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Design e arquitectura do zoo
A arquitectura e design do zoo têm de conjugar duas necessidades em conflito: as dos animais e as do público. Cerca de 80% dos zoos são urbanos e como tal são necessariamente limitados no tamanho e têm de fazer o melhor uso possível do espaço disponível. Os animais encontram‐se normalmente em alojamentos, alguns dos quais dispõem de espaço exterior. Jaulas ou outro tipo de barreira são geralmente necessárias para prevenir quer a fuga dos animais, quer a aproximação excessiva do público. Além do equipamento mais simples nos alojamentos, como troncos para leões e tigres se coçarem e troncos, ramos ou cordas suspensas para macacos, pode também ser utilizado material mais moderno, como rochas e árvores artificiais para melhor simular o habitat natural. Tigre de Amur no zoo de FiladélfiaOs mamíferos de grande porte, elefantes, rinocerontes, hipopótamos e tapirs, são muitas vezes acomodados nas mesmas instalações. Estes animais dispõem geralmente de espaços exteriores, com piscina para os hipopótamos e para as outras espécies. As girafas, cuja altura pode exceder 4 m, necessitam obviamente de acomodações com altura suficiente e espaço exterior para se exercitarem. Cavalos, zebras, ocapis, camelos, porcos, antílopes e outros animais necessitam também de acomodações e espaços exteriores. Apenas os mamíferos de pequeno porte podem dispor de acomodações sem espaços exteriores.
2 Corços no Parque Biológico de Gaia Ocapi no Zoo de Miami
Hipopótamos no Zoo de Duisburg, Alemanha Tapir no zoo de San Diego
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Os animais nocturnos que se encontram nos zoos dispõem de acomodações nas quais o ciclo normal de luz é revertido através de luz artificial. Durante as horas de luz, estes animais estariam normalmente em repouso, mas como é durante este período que os zoos se encontram abertos ao público, as suas acomodações são iluminadas com luz vermelha ou branca não ofuscante e estes animais estão então activos. Nas horas de obscuridade, a situação inverte‐se e as suas acomodações são iluminadas, de modo que os animais entram em repouso. Os aviários nos zoos urbanos podem assumir diversas formas. Podem ser constituídos por uma série de pequenas gaiolas, cada uma contendo um espécime ou um par de aves. Podem também ser constituídos por gaiolas de grandes dimensões, as quais possuem várias espécies diferentes mas relacionadas entre si ou pertencendo ao mesmo tipo de ambiente. Existem várias formas de apresentação dos aviários ao público. A mais comum é a utilização de rede metálica, mas também pode ser utilizada uma barreira menos visível, como fios metálicos verticais com um intervalo entre si de 1 a 2,5 cm. Também pode ser usado vidro, mas se não for posicionado correctamente pode originar reflexos indesejáveis. Outra forma de permitir a observação do público e resguardar simultaneamente as aves é construir o aviário de modo a que a zona de acomodação das aves esteja iluminada e a zona do público esteja na obscuridade. Outra forma é o chamado aviário “walk‐through”, no qual as aves dispõem livremente de uma grande área e os visitantes possuem um trilho definido. Estes aviários permitem simular o ambiente natural através da vegetação.
As aves aquáticas e as aves de rapina encontram‐se geralmente em aviários exteriores que possuem um abrigo anexo. Os aviários modernos para estas espécies têm geralmente uma grande área para que as aves se possam exercitar convenientemente. Um dos melhores aviários do mundo encontra‐se no Zoo de San Diego, na Califórnia. Grifo no Parque Biológico de Gaia
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Os répteis encontram‐se geralmente em gaiolas individuais no edifício próprio. Os zoos das zonas sub‐tropicais e tropicais possuem estes animais geralmente em acomodações exteriores.
Quando os animais estão confinados em edifícios é necessário ajustar as condições de ventilação, luz, temperatura e humidade de acordo com as espécies. Aquecimento central e humidificadores devem ser instalados em cada edifício, com sistemas de controlo independentes para cada acomodação. Alguns animais gostam de tomar sol e de se alimentarem numa área vizinha de menor temperatura. Neste caso, devem utilizar‐se lâmpadas de infra‐vermelhos ou, no caso de alguns répteis do deserto, luz ultravioleta. Pode também utilizar‐se a luz solar directa se as janelas permitirem a passagem de raios ultravioleta.
Desde 1930, o número de zoos em campo aberto (“open‐space”) tem aumentado, principalmente em áreas rurais. Estes zoos apresentam um número de espécies inferior ao dos zoos urbanos, mas estas dispõem de áreas maiores e por isso mais próximas do seu ambiente natural. Nestes zoos, as espécies estão confinadas com recurso a métodos diferentes, como fossos com água, fossos secos e sebes com rede incorporada.
Enquanto alguns destes zoos apresentam apenas uma espécie por espaço, alguns zoos tentam recriar ambientes com um determinado conjunto de espécies diferentes, por exemplo, a área respeitante ao continente africano pode englobar elefantes, rinocerontes brancos, zebras de Grant, girafas, gnus de cauda branca, etc.
Nos chamados safari park, os animais estão confinados a grandes áreas que os visitantes atravessam de carro. Apesar desta prática se basear na que ocorre nas reservas naturais africanas, apresenta riscos, nomeadamente quando a densidade de tráfego é elevada ou quando os visitantes não respeitam as regras, como manter os vidros subidos ou não sair do carro. Os zoos em campo aberto podem desempenhar um papel importante como centros de reprodução de espécies raras ou em risco de extinção.
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Alguns aspectos a ter em consideração:
ª Para a segurança animal, as estruturas devem ser projectadas de modo a que os animais não corram o risco de se ferir, isto é, sem bordas ou junções ou encaixes afiados.
ª Para a segurança humana, as estruturas devem ser projectadas de modo a que encaixes, tais como porcas, não possam ser abertos por animais com destreza manual, tais como macacos.
ª Para a segurança animal, as estruturas devem ser pintadas com produtos não tóxicos se comidos por animais. As estruturas metálicas revestidas com plástico devem ser resistentes aos ultravioletas e deve possuir um certificado de garantia dos fabricantes a este efeito.
ª Para a saúde animal, as acomodações dos animais devem simular o mais próximo possível o habitat natural do animal recorrendo opções de enriquecimento ambiental.
ª Para a segurança do visitante, as áreas de serviço devem ser delimitadas com telas de madeira, de metal ou de bambu para manter os visitantes longe destas áreas não públicas.
ª As estruturas de observação dos animais devem estar integradas nas suas acomodações.
ª As barreiras de segurança só devem ter barras verticais se não houver possibilidade de o visitante as escalar. As barreiras podem ter uma única barra horizontal à altura dos adultos e uma única barra inferior à altura das crianças.
ª O sistema de informações deve utilizar tipos de letra, cores e sinais gráficos estandardizados e materiais de longa duração como o alumínio, a fibra de vidro, ou aço.
ª Os telhados devem ser inclinados para permitir o escoamento da água e evitar a deterioração estrutural dos edifícios. Os soalhos e paredes devem ser elaborados com materiais permanentes ou resistentes e de fácil manutenção (as superfícies lustrosas ou brilhantes são de evitar pois não se adequam visualmente a um ambiente de jardim zoológico).
ª Devem existir locais de repouso para o visitante e recipientes de recolha de lixo em abundância.
ª Os edifícios de apoio ao visitante devem ser coloridos e atractivos ao olhar e a sua aparência deve estar relacionada com o tema da área onde se encontram.
ª Para assegurar o conforto animal, cada acomodação deve possuir áreas para o animal descansar, se alimentar, beber água, se exercitar, de acordo com as necessidades biológicas da espécie.
ª Algumas espécies escaladoras preferem não dormir ao nível do solo – é necessário fornecer plataformas em altura para dormirem.