controle pr´e-existentes. Outro ponto a se destacar ´e a caracter´ıstica fundamen-tal de uma microrrede de utiliza¸c˜ao da carga como um recurso, isso possibilita o gerenciamento das cargas pelo lado da demanda fazendo

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com que existam benef´ıcios tanto para os consumidores quanto para o operador do sistema de distribui¸c˜ao.

O modo de opera¸c˜ao das microrredes tamb´em ´e outro ponto que merece destaque na discuss˜ao acerca da operabilidade dos equipamentos do sistema. As pesquisas relacionadas `a opera¸c˜ao isolada de microrre-des mostram que ainda n˜ao h´a uma garantia total da controlabilidade dos dispositivos de prote¸c˜ao e controle envolvidos, mas ´e poss´ıvel no-tar a grande potencialidade existente nesta abordagem em raz˜ao dos benef´ıcios que podem trazer para o sistema el´etrico, como o al´ıvio na capacidade das linhas de transmiss˜ao, controle local de tens˜ao e aten-dimento local de cargas. Em rela¸c˜ao `a comunica¸c˜ao entre os elementos que constituem uma microrrede, ´e importante evidenciar a necessidade pelo envio constante de informa¸c˜oes entre os dispositivos do sistema. Apesar do aumento da versatilidade da rede, como a melhoria na sele-tividade e coordena¸c˜ao do sistema de prote¸c˜ao, o sistema de controle geral da microrrede ainda pode ser visto como uma desvantagem a respeito da necessidade de comunica¸c˜ao entre todos os equipamentos. Entretanto, face `as in´umeras vantagens da utiliza¸c˜ao de microrredes, ´e poss´ıvel afirmar que o uso dessa abordagem de sistema em redes de distribui¸c˜ao ´e bastante promissora.

No decorrer do desenvolvimento do trabalho s˜ao abordados t´ o-picos a respeito de sistemas de distribui¸c˜ao convencionais e aspectos de prote¸c˜ao tradicional. Isso ´e realizado com o objetivo de fazer uma re-vis˜ao das topologias convencionais e dos equipamentos utilizados em sistemas de distribui¸c˜ao de modo a inserir, no cap´ıtulo seguinte, a tem´atica de prote¸c˜ao direcional de microrredes.

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