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EFEITO DE DIFERENTES SALINIDADES DA ÁGUA SOBRE O DESEMPENHO DE GIRINOS DE RANA CATESBEIANA (SHAW, 1802)

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–––––––––––

EFEITO DE DIFERENTES SALINIDADES

DA ÁGUA SOBRE O DESEMPENHO DE GIRINOS

DE RANA CATESBEIANA

(SHAW, 1802)

José Teixeira de Seixas Filho

1

Sílvia Conceição Reis Pereira Mello

2

Marcos Pereira Bastos

3

Rodrigo Gaião B. De Miranda

4

Rita de Cássia A. Veiga

5 RESUMO: O estudo objetivou avaliar a resistência de girinos de rã-touro, Rana

cates-beiana, nos níveis de salinidade de 0%o (água doce), 3%o e 5%o, utilizando como

parâme-tro zootécnico o ganho de peso e comprimento dos animais. A pesquisa foi desenvolvida no Instituto de Ciência e Tecnologia Maria Thereza, em Niterói, Rio de Janeiro. Foram uti-lizados 360 girinos, separados em duas classes de tamanho, sendo que 50% destes encon-travam-se nos estádios 25 e 26 de desenvolvimento, segundo Gosner (1960), com peso e comprimento médios iniciais de 0,10 g e 7,13 mm, respectivamente, denominados de pe-quenos. Os outros encontravam-se nos estádios de 32 a 38 (GOSNER, 1960) com 0,70 g e 14,90 mm, denominados de médios. Os animais foram distribuídos em 24 caixas plásticas com capacidade para 50 litros, de forma a atender um modelo inteiramente casualizado, com quatro repetições por tratamento e densidade de um girino por litro d’água. Os trata-mentos foram constituídos por girinos pequenos acondicionados em água com 0%o (T1),

3%o (T3) e 5%o (T5). Para os girinos médios, colocados nas mesmas salinidades,

corres-pondeu aos tratamentos T2, T4, T6, respectivamente. A temperatura da água, o pH e a

tem-peratura ambiente foram verificados diariamente. Os animais foram alimentados com ração comercial contendo 40% de proteína bruta. A limpeza das caixas foi executada diariamente com sifonagem de fundo e troca de 100% do seu volume de água. Para determinar as sali-nidades envolvidas no experimento foi necessário um ensaio preliminar com diferentes concentrações, onde constatou-se que a tolerância máxima era para 5%o, pois a partir des-se nível os animais médios morriam em poucas horas e os pequenos em minutos. Para a análise estatística foi utilizado o teste F. Apesar de não ter sido encontrada diferença signi-ficativa (P>0,05) nas duas classes de tamanho, pode-se inferir que houve tendência a uma maior sobrevivência dos animais de tamanho médio nos primeiros 15 dias para as

salinida-1Biólogo, Pesquisador da FIPERJ./ Professor Pesquisador da UNISUAM. RJ, seixasfilho@globo.com 2Zootecnista, Consultora do SEBRAE – RJ.

3Biólogo, Professor UERJ. Rio de Janeiro – RJ. 4 e 5Biólogo Marinho FAMATh. Niterói – RJ.

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des de 0%o e 3%o. Foi verificada alta mortalidade para os animais submetidos a 5%o nas duas classes de tamanho. Pode-se concluir que a criação de girinos torna-se viável a uma salinidade até 3%o.

ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the resistance of bullfrog tad-poles, Rana catesbeiana, at the salinity levels of 0% (sweet water), 3% and 5%, using as an animal science parameter the weight gain and the length of the animals. The research was developed at the Institute of Science and Technology Maria Thereza – FAMATh, in Ni-terói, Rio de Janeiro State, Brazil. Three hundred and sixty (360) tadpoles were used, sepa-rated in two classes of size, and 50% of them were on the stages of development 25 and 26, according to Gosner (1960), with initial average weight and length of 0.10 g and 7.13 mm, respectively, called small tadpoles. The others were on the stages from 32 to 38 (GOSNER, 1960) with 0.70 g and 14.90 mm, called medium tadpoles. The animals were distributed in 24 plastic boxes with capacity for 50 liters, so to attend an entirely casualized model, with 4 repetitions per treatment and density of 1 tadpole per liter of water. The treatments were constituted by small tadpoles packed in water with 0% (T1), 3% (T3) and 5% (T5). For the

medium sized tadpoles, put in the same salinities, corresponded to the treatments T2, T4,

and T6, respectively. The water temperature, the pH and the environmental temperature

were verified daily. The animal were fed with commercial ration containing 40% of crude protein. The cleaning of the boxes was done daily with bottom siphonage and change of 100% of its water volume. In order to determine the salinities involved in the experiment it was necessary a preliminary assay with different concentrations, where it was observed that the maximum tolerance was for 5%, for from that density on the medium animals died in a few hours and the small ones in minutes. For the statistical analysis the test F was used. In spite of not being found a significative difference (P<0.05) in the two classes of size, one can infer that there was a tendency of a bigger survival of the animals of medium size on the first 15 days for the salinities of 0% and 3%. A high mortality for the animals submitted to 5% in the two classes of size was verified. It can be concluded that the tad-poles breeding becomes viable at a salinity of up to 3%.

Palavras-chave: girino, Rana catesbeiana, salinidade

Keywords: Tadpoles, Rana catesbeiana, salinity

INTRODUÇÃO

Em toda exploração animal a água é um fator importante, sendo necessário o monitoramento adequado tanto na quantidade como na sua quali-dade, para alcançar o desempenho satisfatório dos animais.

Para a criação de rãs, os parâmetros físico-químicos ideais da água permanecem desconhe-cidos, sendo utilizadas adaptações de exigências para outros animais aquáticos, principalmente às dos peixes. Nos ranários comerciais o monitora-mento da qualidade da água é de fundamental importância para se evitar a proliferação de

doen-ças, sendo executado com base em experiências e observações particulares de cada criatório.

Segundo Lima e Agostinho (1992) o anfíbio é um vertebrado que não sobrevive à água do mar (35%o de salinidade), indicando a inviabilidade de sua criação em água salobra ou, com elevado teor de salinidade.

O Conama (1986) classificou como água do-ce a que contém salinidade igual ou inferior a 0,5%o, água salobra aquela cuja salinidade varia de 0,5 a 30%o e água salina a com percentagem igual ou superior a 30%o.

A pressão que deve ser aplicada a uma solução a fim de impedir a passagem do solvente em dire-ção à mesma, através de uma membrana

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semi-permeável, é o que se denomina pressão osmótica e, desempenha um importante papel nas trocas de água e das substâncias dissolvidas, sendo uma propriedade coligativa das soluções e afetada pelo número de partículas da solução. Dessa maneira as substâncias que se ionizam apresentam uma pres-são osmótica mais elevada devido a um número maior de partículas por mol (HARPER, 1982).

O mecanismo básico da osmorregulação é co-mum para todos os organismos vivos, logo que a concentração interna de algum elemento excede a do meio externo, ocorre um gradiente de difusão e, quando a membrana celular é colocada no ca-minho da difusão, alguns elementos atravessam a membrana de maneira mais rápida que outros, ocorrendo vários gradientes de concentração e, ajustando-se em seguida, a pressão osmótica às novas condições (SMITH, 1982).

Madrid (1994), citando vários autores, relatou que no processo de osmorregulação em animais aquáticos existe uma correlação direta entre a quantidade de íons e aminoácidos livres na hemo-linfa e no líquido intracelular, com a salinidade do meio natural de vida, atribuindo-se a estas substâncias uma função importante na regula-ção da pressão osmótica interna, sendo que este fenômeno ocorre nos crustáceos, moluscos, pei-xes e microrganismos.

O mesmo autor relatou ainda que estes animais apresentam aumento dos aminoácidos livres no líquido intracelular, encontrando-se em quantida-des bem superiores àqueles apresentados na hemo- linfa, com um mecanismo realizado pelos com-postos orgânicos na regulação osmótica quando são submetidos a um estresse osmótico.

Não somente os aminoácidos livres participam do processo de osmorregulação do líquido intra-celular, mas também outros compostos nitrogena-dos de pequeno peso molecular, assim como os carboidratos.

Seixas Filho et alii (1998a) relataram que tanto o consumo de oxigênio como a excreção da amô-nia são dois fatores que estão diretamente rela-cionados com os processos de osmorregulação e, portanto são importantes para o sucesso de culti-vos comerciais.

Chapelle (1986) relatou que existem evidên-cias para atribuir aos fosfolipídios um papel im-portante na composição da estrutura de

biomem-brana em relação à permeabilidade de íons e a atividade enzimática e que alguns fosfolipídios, como a fosfatidilcolina são fortemente envolvidos no processo de osmorregulação e de estresse térmico.

Madrid (1994) mencionou que na literatura não foram encontradas informações de maneira direta, sobre correlação entre tipos específicos de alimentação nas espécies submetidas a diferentes salinidades, causando problemas na análise da ne- cessidade de alguns nutrientes.

McKay e Gjerde (1985) relataram que devido ao grande interesse para a criação intensiva de Salmão no Japão, Noruega, Inglaterra, USA, Ca-nadá e Chile, torna-se importante o estudo do processo de transferência do Salmão de água do-ce para água salgada, que vem acompanhado de grande mortalidade, perda de apetite e reduzido crescimento devido ao estresse osmótico.

Madrid (1994) mencionou que na literatura não foram encontradas informações, de maneira direta, sobre correlação entre tipos específicos de alimentação e facilidade de aclimatação nas espécies submetidas a diferentes salinidades, o que provoca algumas informações conflitantes ao serem analisadas a necessidade de alguns nutrientes.

Salman e Eddy (1990) incluíram na dieta para Salmão, Oncorhynchus mykissin, diferentes per-centagens de cloreto de Sódio, um mês antes da transferência para a água salgada, com o objetivo de diminuir o estresse osmótico, reduzindo signi-ficativamente a mortalidade.

Franklin et alii. (1992) observaram com re-lação às mudanças fisiológicas ocorridas com Salmão Oncorhynchus nerka e Oncorhynchus

tshwytscha, que existia uma grande correlação da

mortalidade nas primeiras 24 horas de aclimata-ção em água salgada com o nível de íons na he-molinfa. Esta constitui o melhor indicador para o sucesso da adaptação à nova pressão osmótica.

Face ao exposto e devido a crescente procu- ra, no Estado do Rio de Janeiro, para a implanta-ção de ranários, principalmente em regiões litorâ-neas, cujos mananciais sofrem influência da água do mar, o presente trabalho teve por objetivo ava-liar a resistência de girinos da rã-touro, Rana

ca-tesbeiana, nos níveis de salinidade 0%o (água do-

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zootécnico ganho de peso e comprimento dos animais.

MATERIAL

E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório Experimental de Ranicultura do Instituto de Ci-ência e Tecnologia Maria Thereza, em Niterói, Rio de Janeiro por um período experimental de 30 dias.

Foram utilizados 360 girinos de rã-touro, Rana

catesbeiana, provenientes de desovas oriundas de

ranário comercial. Os animais foram separados em duas classes de tamanho, sendo denominados de “pequenos”, estádio 25 e 26 segundo Gosner (1960), aos que possuíam peso e comprimento médios iniciais de 0,10 g e 7,13 mm, respectiva-mente. Os que se encontravam com peso e com-primento médios de 0,70 g e 14,90 mm, respec- tivamente, foram denominados de “médios”, es-tádios 32 a 38 (GOSNER, 1960).

O experimento foi conduzido em 24 caixas plásticas com capacidade para 50 litros, distribuí-das lado a lado, em bancada. Os animais foram distribuídos de forma a atender um modelo intei-ramente casualizado, com quatro repetições por tratamento, com 15 girinos por unidade experi-mental, numa densidade de um girino por litro de água. Esta densidade foi mantida durante todo o período experimental, retirando-se um litro de água para cada animal morto.

Os tratamentos foram constituídos por girinos pequenos acondicionados em água com 0%o (á-gua doce) (T1), 3%o (T3) e 5%o (T5). Para os

gi-rinos médios, colocados nas mesmas salinidades, corresponderam aos tratamentos T2, T4 e T6,

res-pectivamente.

A definição da salinidade máxima utilizada no experimento foi baseada no resultado de teste preliminar, onde foi utilizada a mesma metodolo-gia, com águas contendo as salinidades de 5, 10, 15, 20 e 25%o. A água salgada, contendo 34%o, foi coletada na praia de Piratininga, no município de Niterói, diluída com água doce, oriunda de po-ço, cuja composição encontra-se na Tabela 1, pa-ra atingir as salinidades determinadas, sendo afe- ridas por meio de refratrômetro.

A alimentação fornecida aos animais foi cons-tituída de ração comercial para girinos com 40% de proteína bruta (Tabela 2) fracionada, com au-xílio de moinho, no tamanho de 2,5 mm de diâ-metro, sendo oferecida na quantidade de 10% do peso vivo, quatro vezes ao dia, de acordo com Lima e Agostinho (1984).

Diariamente foi feita limpeza nas unidades expe-rimentais, mediante sifonagem de fundo, retirando-se fezes e restos de ração e, em retirando-seguida, procedeu-se a renovação de 100% do volume de água.

O pH e a temperatura da água, nas unidades experimentais, foram verificados duas vezes ao dia, assim como a temperatura ambiente, máxima e mínima, a cada 24 horas.

O procedimento de biometria foi executado no início, aos 15 dias e, no final do experimento, on-de os girinos foram coletados com puçá, transfe-ridos para recipiente plástico, com cerca de 10 ml de água, de peso conhecido e, pesados em balan-ça analítica, anotando-se o peso do animal em mi-ligramas. Em seguida, colocados sobre toalha, na bancada e, por meio de paquímetro digital com 0,01 mm de precisão, foi aferido o comprimento-padrão, que consistiu na medida do comprimento da boca até a inserção da cauda, assim como veri-ficado o estádio de desenvolvimento do animal, segundo Seixas Filho (1998b).

As análises dos dados foram realizadas utili-zando-se o programa SAEG (Sistema para Análi-se Estatística e Genética), Análi-segundo Euclydes (1983).

RESULTADOS

E DISCUSSÃO

A temperatura do ar apresentou média das má-ximas de 32°C e a média das mínimas ficou em 26°C. A média da temperatura da água observa-da variou de 23,5 a 29,5°C. O pH manteve-se na faixa de 7,0 a 8,9. Tais valores encontram-se den-tro dos limites aceitáveis para girinos, sendo se-melhantes àqueles dos trabalhos de Fontanello et

alii (1982, 1988), Albinati (1995) e Seixes Filho

(1998a e b).

Os animais apresentaram média de peso e de comprimento homogêneas, no início do

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experi-mento, uma vez que não houve diferença signifi-cativa (P>0,01) entre os tratamentos. Por outro la- do, o peso dos girinos, aos 15 e 30 dias, apresen-tou diferença significativa (P<0,01) quando com-parado ao peso inicial dos animais, entretanto, os efeitos de salinidade e sua interação com o peso inicial não alcançaram significância estatística (Tabelas 3 e 5).

A despeito da não significância da interação salinidade com o tamanho inicial, o seu desdo-bramento revelou efeito significativo (P<0,01) da concentração salina, nos níveis de 0 e 3%o, sobre o ganho de peso dos girinos, para as duas classes de tamanho, aos 15 e 30 dias, demonstrando sua influência sobre o desenvolvimento dos animais, resultados semelhantes foram encontrados por McKay e Gjerde (1985) quando estudaram o pro-cesso de transferência do salmão de água doce para a água salgada, sendo observada grande mor-talidade, perda do apetite e reduzido crescimento devido ao estresse osmótico.

A salinidade, variando de 0 a 3%o, não exer-ceu efeito significativo sobre o ganho de peso dos girinos da primeira classe de tamanho. Por outro lado, tal efeito alcançou significância estatística (P<0,01) sobre o referido parâmetro nos girinos de tamanho médio (Tabela 3). Por outro lado, os girinos pequenos mantidos em meio com 5%o de concentração salina não resistiram até a primeira época de avaliação do experimento (Tabelas 5 e 6).

Esse fato demonstrou que os girinos que se encontravam nos estádios de desenvolvimento 25 a 26, segundo Gosner (1960), apresentaram menor capacidade de ajuste às novas condições de pressão osmótica do meio quando comparados aos que se encontravam nos estádios de 32 a 38, revelando pouca capacidade no controle do gra- diente de difusão do seu organismo, conforme re-latado por Smith (1982), uma vez que, segundo a literatura, os órgãos dos girinos, nesta fase da vida, ainda encontram-se em processo de desen-volvimento, principalmente as glândulas anexas do aparelho digestório o que dificulta na absor-ção dos nutrientes, principalmente quando estes são desviados para a regulação osmótica, como no caso dos aminoácidos, que migram para a hemolinfa, já mencionados por Madrid (1994) quando haveria mobilização de aminoácidos e

carboidratos do organismo no mecanismo de re-gulação interna quando submetidos a um estresse osmótico. Este processo pode ter contribuído para a mortalidade de todos os girinos pequenos e, a maioria dos médios que foram submetidos a 5%o, que não resistiram ao intenso trabalho metabóli-co, necessário para a adaptação ao meio (Tabelas 3 e 6), assim como a preparação para a mudança de uma respiração branquial para pulmonar.

Conforme se observa na Figura 1, os animais de tamanho médio submetidos à salinidade de 5%o apresentaram sobrevivência de apenas 16,7% da população (Tabela 6) e menor ganho de peso, 14,69 g (Tabela 5), em relação àqueles mantidos em 0 e 3%o, que foram, respectivamente, 20,17 e 19,19 g, com sobrevivência de 100 e 98,3%, res-pectivamente (Tabela 6), sugerindo uma superio-ridade dos girinos da segunda classe de tamanho sobre aqueles denominados pequenos, uma vez que esses últimos não toleraram a mais alta con-centração salina testada, apresentando sobrevivên- cia de apenas 1,7%.

Na última biometria do experimento, os ani-mais avaliados apresentaram a mesma tendência de ganho de peso observada na avaliação anterior, contudo para os animais de tamanho médio, sub-metidos às salinidades de 0 e 3%o, não foram en-contradas diferenças significativas (Tabela 3), de- monstrando que a influência da salinidade sobre o parâmetro avaliado diminuiu com o avanço da idade dos girinos, sugerindo uma possível adap-tação desses à concentração osmótica do meio até a concentração salina de 3%o.

A salinidade, nos níveis de 0 e 3%o, afetou significativamente (P<0,01) o comprimento dos girinos, de ambas as classes de tamanho, na ava-liação do 30(trigésimo) dia (Tabelas 4 e 5).

A Figura 2 revelou que no 15° dia os animais correspondentes à primeira classe de tamanho ten- deram a um menor crescimento, embora não sig-nificativo (Tabela 4), quando submetidos a maior concentração salina da água, atingindo 10,56 e 9,93 mm na salinidade de 0 e 3%o, respectiva-mente, o que concorda com as observações de McKay e Gjerde (1985), em relação aos prejuízos no crescimento do animal quando submetido ao estresse osmótico, sendo este fato confirmado quando se observou que aqueles mantidos no meio

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com maior salinidade não resistiram até essa ava-liação. Considerando o mesmo período, os girinos de tamanho médio apresentaram comportamento semelhante aos pequenos, havendo, contudo, so-brevivência dos exemplares mantidos em meio com 5%o de salinidade.

Na avaliação do 30o dia pode-se observar me-nor comprimento dos girinos da primeira classe de tamanho submetidos à salinidade de 3%o em relação àqueles acondicionados em água doce, ao passo que o comprimento dos exemplares da segunda classe exibiu comportamento inverso, apresentando maior comprimento quando manti-dos em meio com 3%o de salinidade (Tabela 5),

sugerindo, principalmente na classe dos “peque-nos” um desvio da rota dos nutrientes originados de ingredientes plásticos, como a proteínas, que, possivelmente, estariam sendo utilizados ao nível de aminoácidos, na regulação osmótica do orga-nismo, ao invés de estar formando tecido.

Estudos são necessários para o esclarecimento das mudanças fisiológicas que ocorrem quando se colocam os girinos em água salobra, assim como para verificar se por meio de modificação do ali-mento, conforme mencionado por Salman e Eddy (1990) e Franklin et alii. (1992), possa-se reduzir a mortalidade dos animais quando colocados em níveis maiores de salinidade.

Tabela 1 – Composição físico-química da água doce oriunda de poço*

Item Resultado

Aspecto Límpida

pH a 25°C Potenciometria 7,30

Cloretos (Cl -) – Argentometria 74,0 mg/l

Sulfatos (SO =4) – Gravimetria 37,0 mg/l

Sulfetos (S =) – Qualitativo Nihil

Cálcio (CaO) – Complexometria 49,0 mg/l

Magnésio (MgO) – Complexometria 5,0 mg/l

Dureza total em CaCO3 – Complexometria 99,0 mg/l

Ferro (Fe) – Absorção Atômica 0,07 mg/l

Hidróxidos (OH -) – Volumetria Nihil

Carbonatos (CO =3) – Volumetria Nihil

Bicarbonatos (HCO-3) – Volumetria 170,0 mg/l

Nitritos (NO -2) – Colorimetria < 0,5 mg/l

Nitratos (NO -3) – Qualitativo Nihil

Sólidos totais dissolvidos – Gravimetria 466,0 mg/l

Sólidos inorgânicos – Gravimetria 432,0 mg/l

Matéria orgânica e prod. Voláteis – Gravimetria 34,0 mg/l

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Tabela 2 – Ração comercial utilizada na alimentação dos girinos

de Rana catesbeiana.

Níveis de Garantia (%) Ração

Umidade (máxima) 13,0

Proteína Bruta (PB) 40,0

Estrato Etéreo (mínimo) 6,0

Matéria Fibrosa (Máximo) 6,5

Material Mineral (Máximo) 14,0

Cálcio (Ca)(Máximo) 3,0

Fósforo (P) 1,0

Farelo de soja Farinha de peixe Farelo de trigo

Farelo de glúten de milho 60% Composição Básica Farinha de carne e osso

Milho

Farinha de sangue

Óleo de peixe

Carbonato de cálcio

Sal Suplemento Vit.2e mineral3

Antioxidante4

2Composição por Kg: VIT. A– 8.000 UI, VIT D

3 -2.500 UI, VIT. E – 1200 mg, Piridoxina (B6)-12 mg Vit. B12 – 23 µg, VIT. C – 200 mg,

Ác. Pantotênico -40 mg, Biotina – 150 µg, Colina – 3.500 mg, Ác. Fólico – 4 mg.

3Composição por Kg: Mg -100 mg, Mn – 50 mg, Zn – 100 mg, Cu – 10 mg, Fe – 50 mg, Co – 0,5 mg, I-3 mg, Se-0,3 mg. 4Etoxiquin – 250 mg.

Tabela 3 – Resumo das análises de variância dos dados de peso de girinos pequenos e

médios submetidos a diferentes salinidades.

Quadrados Médios F. V. G. L. 15 dias 30 dias Tamanho (T) 1 7,6881 ** 29,9756 ** Salinidade (S) 1 0,1192 ns 0,2927 ns T x S 1 0,0492 ns 0,0382 ns T/S0%o 1 4,4835 ** 16,0773** T/S3%o 1 3,2538 ** 13,9366** T/S5%o . – – S/Tpequenos 1 0,7626.102 ns 0,0597 ns S/Tmédios 1 0,1607* 0,2712 ns Resíduo 12 0,0293 0,0645 C.V.(%) 18,26 12,73

*Significativo a 5% de probabilidade; ** Significativo a 1% de probabilidade; ns Não significativo.

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Tabela 4 – Resumo das análises de variância dos dados de comprimento de girinos

pe-quenos e médios submetidos a diferentes salinidades*

Quadrados Médios F.V. G.L. 15 dias 30 dias Tamanho (T) 1 355,9824 ** 459,2449 ** Salinidade (S) 1 2,6002 ** 0,7656 ns T x S 1 0,1278 ns 9,5172 ** T/S0%o 1 184,8003 ** 168,2695 ** T/S3%o 1 171,3101 ** 300,4926 ** T/S5%o . . . S/Tpequenos 1 0,7875 ns 7,8408 ** S/Tmédios 1 1,9404 ns 2,4420 ** Resíduo 12 0,4508 0,2457 C.V.(%) 4,49 2,55

*Os dados referentes aos animais mantidos em água a 5%o de salinidade não foram considerados na ANOVA. **Significativo a 5% de probabilidade; ** Significativo a 1% de probabilidade; ns Não significativo.

Tabela 5 – Comprimento e peso médio de girinos pequenos e médios

submetidos a diferentes salinidades*

Biometria (dias) Salinidade (%o) Tamanho de Girinos Comprimento (mm) Peso (g) Inicial 0 pequenos 7,13 0,10 médios 14,90 0,70 3 pequenos 6,80 0,10 médios 14,84 0,64 5 pequenos 6,90 0,09 médios 14,97 0,67 15 0 pequenos 10,56 0,28 médios 20,17 1,77 3 pequenos 9,93 0,21 médios 19,19 1,49 5 pequenos – – médios 14,69 0,51 30 0 pequenos 15,10 0,71 médios 24,27 3,55 3 pequenos 13,12 0,54 médios 25,37 3,18 5 pequenos . . médios 17,35 0,99

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Tabela 6 – Sobrevivência de girinos (%) em diferentes níveis de salinidade

Sobrevivência de girinos

Biometria (dias) Salinidade

Pequenos Médios 0 água doce 100,0 100,0 3%o 100,0 100,0 5%o 100,0 100,0 15 água doce 95,0 100,0 3%o 91,7 98,3 5%o 0 16,7 30 água doce 90,0 100,0 3%o 90,0 96,7 5%o 0 1,7 Pe so (g ) 0 3 5 0 3 5 0 3 5 0 1 2 3 4 Girinos Pequenos Girinos Médios Inicia 15 30

Figura 1 – Peso médio de girinos pequenos e médios submetidos a diferentes salinidades

C ompr ime nto (m m) 0 3 5 0 3 5 0 3 5 0 5 10 15 20 25 30 Girinos Pequenos Girinos Médios Inicia 15 30

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CONCLUSÕES

– A criação de girinos torna-se viável em pro-priedades que possua água com salinidade de até 3%o e que os girinos médios (0,70g e 14,90 mm) já estão mais adaptáveis ao estresse osmótico

do que os pequenos (0,10 g e 7,13 mm), o que permite sugerir uma adaptação gradativa de sa-linidade, de acordo com o desenvolvimento dos animais.

– Novos estudos são necessários para elucidar a fisiologia deste animal em água salobra.

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Referências

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