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Contabilidade Ambiental da Produção Convencional de Morango

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Academic year: 2021

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Contabilidade Ambiental da Produção Convencional de

Morango

FRIMAIOa, A.; SILVA*a, C.C. ; FRIMAIOb , C.A. ; DALLÓa A.A.

a. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais b. Universidade Federal do ABC

*email do autor, cezaradts@gmail.com

Resumo

Este estudo têm como objetivo avaliar e apresentar os resultados obtidos por meio da contabilidade em emergia do processo de produção convencional de morango. A produção de morango foi avaliada com o uso de indicadores ambientais e comparada com o sistema de produção convencional do suco de laranja de Pereira (2008). O sistema de produção do morango apresenta rendimento em emergia (EYR) 1,53; investimento em emergia (EIR) 1,88; carga ambiental (ELR) 1,88; índice de sustentabilidade (ESI) 0,81; Emergia por Unidade (EUV) 1,15E+13; percentual de recursos renováveis (%R) 34,68%. Estes resultados indicam que o sistema de produção do morango apresenta melhor desempenho quanto à produção do suco de laranja quando analisados com a métrica proposta, considerando-se que os dois produtos são alimentos.

Palavras-chave: Emergia, Morango, Indicadores Ambientais.

1. Introdução

O morangueiro (Fragaria x ananassa Duch) pertence à família das Rosáceas, sendo um híbrido resultante das espécies americanas F. chiloensis, F. virginiana e F. ovalis, e da européia Fragaria vesca (Ronque, 1998). Cultivado em regiões de clima temperado e subtropical, pode ser consumido in natura ou industrializado (Santos, 2003). A produção mundial de morango é de 3,1 milhões de toneladas por ano, e a brasileira, de 37,6 mil toneladas, sendo esta última obtida em uma área estimada de 3,5 mil hectares, com destaque para os Estados de Minas Gerais (41,4%), Rio Grande do Sul (25,6%) e São Paulo (15,4%) (IEA, 2007 apud Oliveira et al. 2008).

A produção agrícola baseada em uso intensivo de recursos naturais não renováveis impõe estresse ao meio ambiente. Pode utilizar recursos naturais de propriedade comum (florestas, terras, água, solo, ar, etc), sendo na maioria das vezes sujeita ao excesso de exploração além dos níveis sustentáveis (Sinott et al., 2010).

O interesse pelo cultivo do morango deve-se à alta rentabilidade da cultura, ao amplo conhecimento e aceitação pelo consumidor e à diversidade de opções de comercialização e processamento do morango. Devido à sazonalidade natural da produção, com grande concentração de oferta no segundo semestre, os produtores devem ser cautelosos quanto aos custos de produção.

A laranja pertence ao grupo dos cítricos e sua produção ocorre desde o Rio Grande do Sul até o Sergipe, porém está concentrada no estado de São Paulo. Neste estado aproximadamente 200 milhões

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de pés ocupam uma área aproximada de 580 mil hectares, de um total de 800 mil hectares no Brasil, produzindo 72% da laranja brasileira (Abecitrus, 2007; IBGE, 2007; Pereira, 2008).

2. Metodologia

A análise em emergia, proposta por Odum (1996) tem sido utilizada por pesquisadores no estudo e avaliação de ecossistemas, de sistemas produtivos ,bem como de estados e países. Emergia é definida como toda a energia incorporada na produção de um recurso, seja ela na forma de energia ou matéria, trabalho humano ou da natureza (Odum, 1996). Medida em joules de emergia solar (sej), permite contabilizar os fluxos provenientes do meio ambiente e da economia com uma base comum. A transformidade (sej/J) define a quantidade de emergia necessária para obter-se um joule de um produto, processo ou serviço. Determinada a transformidade de um produto, é possível calcular a energia solar direta e indireta necessária para sua obtenção (Odum, 1996).

A contabilidade considera tanto os recursos utilizados para a implantação dos processos como aqueles empregados durante sua operação. Determinada a transformidade de certo número de produtos, torna-se possível calcular a energia solar direta e indireta necessária para se obter outro produto, processo ou serviço (Odum, 1996).

No estudo de Pereira (2008) para produção convencional de suco de laranja, foram utilizados os seguintes dados: Área total, 163 ha; Pomar, 131 ha; Produção total, 130.000 cx; Adensamento pés, 330 pés/ha; Produção por hectare, 995 cx/há; Produção por pé 3cx/pé. A renovabilidade parcial dos recursos provenientes da economia foram considerados, conforme descrito por Ulgiati et al. (1995) e Ortega et al. (2002). Os cálculos foram realizados considerando como base 1 hectare de área plantada. Quanto aos indicadores em emergia calculados neste mesmo estudo e utilizados nesse trabalho para comparação, foram obtidos os seguintes valores: rendimento em emergia (EYR) 1,25; investimento em emergia (EIR) 3,97; carga ambiental (ELR) 2,26; índice de sustentabilidade (ESI) 0,55; emergia por unidade (EUV) 6,57E+12 sej/kg e percentual de recursos renováveis (%R) 30,7%.

3. Sistemas Estudados

3.1 Descrição do sistema

Os dados necessários para a realização da análise em emergia da produção do morango foram baseados nos coeficientes técnicos da revista Agrianual de 2003, utilizando como região referencial o Estado de São Paulo, em entrevistas com profissionais da área do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais - Câmpus Inconfidentes (IFSULDEMINAS-Câmpus Inconfidentes), pesquisas em sites específicos, fabricantes de equipamentos, insumos e dados da literatura.

Os dados quanto à precipitação, insolação, energia cinética do vento foram calculados para a implantação do sistema de produção na cidade de Piracicaba-SP em uma área de 1 ha e produção anual de 20.000kg/ha do produto.

3.2 Transformidades utilizadas neste trabalho

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Tabela 1. Referências bibliográficas das transformidades e emergia/unidade utilizadas neste trabalho.

Item

Emergia por unidade

Unidade Referências

Solo (Matéria orgânica) 7,40E+04 sej/J ODUM, 1996

Aço 2,77E+09 sej/g ULGIATI et al., 1994

Mão de obra 4,30E+06 sej/J SILVA, 2009

Dólar 3,70E+12 sej/US$ COELHO et al, 2002

Plástico 5,87E+09 sej/g GEBER e BJÖRKLUND, 2001

Estrume (Esterco) 4,78E+12 sej/g ORTEGA, 2000

Sol 1,00E+00 sej/J ODUM, 1996

Energia cinética do vento 2,52E+03 sej/J ODUM, 1996

Precipitação 1,57E+05 sej/g BUENFIL, 2001

Água de rio (Irrigação) 3,23E+05 sej/g BUENFIL, 2001

Calcário 1,00E+09 sej/g ODUM, 1996

Pesticidas 1,48E+10 sej/g BRANDT-WILLIAMS, 2002

Espalhante adesivo 1,00E+09 sej/g ODUM, 1996

Uréia 6,62E+09 sej/g CUADRA, RYDBERG, 2006

Fosfato 3,90E+09 sej/g ODUM, 1996

Potássio 1,74E+09 sej/g ODUM, 1996

Diesel (transporte) 6,60E+04 sej/J ODUM, 1996 Energia elétrica (Irrigação) 1,74E+05 sej/J ODUM, 1996

Para os cálculos dos indicadores com referência anterior ao ano 2000 foi utilizado o fator de correção 1,68 devido à alteração do valor de referência da emergia global (Brown & Ulgiati, 2004).

4. Resultados e Discussões

4.1 Análise em emergia da produção de suco de laranja

Na Tabela 2 temos os fluxos de material e energia que participam do sistema da produção convencional do suco de laranja realizado por Pereira (2008).

Tabela 2. Valores de emergia da produção convencional do suco de laranja

Fluxos Emergia Solar (sej/ha.ano)

Renovável 3,69E+15

Não Renovável 3,01E+14

Materiais e Serviços (Pagos) 1,98E+16 Fonte: Pereira, 2008.

4.2 Análise em emergia da produção de morango

Na Tabela 3 apresentam-se os fluxos de material e energia que integram o sistema da produção convencional do morango.

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Tabela 3. Valores de emergia da produção convencional do morango

Fluxos Emergia Solar (sej/ha.ano)

Renovável 4,30E+16

Não Renovável 8,07E+12

Materiais e Serviços (Pagos) 8,01E+16

*cálculos detalhados com o autor

A emergia total do sistema tem valor de 1,23E+17 sej/ano. Aproximadamente 0,01% sej/sej de recursos não renováveis são utilizados, 34,68% sej/sej são de recursos renováveis e 65,31% sej/sej são de recursos do mercado financeiro.

4.3 Cálculo dos indicadores

Visualizamos na Tabela 4 os resultados obtidos da produção convencional de morando a partir dos cálculos dos indicadores comparados com a produção de suco de laranja convencional estudado por Pereira (2008).

Tabela 4: Resumo dos índices em emergia da produção convencional de morango e suco de laranja. Índices em Emergia Produção Convencional de

Morango

Produção Convencional de Suco de Laranja (Pereira, 2008)

EYR 1,53 1,25

EIR 1,88 3,97

ELR 1,88 2,26

ESI 0,81 0,55

Emergia por Unidade (sej/kg) 1,15E+13 6,57E+12 Percentual de recursos

renováveis (%R)

34,68% 30,7%

5. Conclusão

A contabilidade ambiental da produção convencional de morango apresentou emergia total do sistema 1,23E+17 sej/ano. Os valores obtidos para os indicadores ambientais foram: o rendimento em emergia (EYR) 1,53; o investimento em emergia (EIR) 1,88; o índice de carga ambiental (ELR) 1,88; o índice de sustentabilidade (ESI) 0,81; índice de Emergia por Unidade 1,15E+13 sej/kg e o percentual de emergia renovável (%R) 34,68%.

Assim, verifica-se que o sistema de produção de morango estudado é mais eficiente e apresenta melhor performance quanto aos indicadores em emergia quando comparado com o sistema de produção do suco de laranja, sendo que somente na Emergia por unidade é 75% maior que o suco de laranja.

Intervenções podem ser realizadas a fim de aumentar a sustentabilidade da produção do morango. Dentre os exemplos constam substituições dos recursos pagos pelos recursos renováveis, como a substituição da adubação química por adubação orgânica. É aconselhável também a realização de mais trabalhos detalhados nessa mesma linha, e estudos de caso de produção convencional e orgânica, já que não se encontram referências relacionadas a emergia na produção do morango.

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6. Referências Bibliográficas

AGRIANUAL 2003. - Anuário da Agricultura Brasileira. São Paulo: FNP Consultoria & Agroinformativos, 2003.

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