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Imagem corporal de gestantes portadoras do vírus da imunodeficiência adquirida [Body image of pregnant women with human immunodeficiency virus]

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Academic year: 2021

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RESUMO - Introdução: A maior incidência do HIV ocorre na faixa etária dos 25 aos 45 anos, em ambos os sexos e, dos 13 aos 19 anos o número de casos entre mulheres supera o de homens, abrangendo o período fértil feminino. Objetivo: comparar características sociodemográficas e clínicas entre gestantes portadoras e não portadoras do HIV e medir e comparar a imagem corporal (IC) destes grupos. Metodologia: estudo descritivo, quantitativo, comparativo, de delineamento transversal. Instrumento de coleta de dados composto pela caracterização sociodemográfica e clínica e pela Escala de Medida de IC. As análises estatísti-cas foram feitas com auxílio do SPSS, empregando-se estatística descritiva. Resultados: dentre as 21 gestantes soropositivas, a maioria possuía entre 25-29 anos, ensino fundamental incompleto, renda entre um e três salários mínimos, parceiro fixo, sem atividade remunerada, idade da sexarca de 12-18 anos, uso do preservativo masculino como método contraceptivo e média de IC= 84,2. Dentre as não portadoras, diferencia-se a predominância do exercício de atividades remuneradas, sexarca entre 15-17 anos, predominância da minipílula e escore de IC= 84,6. Conclusão: conclui-se que não há evidências científicas para afirmar que esses dois grupos sejam diferentes quanto à percepção da IC. A enfermagem deve promover a IC positiva entre gestantes. Descritores: Imagem corporal; gestantes; infecções por HIV; saúde da mulher; enfermagem.

ABSTRACT - Introduction: The highest incidence of HIV occurs in the group of 25 to 45 years of age, in both sexes. From 13 to 19 years of age the number of cases among women exceeds that among men, covering the female fertile period. Objective: to compare the sociodemographic and clinical characteristics between pregnant women with or without HIV and measure and compare the the perception of body image (BI) of these groups. Methodology: descriptive, comparative and cross-sectional study. The instrument for data collection comprised sociodemographic and clinical characterization and the Measurement Scale IC. Statistical analyzes were performed with SPSS, using descriptive statistics. Results: among the 21 soropositive pregnant women, most were between 25-29 years, incomplete primary education, incomes between one and three minimum wages, steady partner without gainful activity, age at first intercourse 12-18 years old, condom use as a contraceptive method and aver-age BI = 84.2. Among those without HIV, the difference was the predominance of practicing paid activities, sexarche between 15-17 years, prevalence of hormonal contraception and score BI = 84.6. Conclusion: there is no scientific evidence to say that these two groups differ in perceptions of IC. Nurses should promote positive IC among pregnant women.

Descriptors: Body image; pregnant women; HIV infections; women’s health; nursing.

RESUMEN - Introdución: La mayor incidencia del VIH ocurre en faja etaria de 25-45 años, en ambos sexos y, de 13-19 años el número de casos entre mujeres supera el de hombres, cubriendo el período fértil femenino. Objetivo: comparar características socio/demográficas y clínicas entre gestantes portadoras y no portadoras del VIH y mensurar y comparar la imagen corporal (IC) de estos grupos. Metodología: estudio descriptivo, cuantitativo, comparativo, de delineamiento transversal. Instrumento de colecta de datos compuesto por caracterización socio/demográfica y clínica y por la Escala de Medida de IC. Los análisis estadís-ticos fueron hechos con auxilio del SPSS, empleando estadística descriptiva. Resultados: dentre las 21 gestantes seropositivas, la mayoría poseía entre 25-29 años, enseño fundamental incompleto, rienda entre uno y tres sueldos mínimos, compañero fijo, sin actividad remunerada, edad de la sexarca de 12-18 años, uso del preservativo masculino como método contraceptivo y media de IC= 84,2. Entre las no portadoras, se diferencia la predominancia del ejercicio de actividades remuneradas, sexarca entre 15-17 años, predominancia da mini píldora y escore de IC= 84,6. Conclusión: no hay evidencias científicas para afirmar que esos dos grupos sean distintos cuanto a la percepción de la IC. La enfermería debe promover la IC positiva entre gestantes. Descriptores: Imagen corporal; mujeres embarazadas; infecciones por VIH; salud de la mujer; enfermería.

Imagem corporal de gestantes portadoras do vírus da imunodeficiência adquirida

Body image of pregnant women with human immunodeficiency virus

La imagen corporal de mujeres embarazadas con el virus de inmunodeficiencia humana Juliana Gonçalves Silva de Mattos1; Nathália Silva Gomes2; Elizabeth Barichello3; Sueli Riul da Silva4

1Enfermeira mestre em Atenção à Saúde pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Brasil. E-mail: juju_enf@hotmail.com 2Enfermeira mestre em Atenção à Saúde pela UFTM. Docente do Centro de Graduação em Enfermagem (CGE) da UFTM. Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Brasil. E-mail: nathaliasilvagomes@hotmail.com

3Enfermeira. Mestre e doutora em Enfermagem Fundamental. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem na Área Hospitalar, CGE/UFTM. Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Brasil. E-mail: lizabarichello@hotmail.com

4Enfermeira. Obstetríz. Mestre e Doutora em Enfermagem Fundamental. Professora Associada do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Brasil. E-mail: sueliriul@terra.com.br

Enfermagem Obstétrica, 2014; 1(2):51-6.

Introdução

De 1980 a julho de 2012 foram registrados, no Brasil, 656.701 casos da Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS) e, apesar da incidência ainda ser maior dentre os homens, a diferença com as mulheres tem diminuído cada vez mais1. Conforme o Plano Integrado de Enfrentamento da

Feminilização da Epidemia de AIDS, aproximadamente 90%

dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV)/ AIDS do mundo não sabem que estão infectados, e destes, estima-se que 46% sejam mulheres2.

Somado a tais questões, sabe-se que a maior incidên-cia desta síndrome ocorre na faixa etária dos 25 aos 45 anos, em ambos os sexos, e que, dos 13 aos 19 anos o número de

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casos entre as mulheres supera os de homens. Assim, pode-se perceber que tal faixa etária abrange, em grande parte, o período fértil feminino. Em cerca de 13,2% dos casos de AIDS a transmissão ocorre por via sanguínea ou vertical, apesar disto, observou-se uma diminuição do número de portadores entre os menores de cinco anos. Tal alteração deve-se também a medidas instituídas pelo Ministério da Saúde (MS), como: realização do teste anti-HIV no pré-natal, uso de medicamentos antirretrovirais durante a gestação e no trabalho de parto, realização de cesárea em mulheres com carga viral elevada ou desconhecida e, para o recém-nascido, a substituição do leite materno pelas fórmulas infantis1,3.

Desta maneira, quanto mais precocemente iniciado o pré-natal e diagnosticada a presença do HIV, menores as chances de transmissão vertical e maiores as de que a gestação aconteça de forma segura. Tanto a gravidez, quanto a soropositividade passam a fazer parte do mundo e do corpo desta mulher, interferindo e modificando a qualidade de vida (QV). Pelo fato do HIV estar associado à sexualidade e esta ser uma questão polêmica em suas vidas por permear muitos tabus, valores e crenças, ser acometida por este vírus, muitas vezes, leva ao sentimento de culpa associado ao fato de não ter conseguido se cuidar frente à ameaça da infecção4.

Neste contexto, a percepção da imagem corporal (IC) também é relevante, já que as modificações na estrutura do corpo podem alterar a QV dos indivíduos. No caso das mul-heres portadoras do HIV/AIDS, em específico, se preocupam com as modificações da sua IC em confronto com a soro-positividade, podendo apresentar consequências marcantes como o excesso de zelo ou o descaso com a sua imagem5.

Assim, o objetivo deste estudo é comparar característi-cas sociodemográficaracterísti-cas e clínicaracterísti-cas entre gestantes portadoras do vírus HIV/AIDS e gestantes de risco habitual, assim como medir e comparar a imagem corporal de ambos os grupos.

Referencial Teórico

A infecção pelo HIV/AIDS é uma emergência sanitária mundial e a prevalência entre as mulheres sobre os homens tem aumentado a cada ano. Em 1989, a razão entre os sexos era de seis homens para cada mulher e, em 2011, esta razão diminuiu para 1,7 homens para cada mulher1. Dentre os

menores de cinco anos, a transmissão vertical constitui-se a principal causa3, o que revela uma assistência pré-natal (PN)

e um acompanhamento da gestação ainda defasado, uma vez que adotando-se as medidas preventivas preconizadas e um suporte profissional qualificado a chance de transmis-são vertical reduz-se a menos de 1%1,3.

A assistência PN caracteriza-se por um conjunto de procedimentos clínicos e educativos, com o objetivo de acolher a mulher desde o diagnóstico da gravidez, visando garantir, ao final desta, o nascimento de uma criança sau-dável e assegurar o bem-estar materno e neonatal6.

A partir do ano de 2000, o PN ganha destaque com a implantação do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN). Este garante a realização dos procedi-mentos considerados ideais para uma assistência segura e de qualidade, como exames mínimos que devem ser

reali-zados, como: grupo sanguíneo e fator Rh, sorologia para sífilis e hepatite B, urina tipo 1, hemoglobina e hematócrito, glicemia de jejum e teste anti-HIV6.

A assistência e o apoio em saúde facilitam as inter-venções e repercutem, por exemplo, na diminuição do número de casos de transmissão vertical e de enfermidades infecciosas devido a redução da imunidade, agravada ainda mais pela gestação. Tais ações resultam em uma atenção efetiva, também em relação aos custos, e em uma proposta de atenção útil para priorizar ações e estabelecer objetivos3.

No entanto, cada pessoa reage à sua maneira, pois diariamente há situações estressantes, como o estado de saúde, inclusão familiar e social3, uso de medicamentos

antir-retrovirais (TARV), alterações hormonais e físicas causadas pela gestação e outros. O início do uso dos antirretrovirais, terapia disponibilizada a todas as gestantes portadoras de HIV e seus filhos, pode ser o primeiro contato da mulher com a doença, causando-lhe grande desconforto e certa revolta, já que está fragilizada por ser acometida por este vírus4,7.

Todas estas situações, alterações e sentimentos podem impactar a IC das mulheres gestantes portadoras do HIV/AIDS. A IC é a percepção do tamanho do corpo, da aparência e das respostas emocionais associadas ao grau de satisfação que estes proporcionam, podendo ser satisfatório ou não8. Com a gravidez a mulher passa a perceber a

bar-riga como a representação do seu corpo, influenciando no sentido de fazer parte do mundo e reforçando a noção do corpo constituído por partes4. Acredita-se que o mesmo

acontece quanto ao HIV, onde após sua confirmação passa a fazer parte do corpo da mulher e qualquer modificação pode alterar a QV, a IC e a perspectiva de um futuro.

Estudiosos afirmam que as mulheres portadoras do HIV/AIDS se preocupam com as modificações da sua IC em confronto com a soropositividade, podendo apresentar consequências marcantes como o excesso de zelo ou o descaso com a sua imagem5. Segundo a literatura “a

con-cepção de corpo desvela-se, mais uma vez, plena de sentido e significado como corpo que sente, que se movimenta e que estabelece relação com o mundo”4.

Metodologia

Estudo descritivo, quantitativo, comparativo, de delineamento transversal. A pesquisa foi desenvolvida no Ambulatório Maria da Glória do Hospital de Clínicas da Uni-versidade Federal do Triângulo Mineiro (AMG/HC/UFTM), no município de Uberaba-MG. O estudo foi desenvolvido no período de fevereiro a maio de 2012 com gestantes maiores de 18 anos. Foram formados dois grupos: o primeiro con-stituído por gestantes portadoras do HIV/AIDS e o segundo, por gestantes de risco habitual. Foram excluídas gestantes menores de 18 anos e/ou aquelas que não possuíam diag-nóstico definido em relação ao HIV/AIDS e as que ainda não haviam sido notificadas. Ao final, foram entrevistadas 42 gestantes (21 de cada grupo), que se equiparavam quanto à idade cronológica e à idade gestacional.

Para caracterização sociodemográfica e clínica os pesquisadores construíram um instrumento próprio. Para avaliação da imagem corporal, utilizou-se a Escala de

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Me-dida de Imagem Corporal9. Esta é dividida em duas partes.

A primeira é composta por cinco questões de significado favorável e a segunda parte, por 18 questões de significado desfavorável. O questionário foi aplicado no próprio AMG/ HC/UFTM e respondido pela entrevistada, cabendo aos pesquisadores apenas reler pausadamente com o sujeito a questão em que houve dúvida.

Os dados foram digitados em planilhas do Microsoft Excel® para formatação do banco de dados. Realizou-se dupla digitação visando a identificação de possíveis erros de digitação e manutenção da fidedignidade dos dados. Posteriormente, o banco de dados foi transportado para o software Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 11.5 para auxiliar nas análises estatísticas, empregando-se a estatística descritiva e auxiliando nos cálculos dos escores do instrumento da IC.

O presente estudo iniciou-se após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFTM sob o pro-tocolo no 1.698/2010, de acordo com a Resolução nº 196/96.

Resultados

Dentre as 42 gestantes, a maior parte (42,9%) pos-suía idade entre 25 e 29 anos, variando de 18 a 41 anos. Em relação à escolaridade, 28,6% das gestantes com HIV/ AIDS e 42,9% das gestantes soronegativas possuíam en-sino fundamental incompleto. A escolaridade de todas as participantes variou de ensino fundamental incompleto a ensino superior incompleto.

Quanto à renda mensal, 61,9% e 47,6% das gestantes com e sem HIV/AIDS, respectivamente, possuíam renda entre um e três salários mínimos. Os grupos aproximam-se também no que tange ao estado civil, a maioria das gestantes (61,9% e 71,4%, respectivamente) possuíam companheiro fixo.

Quanto à profissão, 52,4% das gestantes com HIV/AIDS consideraram-se do lar, enquanto que 42,9% das gestantes sem HIV/AIDS possuíam atividades remuneradas como fiscal de caixa, doméstica, atendente, serviços gerais, auxiliar de contabilidade, cabeleireira, manicure e comerciante.

A idade da sexarca das gestantes com HIV/AIDS variou entre 12 e 18 anos (66,7%), enquanto que 52,4% das gest-antes sem HIV/AIDS entre 15 e 17 anos.

Ambos os grupos, afirmaram fazer uso dos métodos contraceptivos (MAC) (85,7%, 71,4% com e sem HIV/AIDS,

respectivamente). Dentre as que são portadoras do HIV/ AIDS, 28,6% fazia uso de MAC por um tempo estimado de quatro a sete anos, enquanto que 33,3% das sem HIV/AIDS não responderam esta questão. No entanto, o último grupo afirmou, secundariamente, que utiliza os MAC variando de um a sete anos (38%). Destaca-se que as gestantes com HIV/ AIDS referiram fazer uso mais frequente do preservativo masculino (66,7%) enquanto as gestantes sem HIV/AIDS previne gestação com a minipílula (47,6%).

A maioria das gestantes, com e sem HIV/AIDS, respec-tivamente, tiveram a primeira gestação entre 14 e 18 anos de idade (52,4% e 61,9%). A média de idade da primeira gestação do grupo com HIV/AIDS foi de 19,19 anos, com mediana de 18, desvio padrão de 3,5 anos e variação de idade entre 14 e 25 anos. Em relação ao grupo sem HIV/ AIDS a média de idade da primeira gestação foi de 19, com mediana de 18, desvio padrão de 4,28 e variação de idade entre 14 e 31 anos.

Em relação ao número de gestações, a média do grupo com HIV/AIDS foi de três, variando de uma a cinco. Já para o grupo comparativo, a média do número de gestações foi de 3,05, variando de uma a oito gestações.

Quanto ao número de partos, 28,6% das gestantes com HIV/AIDS eram nulíparas, enquanto que 28,6% das gestantes sem HIV/AIDS já tiveram um parto. Em relação ao tipo de parto, pode-se perceber uma predominância do parto normal em ambos os grupos (47,6%). O parto tipo cesariano também foi referido por 47,9% das gestantes soropositivas e gestantes do grupo comparativo, o que também nos mostra a semelhança destes dois grupos. O parto tipo fórceps foi citado por duas mulheres, uma de cada grupo (4,8% cada).

Quando indagadas sobre o abortamento, 23,8% do grupo com HIV/AIDS e 28,6% das gestantes do grupo com-parativo afirmaram ter tido de um a dois abortamentos. Neste estudo observou-se a frequência de gestantes no terceiro trimestre gestacional (52,8%), seguidas de gest-antes no segundo trimestre gestacional (33,3%) e primeiro trimestre gestacional (9,6%).

Das 23 questões que compõem o instrumento pode-se observar que em 19 (82,6%) dos casos houve concordância das respostas entre os grupos, o que denota uma homogeneidade entre os mesmos.

Realidade Corporal Ideal Corporal Apresentação Corporal Escore Total

HIV SEM HIV HIV SEM HIV HIV SEM HIV HIV SEM HIV

Mínimo 12,0 13,0 17,0 29,0 9,0 13,0 40,0 61,0 Máximo 35,00 31,00 55,0 52,0 25,0 25,0 115,0 100,0 Média 25,4 22,2 39,2 41,6 19,5 20,8 84,2 84,6 Mediana 25,0 22,0 41,0 44,0 22,0 21,0 87,0 86,0 Desvio Padrão 7,2 4,0 12,7 6,9 05,8 06,4 24,9 11,3 Alfa de Cronbach 0,8 0,3 0,9 0,7 0,9 0,6 0,9 0,8 p* 0,085 0,50 0,42 1,0

Tabela 1: Avaliação da imagem corporal das gestantes com e sem HIV, segundo seus componentes. Uberaba (MG), 2012.

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Entende-se que altas pontuações dos escores indicam uma melhor percepção da IC, enquanto que menores pon-tuações indicam uma baixa percepção de IC. Destaca-se o componente ‘ideal corporal’ que obteve maiores médias para ambos os grupos, 39,2 para o grupo de gestantes com HIV/AIDS e 41,6 para o grupo comparativo, com desvio pa-drão de 12,47 e 6,86, respectivamente. Analisando-se o alfa de Cronbach, verificou-se uma correlação elevada, 0,96 e 0,76, para os grupos com e sem HIV/AIDS respectivamente.

Em relação aos componentes, em todos aqueles ref-erentes às gestantes com HIV/AIDS observaram-se valores de alfa maiores que 0,84. Entre as gestantes sem HIV/AIDS observaram-se valores de alfa variando de 0,31 a 0,71, com alfa do componente total de 0,76. O alfa encontrado no componente realidade corporal para as gestantes com HIV/AIDS foi de 0,84, enquanto para as gestantes sem HIV/ AIDS foi de 0,31. Em relação aos valores de alfa para o componente ideal corporal encontrou-se alfa de 0,93 para o grupo principal e de 0,71 para o grupo comparativo. Em relação aos valores de alfa para o componente apresentação corporal encontrou-se alfa de 0,88 para o grupo principal e de 0,60 para o grupo comparativo. Verificou-se que não houve diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) para todos os componentes, entre as médias dos escores total e componentes de IC para os grupos com e sem HIV/ AIDS. Desta forma, observa-se que a percepção da IC em ambos os grupos é semelhante.

Também, não houve diferença estatisticamente sig-nificante (p<0,05) entre a renda, escolaridade e a idade com os componentes, revelando que estas variáveis não influenciam na IC. O mesmo pode ser observado em relação às gestantes do grupo comparativo (Tabela 2). Observa-se, também, que o número de gestações, de partos e de abor-tamentos, assim como a idade da sexarca não influenciaram a IC (p<0,05). O mesmo acontece em relação ao grupo das gestantes do grupo comparativo (Tabela 3).

Discussão

No que tange à idade das entrevistadas, este corrob-orou com outro estudo realizado em 2011, no qual a média de idade foi de 25 anos10. Sabe-se que a gestação acima dos 35 anos eleva a taxa de morbimortalidade materna e neonatal, devido à maior incidência de intercorrências clínicas11 e ao aumento da taxa de cesarianas, muitas vezes

por causa das condições obstétricas da gestante ou devido ao número de partos anteriores12.

A baixa escolaridade também é comumente obser-vada em mulheres aidéticas. Observa-se que gestantes com menos de quatro anos de estudo apresentam maior risco nutricional, com prevalência do baixo peso. Assim, considerando que o nível educacional materno influen-ciará a saúde materno-infantil e que as mulheres deste estudo compartilham de uma situação mais desfavorável,

Componentes Renda Escolaridade Idade**

r p r p r p

Realidade Corporal HIV -0,048 0,842 -0,050 0,835 0,131 0,581

Ideal Corporal HIV 0,068 0,775 -0,041 0,865 0,032 0,893

Apresentação Corporal HIV 0,053 0,825 -0,067 0,779 0,137 0,565

Realidade Corporal (Comparativo) 0,280 0,219 0,294 0,195 0,245 0,285

Ideal Corporal (Comparativo) 0,098 0,674 -0,120 0,603 -0,002 0,992

Apresentação Corporal (Comparativo) 0,090 0,698 -0,169 0,465 -0,159 0,490

Tabela 2: Matriz de correlação entre escores da IC e variáveis sociodemográficas de gestantes com e sem HIV/AIDS. Uberaba (MG), 2012.

** Teste de Pearson.

Fonte: Dados analisados pela autora (2012).

Componentes Num Gestações Num Partos Num Abortos Sexarca

r p r p r p r p

Realidade Corporal HIV -0,084 0,725 -0,107 0,653 -0,071 0,765 0,236 0,316

Ideal Corporal HIV -0,270 0,250 -0,262 0,264 -0,199 0,400 0,318 0,172

Apresentação Corporal HIV -0,209 0,375 -0,200 0,397 -0,198 0,402 0,164 0,490

Realidade Corporal 0,186 0,419 0,224 0,328 -0,130 0,574 0,219 0,354

Ideal Corporal 0,002 0,994 -0,170 0,463 0,124 0,591 -0,006 0,979

Apresentação Corporal -0,107 0,643 -0,193 0,401 -0,142 0,540 -0,013 0,957

Tabela 3: Matriz de correlação entre escores da IC e variáveis obstétricas de gestantes com e sem HIV/AIDS. Uberaba (MG), 2012.

*p<0,05 **p<0,01

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prioridades nas políticas públicas devem ser dispensadas para este grupo10-13. Ressalta-se que a baixa escolaridade

associada à baixa renda, encontradas neste e em outros estudos10, estão relacionados com a maior incidência de infecções HIV/AIDS.

A presença do companheiro fixo é importante no que se refere ao possível apoio econômico de uma situação es-tável e/ou ao suporte psicossocial da relação, contribuindo positivamente nos resultados maternos e fetais. Mulheres que não possuem companheiro fixo possuem, inclusive, maior risco para ganho de peso insuficiente10.

A prevalência de mulheres soropositivas que não possuem atividades remuneradas pode refletir tanto a questão da baixa qualificação profissional, demonstrada através do reduzido número de anos de estudos, quanto pelo ainda preconceito e estigma social em relação à AIDS e sua transmissão/implicações.

A sexarca variando entre 12 e 18 anos e o predomínio do uso do preservativo masculino entre as gestantes com HIV/AIDS e a sexarca das gestantes soronegativas de 15 a 17 anos e predomínio da minipílula como principal método contraceptivo retratam uma triste realidade. Além de demonstrar que a sexarca vem ocorrendo cada vez mais cedo e expondo mais precocemente e por mais tempo ao risco de se contrair uma DST14, retrata também o

comportamento de risco assumido por estas mulheres que se preocupam exclusivamente com a não gravidez. As con-dições de exposição das mulheres do nosso meio afirmam a feminização da doença e reiteram as necessidades de educação em saúde para evitar a contaminação. Ressalta-se que Ressalta-se estima mais de 937.00 casos de sífilis e mais de 635.000 casos de HPV no Brasil1 refletindo a gravidade do problema e a importância do preservativo como método contraceptivo e protetor às DST.

Estudo realizado em Sorocaba-SP15 mostra que 73,3%

das gestantes com HIV/AIDS afirmaram não fazer uso do preservativo masculino no último ano, 17,5% afirmaram fazer uso ocasionalmente e apenas 0,8% afirmou utilizar frequentemente. Os preservativos são os principais méto-dos de barreira que previnem o HIV; no entanto os vínculos afetivos entre os casais criam um sentimento de proteção e confiança, deixando-os mais expostos ao contágio16.

Deve-se atentar para a ineficiência ou falta da educação em saúde por parte dos profissionais que, no geral, possuem contato intrínseco com as gestantes no pré-natal devendo orientá-las quanto aos MAC para evitar exposição às DST e às gestações indesejadas.

A diferença do número de gestações entre os dois grupos não foi significativo, assim como o tipo de parto. Outro estudo demonstra que o número de gestações ante-riores, de consultas pré-natais e partos vaginais não estão associados com a transmissão vertical do HIV. Atualmente, aceita-se que para as mulheres com o tratamento antiret-roviral na gestação e níveis elevados de CD4 +, a cesárea eletiva não tem efeito sobre a transmissão do HIV10.

Em contraponto aos dados encontrados na litera-tura17 que afirmam que no último trimestre da gestação

a percepção sobre o corpo está alterada, principalmente

quando relacionado às mamas e abdômen; as gestantes participantes do presente estudo mostraram-se satisfeitas com sua IC. Outro estudo aponta também que a infecção pelo HIV pode ter efeitos significativos sobre a aparência física (pelas alterações nutricionais, principalmente), sociais e psicológicos, o que pode afetar diretamente a autoestima dos indivíduos, a adesão terapêutica e a imagem corporal das mulheres18.

Conclusão

A população foi composta por 42 gestantes com e sem HIV/AIDS que realizaram pré-natal no AMG/HC/UFTM no período de fevereiro a maio de 2012. Dentre as 21 gestantes soropositivas, a maioria possuía entre 25 e 29 anos, ensino fundamental incompleto, renda entre um e três salários mínimos, parceiro fixo, sem atividade remunerada, idade da sexarca de 12 a 18 anos, uso do preservativo masculino como método contraceptivo e escore de IC= 39,2. Dentre as não portadoras, diferencia-se a predominância do exer-cício de atividades remuneradas, sexarca de 15 a 17 anos, predominância da minipílula e escore de IC= 41,6.

Em relação à comparação da IC entre os grupos observou-se que houve concordância das respostas em 19 das 23 questões que compõem a escala. Identificou-se uma imagem corporal saudável em ambos os grupos com médias de 84,2 para o grupo principal e 84,6 para o grupo comparativo.

Também se identificou que a renda familiar, a escolari-dade, a idade cronológica, o número de gestações, partos, de abortamentos e a idade da sexarca não influenciam na IC de ambos os grupos. Conclui-se que não há evidências científicas para afirmar que esses dois grupos sejam difer-entes quanto a IC, pois não houve diferença significante estatisticamente.

É relevante ressaltar que este estudo apresentou al-gumas limitações devido ao número reduzido da população e sua fraca representatividade. Desta forma, torna-se apro-priado desenvolver pesquisas que utilizem tempo e amostras maiores, permitindo replicar os resultados aqui identificados.

Referências

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Referências

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