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ESTUDO DE CASO: CONSULTORIA COLABORATIVA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA CONTROLE DE COMPORTAMENTOS INADEQUADOS

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3 a 6 de novembro de 2009 - Londrina – Pr - ISSN 2175-960X

1417 ESTUDO DE CASO: CONSULTORIA COLABORATIVA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA CONTROLE DE COMPORTAMENTOS INADEQUADOS

CRISTIANE BRAGA DE PAIVA1; Universidade Federal de São Carlos/ Programa de Pós Graduação em Educação Especial – PPGEES. Projeto financiado pela FAPESP MARIA AMÉLIA ALMEIDA; Universidade Federal de São Carlos/ Programa de Pós Graduação em Educação Especial – PPGEES CLÁUDIA MARIA SIMÕES MARTINEZ; Universidade Federal de São Carlos/ Programa de

Pós Graduação em Educação Especial – PPGEES

Introdução

Os problemas comportamentais apresentados por alunos em sala de aula geram situações de difícil solução para os professores da educação especial. Essa situação exige do professor domínio em áreas que muitas vezes o mesmo não teve contato anterior, seja por formação ou experiência, o que dificulta o manejo (Hubner, 2004). Diante isso, surge a necessidade da busca por estratégias que não dependam apenas de ações do professor, mas de uma equipe competente para uma ação conjunta, por meio da Consultoria Colaborativa.

A “Consultoria Colaborativa” em sua essência é uma prática em que alguém treinado para oferecer informações trabalha numa relação igualitária, não-hierárquica, assistindo uma outra pessoa - que pode ser um profissional da educação ou os pais de um aluno - em seus esforços para tomar decisões e executar planos para melhorias de interesse de um terceiro (no caso do aluno, em adaptações que visem melhorias em problemas de aprendizagem ou comportamento) (Kampwirth, 2003)

A Consultoria Colaborativa visa a construção de intervenções e não a aplicação de “fórmulas mágicas”, o processo pode ser longo, o que possivelmente seja entendido por alguns pais e professores como algo oneroso e desnecessário. Porém é papel do consultor mostrar como esse trabalho pode render excelentes frutos (Silva, 2007).

Na consultoria colaborativa, escolhem-se métodos para solução de problemas. O presente estudo de caso baseou-se no delineamento AB. Segundo Birnbrauer et al (1974) o Delineamento AB é o mais básico dos delineamentos que tem o sujeito como o seu próprio controle. Cada um dos delineamentos mais sofisticados são, na realidade, uma expansão deste delineamento. A designação AB se refere a duas fases do delineamento. Dessa forma, “A” se refere à fase de linha de base e “B” se refere à fase de intervenção ou tratamento.

Outras formas mais sofisticadas de delineamento baseiam-se no delineamento AB. Todos os delineamentos de sujeito como seu próprio controle, particularmente o delineamento ABAB, são

1Cristiane Braga de Paiva é Terapeuta Ocupacional, mestranda pelo PPGEES/UFSCar –paivacrisb@gmail.com

Maria Amélia Almeida é Pós-Doutorado em Educação Especial pela Universidade da Georgia e professora Associada da UFSCar – ameliama@gmail.com

Cláudia Maria Simões Martinez é pós-doutora pela Universidade de São Paulo e professor associado da UFSCar – claudia@ufscar.br

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extremamente versáteis para demonstrar os efeitos da intervenção. Enquanto que os delineamentos de grupo são estáticos, os delineamentos que tem o sujeito como seu próprio controle, são dinâmicos e apresentam mudanças rápidas. Por exemplo, se um investigador planeja um estudo com o emprego do delineamento ABAB e descobre que o efeito da intervenção B no comportamento alvo não foi muito grande, é necessário que o pesquisador retorne à condição de linha de base (A2). Ao invés disso, há a possibilidade do pesquisador introduzir uma nova intervenção (C). Se a intervenção C tem um efeito positivo no comportamento alvo, o pesquisador pode dar prosseguimento ao estudo. No caso do presente estudo, utilizou-se o delineamento ABAC, sendo C uma intervenção com sistema de fichas e premiação.

Essas ações são realizadas com o intuito de melhorar a convivência em sala de aula e possibilitar ao aluno que apresenta problemas de comportamento, a oportunidade de interagir de outras maneiras em sala de aula. Sendo assim, apresentaremos a descrição desse programa de intervenção.

Objetivo

Verificar a eficácia de procedimentos de intervenção com professor para diminuição de comportamentos inadequados de criança com déficit intelectual

Método Participantes

Participaram desse estudo uma criança de 4 anos, do sexo feminino com diagnóstico de déficit intelectual (DI) e sua professora. A criança estuda em uma escola de educação especial em um município de pequeno porte no interior do estado de São Paulo.

A criança reside em um abrigo para menores por determinação judicial, pois sofria maus tratos por sua mãe, drogadita e por seu pai que encontrava-se na prisão. A criança residia junto ao seu irmão gêmeo e apresentava comportamentos inadequados em sala de aula.

A professora, de 29 anos, lecionava há 2 anos na escola onde a criança estuda, e havia de formado há 5 anos.

Local

A pesquisa foi realizada em uma escola de educação especial em um município de pequeno porte no interior do estado de São Paulo.

Instrumentos

Foi utilizado um protocolo de registro elaborado pela pesquisadora para ser preenchido pela professora com o a freqüência de comportamentos.

Durante a intervenção foram utilizadas fichas para compensar comportamentos adequados da criança. Um painel de comportamentos e um prêmio.

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Procedimentos

Inicialmente foi estabelecido contato com a professora que relatou suas dificuldades em relação aos comportamentos inadequados da criança. A pesquisadora apresentou uma proposta de intervenção e tendo a professora aceitado, iniciou-se um programa de intervenções.

Linha de Base:

1) Apresentação entre pesquisadora e a criança: foi realizada uma sessão com uso de atividades lúdicas para estabelecer raport entre estas. Além disso, a pesquisadora observou a criança em situação natural, na sala de aula para definir junto a professora, quais comportamentos deveriam sofrer intervenção.

2) Definição dos comportamentos: foi realizada uma reunião para definir quais comportamentos de deveriam sofrer intervenção. A professora relatou os comportamentos que considerava inadequados e, após a observação da pesquisadora, as duas entraram em acordo e elencaram 5 comportamentos:

Cuspir na folha de atividades: a criança cuspia na folha de atividades quando queria chamar atenção da professora.

Bater na carteira: a criança batia na carteira com muita força para fazer barulho. Se jogar no chão: quando contrariada, a criança se jogava no chão, fazendo birra.

Jogar a folha de atividades no chão: em momentos não definidos, a criança jogava a folha de atividades no chão.

Gritar: também sem um estímulo aparente, a criança gritava na sala de aula.

Baseando-se nos comportamentos acima, na observação da pesquisadora e no relato da professora, foi concluída a fase “A” (Linha de Base) e partiu-se para a fase “B” (intervenção). Intervenção (B):

A professora deveria reforçar, por meio de elogios, quando a criança se comportasse bem e deveria ignorar a criança enquanto esta apresentasse comportamentos inadequados.

Além disso, a professora deveria registrar o número de ocorrências de cada comportamento elencado, durante a semana da intervenção.

Linha de Base (A):

A criança ausentou-se da escola por uma semana, pois estava com piolhos. Ao retornar à escola, retornamos à linha de base. Nesta semana, a criança apresentou efeito rebote e a ocorrência de

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1420 comportamentos inadequados aumentou. A professora não usou de intervenção e registrou a freqüência de comportamentos.

Intervenção (C):

Nesta fase foi introduzido o sistema de fichas. A pesquisadora enumerou junto com a criança quais comportamentos eram inadequados e os simbolizou em forma de desenhos em uma folha para que a criança os pintasse. Então, a pesquisadora perguntou um presente que criança gostaria de ganhar e esta disse que gostaria de ganhar maquiagem. A pesquisadora combinou que quando a criança se comportasse, receberia uma ficha e quando tivesse 10 fichas trocaria pelo presente.

Resultados

A Figura 1 mostra o número de ocorrências dos comportamentos inadequados apresentados pela criança durante a pesquisa.

Linha de Base Múltipla

Figura 1 - Número de ocorrências dos comportamentos inadequados registrados pela professora. (A) indica linha de base; (B) o período de intervenção da professora e (C) a intervenção com o sistema de fichas.

Dentre os comportamentos inadequados os de bater na carteira e gritar, apareceram com maior freqüência na linha de base (A) 13 e 15 vezes, respectivamente em uma semana. Seguidos de

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1421 comportamentos como jogar a folha de atividades, 2 vezes; se jogar no chão, 3 vezes e cuspir na

folha de atividades, 8 vezes em uma semana.

Durante a intervenção (B) a criança bateu na carteira 12 vezes, em relação a linha de base, já o comportamento de gritar diminui para 12 vezes em uma semana. A criança jogou a folha de atividades apenas 1 vez, se jogou no chão 2 vezes e cuspiu na folha 8 vezes, mas a freqüência diária diminuiu.

Após uma semana de ausência, voltou-se à linha de base (A) na qual não houve intervenção, apenas registro dos comportamentos. Nesta semana a criança apresentou piora, elevando a freqüência de comportamentos inadequados. Bateu na carteira 26 vezes, gritou 30 vezes, jogou a

folha de atividades no chão, 7 vezes; se jogou no chão 5 vezes e cuspiu na folha de atividades

10 vezes. Esse aumento é conhecido como resistência a extinção de comportamentos e sua ocorrência é frequentemente observada nesse tipo de intervenção (MOREIRA E MEDEIROS, 2008).

Com a introdução da intervenção (C) de sistema de fichas, os comportamentos inadequados diminuíram consideravelmente. A criança bateu na carteira 7 vezes, gritou 10 vezes e cuspiu na folha de atividades 2 vezes em uma semana. Os comportamentos de jogar a folha de atividade no chão e se jogar no chão foram extintos.

Discussão

O delineamento de base múltipla mostrou-se eficaz para o controle de comportamentos inadequados de uma criança com déficit intelectual. A freqüência desses comportamentos i diminui com a intervenção B, mas os melhores resultados foram notados após a inserção da intervenção C, que mostrou-se mais eficaz. Resultando, inclusive na extinção de dois dos cinco comportamentos durante a semana de intervenção.

Ao final da intervenção C, a criança recebeu seu prêmio e mostrou-se muito satisfeita com o reconhecimento de que havia melhorado.

Conclusões

A consultoria colaborativa proporcionou interações positivas entre a professora e a pesquisadora, no sentido da construção de métodos para controle dos comportamentos inadequados que estavam gerando transtornos em sala de aula.

As decisões tomadas em conjunto foram muito importantes, pois em comum acordo, sem a existência de uma relação hierárquica, foi possível manter a motivação nos momentos de dificuldade no manejo da criança. O programa de intervenção de linha de base foi aplicado com apoio mútuo entre as profissionais, resultando em uma notável diminuição dos comportamentos e melhora das relações em sala de aula, inclusive com os colegas da criança.

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Referências

Birnbrauer, J. S , Petrerson, C. R. & Solnick, J. V. Design and Iterpretarion of Sudies of Single

Subjcts. American Journal of Mental Deficiency, 79, 191-203. 1974

Hubner, M. M. C & Marinotti, M. (2004). Análise do Comportamento para a Educação. ESETec, Santo André.

Moreira, M.B. Princípios da análise do comportamento. Artmed. São Paulo, 2008.

Kampwirth, Thomas J. Collaborative consultation in the schools: effective practices for students

with learning and behavior problems. New Jersey: Merril Prentice Hall, 2003.

Silva, A. M. Buscando componentes da parceria colaborativa na escola entre famílias de

crianças com deficiência e profissionais. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação

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