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5º. WORKSHOP INTERNACIONAL SOBRE INCIDENTES COM TUBARÕES EM RECIFE PE CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Academic year: 2021

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Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões Secretaria de Defesa Social- SDS

5º. WORKSHOP INTERNACIONAL SOBRE INCIDENTES COM TUBARÕES EM RECIFE – PE

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o período de 1 e 4 de abril de 2014 foi realizado o 5º workshop

internacional sobre incidentes com tubarões em Recife-PE como iniciativa do Comitê

Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (CEMIT), da Secretaria de Defesa Social do Estado de Pernambuco (SDS). O evento contou com 17 palestras e 3 mesas-redondas e, no cumprimento da programação, foram solicitadas dos convidados (estrangeiros e brasileiros) as suas considerações que se encontram compiladas abaixo. Assim como foram resumidos das palestras proferidas pontos de destaque objetivando maximizar a mitigação dos incidentes com tubarões no Estado, o que contribui para o direcionamento das políticas do CEMIT. Entre elas, destacam-se:

1- Que os incidentes com tubarões em Recife, como em qualquer outro lugar com a mesma problemática, constituem eventos que devem se repetir no futuro, não sendo plausível, portanto, esperar que qualquer iniciativa possa efetivamente eliminá-los. Considera-se que, enquanto pessoas entrarem no mar será inevitável haver interação ocasional entre humanos e tubarões;

2- Que foi posição unânime dos especialistas que as populações de tubarões não estão aumentando no Estado de Pernambuco e tal fato não se verifica em nenhuma outra parte do mundo, devido às características biológicas desse grupo e aos impactos decorrentes de ações antrópicas (sobrexploração pesqueira, alterações nos habitats, poluição, etc.);

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3- Que devido às ações do CEMIT para mitigar os incidentes com tubarões no Estado de Pernambuco a taxa de ocorrência de ataques foi reduzida em mais de 90%, demonstrando, assim, a eficácia dos métodos adotados para mitigar o problema. Considerou-se que a abordagem utilizada no Recife com a captura, translocação e liberação de tubarões em águas mais afastadas da costa é eficaz para a mitigação dos incidentes e constitui excelente fonte de dados científicos para maior conhecimento sobre os movimentos dos tubarões e seu comportamento visando à redução das interações entre tubarões e humanos.

4- Que existe a preocupação de que a falta de continuidade do Programa PROTUBA possa levar a hiatos em sua eficácia, e, de acordo com os períodos anteriores, quando a captura, devolução e translocação de tubarões (monitoramento) parou temporariamente, isso possa levar ao aumento dos níveis de ataque de tubarões no Estado;

5- Que os resultados do programa de mitigação de incidentes com tubarões no Estado de Pernambuco são melhores que os demais programas similares no mundo (Austrália, África do Sul e Ilha Reunião). Entretanto, a mortalidade das vítimas no Brasil é considerada alta, a partir da análise dos dados do Arquivo Internacional de Ataques de Tubarões – ISAF (> 23%), quando comparada aos demais países (média 12%). Tal informação aponta a necessidade de ampliar os esforços nas linhas de ação de educação ambiental, fiscalização e prevenção. Inclui-se a necessidade de revisão dos protocolos, inclusive de cuidados médicos;

6- Quanto ao serviço de Salvamento Aquático realizado pelo Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, na área de risco de incidentes com tubarões, observou-se que a estrutura física melhorou, porém, foi relatado que os postos de observação estão muito distantes entre si, o que dificulta a visualização e o socorro às vítimas. Numa praia como a de Boa Viagem, por exemplo, a distância máxima entre os postos não deveria ultrapassar 500m;

7- Que em relação à prevenção foram apresentados métodos simples utilizados pelos guarda-vidas do Estado de Santa Catarina para redução do número de

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afogamentos, os quais também são sugeridos para o Estado de Pernambuco. Destaca-se a sinalização das correntes de retorno, entre outros. No exemplo do Estado de Santa Catarina, as bandeiras que indicam os locais perigosos são interligadas por fitas zebradas nas cores vermelha e amarela, com o aviso: "perigo, não ultrapasse", o que torna a sinalização mais visível. Ainda, recomendou-se que a sinalização deve estar sempre posicionada dentro da água, sendo importante observar a variação da maré, reposicionando-as quando necessário.

8- Que devido ao risco que as praias da Região Metropolitana do Recife - RMR oferecem aos banhistas, onde além do perigo de afogamento, existe a possibilidade de ataque de tubarão, recomenda-se, pelo menos, uma moto aquática posicionada na faixa de areia, pronta para utilização, a cada dois quilômetros, pois, além de resguardar a segurança do guarda-vidas em relação à ataque de tubarão, essa medida se mostra muito mais eficiente no resgate do que utilizar apenas nadadeiras e life-belt.

9- Que o efetivo de guarda-vidas na RMR e o número de equipamentos utilizados para a prevenção e salvamento são ainda pequenos para atender as necessidades de fiscalização e segurança das praias. Assim, o efetivo que atua diariamente nas praias está aquém do necessário e devido ao risco que esse ambiente oferece, sugerem-se pelo menos, oito guarda-vidas por cada quilômetro de praia.

10- Que falta aos guarda-vidas uma legislação que permita maior rigor para a retirada dos banhistas que, indisciplinadamente se colocam em situação de risco, gerando, em caso de incidentes, prejuízos para o Estado. Para tanto, como em outras partes do mundo, sugere-se que se devem considerar alterações legais para garantir aos guarda-vidas a capacidade de avalizar a segurança do banho.

11- Que de acordo com o apresentado pelos palestrantes do Instituto de Medicina Legal do Estado de Pernambuco – IML-PE é de grande importância que sejam considerados as anamneses (relato descritivo dos incidentes) para o diagnóstico da causa mortis. Segundo os médicos legistas palestrantes no simpósio (IML/PE), é impossível diagnosticar a causa da morte (se foi afogamento ou

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incidente com tubarão) de uma vítima encontrada na região marinha após transcorrido um dia do evento que deu origem ao óbito. Declararam que devido ao alto nível de incerteza incluído nos diagnósticos em tais condições é aceitável considerar nesses casos causa da morte indeterminada.

12- Que de acordo com os especialistas dos programas de mitigação de incidentes com tubarões similares no mundo, presentes no evento, os corpos em estado de putrefação em suas regiões são reportados como tendo a causa da morte indeterminada, uma vez que é impossível diagnosticá-la. Além disso, os convidados estrangeiros reportaram que corpos que aparecem nesse estado nas praias em seus países, geralmente com mordidas de diferentes animais, não são incluídos nas estatísticas de incidentes com tubarões;

13- Que o especialista da Austrália apresentou um protocolo que é utilizado para auxiliar os médicos, sugerindo-se uma discussão para a aplicação sistemática de protocolo similar no Estado de Pernambuco. Tal sugestão deve-se à rotatividade do plantel médico e pode ser benéfico para todas as partes envolvidas haver um protocolo padronizado para o uso em todas as mortes relacionadas com ambientes aquáticos (ou seja, afogamento e incidentes com tubarão). Ainda, para auxiliar na identificação das potenciais espécies “culpadas” após um incidente com tubarão, deve-se incluir a tomada sistemática de fotografias adequadas.

14- Que na Austrália as condições das praias são divulgadas a cada dia disponibilizando-se informações pela internet e outras mídias. Tal procedimento tem por finalidade orientar banhistas sobre as correntes de retorno, ondas, entre outras. As informações incluem o uso de um helicóptero que realiza vôos para detectar a presença de tubarões próximos às praias;

15- Que foram apresentadas diferentes inovações tecnológicas utilizadas nas praias dos diversos países para mitigar a problemática de incidentes com tubarões, além de criar espaços seguros para banhistas nestas regiões. Entretanto, a maioria dos métodos apresentados está em fase de testes, passíveis de melhoramentos.

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16- Que é necessária a ampliação das ações de educação ambiental, principalmente para o período da Copa do Mundo de Futebol, quando haverá um grande número de turistas de todas as partes do Brasil e do mundo, aumentando assim a probabilidade de um possível incidente com tubarão na RMR.

17- Que o mapeamento e monitoramento das correntes de retorno e outras feições da zona praial que oferecem riscos para a população, que é realizado pelos pesquisadores do Estado de Pernambuco, é extremamente oportuno e eficaz para a mitigação de incidentes com tubarões e principalmente para afogamentos, uma vez que estes eventos podem estar relacionados, como o observado no 59° incidente ocorrido no Estado de Pernambuco.

18- Que se recomendou incluir na pesquisa uma investigação sócio-econômica do valor do programa no conjunto da economia do Estado de Pernambuco (incluindo o turismo e as empresas associadas do grande Recife). Isso visa destacar o valor do PROTUBA e ações de prevenção/proteção aos banhistas para a região. Além disso, sugeriu-se também, um programa de pesquisa para investigar o efeito psicossomático de incidentes com tubarões na comunidade, e os benefícios de continuar um programa bem sucedido de mitigação.

19- Que as áreas que ofereçam relativa proteção natural, como as dentro dos limites do recife devam ser promovidas a áreas de banho seguro, ao invés de exibirem sinais de perigo como se vê atualmente. Modificações nas sinalizações devem destacar as áreas de maior e menor risco, com sinais vermelhos e verdes, respectivamente, ao invés de manter uma proibição geral ao longo de toda a costa. A dupla demarcação de praia pode ajudar na gestão do risco, tanto de incidente com tubarão, quanto de afogamento, garantindo que os serviços necessários para a prevenção sejam intensificados em zonas de maior risco. Na área segura, caso necessário, pode-se investigar a implementação de uma série de pilares nas “bordas” dos recifes, ou seja, entre a praia e os recifes paralelos (nearshore) para que não ocorra a presença de tubarões nestas regiões.

20- Que considerando a estimativa de 6000 afogamentos no Brasil por ano, deve-se iniciar um programa de natação nas escolas ou nas praias (fora das áreas de riscos) durante finais de semana, similar aos programas de grande sucesso na

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Austrália e África do Sul. Isto irá incutir na nova geração a compreensão do mar e de seus perigos (incluindo correntes de retorno e laterais, além de criaturas marinhas venenosas e as que podem morder, a exemplo tubarões) visando à redução dos níveis de mortalidade por afogamentos;

21- Que é preocupante a venda de álcool ao longo da praia tendo sido observado que quase todos os grupos de banhistas no final de semana de 5-6 de abril 2014 estavam consumindo bebidas alcoólicas. Isso afeta o banho seguro, prejudicando a capacidade do banhista de reagir às variáveis oceanográficas, como correntes de retorno e outros. Sugere-se que o Instituto Médico Legal de Pernambuco (IML-PE) investigue os níveis de álcool no sangue nos casos de afogamento e de vítimas de ataque de tubarão, o que forneceria dados interessantes para determinar o papel deste fator em mortes de praia.

22- Que ações que visam promover o extermínio dos tubarões ferem as normas legais vigentes no país e estão sujeitas a penalidades. Foi enfatizada pelo MPPE e MMA a necessidade de promover a harmônica convivência com a fauna silvestre em seu habitat natural, inclusive os tubarões.

Por fim, os convidados destacaram o baixo impacto ambiental do programa PROTUBA, notando a preocupação com a redução das populações de tubarões e o papel fundamental que estas espécies desempenham na regulação do ecossistema marinho. Foi ressaltado seu baixo custo, quando comparado aos programas da Austrália e África do Sul. Destacou-se que o programa PROTUBA é o novo modelo para ser assumido em todo o mundo. Em geral, concluiu-se que muitas das recomendações oriundas do 5° workshop já são compatíveis com as ações desenvolvidas pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões – CEMIT, o que demonstra a coerência das políticas adotadas pelo Comitê para a mitigação da problemática.

Recife, 20 de maio de 2014.

_________________________________________ Dra. Rosangela Lessa

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