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Laboratório de Ensino da Eletrônica de Potência - Uma Experiência Construída Para e Pelos Estudantes

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Academic year: 2021

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Laboratório de Ensino da Eletrônica de Potência - Uma Experiência

Construída Para e Pelos Estudantes

Roberto Mathias Susin, Júlio C. M. Lima, Vicente M. Canalli e Fernando Soares dos Reis

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Faculdade de Engenharia - Departamento de Engenharia Elétrica

CEP 90619-900 - Avenida Ipiranga, 6681 Porto Alegre – RS – Brasil

f.dosreis@ieee.org

Resumo – O objetivo principal deste trabalho é o de relatar e transferir a comunidade os resultados obtidos em uma experiência de sucesso no ensino da Eletrônica de Potência ocorrida na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. Utilizando-se de componentes de baixo custo, criatividade e disponibilidade foi possível o desenvolvimento de um laboratório completo para o ensino da Eletrônica de Potência básica a um custo verdadeiramente baixo. Estima-se uma economia de R$ 50.000,00 em relação ao similar importado.

I. INTRODUÇÃO

Graças ao esforço desinteressado dos principais centros de excelência em Eletrônica de Potência, esta área experimentou um significativo crescimento a nível nacional. Hoje o ensino desta ciência é feito na maioria das instituições por docentes altamente qualificados cujos trabalhos são reconhecidos a nível nacional e internacional. Porém, na maioria dos casos estes mesmos docentes não dispõem de tempo para o desenvolvimento de experimentos didáticos. Assim, o objetivo principal deste trabalho é a transferência de tecnologia para a confecção de

“KITS DIDÁTICOS” voltados para o ensino da

Eletrônica de Potência básica, busca-se propiciar com estes, uma ampla variedade de experimentos ao estudante de graduação. Os módulos desenvolvidos na primeira etapa deste projeto contemplam o estudo das seguintes estruturas: Estruturas não controladas:

∑ Retificador monofásico de meia onda;

∑ Retificador monofásico de onda completa com derivação central;

∑ Retificador monofásico de onda completa em ponte de Graetz;

∑ Retificador trifásico de três pulsos;

∑ Retificador trifásico de seis pulsos; Estruturas Controladas:

∑ Circuito Gradador monofásico; ∑ Circuito Gradador trifásico;

∑ Retificador monofásico de meia onda;

∑ Retificador monofásico de onda completa com derivação central;

∑ Retificador monofásico de onda completa em ponte de Graetz;

∑ Retificador trifásico de três pulsos; ∑ Retificador trifásico de seis pulsos; ∑ Conversores duais;

∑ Cicloconversores;

Tratam-se de estruturas bem conhecidas, mas que fascinam o estudante quando o mesmo pode observar na prática o seu funcionamento. Os kits permitem o estudo dos diversos tipos de estruturas, utilizando diferentes tipos de cargas tais como carga resistiva e carga indutiva. É gratificante para o estudante poder observar as diversas formas de onda de tensão e corrente estudadas teoricamente, em laboratório. Com certeza os modernos programas de simulação de circuitos constituem uma ferramenta importantíssima para o estudo da Eletrônica de Potência, contudo estas ferramentas não substituem o contato físico com o mundo real.

Nos kits desenvolvidos ora apresentados, procurou-se manter uma das principais vantagens dos sistemas virtuais, que no nosso entender é a segurança do usuário. Deste modo, os kits foram concebidos visando a total segurança dos estudantes, os quais muitas vezes ainda não possuem a intimidade necessária para trabalhar com sistemas energizados e instrumentos de precisão, como por exemplo, osciloscópios digitais. Assim, todas as estruturas foram concebidas para operarem utilizando transformadores isoladores e rebaixadores de tensão reduzindo-se assim os riscos de choque elétrico e curto circuito através do terminal de terra do osciloscópio. No decorrer deste artigo

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serão descritos passo a passo os diversos módulos desenvolvidos. Este trabalho foi desenvolvido com o apoio do CNPq através de uma bolsa de iniciação científica e com a colaboração de diversos alunos da disciplina de Laboratório de Eletrônica de Potência da PUCRS.

II.RETIFICADORES NÃO CONTROLADOS

Desde a concepção inicial deste projeto, adotou-se como princípio a construção de experimentos versáteis a um baixo custo. A idéia inicial foi a de desenvolver um único módulo que permitisse ao estudante uma vivência prática com todas as estruturas retificadoras não controladas. Um kit que incorpora estas funções para o estudo dos retificadores não controlados está representado na figura 1, o qual topologicamente nada mais é que um retificador não controlado de seis pulsos, implementado a partir de diodos do tipo 1N400X.

Figura 1. Foto do kit retificador não controlado. Uma análise detalhada da figura 1 revela que a mesma pode ser utilizada para verificação do funcionamento de um retificador monofásico de meia onda conforme representado na figura 2, onde somente um dos diodos é utilizado.

Da mesma forma, os demais retificadores não controlados podem ser facilmente implementados. Por exemplo, uma ponte de Graetz monofásica pode ser estudada com o auxílio de quatro dos diodos do kit ora apresentado, como D1, D2, D3, D4.

Todos os kits são montados sob uma base

de fórmica a qual confere ao equipamento a rigidez necessária para a sua utilização em um laboratório de ensino. Utilizou-se um processo serigráfico para representar esquematicamente o conteúdo de cada kit. Sobre as placas de fórmica aplicou-se papel contact para a proteção das gravuras.

Figura 2. Circuito retificador monofásico de meia onda.

Como se pode observar nas fotos dos kits, todas as conexões elétricas são realizadas através de bornes. Uma vez que a PUCRS dispõe de um laboratório de eletrotécnica (ver figura 3) equipado com uma grande variedade de cargas de potência dos tipos resistiva, indutiva e capacitiva, optou-se por adequar os kits didáticos conforme as dimensões das bancadas montadas neste laboratório. O objetivo foi de agregar funções ao sistema já existente.

Figura 3. Bancada tipo do laboratório de eletrotécnica.

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III.CIRCUITOS DE PROTEÇÃO

sicamente duas placas de roteção, a saber:

adores; Placa de Fusíveis;

ede elétrica. A figura 4 apresenta a foto deste kit. Para minimizar o risco de acidentes foram desenvolvidos ba

A segurança é uma preocupação constante quando se trata com sistemas energizados, especialmente no meio acadêmico.

p

∑ Placa de Transform ∑

A placa de transformadores é constituída por três transformadores monofásicos, rebaixadores, isoladores montados sobre uma base de fórmica. Assim, é possível a realização dos vários experimentos utilizando-se tensões reduzidas e isoladas galvanicamente da r

Figura 4. Foto do kit transformadores.

Figura 5. Foto do kit fusíveis. Dispondo de três transformadores em cada placa é possível a realização de experimentos trifásicos com toda a segurança, permitindo inclusive o estudo da influência das diferentes formas de conexão dos transformadores em estrela ou em delta. Mantendo a mesma conduta uma placa constituída por três fusíveis foi igualmente desenvolvida visando à proteção do usuário. Esta

placa es igura 5.

spectivos dissipadores sobre a mesma base de fórmica, conforme se pode observar na figura 6.

tá representada na f

IV.MÓDULOS DE TIRISTORES

Existe uma grande quantidade de estruturas de potência que podem ser implementadas a partir de tiristores, as quais já foram citadas no item estruturas controladas. Tentando evitar a solução clássica de elaborar um

kit para cada estrutura, foi desenvolvido um

único módulo básico para implementar os interruptores, constituído por dois tiristores (TIC 116X) montados em seus re

Figura 6. Foto do kit tiristores.

Ao utilizar-se um único kit básico para implementar os diversos conversores de potência obtém-se uma maior participação do estudante, pois o mesmo é agora responsável pela

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montagem das várias estruturas, obrigando este a conhecer as diversas topologias, o que já não ocorre com a solução clássica onde o estudante trabalha com uma "caixa preta". Agindo-se desta forma viabiliza-se a confecção de vários kits a um baixo custo, pois cada módulo básico pode ser utilizado na implementação de diversas estruturas. Utilizando-se uma única placa pode-se, por exemplo, implementar um gradador monofásico e utilizando-se três placas pode-se obter um retificador trifásico de seis pulsos. Dentro do escopo das disciplinas de graduação um mesmo docente pode desta forma acompanhar ao mesmo tempo vários grupos de estudantes sem prejudicar a qualidade da sua disciplina.

osciloscópio no momento da visualização das

to com os ircuitos de controle convencionais.

que ocorre nestes casos, sem correr risco algum. V.PLACA DE CONTROLE

Para implementar esta estrutura adotou-se a solução clássica, na qual a placa de controle é constituída no seu âmago pelo circuito integrado TCA 785. Uma completa descrição deste dispositivo pode ser encontrada em [1]. A placa de controle possui fonte isolada para garantir a segurança dos estudantes e evitar um curto circuito através do aterramento do

grandezas envolvidas. Para permitir a utilização desta placa, no controle das estruturas retificadoras e no controle das diversas estruturas gradadoras monofásicas e trifásicas, optou-se pelo utilização de transformadores de pulso. Para que o sinal de baixa freqüência (60 Hz) gerado pelo TCA 785 pudesse ser transmitido através dos transformadores de pulso um circuito oscilador de alta freqüência baseado no circuito integrado 555 foi desenvolvido. Afigura 7 apresenta o diagrama elétrico do controlador desenvolvido. Uma análise em sua estrutura revela que se trata de uma topologia bastante simples e convencional, fruto de uma opção que viabiliza ao estudante um conta

c

Pode-se observar na foto do kit apresentado na figura 8, que o mesmo apresenta dez bornes, sendo que os oito situados na extremidade direita, são os responsáveis pelo disparo dos tiristores os quais estão isolados galvanicamente através dos transformadores de pulso já mencionados. Os dois bornes situados no lado esquerdo são responsáveis pela alimentação da placa. Neste kit, o estudante pode simular situações onde, por exemplo, sinais defasados são aplicados aos tiristores e deste modo verificar o

D7 1N4001 R2 330 60Hz R11 2K2 PT1 R17 22K VCC G2 C5 150n PT14 TP1 K1 D4 1N4001 PT10 R16 10K G4 VCC C4 0,47u VCC U1 555 3 4 8 1 2 6 7 OUT RST VCC GND TRG THR DSCHG R6 220 AC C2 100n Q1 BC548 K4 R1 390 Ajuste do Ângulo de disparo R13 3K9 R10 2K2 PT5 TPULSO 1:2 K3 PT8 VCC G1 PT9 G3 TPULSO 1:2 R7 220 PT11 AC R14 1K2 D3 1N4001 D10 1N4001 Ajuste de Rampa POT 100K U2 TCA785 4 10 16 8 3 9 14 15 5 2 13 1 6 7 11 12 Q1 C10 VS VREF QU R9 Q1 Q2 VSYNC Q2 L GND I QZ V11 C12 R5 1K PT15 D8 1N4001 R3 1K TP2 R12 2K2 D1 1N4001 C1 100n PT6 K2 R8 15K + C7 2,2u D6 1N4001 C8 47n 60Hz R9 2K2 PT16 R4 1K T1 220 : 12 + 12 D2 1N4001 D9 1N4001 + C6 1000u D5 1N4001 10k POT D11 1N4001 Q2 BC548

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Figura 7. Diagrama esquemático do kit placa de controle.

Figura 8. Foto do kit placa de controle.

VI.RESULTADOS EXPERIMENTAIS

stes sinais estão representados nas guras 9 a 11.

Para validar o funcionamento dos kits

didáticos, foram implementados experimentalmente, um retificador trifásico de

seis pulsos não controlado e um circuito gradador monofásico, dos quais foram coletadas as formas de onda da tensão e da corrente na carga, bem como as formas de onda da tensão nos interruptores. E fi T T T 1 > 2 > 1) Ref A: 20 Volt 1 ms 2) Ref B: 200 mA 1 ms

Figura 9. Tensão e corrente na carga.

re

amento trouxe também como benefício, o aumento da vida útil dos kits descritos ste trabalho.

Como se pode observar, os resultados obtidos experimentalmente aproximam-se em muito, dos resultados teóricos descritos na bibliografia, como por exemplo, os encontrados em Barbi [2] e em Kassakian [3]. Esta

aproximação entre os sultados teóricos e práticos ocorreu graças ao superdimensionamento dos dispositivos semicondutores. Este superdimension

ne T T T 2 1 > > 1) Ref A: 20 Volt 2 ms 2 m 2) Ref B: 20 Volt s

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T T 1 > T 2 > 1) Ref A: 200 Volt 5 ms 2) Ref B: 500 mA 5 ms

Figura 11. Tensão e corrente na carga. VIIAGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio do CNPq dado este trabalho sob a forma de uma bolsa de IC do programa PIBIC e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul -

PUCRS pelo aporte econômico que viabilizou esta iniciativa.

VIII.CONCLUSÃO

Neste artigo um conjunto de kits idáticos vo

d ltados para o ensino da eletrônica de

bilitam também ao estudante m

a ersatil

carga horária de 30 horas.

Em função esta mudança de paradigma, a disciplina de

Gostaríamos de salientar a importância divu

o se enquadra em uma primeira etapa e um projeto mais ambicioso no qual se buscará

desenvolver ki ao ensino da

letrônica de Potência na forma mais ampla

ntinuidade a este tipo de desenvolvimento em cursos mais avançados de Eletrônica de Potência.

IX.REFERÊNCIAS

[1] http://www.infineon.com/index/listtypt.htm

potência básica foram descritos. Este trabalho esta inserido no contexto de uma sólida proposta pedagógica para o ensino da Eletrônica de Potência calcada no binômio teórico-prático, notadamente no campo dos retificadores controlados e não controlados e dos gradadores. Além de permitir aos estudantes a implementação de diversos experimentos com total segurança, os

kits didáticos possi

uma aior familiarização com as topologias clássicas de conversores CA-CC e CA-CA existentes.

Como vantagens adicionais pode-se citar a grande economia obtida em relação aos kits ducacionais disponíveis no mercado, e

v idade, a facilidade de utilização e a possibilidade de empregar todos os tipos de carga, como por exemplo, cargas puramente resistivas, cargas RL e mesmo máquinas elétricas do tipo CC ou CA.

Após a implantação destes kits, observou-se expressiva melhoria do processo de ensino-aprendizado, obtendo-se elevados índices de aprovação, o que não ocorria quando a disciplina era apresentada da forma tradicional e dispunha apenas de ferramentas de simulação.

Na PUCRS o ensino de eletrônica de potência é abordado atualmente em duas disciplinas. A primeira de cunho teórico chamada Eletrônica de Potência tem duração de 60 horas. Nesta disciplina adota-se como texto básico o conhecido livro do prof. Ivo Barbi [2]. A segunda disciplina oferecida denomina-se Laboratório de Eletrônica de Potência cuja finalidade é desenvolver experimentalmente os conteúdos teóricos já abordados na disciplina de Eletrônica de Potência, tendo uma

A partir do segundo semestre de 1999 pretende-se potencializar a utilização destes kits na disciplina de Eletrônica de Potência possibilitando desta forma ao estudante a simultaneidade entre teoria e prática.

d

Laboratório de Eletrônica de Potência será remodelada de forma a proporcionar uma abordagem teórico-prática de importantes conteúdos como são as fontes chaveadas e os inversores autônomos.

da lgação deste tipo de trabalho, que aborda aspectos pedagógicos e que está preocupado com a formação de uma nova metodologia de ensino dos cursos de eletrônica de potência.

Cabe ressaltar que o trabalho aqui apresentad

d

ts que atendam

E

possível.

Finalmente encoraja-se os colegas a trilhar caminhos como este na busca da excelência acadêmica. Devido aos bons resultados obtidos nesta experiência pensa-se em dar co

[2] Barbi, Ivo - Eletrônica de Potência, Edição do Autor - Florianópolis - 1997. patricia@inep.ufsc.br [3] Kassakian, J. G., Schlecht M. F. e Verghese G. C. - Principles of Power Electronics - Adison-Wesley Publishing Company - Cambridge, MA - 1991

Referências

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