• Nenhum resultado encontrado

O MUSEU E SUA FUNÇÃO SOCIAL PELO MAPEAMENTO DAS REDES SOCIAIS DOS MUSEUS Weidson Leles GOMES 1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O MUSEU E SUA FUNÇÃO SOCIAL PELO MAPEAMENTO DAS REDES SOCIAIS DOS MUSEUS Weidson Leles GOMES 1"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

O MUSEU E SUA FUNÇÃO SOCIAL – PELO MAPEAMENTO DAS REDES SOCIAIS DOS MUSEUS

Weidson Leles GOMES1

Resumo: O presente Artigo busca abordar a pretensão dos museus de cumprir uma função social e a emergência da necessidade de mapeamento das redes sociais pelos museus. A motivação para a escrita do presente artigo se deu em minha trajetória no curso de Pedagogia. No primeiro semestre de 2010 cursei as disciplinas de Estágio Curricular de Introdução ao Campo Educacional no qual desenvolvi estudos sobre a atuação dos pedagogos em museus e a disciplina Psicologia da Educação II, na qual tive contato com a Psicologia Social e a oportunidade de conhecer instrumentos de mapeamento de redes sociais. Nasceu então a ideia da necessidade de mapeamento das redes sociais pelos museus e o primeiro esboço do presente trabalho. Procura-se articular as noções de complexidade, redes sociais e mapeamento de redes sociais, lançando um olhar no qual o museu é considerado um importante espaço para uma prática transdisciplinar e inclusiva. Inicialmente, expõe-se um breve histórico que traz o contexto do surgimento da ideia de museu para a conscientização dos cidadãos. Posteriormente, é abordada a situação atual brasileira e alguns conceitos ligados à temática de complexidade e redes sociais, bem como são apresentados os instrumentos de mapeamento de redes sociais, concluindo serem estes importantes ferramentas à disposição dos museus.

Palavras-chave: Museu, Complexidade, Redes Sociais, Mapeamento, Função Social.

A motivação para a escrita do presente artigo se deu em minha trajetória no curso de Pedagogia. No primeiro semestre de 2010 cursei as disciplinas de Estágio Curricular de Introdução ao Campo Educacional no qual desenvolvi estudos sobre a atuação dos pedagogos em museus e a disciplina Psicologia da Educação II, na qual tive contato com a Psicologia Social e a oportunidade de conhecer instrumentos de mapeamento de redes sociais. Nasceu então a ideia da necessidade de mapeamento das redes sociais pelos museus e o primeiro esboço do presente trabalho. Posteriormente, em 2013, tive a feliz experiência de assistir a uma palestra do professor Walter Ude Marques, intitulada "Juventude, Cultura e Subjetividade: Museus, Educação e Cidadania" no Museu de Artes e Ofícios na qual tais instrumentos foram apresentados.

Para iniciar este debate apresentarei o conceito de museu dado pelo ICOM (Conselho Internacional de Museus) em que museu é uma “instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade”.

Neste conceito está presente a ideia de que o museu deve cumprir uma função social. Esta ideia veio à tona com a Mesa Redonda de Santiago em 1972, na qual vários intelectuais

1

(2)

da América Latina se reuniram e concluíram que na situação em que os países latino-americanos se encontravam (período de ditaduras militares), os museus deveriam servir a tomada de consciência das massas. Paulo Freire chegou a ser convidado para este evento e não pode comparecer por motivos políticos, porém, suas ideias estiveram presentes nos debates. Cria-se então a chamada Nova Museologia que leva em consideração alguns pontos marcantes do que se configuraria como a epistemologia da complexidade e o incentivo à transdisciplinaridade nos ambientes museais.

Os Museus no Brasil atual

Com a influência da Mesa Redonda de Santiago e de outros eventos posteriores (como a Declaração de Quebec a de Caracas), a legislação brasileira trabalha com o incentivo a interdisciplinaridade e ressalta a importância dos museus como instituição voltada para a sociedade. O momento vivido é de crescimento de políticas pensadas para os museus.

O ano de 2009 foi muito importante devido à criação do IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) e pela criação da SUM (Superintendência de Museus de Minas Gerais). Estes órgãos possuem inúmeras funções como, por exemplo, a promoção de cursos e oficinas de capacitação de profissionais para a área museológica. A obrigatoriedade de que todo museu brasileiro possua um Plano Museológico também é recente. Todos os museus devem traçar seus planos até no máximo cinco anos da data de publicação do Estatuto dos Museus de 2009. Isso é importante, pois, incentiva a interdisciplinaridade já que profissionais de diversas áreas devem trabalhar na elaboração deste plano, além do fato de haver um prazo mínimo e máximo para que este plano seja revisado.

Por fim, a intenção aqui é chamar a atenção para a recorrência na legislação brasileira de diversos tópicos que se iniciaram na Mesa Redonda de Santiago, dos quais os mais relevantes a este trabalho são a interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade e a função social do museu.

Complexidade, Redes Sociais e Mapeamento de Redes

Edgar Morin (2000) aborda o conhecimento apontando a necessidade de se resgatar a complexidade que se perdeu com sua expansão e com as divisões das ciências bem como a perda de uma visão global. É grande a importância desse olhar de Morin e de outros autores como Sousa Santos (1987), pois tratam de buscar um novo rumo às ciências através da critica

(3)

ao paradigma dominante, tentando restabelecer conexões importantes que trariam grandes benefícios à humanidade, de forma consciente e responsável.

O progresso nos conhecimentos ocasionou em uma separação entre as ciências e em especializações disciplinares. Assim, fragmentam-se “os contextos, as globalidades e as complexidades” (MORIN, 2000, p.40). A realidade é então vista como fragmentada. As dimensões do homem são divididas entre departamentos hiperespecializados e fechados em si.

Segundo Morin,

“o ser humano ou a sociedade, são multidimensionais: dessa forma, o ser humano é ao mesmo tempo biológico, psíquico, social, afetivo e racional. A sociedade comporta as dimensões histórica, econômica, sociológica, religiosa... O conhecimento pertinente deve reconhecer esse caráter

multidimensional e nele inserir estes dados.” (MORIN, 2000, p.38)

É preciso uma visão global que perceba em cada ação o seu completo impacto, pois, uma ação local é uma ação global. Precisamos de abordagens e um conhecimento que reconheça múltiplas dimensões. Precisamos resgatar a complexidade do conhecimento. “Complexus significa o que foi tecido junto; de fato, há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo (...) a complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade” (MORIN, 2000, p.38). O pensamento complexo é a base do pensamento em redes.

O psiquiatra argentino Carlos Sluzki (1997) elaborou um instrumento (Mapa Mínimo de Rede Pessoal Social) que permite mapear as redes sociais de uma pessoa e identificar fatores de risco e proteção, podendo assim fazer uma reflexão do que pode ser feito para criar e fortalecer os vínculos desta pessoa. A partir disso, Marques (2009) elaborou dois outros instrumentos (Mapa Mínimo de Redes Sociais Institucionais Internas e Externas) para trabalhar da mesma forma com as instituições.

Segundo Marques (2009), as redes são muito importantes para a vida, e, o indivíduo não pode viver isolado, do contrário adoece. A mesma ideia vale para as instituições. “Fica evidenciado que qualquer tentativa de isolamento absoluto negligencia a rede que constitui a vida (...) concluímos que trabalhos fragmentados vulnerabilizam pessoas e instituições, como também a sociedade como um todo” (Marques 2009, 23). Para ele “a proposta de trabalhos comunitários em redes sociais representa uma metáfora que reconhece a vida como resultante da interação de vínculos cooperativos e solidários”.

(4)

O diálogo e “a criação de espaços de conversação” (Marques, 2009, p.25) é um bom caminho para o fortalecimento dessas redes. Seria importante que fossem buscados profissionais e representantes de diversas instituições e áreas para que as reflexões feitas ali nos museus alcançassem mais longe; ampliando o horizonte, criando e fortalecendo laços e, finalmente, tendo visibilidade e utilidade para a sociedade.

Considerações Finais

Penso que para o museu cumprir a sua pretensa função social, antes de tudo deve interagir com a sociedade de uma forma mais eficiente e complexa. Chamo a atenção para que os museus façam o mapeamento de suas redes internas e externas e façam grupos de discussão para fortalecer os laços com diversas instituições e entre os seus diversos departamentos e profissionais. É preciso que os museus adotem o pensamento em redes e busquem identificar fatores de risco e proteção em si; busquem ampliar as redes, fortalecer seus vínculos, diminuir distâncias entre os componentes de redes e torná-las cada vez mais heterogêneas.

Como exposto acima,

“(...) existem duas possibilidades de avaliação indicadas por Ude (2008), a rede interna e a rede externa. No que se refere à primeira, ou seja, o mapa da rede institucional interna visa diagnosticar como os setores da instituição avaliada estão interagindo entre si. (...) No que tange à construção do Mapa de Rede Institucional Externa, procura avaliar, primeiramente, a relação da instituição pesquisada em relação às demais existentes na comunidade e, num segundo momento, como elas relacionam entre si.” (MARQUES, 2009, p.24-25)

Este artigo procurou articular a metáfora de redes sociais com a função social dos museus. Estariam os museus cientes destes estudos e buscando pensar suas políticas e ações educativas levando em consideração a complexidade? Pensando no museu como uma instituição dentro de uma rede e com redes internas? Estariam os museus atentos à sua função social?

Uma instituição que se isola fica doente. Fica explícita a necessidade de que os museus façam o mapeamento de suas redes e que estabeleçam contato entre as mais diversas instituições.

(5)

BIBLIOGRAFIA

MARQUES, Walter Ernesto Ude (Org.) ; Santos, G. L. (Org.) ; Felizardo Junior, L. C. (Org.).2009. Escola, Violência e Redes Sociais. 1. ed. Belo Horizonte: UFMG.

MARQUES, Walter Ernesto Ude . 2002. Redes Sociais: possibilidade metodológica para uma prática inclusiva. In: Walter Ernesto Ude Marques. (Org.). Políticas Públicas. Belo Horizonte: UFMG/PROEX.

MORIN, Edgar. 2000. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez. SLUZKI, Carlos E. 1997. A rede social na prática sistêmica; alternativas terapêuticas. São Paulo: Casa do Psicólogo.

SOUZA SANTOS, Boaventura de (1987); Um Discurso sobre as Ciências; Edições Afrontamento; Porto; 1988.

Referências

Documentos relacionados

2 Denominação fictícia dada às escolas vinculadas.. dificultam a efetiva recuperação da aprendizagem dos alunos, além de investigar os efeitos sobre o desempenho

Inicialmente, até que as ações estejam bem delineadas, a proposta é de que seja realizada apenas uma reunião geral (Ensino Fundamental e Educação Infantil)

Essa modalidade consiste em um “estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, com contornos claramente definidos, permitindo seu amplo e detalhado

1 JUNIOR; ANDRADE; SILVEIRA; BALDISSERA; KORBES; NAVARRO Exercício físico resistido e síndrome metabólica: uma revisão sistemática 2013 2 MENDES; SOUSA; REIS; BARATA

Em que pese ausência de perícia médica judicial, cabe frisar que o julgador não está adstrito apenas à prova técnica para formar a sua convicção, podendo

Desde o início da previdência no Brasil, ou seja, do final do século XIX, com esboços de seguros, até a Constituição de 1934 e o então já sistema tripartite, os vários

Por outro lado, os dados também apontaram relação entre o fato das professoras A e B acreditarem que seus respectivos alunos não vão terminar bem em produção de textos,

O presente trabalho foi desenvolvido objetivando inventariar um fragmento florestal e indicar espécies arbóreas para a recuperação das áreas de reserva legal e