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ATUAÇÃO DO PROFESSOR DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO AMBIENTE VIRTUAL: A IMPORTÂNCIA DOS PROCESSOS INTERATIVOS

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ATUAÇÃO DO PROFESSOR DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO

AMBIENTE VIRTUAL: A IMPORTÂNCIA DOS PROCESSOS

INTERATIVOS

MACHADO, Michelle Jordão - UCB michellem@ucb.br

SILVA, Vânia de Aquino - UCB vaniaa@ucb.br

PALAZZO, Janete – FACITEC/DF janete@facitec.br

Eixo Temático: Práticas e Estágios nas Licenciaturas Agência Financiadora: Não contou com financiamento

Resumo

Na Educação a distância, todos os elementos do contexto educativo são importantes, porém a atuação do professor no ambiente virtual de aprendizagem é decisiva na qualidade do processo educacional. Este artigo tem como objetivo refletir sobre a atuação desse profissional, a partir da análise dos resultados da avaliação de professores de uma instituição privada de ensino superior no Distrito Federal. Os dados foram coletados no 1º semestre de 2008 por meio de questionários respondidos por alunos da disciplina de estágio do Programa de Formação de Docentes – PROFORM –, oferecido na modalidade a distância. O instrumento era composto por 13 itens fechados (em que o estudante assinala uma alternativa, em escala de 1 a 10) e por um espaço aberto em que o estudante expressa, por escrito, suas idéias, comentários, sugestões ou críticas. Inicialmente, foi realizada análise quantitativa dos 13 itens a fim de identificar aqueles com médias inferiores. Os dados obtidos foram categorizados em três dimensões (afetiva, organizativa e de acompanhamento) para facilitar a análise. Em seguida, foram analisados os comentários abertos dos estudantes a respeito dessas questões, com base em estudiosos da educação a distância. Os resultados revelam que, na modalidade de ensino a distância, a afetividade e a proximidade na relação aluno-professor são fundamentais para a construção e socialização do conhecimento produzido, confirmando o resultado de pesquisas desenvolvidas por outros autores. Destaca-se, ainda, a importância e necessidade do feedback, ressaltadas pelos alunos, uma vez que este é o meio pelo qual o educando percebe suas dificuldades e tem a possibilidade de corrigir eventuais problemas durante o processo ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Educação a distância. Estágio supervisionado. Avaliação de professores.

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Introdução

No contexto da Educação a Distância – EAD –, os recursos tecnológicos e os materiais didáticos disponibilizados aos estudantes são essenciais para a qualidade do processo educativo, mas não se pode olvidar a importância da mediação pedagógica do professor no ambiente virtual de aprendizagem para a garantia do sucesso da EAD. O docente é o responsável por oportunizar situações de aprendizagem, desafiadoras e inovadoras que estimulem a atuação e produção do estudante, por meio de processos interativos contínuos proporcionados pela educação a distância pois, como defende Kenski (2008, p. 653), o sucesso das experiências dessa natureza depende diretamente da “freqüência das interações didático-comunicativas entre todos os envolvidos, à liderança do mediador e ao trabalho colaborativo realizado por todos os participantes do grupo.”

Neste artigo, objetivamos refletir sobre a atuação desse profissional, a partir da análise dos resultados de uma avaliação de professores, feita no 1º semestre de 2008, por alunos de estágio do Programa de Formação de Docentes – PROFORM, oferecido na modalidade a distância por uma instituição privada de ensino superior no Distrito Federal. A opção por considerar a avaliação de efetividade da atuação dos docentes da disciplina Estágio

Supervisionado visa tão somente subsidiar a ação do professor como elemento essencial para incorporação da reflexão da práxis do estudante/estagiário que pode ser construída e

reconstruída para a transformação da realidade escolar.

Inicialmente, o artigo apresenta uma breve contextualização da educação a distância e dos processos interativos que dela fazem parte, considerando-se que o curso analisado é ofertado nessa modalidade. Em seguida, traz alguns esclarecimentos sobre o PROFORM e a disciplina de Estágio Supervisionado. Por fim, são discutidos os resultados da avaliação realizada pelos alunos.

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Mediação Pedagógica na Educação a Distância: a constituição dos processos interativos

No mundo contemporâneo, o processo educativo está sendo questionado e redefinido de diversas maneiras. Para isso, concorrem as descobertas surpreendentes nas ciências, inovações aceleradas e múltiplas nas artes, ampliação das conquistas sociais, transformações nos hábitos comportamentais e culturais, as novas concepções sobre educação, as revisões e atualizações de teorias de desenvolvimento e de aprendizagem. O impacto da tecnologia da informação e das comunicações e a consolidação do processo da globalização sobre os processos de ensino e de aprendizagem trazem, também, modificações nas metodologias, nas técnicas e nos materiais de apoio.

Também as interações professor-aluno e aluno-aluno tendem a se dinamizar, bem como o desenvolvimento de ações cooperativas, diante das múltiplas possibilidades de troca disponíveis. Uma vez rompidas as barreiras de espaço e de tempo, a interação pedagógica é dinamizada por meio da utilização de ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas, permitindo um processo permanente de diálogo entre professor e aluno.

Essa relação dialógica é essencial à EAD, que tem como fundamento uma concepção pedagógica centrada no aluno e nos processos de interação, com vistas a ajudar esse aluno a se organizar e a controlar sua própria aprendizagem, por meio da criação de um contexto motivacional positivo; por meio de um alto grau de atividade do corpo discente; de uma forte interação; e de uma base de conhecimento bem estruturada, que lhe possibilite observar a realidade do Brasil e propor alternativas às situações encontradas.

Para Belloni (2006, p.58),

a interação constitui-se como uma ação recíproca entre dois ou mais atores onde ocorre a intersubjetividade, isto é, encontro de dois sujeitos, que pode ser direta ou indireta (mediatizada por algum veículo técnico de comunicação, por exemplo, a carta). Neste processo pode e deve ocorrer a aprendizagem.

Outro fator importante a ser aqui considerado são as expectativas apresentadas pelos alunos da EAD. Verifica-se que suas expectativas estão centradas, essencialmente, numa relação interativa com o professor-tutor. Hara e Kling (2000, apud Palloff & Pratt, 2004, p. 152) constataram que as expectativas apresentadas pelos discentes em relação aos cursos a distância estão baseadas principalmente em: (1) Receber confirmação de que as idéias

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expressas nos fórum estão corretas em relação aos conteúdos e objetivos do curso; (2) Receber orientações claras sobre a dinâmica do curso e de realização dos trabalhos; (3) Receber feedback das atividades desenvolvidas no curso; e (4) Avaliar o curso e os

professores, sem constrangimentos. Ou seja, nesse contexto, o diálogo com o professor e com os colegas passa a ser fundamental para que estudantes assumam o controle do seu processo de aprendizado, pois ele pressupõe não apenas a abertura da mente, mas também do coração e implica a aceitação do outro como legítimo outro.

Quanto às principais funções do professor, Moore e Kearsley (2007) apontam: (1) a função de ensinar, segundo a qual o professor deve auxiliar o aluno na relação com os conteúdos de ensino, e ainda atuar como moderador nas discussões; (2) a função de acompanhar o progresso do aluno, que envolve os processos de avaliação e feedback aos alunos; e (3) a função de apoio ao aluno, que inclui o auxílio na organização dos estudos, a motivação, a orientação e muitas vezes o aconselhamento. Para os autores (2007, p. 148-149), “cada professor tem – ou deveria ter – uma compreensão verdadeiramente íntima de um pequeno grupo de alunos, de seu progresso, de seus sentimentos e de suas experiências no curso.”

Pode-se acrescentar a essas perspectivas em relação às funções pedagógicas do professor a dimensão afetiva no contexto educacional. Um curso a distância que prime pela construção do conhecimento com base em processos interativos deve ser vivenciado por meio de aspectos que abranjam a dimensão afetiva nas relações pessoais. Rogers (1973, p. 105) defende que “a facilitação da aprendizagem significativa baseia-se em certas qualidades de comportamento que ocorrem no relacionamento pessoal entre o facilitador e o aprendiz”, já que aprender não é apenas um processo racional, mas envolve emoções, calor humano e processos de incentivo e motivação. Segundo La Taille (1992, p 65), “a afetividade pode ser interpretada como uma energia, ou seja, como algo que impulsiona as ações: a afetividade é a mola propulsora das ações, e a razão está a seu serviço”.

Em síntese, verifica-se que, ao mesmo tempo em que o professor precisa acompanhar diariamente o processo de desenvolvimento do curso e do aluno, deve também se empenhar em oferecer mecanismos que gerem motivação aos alunos para exercitarem as trocas virtuais como forma de prática da necessária autonomia.

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Formação de Docentes à Distância – o caso do PROFORM

O Programa de Formação de Docentes – PROFORM – tem como base as normas estabelecidas pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) e as diretrizes estabelecidas pela Resolução CNE n. 2, de 26 de junho de 1997, que dispõe sobre os programas especiais de formação pedagógica de docentes para as disciplinas do currículo do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e da Educação Profissional.

O Programa é destinado a bacharéis e tecnólogos de diversas áreas de conhecimento, que objetivam complementar seus estudos com uma formação pedagógica que os habilite a ingressar (ou continuar) no magistério para lecionar disciplinas do núcleo comum do currículo das quatro últimas séries do ensino fundamental, dos três anos do ensino médio e da educação profissional em nível médio, de forma a atender a carência de professores habilitados para esses níveis de ensino, com proficiência e ética, e contribuindo para a democratização das oportunidades e exercício pleno da cidadania. Não se trata, entretanto, de fornecer uma complementação pedagógica formal, mas de agir no sentido de que o professor construa ou atualize o seu perfil profissional, mudando sua forma de atuação na sala de aula, importando tecnologia, métodos e técnicas em consonância com a nova sociedade do saber.

Na instituição pesquisada, o Programa propõe uma prática pedagógica que envolva não apenas a sala de aula, mas a vivência de outras atividades próprias da escola, de forma a rever a estrutura fragmentária dos processos formativos que envolvem o ensinar e o aprender; apontar para uma perspectiva interdisciplinar; e orientar para o trabalho coletivo dos professores.

O Estágio Supervisionado no PROFORM: apresentação dos processos interativos

A Unidade de Estudo de Estágio Supervisionado caracteriza-se por ser um momento privilegiado e significativo de vivência. Uma vivência pedagógica que permita ao futuro profissional uma relação de autoria diante dos desafios e possibilidades da profissão. Para tanto, o estágio constitui-se em diálogo permanente entre o educador em formação inicial com a realidade educacional, com pensadores da educação, com os professores do curso. O diálogo torna-se, assim, metodologia do estágio como vivência significativa e coletiva, criando, deste modo, a cultura pedagógica necessária para o crescimento humano e o comprometimento com

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a sociedade. É nessa perspectiva que o estágio deixa de ser uma simples prática e torna-se vivência. O estágio como vivência nasce da prática e da reflexão sobre a prática, mas vai além dela, possibilitando alternativas criativas para os problemas do cotidiano da escola.

Nesse contexto, Pimenta (2004) afirma que o professor, durante sua prática, reconhece-se como sujeito capaz de fazer com que seu trabalho seja uma práxis docente de transformação humana. Ao refletir sobre sua ação pedagógica, ele atuará como um pesquisador da sua própria sala de aula, deixando de seguir cegamente determinações impostas pela administração escolar ou pelos esquemas preestabelecidos nos livros didáticos, não dependendo de regras, técnicas, guia de estratégias e receitas decorrentes de uma teoria proposta/imposta de fora, tornando-se, ele próprio, um produtor de conhecimento profissional e pedagógico.

Dessa forma, o estágio não é tomado como um momento de prática, desvinculado da preparação que o aluno teve desde o início dos seus estudos. O estágio tem sua especificidade, mas não deixará de articular-se, permanentemente, ao contexto sócio-teórico adquirido no curso.

A disciplina de Reflexão e Intervenção Pedagógica (que corresponde ao Estágio Supervisionado) – ocorre em dois semestres letivos, com 150h/a no primeiro semestre e 150h/a no segundo, concomitantemente às demais disciplinas do curso, possibilitando a integração entre esse núcleo e os demais previstos – o contextual e o estrutural.

Em termos gerais, o estágio contempla o esclarecimento dos processos administrativos e pedagógicos do estágio supervisionado, por meio do primeiro encontro presencial do curso e pelo fórum de dúvidas aberto permanentemente na Unidade de Estudo (UE); a observação, análise e participação no contexto escolar, para problematização e estudo, por meio do contato direto com o estabelecimento de ensino; a socialização e reflexão das etapas de trabalho desenvolvidas (em grupos e/ou individualmente) por meio de fóruns de discussão e atividades complementares de leitura; a apresentação, pelo aluno, de Cartas Pedagógicas1, descrevendo sistematicamente as reflexões sobre os espaços de aprendizagem (sala de aula, espaço escola-comunidade etc.), com os fundamentos da concepção da ação educativa e pedagógica implementada e avaliada, e com o objetivo de relatar e refletir o vivido a partir dos conteúdos desenvolvidos nas diversas disciplinas; e, por fim, a

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Com o advento dos recursos tecnológicos, muito se reduziu a prática de escrita de cartas. Mas, pensando no propósito interacional e, conseqüentemente, na possibilidade de diálogo entre alunos e professores, surgiu a proposta de apresentação da experiência do estágio da instituição pesquisada sobre a realidade vivenciada ao longo do estágio.

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apresentação, ao final do primeiro semestre de estágio, de um Projeto de Intervenção Pedagógica e, ao final de todas as atividades da disciplina, de um Relatório de Estágio Supervisionado, recuperando as informações das Cartas Pedagógicas e acrescentando a elas as contribuições do Estágio para esse processo de formação.2

As etapas de orientação, observação, análise, socialização e reflexão são realizadas tanto no Estágio Supervisionado I quanto no II. O primeiro período inicia-se com uma reflexão, promovida por meio de um fórum de discussão, sobre a importância do estágio supervisionado e do registro na formação do educador. Os processos de observação e a análise do contexto escolar também são discutidos coletivamente, em um fórum, e individualmente com o professor-tutor, por meio de uma Carta Pedagógica. O trabalho culmina com a produção de um Projeto de Intervenção que poderá ser aplicado no segundo período, caso exista um contexto favorável para tanto.

No Estágio Supervisionado II, a observação e análise, complementares ao que já foi feito, visam à participação efetiva no contexto escolar, tanto no apoio ao professor-regente quanto na regência de classe pelo estagiário. A socialização e a reflexão nesse processo também se dão por meio de fóruns de discussão, que abordam o conteúdo das Cartas Pedagógicas, e culminam com a elaboração do Relatório Final de Estágio.

Segundo Monteiro, Ribeiro e Struchiner (2007, p. 1451), se o objetivo de estimular “interação e aprendizagem on-line não se fizer acompanhado de referenciais pedagógicos claros e se as experiências apresentadas não forem tomadas por objeto de reflexão-ação, não iremos muito adiante.” Assim, no Estágio Supervisionado do PROFORM, todo o processo reflexivo tem ocorrido por meio de mecanismos interativos, entre os quais podemos citar, como principais, os Fóruns de Discussão e as Cartas – que, para fins educativos, passamos a chamá-las de Cartas Pedagógicas. Os Fóruns de Discussão favorecem a interação e a construção coletiva do conhecimento. Ao ingressarem no curso, os alunos são orientados a perceber os fóruns como ferramentas de comunicação que visam à construção coletiva do conhecimento. No caso específico do Estágio, essa ferramenta tem possibilitado a problematização dialógica de temas que dizem respeito à observação das práticas pedagógicas e administrativas que permeiam o cotidiano escolar, e à intervenção em sala de aula. As Cartas Pedagógicas, por outro lado, favorecem a relação professor-aluno e contribuem para a

2 Neste trabalho não será analisada esta última etapa da UE, tendo em vista que optamos por apresentar somente a ferramenta de interação do

ambiente virtual – o fórum – e as Cartas Pedagógicas, que permitem a interação entre alunos e alunos e alunos e professores, para reflexão do fazer pedagógico no ambiente educacional.

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construção de uma relação de cumplicidade e confiança entre eles. Os alunos são orientados a produzir um texto sobre o que foi desenvolvido no estágio, e também o que foi sentido: alegrias, inquietações, desafios, medos, esperanças, críticas.

Sobre essa interação proveitosa entre professor-aluno, Maturana e Rezepka (2000, p.18) afirmam que o respeito mútuo propicia “aos participantes, na aprendizagem, a possibilidade de dar sentido ao próprio aprender e ao que se aprende”. Esse é um fato que se percebe no Estágio Supervisionado do PROFORM. A interação do grupo por meio dos fóruns de discussão e das cartas pedagógicas, acompanhados e compreendidos como espaços de valorização das experiências individuais, tem auxiliado na construção de uma relação de confiança com o aluno-estagiário e propiciado a liberdade reflexiva, que acaba por ser estendida à sua prática em sala de aula.

Avaliação da atuação docente da disciplina Estágio Supervisionado em ambiente virtual – análise dos resultados

Os dados analisados nesse trabalho foram coletados a partir de uma avaliação de docentes realizada por alunos de seis turmas de Estágio Supervisionado do Programa de Formação de Docentes – PROFORM no 1º. Semestre de 2008, sendo três de Estágio I, com 40 alunos cada e três de Estágio II, com 30 alunos cada, totalizando 210 alunos avaliadores e 6 professores avaliados. A avaliação foi realizada em junho de 2008, no último encontro presencial do semestre.

Foram utilizados como instrumentos de pesquisa questionários (impressos ou eletrônicos) dirigidos aos estudantes, compostos por 13 itens fechados (em que o estudante assinala uma alternativa, em escala de 1 a 10 e por um espaço aberto em que o estudante expressa, por escrito, suas idéias, comentários, sugestões ou críticas. O questionário utilizado faz parte da gama de instrumentos elaborados e utilizados pela Comissão Própria de Avaliação da Instituição.

Cabe ressaltar que, na análise dos resultados, visando melhor compreender a atuação do professor nos processos interativos na disciplina Estágio Supervisionado, os 13 itens avaliados pelos alunos foram categorizados em três dimensões: a afetiva; a organizativa e a de acompanhamento e, em seguida, buscou-se a média aritmética das dimensões explicitadas, a partir dos resultados de cada item. Na dimensão afetiva, foi incluído o indicador da cordialidade no atendimento do professor ao aluno. Essa dimensão perpassa, na verdade, as

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outras duas, uma vez que, tanto na organização do curso quanto no acompanhamento do estudante pelo professor, a cordialidade (ou falta de) pode ser percebida. Na dimensão organizativa, foram considerados os aspectos que envolvem a atitude do professor no que diz respeito à elaboração, à divulgação e ao cumprimento do plano de ensino, à motivação dos alunos para participar dos fóruns de discussão, ao esclarecimento das atividades propostas e à orientação em relação a fontes de pesquisa. Por fim, na dimensão de acompanhamento ao aluno, foram inseridos os indicadores que incluem a interação professor-aluno, como o contato por email, o feedback nos fóruns de discussão e nas demais atividades avaliativas, e o esclarecimento às dúvidas de conteúdo. A tabela 1 apresenta as médias das dimensões avaliadas pelos alunos.

Tabela 1 – média das dimensões avaliadas pelos alunos

Itens/Dimensões Média

Dimensão Afetiva 9,8

1. O atendimento do(a) professor(a) é cordial. 9,7 2. A interação professor(a)-aluno(a) contribuiu para minha organização nesta unidade. 9,9

Dimensão Organizativa 9,5

3. O Plano de Ensino publicado na plataforma, pelo (a) professor (a), estava claro

(explicitava datas de atividades, conteúdos a serem cobrados, critérios de avaliação). 9,9 4. O Plano de Ensino auxiliou a minha organização para estudo e elaboração das

atividades. 9,5

5. O(A) professor(a) solicitou a participação nos fóruns de discussão. 9,8 6. O(A) professor(a) explicou o desenvolvimento das atividades. 9,4 7. O(A) professor(a) adotou os critérios de avaliação de aprendizagem explicitados no

Plano de Ensino. 9,7

8. O(A) professor(a) indicou fontes de pesquisa complementares sobre os temas da

unidade, quando solicitado. 9,0 9. (A) professor(a) guiou a disciplina pelo Plano de Ensino (modificando-o quando

necessário). 9,2

Dimensão de Acompanhamento 9,0

10. O(A) professor(a) respondeu as mensagens enviadas por e-mail dentro do prazo de

dois dias úteis. 8,9

11. O(A) professor(a) esclareceu as dúvidas de conteúdo, quando solicitado. 9,2 12. O(A) professor(a) comentou as intervenções dos alunos nos fóruns de discussão. 9,0 13. O(A) professor(a) devolveu as atividades com correções. 8,9 Fonte: Pesquisa de campo.

Na análise, observou-se que não há uma diferença significativa entre as médias obtidas nas dimensões avaliadas. O resultado conduz a uma avaliação positiva da atuação do professor nas disciplinas Estágio Supervisionado do curso de graduação no ambiente virtual. Buscou-se, porém, identificar a dimensão que apresentou a menor média e, a partir dos comentários abertos dos alunos aos questionários, discutir alguns aspectos a respeito dessa dimensão.

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Percebe-se, na dimensão de acompanhamento, que a presença do professor é mais exigida pelos alunos. Espera-se do professor não apenas que ele introduza, nos fóruns, a discussão sobre o tema, mas que conduza as intervenções, reunindo, numa visão geral e concisa, as contribuições apresentadas, relacionando-as com o tema proposto e os objetivos do curso. Numa ação individual, espera-se que o professor ajude os estudantes a perceberem suas falhas e seus progressos, por meio do feedback.

Nos fóruns de discussão, tem-se como objetivo alcançar um grau de raciocínio crítico partindo da reflexão do grupo, por meio da comunicação assíncrona onde as mensagens podem ser refletidas e editadas para um posterior encaminhamento para o grupo (BARBOSA; SANTOS, 2005).

Ampliando essa compreensão sobre os fóruns, Lopes (2007, p. 2) afirma que:

O fórum de discussão virtual é um espaço em potencial em que os sujeitos aprendizes, orientados por um mediador ou grupo qualificado, realizam mediações intersubjetivas, podendo partir do diálogo com as teorias, conceitos, problemas, experiências individuais, em suma, de um tema ou questão mobilizadora, tendo em vista o desenvolvimento de um processo e resultado específico de aprendizagem e construção do conhecimento em um dado contexto histórico e social.

Esse mecanismo de interação virtual visa, pois, a transpor a cômoda e rotineira prática instrucionista, na perspectiva de outras formas de atuação pedagógica que estimulem a criatividade e valorizem o espírito empreendedor, na busca de superação da transmissão de um conhecimento em forma de conteúdo pronto e elaborado. Os processos interativos assíncronos com os alunos, mediados pelas ferramentas disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem, são fundamentais para favorecer a troca de experiências e de informações entre os estudantes e entre estes e seus professores, e ainda a socialização dos conhecimentos produzidos a partir da experiência do estágio supervisiondado, como nos mostram os comentários feitos na avaliação.3

3

Não identificamos nominalmente os depoimentos apresentados, pois os questionários de avaliação da instituição pesquisada respeitam o anonimato dos sujeitos respondentes. Assim, estamos identificando os estudantes com a nomenclatura: de sujeito1 a sujeito12.

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Excelente interação proporcionada pela professora. Nível de reflexão profícua (sic) e muito aberta (sic) às novas aprendizagens e formas de conhecer. (SUJEITO1) Gostei pelo fato de estar sempre atenta a responder as questões postadas nos fóruns em pouco tempo, enfim, a atenção e interatividade nos fóruns foram bem aplicados (sic) pela professora. (SUJEITO2)

Agradeço as intervenções da professora, em prol do nosso desenvolvimento. No meio do curso me perdi nos estudos, desanimei e o meu pensamento era desistir. Foi numa dessas intervenções da professora que retornei aos estudos e segui meu objetivo. (SUJEITO3)

O professor sempre esteve presente nas intervenções dos fóruns, comentando-os e instigando os alunos a novos debates. Para mim foi muito enriquecedor. (SUJEITO4)

No que diz respeito ao feedback relacionado às Cartas Pedagógicas, cabe destacar que o objetivo da avaliação do aluno é dar a ele o apoio necessário à sua aprendizagem (Morgan e O’Reilley apud Palloff & Pratt, 2004). Para que seja eficaz, a avaliação deve contribuir para que o aluno tenha consciência do que já aprendeu e do que ainda deve melhorar. Ou seja, a avaliação é parte singular do processo de ensino-aprendizagem e, para que cumpra sua função, é fundamental a existência do feedback dado pelo professor.

Evidencia-se, por meio dos feedbacks às Cartas Pedagógicas, que é oportunizado aos estudantes, na disciplina Estágio Supervisionado, relacionar teoria e prática e refletir sobre a experiência do estágio, amparados pelos conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Dessa forma, a interação professor-aluno e aluno-aluno possibilita pensar e repensar as ações pedagógicas observadas e vivenciadas durante o estágio, de modo a propor uma ação

renovada e mais adequada aos diversos contextos, conforme podemos observar no comentário a seguir:

O professor atuou realmente como um facilitador do processo de ensino e aprendizagem. Proporcionou a interação entre os alunos atuando de forma efetiva nas intervenções e nos comentários das cartas pedagógicas desenvolvidas durante a disciplina. (SUJEITO5)

O feedback da professora, nas cartas pedagógicas, proporcionou, a meu ver, reconstruir o conhecimento que tinha em relação ao espaço da sala de aula, mudando sobremaneira o meu modo de pensar. Por isso, planejar é preciso, avaliar é mais do que preciso. (SUJEITO6)

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A interação professor/aluno facilitou a minha percepção que o estágio tem sido uma experiência muito boa, porque, como já tenho vários anos de sala de aula, tenho uma tendência natural a achar que a forma como determinado conteúdo está sendo dado e avaliado é a melhor e a mais indicada, o que nem sempre é. Por costume e até mesmo por resistência às mudanças, ficamos cegos. A troca de experiência, nos processos interativos, que o estágio nos proporciona nos leva a sair desse "pedestal" e aceitarmos novas idéias e propostas que estão sempre surgindo, basta darmos oportunidade pra conhecê-las. (SUJEITO7)

Moore e Kearsley (2007) destacam que, na função de apoio, o professor deve atuar como mediador, auxiliando o estudante na relação com os conteúdos de ensino, e ainda atuando como moderador nas discussões; o professor deve, ainda, acompanhar o progresso do estudante, nos processos de avaliação e feedback. Nesses processos, os estudantes esperam justiça, objetividade, respeito e explicação em relação à avaliação e ao feedback das tarefas. Desejam uma orientação para melhorarem e incentivo para continuarem, conforme se pode confirmar em alguns comentários feitos por eles:

Com o auxílio e interação da professora, fui me dando conta que dar aulas não é apenas uma atividade de observação externa da estrutura da escola, mas uma observação interna de nossa estrutura humana, que precisa evoluir para termos uma sociedade melhor. Se nos tornamos melhores, tudo a nossa volta tende a se impregnar dessa nossa melhoria e, a longuíssimo prazo, ter-se-ão os efeitos com os quais sonhamos hoje. (SUJEITO8)

Excelente a experiência proporcionada pelo estágio. Passei a compreender melhor o ambiente escolar quanto ao processo de aprendizagem e a questionar o que pode ser aprimorado. (SUJEITO9)

O professor nos deu atenção total, respondia as nossas perguntas e email, criticava ou elogiava nossas participações no fórum e principalmente corrigia todos os exercícios feitos e acho que isso é necessário em um curso a distância. (SUJEITO10)

Além disso, é importante que o feedback não demore a acontecer, sob pena de os estudantes perderem o interesse em ler o que o professor escreveu, de perderem o objetivo inicial da mensagem ou mesmo esclarecerem as dúvidas em relação aos processos administrativos que envolvem a realização do Estágio Supervisionado. Diante de uma resposta tardia, dificilmente a interatividade se completará. Nos comentários postados pelos alunos na avaliação, eles destacam características fundamentais à atuação do professor, como a presteza e a disponibilidade no atendimento ao estudante,

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É um exemplo de eficiência nos trabalhos e a dedicação para com os alunos, em todos os aspectos, seja no papel de orientadora ou na presteza com que atendeu a todas as solicitações para sanar eventuais dúvidas. (SUJEITO11)

A professora é extremamente compromissada com seus alunos, dando sempre o retorno dentro do prazo e de forma clara, estando sempre à disposição para quaisquer dúvidas. (SUJEITO12)

Ou seja, para que o processo ensino-aprendizagem se efetive, muito mais do que competência tecnológica, exige-se do professor a capacidade de comunicação e interação com os estudantes, de forma ágil, cordial e construtiva.

Considerações finais

A metodologia da EAD requer um profissional capaz de interagir com seus alunos, de mediar o conhecimento e de direcionar caminhos, pois a aprendizagem não é tida como um produto, mas um processo que estimula capacidades amplas e integradas como: refletir, analisar, interpretar, comparar, criar, argumentar, concluir, processar, questionar, solucionar (FREIRE, 1997). É essa atuação do professor no ambiente virtual de aprendizagem que se faz essencial para a qualidade do processo educacional.

Os resultados do estudo demonstraram um alto valor relativo das médias dos docentes nas dimensões avaliadas (afetiva, organizativa e de acompanhamento) pelos alunos. Das três dimensões, a de acompanhamento obteve as menores médias nos itens, motivo pelo qual foi objeto de aprofundamento neste trabalho.

Observou-se que a interação professor-aluno é fundamental para o sucesso do processo ensino-aprendizagem na modalidade de ensino a distância, pois o ato de aprender não é apenas um processo racional, mas que envolve motivação, incentivos e estímulos. A análise dos dados revelou que, na modalidade de ensino a distância, a afetividade e a proximidade na relação aluno-professor são essenciais para a construção e socialização do conhecimento produzido, confirmando o resultado de pesquisas desenvolvidas por outros autores.

Além disso, destacaram-se a importância e a necessidade do feedback, uma vez que este é o meio pelo qual o educando percebe suas dificuldades e tem a possibilidade de corrigir eventuais problemas durante o processo ensino-aprendizagem. Essa informação contínua do estado em que se encontra o aprendiz em relação aos objetivos propostos para sua

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aprendizagem é fundamental para incentivar e motivar o aluno ao longo do processo. O feedback também é importante para o professor, de modo que é possível ajustar ou rever o planejamento elaborado, verificar se seus os objetivos foram alcançados e recuperar os alunos cujo rendimento atingido não tenha sido o esperado.

No caso da disciplina de estágio supervisionado, a necessidade de interação entre os colegas e também com o professor torna-se ainda mais forte, pois os fóruns e as Cartas Pedagógicas são o meio pelo qual os alunos podem dividir seus momentos de dúvidas, angústias e sucessos em sala de aula, trocando experiências uns com os outros.

REFERÊNCIAS

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KENSKI, Vani Moreira. Educação e comunicação: interconexões e convergências. Educação

& Sociedade, Campinas, v. 29, n. 104 - especial, p. 647-665, out. 2008.

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MATURANA, Humberto; REZEPKA, Sima Nisis de. Formação humana e capacitação. 4. ed. Tradução de. Jaime A. Clasen. Petrópolis: Vozes, 2000.

MONTEIRO, Dilva Martins; RIBEIRO, Victoria Maria Brat; STRUCHINER, Miriam. As tecnologias da informação e da comunicação nas práticas educativas: espaços de interação? Estudo de um fórum virtual. Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n. 101, p. 1435-1454, set./dez. 2007.

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Referências

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