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FERNANDA RAMOS DE FARIA. GUARDA COMPARTILHADA E ALIENAÇÃO PARENTAL: A Guarda Compartilhada como Prevenção da Alienação Parental

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Cuiabá 2018

FERNANDA RAMOS DE FARIA

GUARDA COMPARTILHADA E ALIENAÇÃO PARENTAL:

A Guarda Compartilhada como Prevenção da Alienação

Parental

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Cuiabá 2018

GUARDA COMPARTILHADA E ALIENAÇÃO PARENTAL

A Guarda Compartilhada como Prevenção da Alienação

Parental

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UNIC Pantanal, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. Orientador:

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FERNANDA RAMOS DE FARIA

GUARDA COMPARTILHADA E ALIENAÇÃO PARENTAL

A Guarda Compartilhada como Prevenção da Alienação

Parental

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UNIC Pantanal, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

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Dedico este trabalho a Deus a minha família, razão pela qual busco melhorar a cada dia e aprimorar meus conhecimentos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente a Deus, pois sem ele nada seria possível, por me guiar neste caminho de estudos e não me deixar desanimar.

Aos meus pais, que me apoiaram desde o início, incentivando a buscar sempre mais conhecimento e manter a dedicação.

Aos meus amigos e colegas de curso que, ao longo desta caminhada foram companheiros e dedicados, mesmo diante de tantas tribulações.

Agradeço ainda aos professores que contribuíram para o bom aprendizado e vivencia acadêmica, onde, sem estes não seria possível chegar ao final com conhecimento adquirido.

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FARIA, Fernanda Ramos de. Guarda Compartilhada e Alienação Parental: A Guarda Compartilhada como Prevenção da Alienação Parental. 2018. 29. Trabalho de Conclusão de Curso em Direito – UNIC, Cuiabá, 2018.

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo o estudo da guarda compartilhada e alienação parental, seus conceitos e importância para a proteção do menor após o termino da relação conjugal dos pais. A inclusão da guarda compartilhada no ordenamento jurídico, sua importância na garantia do poder familiar foi estudada, assim como sua utilização como forma de prevenção das ocorrências de alienação parental. Foi abordada a diferença entre alienação parental e a SAP (síndrome da alienação parental), assim como foram explorados os artigos da lei 12.31/2010, que conceituam, demonstram características, formas de identificação e prevenção. Com maior número de rompimentos conjugais faz-se necessário o estudo dos tipos de guarda e os problemas que podem advir quando, na constância do casamento, existem filhos que, por vezes, sofrem as consequências de uma relação mal resolvida.

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FARIA, Fernanda Ramos de. Guarda Compartilhada e Alienação Parental: A Guarda Compartilhada como Prevenção da Alienação Parental. 2018. 29. Trabalho de Conclusão de Curso em Direito – UNIC, Cuiabá, 2018.

ABSTRACT

The present work aims at the study of shared custody and parental alienation, its concepts and importance for the protection of the child after the termination of the parents' conjugal relationship. The inclusion of shared custody in the legal system, its importance in guaranteeing family power was studied, as well as its use as a way of preventing occurrences of parental alienation. The difference between parental alienation and SAP (parental alienation syndrome) was discussed, as were the articles of law 12.31 / 2010, which conceptualize, demonstrate characteristics, forms of identification and prevention. With greater number of marital disruptions, it is necessary to study the types of custody and the problems that can arise when, in the constancy of marriage, there are children who sometimes suffer the consequences of an unresolved relationship.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 9

2. GUARDA COMPARTILHADA ... 10

2.1. GUARDA E PODER DE FAMÍLIA ... 10

2.2. ESPÉCIES DE GUARDA ... 11

2.2.1. Guarda Unilateral ... 12

2.2.2. Guarda Compartilhada ... 13

3. ALIENAÇÃO PARENTAL ... 15

3.1. DIFERENÇA ENTRE ALIENAÇÃO PARENTAL E A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL ... 16

3.1.1. Consequências da Síndrome da Alienação Parental ... 18

3.2. CARACTERÍSTICAS DO ALIENADOR E ALIENADO ... 18

3.3. DIAGNÓSTICO DA ALIENAÇÃO PARENTAL ... 20

3.4. CONSEQUÊNCIAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL ... 21

4. LEI Nº 12.318/2010 ... 23

4.1. ANÁLISE DO CONTEÚDO DA LEI 12.318/2010 ... 23

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 27

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema a guarda compartilhada e a alienação parental. Muitas relações conjugais se encerram de forma litigiosa, podendo trazer prejuízos à relação entre pais e filhos. Os menores são os que mais sofrem com a separação, sendo muitas vezes privado da relação de um dos cônjuges, frente ao que detém a guarda, configurando assim, a alienação parental.

Com o término da relação conjugal surge a família monoparental, onde a autoridade, antes exercida por ambos os pais, passa a se concentrar em apenas um dos genitores, restando ao outro genitor somente funções secundárias, a exemplo de visita, alimentos etc. Nesse contexto surge a guarda compartilhada trazendo mudanças nesta nova família, onde a autoridade deve ser desenvolvida de forma conjunta, decidindo e participando da vida do menor.

A Alienação parental advém da separação litigiosa, onde o guardião lança acusações falsas, raiva e mágoas sobre o genitor não guardião, a fim de dificultar a relação do mesmo com o filho alienado, se esquecendo do dever de resguardar a criança e seu convívio com a família. A guarda compartilhada aparece como uma forma de evitar a incidência da alienação parental, mantendo a responsabilidade, convivência e participação na vida dos filhos a ambos os cônjuges.

A grande discussão na atualidade é acerca das consequências da alienação parental e como combater tal abuso na sociedade. Desta forma, a guarda compartilhada pode ser entendida como um meio de combate, mantendo o vínculo com ambos os genitores na guarda, segurança e proteção do menor.

O estudo da aplicação da guarda compartilhada como forma de prevenir a ocorrência da síndrome da alienação parental será abordado no presente estudo. Será estudado a aplicação da guarda compartilhada na atualidade, as consequências da alienação parental nas crianças alienadas e a relação da separação conjugal com a alienação parental.

Para o desenvolvimento do trabalho, foram feitas pesquisas bibliográficas em livros, artigos, sites relacionados e leis para aprofundar sobre o assunto, chegando assim a conclusão do tema proposto, com dados científicos e relacionados sobre o assunto.

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2. GUARDA COMPARTILHADA

Neste capítulo estudou-se os diversos tipos de guarda existentes em nosso ordenamento jurídico e sua relação com o poder familiar, assim como os aspectos relevantes para a aplicação de cada uma das modalidades na atualidade, sempre em busca da que possibilite o contínuo envolvimento dos pais com o menor.

A definição de guarda pode ser entendida como “o poder-dever de manter criança ou adolescente no recesso do lar enquanto menores e não emancipados, dando assistência moral, material e educacional”. (RODRIGUES, 1997, p. 21).

Neste sentido pode-se entender que a guarda assegura aos pais a proteção, cuidado, vigilância dos filhos, de forma unitária ou compartilhada, buscando a proteção dos direitos destes e a manutenção do poder familiar.

Vale ressaltar que até 2008 a guarda somente possuía a modalidade unilateral, onde conferia apenas a um dos pais a guarda do menor. Após este período, com a Lei 11.698/08 que alterou os artigos 1583 e 1584 do Código Civil de 2002, a guarda compartilhada foi introduzida trazendo assim maior participação de ambos os cônjuges na vida dos filhos.

2.1. GUARDA E PODER DE FAMÍLIA

Quando se fala em guarda, se pressupõe a separação conjugal. Quando da relação advém filhos, seu fim não pode encerrar as relações parentais. Assim, é necessário definir o modelo de guarda que será aplicado, conforme aduz Maria Helena Diniz (2011, p. 440): “Deixando os pais de viver sob o mesmo teto, ainda que haja situação de conflito entre eles sobre a guarda dos filhos sujeito ao poder familiar, é necessário definir a guarda, se conjunta ou unilateral”.

Os menores estão sujeitos ao poder familiar de forma exclusiva (art. 1630, CC) até sua maioridade, onde cessa a autoridade dos pais sobre os filhos. O poder familiar compete a ambos os genitores estando ou não durante a vida conjugal.

Maria Berenice Dias afirma que, “a guarda absorve apenas alguns aspectos do poder familiar. A falta de convivência sob o mesmo teto não limita e nem exclui o poder-dever (...)”. (DIAS, 2010)

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Para Pontes de Miranda o significado de guarda: “é sustentar, é dar alimento, roupa e, quando necessário, recursos médicos e terapêuticos; guardar significa acolher em casa, sob vigilância e amparo; educar consiste em instruir, ou fazer instruir, dirigir, moralizar, aconselhar”.

Rodrigues (1995, p.344) entende que,

“guarda é tanto um dever como um direito dos pais: dever, pois cabe aos pais criarem e guardarem o filho, sob pena de abandono; direito, no sentido de ser indispensável a guarda para que possa ser exercida a vigilância, eis que o genitor é civilmente responsável pelos atos do filho.”

Para Edgard de Moura Bittencourt (1984, p. 1.):

“A guarda é "o poder-dever submetido a um regime jurídico-legal, de modo a facultar a quem de direito prerrogativas para o exercício da proteção e amparo daquele que a lei considerar nessa condição”. Assim, não é "apenas um munus, no sentido exclusivo de obrigação, proteção e zelo... envolve, em contraposição aos deveres que acarreta, algumas vantagens materiais e imateriais em favor de quem a exerce, que podem ser erigidas na qualidade de direitos."

Neste contexto, a guarda trata-se de poder-dever dos pais com os filhos, com obrigação de assistência material, educacional e moral, que compete a ambos os cônjuges, estando ou não vivendo juntos de forma igualitária, em busca do bem-estar e interesses dos filhos enquanto menores.

Desta forma, faz bem entendermos as diferenças entre tais tipos de guarda.

2.2. ESPÉCIES DE GUARDA

Com a extinção da relação conjugal, a guarda dos filhos pode se dar em favor de um ou de ambos os cônjuges.

Historicamente a guarda dos filhos era materna, devido estarem mais aptas a desempenhar atividades relacionadas ao dia a dia da criança, como por exemplo cozinhar. A guarda dos filhos era unilateral, sendo estabelecido regime de visitas para o outro genitor.

O Brasil adota dois tipos de guarda, a unilateral e a compartilhada, nos moldes dos artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil, conforme abaixo:

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Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.

§ 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.

§ 2º A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores:

I – afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar; II – saúde e segurança;

III – educação.

§ 3º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos.

Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:

I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar;

II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe.

§ 1º Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas.

§ 2º Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada.

§ 3º Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar.

§ 4º A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda, unilateral ou compartilhada, poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência com o filho.

§ 5º Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade. (BRASIL, LEI 11.698, 2008)

Ana Maria Milano Silva delimita que:

“O ato ou efeito de guardar e resguardar o filho enquanto menor, de manter vigilância no exercício de sua custodia e de representá-lo quando impúbere ou, se púbere, de assisti-lo, agir conjuntamente com ele em situações ocorrentes”. (SILVA, 2008. p. 39).

2.2.1. Guarda Unilateral

A guarda unilateral, também denominada monoparental, única ou exclusiva, é o conceito mais antigo de guarda adotado no ordenamento jurídico brasileiro. A lei prevê a guarda unilateral, priorizando a guarda compartilhada.

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Segundo o art. 1;583, § 1º, esta modalidade de guarda é atribuída a um dos pais, ou a um terceiro, de forma consensual ou por decisão judicial. Mesmo que haja consenso entre os cônjuges sobre a guarda unilateral, cabe ao juiz informar e explicar a importância da guarda compartilhada.

Segundo Simone Roberta Fontes (2009):

“A legislação conceituou a guarda unilateral como aquela atribuída a um só dos genitores ou a alguém que a substitua, bem como a guarda compartilhada como aquela em que há responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns, redação dada pelo artigo 1583, parágrafo 1º”.

A guarda unilateral traz ao pai não guardião a obrigação de supervisão e fiscalização sobre os interesses do menor (art. 1.583, § 3º, § 4º), porém não é permitido interferir nas decisões tomadas pelo guardião.

Este tipo de guarda acaba por colaborar para um afastamento gradual entre o filho menor e o pai não guardião, devido não haver contato continuo, com visitas agendadas e, normalmente, com regras impostas pelo guardião.

2.2.2. Guarda Compartilhada

A Lei 11.698/08 trouxe para o ordenamento jurídico a guarda compartilhada, alterando o Código Civil e conceituando as duas espécies de guarda, trazendo aos genitores responsabilidade conjunta (Art. 1.583, §1°, CC).

A guarda compartilhada busca garantir a participação dos pais no desenvolvimento dos filhos, manter os laços de afinidade que resta abalados com a separação.

Sua origem se deu na Inglaterra por volta de 1960, onde o sistema commom law acabou por romper a guarda única, em que a mãe era preferida na guarda dos filhos. No decorrer do tempo, foi se difundindo por toda a Europa. No Canadá vigora a guarda exclusiva como regra, mas existe a utilização da guarda compartilhada quando há acordo entre os genitores. (FONTES, 2009, p. 24)

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“[...]É o modo de garantir, de forma efetiva, a corresponsabilidade parental, a permanência da vinculação mais estrita e a ampla participação destes na formação e educação do filho, a que a simples visitação não dá espaço. O compartilhar da guarda dos filhos é o reflexo mais fiel do que se entende por poder familiar. (DIAS, 2010, p. 443) ”

Para Rolf Madaleno,

“na guarda compartilhada ou conjunta os pais, conservam mutuamente o direito de custódia e responsabilidade dos filhos, alternando em períodos determinados sua posse. A noção de guarda conjunta está ligada à ideia da co-gestão da autoridade parental. (MADALENO, 2008, p. 356). ”

Tal modalidade busca o equilíbrio do papel dos pais para com os filhos, com responsabilidade conjunta após o fim da relação conjugal. A guarda compartilhada mantem em ambos os pais direitos e obrigações sobre os filhos, dando o direito de participar de decisões importantes sobre a vida deste.

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3. ALIENAÇÃO PARENTAL

A Alienação parental ocorre nos mais variados lares, com crianças de faixa etária diversa e em todos os níveis sociais. Com o término da relação conjugal e a separação do casal, o cônjuge alienante, seja por disputa, tristeza, raiva, rejeição, começa a lançar falsas acusações sobre o outro cônjuge para o menor alienado.

Decorrendo em maior quantidade da separação litigiosa, o guardião, denominado alienador, mediante a pratica de abuso, modifica a formação de conceito do cônjuge não guardião perante o alienado. Tal situação denomina o que vem a ser a alienação parental.

A Lei 12.318/10 demostra o que vem a ser a alienação parental em seu art. 2º:

“Art. 2º. Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:

I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;

II - dificultar o exercício da autoridade parental;

III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;

IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;

VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;

VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. ”

A referida lei não se trata de um rol taxativo quanto as condutas que caracterizam a alienação parental, sendo possível apreciação do magistrado ou perícia que apresentem condutas diversas, capazes de causar alienação parental, devendo verificar a solução mais adequada em cada caso concreto.

As condutas deste abuso são reconhecidas não somente nos pais, podendo ser desenvolvida por familiares ou quem tenha a guarda, tutela ou vigilância do menor alienado.

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A primeira definição de Alienação Parental foi dada pelo professor de psiquiatria clinica Richard Gardner em 1985. Gardner era perito judicial e, com suas experiências definiu a alienação parental como sendo:

“Trata-se de uma campanha liderada pelo genitor detentor da guarda da prole, no sentido de programar a criança para que odeie e repudie, sem justificativa, o outro genitor, transformando a sua consciência mediante diferentes estratégias, com o objetivo de obstruir, impedir ou mesmo destruir os vínculos entre o menor e o pai não guardião, caracterizado, também, pelo conjunto de sintomas dela resultantes, causando assim, uma forte relação de dependência e submissão do menor com o genitor alienante. E, uma vez instaurado a assedio, a própria criança contribui para a alienação (MADALENO E MADALENO, 2013, p. 42). “

O guardião alienador lança acusações falsas, raiva e mágoas sobre o genitor não guardião, a fim de dificultar a relação do mesmo com o filho alienado, se esquecendo do dever de resguardar a criança e seu convívio com a família. Com isso, Podevyn (2001); segundo Gardner et al. (2001) ressalta que o processo pode ser destruidor:

A Alienação Parental é um processo que consiste em programar uma criança para que odeie um de seus genitores sem justificativa. Quando a síndrome está presente a criança dá a sua própria contribuição na campanha para desmoralizar o genitor alienado.

Por se tratar de um tema ainda em estudo, torna-se difícil seu diagnóstico no caso concreto, onde muitas famílias, por falta de conhecimento, não identificam a presença de tal perigo em seus lares.

De tal forma, se torna importante sabermos como identificar e tratar a alienação parental, diferenciando esta da Síndrome da Alienação Parental e identificando suas consequências perante as partes.

3.1. DIFERENÇA ENTRE ALIENAÇÃO PARENTAL E A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL

Decorrendo da alienação parental, surge e Síndrome da Alienação Parental, que busca definir a forma como o genitor guardião utiliza para chegar ao resultado desejado.

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A Síndrome da Alienação Parental foi proposta em 1985 por Richard Gardner, nos Estados Unidos, se tratando da hipótese onde o cônjuge alienante treina, incentivando o filho a romper laços afetivos com o genitor não guardião.

A separação conjugal é a grande propulsora da síndrome, mesmo que alguns traços da alienação possam ser diagnosticados ainda durante a vida juntos. Mesmo surgindo neste período, seu marco se torna mais visível após a separação, onde o cônjuge guardião busca modificar a visão que o alienado possui sobre o cônjuge não guardião, buscando a rejeição deste.

Mesmo uma decorrendo da outra, existem diferenças entre elas, que são esclarecidas por Madaleno e Madaleno (2013, p. 51):

“De acordo com a designação de Richard Gardner, existem diferenças entre a síndrome da alienação parental e apenas a alienação parental; a última pode ser fruto de uma real situação de abuso, de negligência, de maus-tratos ou de conflitos familiares, ou seja, a alienação, o alijamento do genitor é justificado por suas condutas (como alcoolismo, conduta antissocial, entre outras), não devendo se confundir com os comportamentos normais, como repreender a criança por algo que ela fez, fato que na SAP é exacerbado pelo outro genitor e utilizado como munição para injúrias. Podem, ainda, as condutas do filho ser fator de alienação, como a típica fase da adolescência ou meros transtornos de conduta. Alienação é, portanto, um termo geral que define apenas o afastamento justificado de um genitor pela criança, não se tratando de uma síndrome por não haver o conjunto de sintomas que aparecem simultaneamente para uma doença específica. ”

A Síndrome da Alienação Parental deve ser entendida como um mal, marcada pelo total controle do guardião sobre o alienado, onde as falsas memorias podem ser consideradas os sintomas que causam o afastamento entre genitor não guardião e a criança.

Pinho apud Gomes (2014, p. 46) difere a Alienação Parental da Síndrome da Alienação Parental:

“A Síndrome não se confunde com Alienação Parental, pois que aquela geralmente decorre desta, ou seja, ao passo que a SAP se liga ao afastamento do filho de um pai através de manobras do titular da guarda; a Síndrome, por seu turno, diz respeito às questões emocionais, aos danos e sequelas que a criança e o adolescente vêm a padecer. ”

Trata-se de um transtorno, na pratica de ações que buscam o afastamento o alienado, porém, de forma exagerada. A SAP (Síndrome da Alienação Parental) causa efeitos devastadores na relação familiar, sendo caracterizada pelos danos emocionais

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causados no menor, decorrentes da pratica da alienação parental. Tem-se a Síndrome como uma doença, que deve ser imediatamente interrompida e tratada.

Casos corriqueiros da Síndrome da Alienação Parental associam-se a ocasiões em que a ruptura da vivência conjugal causa em um dos genitores, o sentimento de vingança, onde começa um processo de destruição e desmoralização do ex, utilizando o menor como instrumento para atingir seu objetivo.

3.1.1. Consequências da Síndrome da Alienação Parental

Diversas são as consequências deixadas com a aplicação da SAP nos lares, trazendo sensação de abandono, sentimento de culpa, insegurança e falta de compreensão do alienado perante a ação do alienante com o cônjuge não guardião. A falta de capacidade para lidar com tal situação pode resultar no desenvolvimento de depressão, medo, isolamento entre outros (TRINDADE apud DIAS, 2010, p. 43).

Os efeitos podem variar de acordo com a idade do alienado, porém suas evidencias são demonstradas no comportamento destes, como por meio de irritação, falta de desenvolvimento escolar, concentração, autoestima, dupla personalidade, drogas, etc. Tais prejuízos podem vir a atrapalhar o desenvolvimento da personalidade e de transtornos que serão levados para toda a vida do alienado (FONSECA, 2006).

Outra consequência devastadora é o efeito bumerangue, que de acordo com Cabral (2010) se dá após a vida adulta, com a percepção da situação e o sentimento de culpa pela injustiça causada ao genitor alienado, onde se volta contra o genitor alienante.

Nesta fase são comuns sentimento de revolta e dor por ter sido manipulado e cumplice da situação, causando remorso e sofrimento ainda maior, quando percebe que a exclusão do genitor não guardião se deu de forma injusta (CABRAL, 2010).

3.2. CARACTERÍSTICAS DO ALIENADOR E ALIENADO

A alienação parental é normalmente realizada por um dos pais, ou em casos excepcionais, por um familiar, vigilante, tutor ou guardião do menor.

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“•Exclui o outro genitor da vida dos filhos

◦Não comunica ao outro genitor fatos importantes relacionados à vida dos filhos (escola, médico, comemorações, etc.).

◦Toma decisões importantes sobre a vida dos filhos, sem prévia consulta ao outro cônjuge (por exemplo: escolha ou mudança de escola, de pediatra, etc.).

◦Transmite seu desagrado diante da manifestação de contentamento externada pela criança em estar com o outro genitor.

•Interfere nas visitas

◦Controla excessivamente os horários de visita.

◦Organiza diversas atividades para o dia de visitas, de modo a torná-las desinteressantes ou mesmo inibi-la.

◦Não permite que a criança esteja com o genitor alienado em ocasiões outras que não aquelas prévia e expressamente estipuladas.

•Ataca a relação entre filho e o outro genitor

◦Recorda à criança, com insistência, motivos ou fatos ocorridos que levem ao estranhamento com o outro genitor.

◦Obriga a criança a optar entre a mãe ou o pai, fazendo-a tomar partido no conflito.

◦Transforma a criança em espiã da vida do ex-cônjuge.

◦Quebra, esconde ou cuida mal dos presentes que o genitor alienado dá ao filho.

◦Sugere à criança que o outro genitor é pessoa perigosa. •Denigre a imagem do outro genitor

◦Faz comentários desairosos sobre presentes ou roupas compradas pelo outro genitor ou mesmo sobre o gênero do lazer que ele oferece ao filho. ◦Critica a competência profissional e a situação financeira do ex-cônjuge. ◦Emite falsas acusações de abuso sexual, uso de drogas e álcool.1

Existem inúmeras outras características e comportamentos do alienador, não podendo se ater somente a estas. O alienador pode utilizar de meios diversos para atingir seu objetivo.

Do mesmo modo, também é possível identificar reações do menor, demonstradas como segue:

“A Criança Alienada:

•Apresenta um sentimento constante de raiva e ódio contra o genitor alienado e sua família.

•Se recusa a dar atenção, visitar, ou se comunicar com o outro genitor. •Guarda sentimentos e crenças negativas sobre o outro genitor, que são inconsequentes, exageradas ou inverossímeis com a realidade.

Crianças Vítimas de SAP são mais propensas a:

•Apresentar distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e pânico. •Utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e culpa da alienação. •Cometer suicídio.

•Apresentar baixa autoestima.

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•Não conseguir uma relação estável, quando adultas.

•Possuir problemas de gênero, em função da desqualificação do genitor atacado. 2

3.3. DIAGNÓSTICO DA ALIENAÇÃO PARENTAL

A alienação parental deve ser diagnosticada de forma segura e confiável, para que não haja injustiça na aplicação das consequências ao genitor alienador. De mesma forma, é importante verificar se o genitor alienado realmente não é merecedor de rejeição.

De acordo com a Lei 12.318/2010, basta apenas o indício de pratica de alienação parental, por ação incidental ou autônoma, para que, o juiz, no caso concreto, e se necessário for, determine perícia psicológica ou biopsicossocial.

A perícia deve ser feita por profissional capacitado, afim de evitar fraudes e não causar risco de erros.

O Artigo 5º, § 2º, da lei 12.318/2010 nos mostra quem serão os legitimados para tal análise: “§ 2o A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental. ”

As perícias buscam trazer a realidade dos fatos de forma menos gravosa para as partes envolvidas. O laudo desta análise auxilia a decisão do juiz.

De acordo com Teixeira (2005, P.412), “o trabalho do psicólogo perito consiste na realização de entrevistas individuais e conjuntas, com possibilidade de aplicação de testes quando necessário, com todas as partes envolvidas”.

Podevyn (2001) ressalta que, dentre os principais artifícios utilizados pelos alienadores, podem chegar a envolver pessoas próximas em sua pratica de alienação. Abaixo alguns comportamentos que podem ser típicos do genitor alienador em sua prática:

a)-Recusar de passar as chamadas telefônicas aos filhos;

b)-Organizar várias atividades com os filhos durante o período que o outro genitor deve normalmente exercer o direito de visitas.

c)-Apresentar o novo cônjuge aos filhos como sua nova mãe ou seu novo pai. d)-Interceptar as cartas e os pacotes mandados aos filhos.

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e)-Desvalorizar e insultar o outro genitor na presença dos filhos.

f)-Recusar informações ao outro genitor sobre as atividades em que os filhos estão envolvidos (esportes, atividades escolares, grupos teatrais, escotismo, etc.).

g)-Falar de maneira descortês do novo conjugue do outro genitor. h)-Impedir o outro genitor de exercer seu direito de visita.

i)-“Esquecer” de avisar o outro genitor de compromissos importantes (dentistas, médicos, psicólogos).

j)-Envolver pessoas próximas (sua mãe, seu novo conjugue, etc.) na lavagem cerebral de seus filhos.

k)-Tomar decisões importantes a respeito dos filhos sem consultar o outro genitor (escolha da religião, escolha da escola, etc.).

l)-Trocar (ou tentar trocar) seus nome e sobrenomes.

m)Impedir o outro genitor de ter acesso às informações escolares e/ou médicas dos filhos.

n)Sair de férias sem os filhos e deixá-los com outras pessoas que não o outro genitor, ainda que este esteja disponível e queira ocupar-se dos filhos. o)-Falar aos filhos que a roupa que o outro genitor comprou é feia, e proibi-los de usá-las.

p)-Ameaçar punir os filhos se eles telefonarem, escreverem, ou a se comunicarem com o outro genitor de qualquer maneira.

q)-Culpar o outro genitor pelo mau comportamento dos filhos.

Deste modo, a investigação se torna de suma importância na busca da verdade de forma criteriosa, levando em consideração comportamentos apresentados pelas partes. A avaliação de profissionais da área colabora com o diagnóstico e a confecção de um laudo que possibilitará uma correta apreciação do judiciário, afim de poder determinar a melhor maneira para impedir e evitar que a alienação parental continue.

3.4. CONSEQUÊNCIAS DA ALIENAÇÃO PARENTAL

Sendo identificada a Alienação parental, mediante as investidas do alienador, é necessário que sejam aplicados meios de barrar sua continuidade. O alienante atua com o intuito de afastar o menor do convívio com o cônjuge não guardião.

Os meios utilizados podem ser variados, mediante chantagens, ameaças e falsas acusações, com a finalidade de garantir que seu objetivo seja alcançado.

O artigo 6º da Lei nº 12.318/10 possui um rol não taxativo com consequências aplicadas a quem praticar tal ato:

“Art. 6º. Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:

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II – ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; III – estipular multa ao alienador;

IV – determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;

V – determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;

VI – determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; VII – declarar a suspensão da autoridade parental.

Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar. ”

Sendo o rol exemplificativo, cabe ao juiz verificar qual a melhor forma de combater a alienação parental no caso concreto. Venosa (2011, P 321) complementa que “Nada impede que algumas destas medidas sejam aplicadas cumulativamente. Situações haverão em que a simples advertência atingirá resultados. Outras situações exigirão medidas mais rudes”.

Deste modo, cada situação necessitará de uma intervenção especifica, não sendo possível determinar uma mesma consequência para todos os casos de alienação.

Com relação a multa do inciso III, a lei não determina sua natureza ou limite, cabendo ao juiz fundamentar a aplicação desta medida. Todas as consequências possuem a finalidade de minimizar a ocorrência de casos de alienação, podendo até ser necessário tratamento psicológicos, afim de diagnosticar o tamanho do trauma causado no menor e o tratamento do alienante.

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4. LEI Nº 12.318/2010

Em maio de 2008 foi lançado, pelo Juiz Dr. Elizio Luiz Perez do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, para debate público o anteprojeto que deu origem a Lei da Alienação Parental. Após sua divulgação e análise das críticas feita por pais e profissionais da área, este foi reescrito quase que por completo, seguindo para aprovação do presidente que, em 26 de agosto de 2010 sancionou a Lei 12.318/2010, tendo dois de seus artigos vetados.

Segundo o Dr. Elizio Luiz Perez, o projeto foi proposto com a preocupação de criar um instrumento que ajudasse a inibir, de forma efetiva, a alienação parental, com consistência técnica e viabilidade do ponto de vista político.

Buscando a proteção da criança e seus direitos fundamentais, preservando o convívio familiar, Silva e Freitas discorrem sobre o dever de se preservar tais garantias:

Essa família, que recebe proteção estatal, não tem só direitos. Tem o grave dever, juntamente com a sociedade e o Estado, de assegurar, com absoluta prioridade, os direitos fundamentais da criança do adolescente e do jovem, enumerado no artigo 227. (SILVA, 2011, p. 853).

Assim como ocorreu com a Lei da Guarda Compartilhada, em que, na verdade, apenas houve um resgate do conceito originário de Poder Familiar, a fim de romper com os vícios decorrentes de má interpretação da Guarda Unilateral, mas que surtiu efeito nas relações paterno-filiais, acreditamos que a Lei da Alienação Parental, além de oficialmente assinalar a população em geral, inclusive aos operadores, a existência desta síndrome e formas de combatê-la, também promoverá grande impacto jurídico-social (FREITAS, 2014, p. 35).

4.1. ANÁLISE DO CONTEÚDO DA LEI 12.318/2010

A lei é composta por 11 artigos, dois destes vetados, e, além de estabelece o que é a alienação parental, traz um rol exemplificativo das maneiras utilizadas para a pratica da alienação.

Em seu artigo 2º conceitua e traz um trazendo um rol exemplificativo de métodos utilizados pelo alienador em seus incisos.

Segundo Venosa (2011, p. 321): “Esse rol é apenas exemplificativo, e, o juiz deverá verificar qual a solução mais plausível no caso concreto. Nada impede que algumas dessas medidas sejam aplicadas cumulativamente”.

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A relação de alienação é composta por três partes: o alienador, que pratica os atos do artigo citado, a vítima, que é a criança que sofre tais atos, e o alienado é privado do convívio afastado da vítima. Vale ressaltar que a lei não restringe aos genitores a autoria, sendo possível a pratica por qualquer pessoa que possua guarda, vigilância ou autoridade sobre o menor.

O artigo 3º versa sobre a aplicação de dano moral ao guardião alienante, pois a prática da alienação afronta norma constitucional que garante os direitos fundamentais.

“Art. 3o A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da

criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda BRASIL, 1990). “

Madaleno e Madaleno (2013, p. 101) complementam que tal dano é cabível e aplicável nestas relações:

“Quando o ascendente guardião falta com essas obrigações inerentes ao poder familiar, cuja responsabilidade resta reforçada pela custodia unilateral dos filhos comuns, e com seu agir fere qualquer direito previsto no art. 227 da Constituição Federal, embaraçando com seu proceder o exercício da sadia convivência familiar, e assim realizando atos típicos de alienação parental, inquestionavelmente, esse genitor alienador abusa do seu direito de custódia, abusa do exercício do poder familiar e, como sabido, qualquer conduta frontalmente contrária aos melhores interesses da criança e do adolescente constituem abuso de um direito (art. 187 do CC), e se constituem em ato ilícito passível de ser financeiramente ressarcido. “

Assim, ao se detectar indícios da alienação parental, deve o judiciário agir com urgência, afim de minimizar os prejuízos na relação entre pais e filhos.

“Art. 4o Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de

ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso.

Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor garantia mínima de visitação assistida, ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado por profissional eventualmente designado pelo juiz para acompanhamento das visitas (BRASIL, 1990). “

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Ao tomar conhecimento dos indícios, deve o juiz determinar a realização de perícia por equipe multidisciplinar, com conclusão máxima em 90 dias, sendo este prazo prorrogável por igual período mediante autorização judicial com justificativa circunstanciada (GONÇALVES, 2013, p. 308).

As pericias multidisciplinares são compostas por pericias sociais, psicológicas, medicas e outras a fim de alcançar laudo com maior probabilidade de certeza, de onde será baseada a decisão judicia (FREITAS,2014).

Deste modo, as pericias consistem em método de grande importância que irão nortear as decisões a respeito do menor e seu âmbito familiar. Um laudo mal desenvolvido pode agravar ainda mais o desenvolvimento da criança e das relações entre pais-filhos.

“Art. 5o Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação

autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial.

§ 1o O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou

biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor.

§ 2o A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar

habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental.

§ 3o O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência

de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada (BRASIL, 1990). “

O artigo 6º da referida lei, já estudado no capítulo anterior, versa sobre as sanções aplicáveis pelo judiciário nos casos de alienação parental, podendo estas serem aplicadas de individual ou cumuladas. Tais medidas buscam minimizar ou anular os atos prejudiciais praticados pelo alienante e o retomar o alienado e vitima ao convívio familiar.

Segundo Rosenvald Farias a regra é o convívio familiar, sendo quebrada apenas em casos excepcionais se comprovada tal necessidade, que deve ser demonstrada por meio de provas como por exemplo a perícia psicológica (2011, p.59).

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Já a alteração da guarda, caso necessária, será concedida ao genitor que possibilitar melhor convivência com o genitor não guardião. Tal alteração apenas será realizada caso não haja possibilidade de aplicação ou ser mantida a guarda compartilhada.

“Art. 7o A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao

genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro genitor nas hipóteses em que seja inviável a guarda compartilhada (BRASIL, 1990). “

Por fim, o artigo 8º da referida lei, aduz sobre a alteração de domicilio e a competência para relacionada as ações familiares, apenas alterável por concordância entre as partes ou determinação judicial. Conforme a sumula 383 do STJ, a competência para julgar ações de interesse de menor é, em regra, o foro do domicilio do detentor da guarda.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estre trabalho buscou o estudo da guarda compartilhada e a alienação parental. Para tanto, fez-se necessário o entendimento dos tipos de guarda, da lei 12318/2010 e a síndrome da alienação parental.

Com o fim da relação conjugal dá-se início a separação, que pode ser consensual ou litigiosa. Havendo filhos na constância do casamento, faz-se necessário determinar o tipo de guarda que será aplicado, podendo esta ser unilateral ou conjugada.

A guarda unilateral torna-se mais propícia a pratica da alienação parental, pois não há compartilhamento de deveres e responsabilidades com o menor, como ocorre na guarda compartilhada, que propicia maior interação entre os cônjuges na rotina e participação da vida dos filhos.

Contatou-se que a alienação parental está cada vez mais recorrente nos lares, podendo ocorrer durante a constância do casamento ou após seu termino. Os meios utilizados são variados e podem causar prejuízos irreversíveis, atrapalhando no desenvolvimento e causando sequelas por toda a vida da vítima.

Conclui-se assim, que a guarda compartilhada é o meio mais eficaz no combate e redução dos casos de alienação parental, sendo meio de proteção da criança, onde os genitores exercem igualmente a guarda e participam com maior intensidade do desenvolvimento da criança. Assim, mediante participação continua dos pais, mantem-se a preservação dos direitos fundamentais da criança e adolescente, principalmente o convívio familiar.

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