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ESTUDO CINÉTICO DA LIBERAÇÃO DO FÁRMACO ATENOLOL A PARTIR DE HIDROGÉIS DE POLI[(N-ISOPROPILACRILAMIDA)-CO-(ÁCIDO METACRÍLICO)].

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ESTUDO CINÉTICO DA LIBERAÇÃO

DO FÁRMACO ATENOLOL A PARTIR DE HIDROGÉIS DE

POLI[(N-ISOPROPILACRILAMIDA)-CO-(ÁCIDO

METACRÍLICO)].

Fábio P. Silva1, Roberto F. S. Freitas2, Ricardo G. de Sousa3* 1

Departamento de Engenharia Química da UFMG – fabiopxto@yahoo.com.br; 2 Departamento de Engenharia Química da UFMG – freitas@deq.ufmg.br; 3* Departamento de Engenharia Química da UFMG, Rua Espírito Santo,

35 – 6º Andar, Centro, Belo Horizonte, MG, CEP: 30.030-160 - sousarg@ufmg.br

Kinetic Study of Atenolol Drug Delivery from the Poly[(N-isopropylacrylamide)-co-(methacrylic acid)] Hydrogels. Stimuli-responsive hydrogels are promising materials with potential applications as drug delivery systems (DDS). P(N-iPAAm), P[(N-iPAAm)-co-(MAA)] and P(MAA) hydrogels were synthesized by free-radical solution polymerization in a mixture of water and ethanol 60/40 (wt/wt) as solvent. Seven different copolymer compositions (0, 15, 30, 50, 70, 85 and 100% wt of N-iPAAm) were obtained. The loading of atenolol drugs into [P(N-iPAAm)], [P(MAA)] and P[(N-iPAAm)-co-(MAA)] gels, as well as its release behaviour have been investigated. The diffusion mechanism of these gel-atenolol systems was studied and the mechanism described by Case II is predominating. It means that the diffusion of the drug across the gel for the medium is controlled by relaxation time of the polymeric network, that is, by the time that the gel carry to swell permitting the fast diffusion of the solute for the medium.

Introdução

Existem vários dispositivos utilizados para a liberação de medicamentos em sistemas de liberação controlada (Drug Delivery Systems – DDS), e cada um deles é dependente de um ou mais mecanismos que controla essa liberação. O conhecimento de qual mecanismo é o dominante é muito importante para o desenvolvimento desses sistemas, uma vez que se pode prever como esse dispositivo se comportará em meios diferentes trazendo maior segurança e confiabilidade para o mesmo[1 – 3].

Com isso, o conhecimento dos fenômenos que influenciam na transferência de massa do sistema polímero-soluto-solvente como, por exemplo, o formato geométrico do polímero, o meio em que se encontra e o tamanho do soluto, e o desenvolvimento de modelos matemáticos que ajudam a prever essa transferência de massa tem sido amplamente estudado e publicado[4 – 10], sendo a teoria que abrange o fenômeno encontrado facilmente na literatura[11 – 13].

Um dos principais mecanismos estudados em sistemas de DDS é o mecanismo da difusão do soluto através do polímero para o meio. A difusão é, nesse caso, considerada a etapa limitante do processo, ou seja, mesmo que haja outros fenômenos atuando na transferência de massa, a difusão é aquela que determina a velocidade de liberação.

O desenvolvimento matemático que descreve a difusão do soluto em polímeros é baseado nas leis de Fick. É importante levar em consideração o estado físico em que se encontra o polímero, isto é, se ele está no estado de borracha ou no estado vítreo. Isso se deve principalmente ao fato de que polímeros que estejam acima da temperatura de transição vítrea respondem mais rapidamente a

(2)

mudanças em sua estrutura física do que polímeros no estado vítreo, onde as movimentações de sua cadeia ou parte dela não são suficientemente rápidas para responderem a mudanças no ambiente.

Em vista disso, a difusão em polímeros vítreos pode ser classificada em três categorias diferentes[11].

1. Fickiana ou Caso I: quando a taxa de difusão é muito mais lenta que o tempo de relaxação da cadeia polimérica. Esse tempo de relaxação é o tempo que a cadeia leva para se acomodar, ou seja, entrar em equilíbrio com a presença do soluto ou do solvente. Essa nova configuração, devido à acomodação da cadeia, faz surgir a chamada frente de sorção no polímero.

2. Caso II: nesse caso a difusão é muito mais rápida se comparado com o processo de relaxação das cadeias, que ocorrem simultaneamente. É caracterizado pela formação da frente de sorção, que separa o núcleo vítreo da região expandida, e pelo surgimento de forças de compressão e tração entre estas duas regiões.

3. Difusão anômala ou não-Fickiana: ocorre quando os tempos da difusão e da taxa de relaxação das cadeias são comparáveis. Nesse caso, a sorção e o transporte de moléculas são afetados pela presença de microcavidades pré-existentes na matriz polimérica.

Matematicamente é possível prever em qual desses três casos vai se situar o estudo da difusão do soluto em polímeros. Essa previsão pode ser dada pela cinética de sorção (η) que corresponde ao ganho inicial de massa do soluto pela amostra polimérica[12] dado pela Equação (1):

no qual Mt é o ganho de massa após o tempo t, Meq é a quantidade em massa de soluto que difundiu para dentro ou para fora do polímero para um tempo t ∞ , k é a constante de proporcionalidade que incorpora características da rede polimérica e do soluto e n é um parâmetro que depende do mecanismo segundo o qual a difusão se processa, conhecido como expoente de difusão.

Para sistemas que obedecem a lei de Fick, o parâmetro n é igual a 0,5. Para a difusão anômala o valor de n está compreendido entre 0,5 e 1,0. O limite superior, ou seja, n=1,0 corresponde ao Caso II.

Em relação aos géis poliméricos, a termodinâmica e a transferência de massa são fundamentais no comportamento e no potencial de aplicação desse tipo de material como mecanismo de liberação de drogas. Estes dois aspectos, a termodinâmica e a transferência de massa estão diretamente relacionados com a estrutura que os géis apresentam. Vários estudos têm sido desenvolvidos na direção de se compreendê-los bem como os aspectos associados à permeabilidade de espécies através da rede polimérica[10, 14 - 19].

(1)

n eq t kt M M = =

η

(3)

Os géis poliméricos mais pesquisados ultimamente, principalmente aqueles direcionados para aplicação em DDS, são os termossensíveis, os pH sensíveis e seus copolímeros[20 - 22].

Os polímeros termossensíveis mais estudados no mundo são os derivados da acrilamida[3, 23, 24]. Dos polímeros de acrilamida N-substituída o poli(N-isopropilacrilamida) – P(N-iPAAm) – é provavelmente o mais estudado[24 - 26]. O P(N-iPAAm), sintetizado pela primeira vez por Freitas[23] é um hidrogel termossensível com temperatura de transição de fases por volta de 33ºC.

Dos vários géis pH-sensíveis estudados, um com grande potencial em DDS é o poli(ácido metacrílico) - P(MAA) -, investigado por muitos grupos científicos[27 - 31].

Neste sentido, este trabalho teve como objetivo o estudo cinético de liberação do fármaco modelo atenolol através dos copolímeros P[(N-iPAAm)-co-(MAA)] por meio da análise do modelo para difusão apresentado anteriormente.

Experimental

Os géis foram sintetizados por copolimerização em solução de água Milli-Q (MILLIPORE, Modelo Milli-Q Plus) e Etanol - 95% P.A. - (MERCK) contendo os monômeros N-iPAAm e ácido metacrílico - 95% - (ALDRICH), o agente reticulante, os iniciadores e uma solução de NaOH (VETEC) 2,0M, utilizada para neutralizar o monômero ácido metacrílico.

O monômero N-iPAAm - 97% - (ALDRICH) foi purificado por meio de dissolução e recristalização em n-Hexano - 95% P.A. - (VETEC) e Tolueno - P.A. - (SYNTH). O agente reticulante utilizado foi o tetraetilenoglicoldimetilacrilato – TEGDMA – (FLUKOA). Os iniciadores foram o N,N,N’,N’-tetrametiletilenodiamina – TEMED – (FLUKOA) e o persulfato de amônio – PA – (SYNTH). O procedimento de purificação do monômero N-iPAAm bem como de síntese dos géis seguiu o mesmo realizado por Sousa e colaboradores[27].

Após a formação do gel, eles foram expandidos em água Milli-Q por três dias. Durante esse tempo, a água foi trocada três vezes ao dia para lixiviar os resíduos de reagentes não reagidos. Depois, os géis expandidos foram cortados com o auxílio de um perfurador de cortiça de diâmetro igual a 1,2cm. Esses géis foram colocados em um vidro de relógio à temperatura ambiente por 24 horas para uma pré-secagem. Todos os géis foram cortados com o mesmo furador para se ter uma uniformidade nos tamanhos dos discos.

Em seguida, os géis foram secados em uma estufa a vácuo (FANEM, Modelo 099EV) à temperatura de 60ºC e pressão absoluta de 12cmHg por 24 horas para evaporação de eventuais resíduos de água e de solventes não eliminados no processo de lavagem e pré-secagem.

Como padronização, a nomenclatura utilizada para os géis neste trabalho foi a seguinte: gel 100%, gel 85%, gel 70%, gel 50%, gel 30%, gel 15% e gel 0% respectivamente para as

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composições de N-iPAAm:MAA (% p/p) utilizadas de 100:0, 85:15, 70:30, 50:50, 30:70, 15:85 e 0:100.

Os hidrogéis sintetizados neste trabalho foram caracterizados por meio de análise elementar, análise térmica (pelas técnicas de Calorimetria Exploratória Diferencial e Termogravimetria) e pela determinação do grau de expansão mássico e volumétrico. Os resultados desta caracterização encontram-se divulgados na literatura[32 - 34].

A incorporação de atenolol nos géis P(N-iPAAm), P(MAA) e nos copolímeros de P[(N-i-PAAm)-co-(MAA)] foi realizada imergindo-se cada disco de gel seco em 25ml de solução de atenolol de concentração igual a 150µg/ml, mantendo em agitação constante por 72 horas, tempo considerado suficiente para alcançar o equilíbrio, e em temperatura ambiente (25±3ºC).

Após as 72 horas, os géis foram retirados das soluções e deixados à temperatura ambiente por 72 horas para evaporação do excesso de solução e, em seguida, colocados na estufa a vácuo a temperatura ambiente e pressão absoluta de 12cmHg.

Para a determinação da quantidade de droga incorporada nos géis, foram realizadas as medidas de absorbância dessas soluções em Espectrofotômetro UV-visível (VARIAN, Modelo Cary-50) com comprimento de onda 274nm para as soluções de atenolol antes e depois das 72 horas.

Os testes de liberação do atenolol foram realizados pela imersão dos géis secos, após o processo de incorporação, em 25ml de água Milli-Q pH 7,0 sob agitação constante e temperatura ambiente (25±3ºC).

Para determinação da quantidade de droga liberada em função do tempo, foi utilizada a técnica de espectrofotometria no mesmo comprimento de onda utilizado na etapa de incorporação do fármaco. O tempo total de liberação para o atenolol foi de 24 horas. Na primeira hora as medidas foram realizadas com intervalos de 10 minutos, depois a cada hora até completar 12 horas e uma última medida com 24 horas de ensaio.

Os testes de incorporação e de liberação foram obtidos em triplicata para todos os géis sintetizados. Os resultados apresentados são referentes à média dos valores obtidos em cada experimento para cada gel.

Resultados e Discussão

A Figura 1, mostra a razão de liberação Mt/Meq em função do tempo, onde Mt é a quantidade de atenolol liberada no tempo “t” e Meq é a quantidade total de atenolol liberado para cada gel após o período de 1400 minutos. As curvas dessa figura representam a velocidade de liberação para cada gel, e como pode-se ver, todos os géis, com exceção do gel 30%, liberaram 80% ou mais do fármaco em 540 minutos e que os géis 0%, 70% 50% e 85% liberaram a droga a uma taxa mais

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rápida que os géis 30% e 15%. Isso porque os géis 30% e 15%, com grande quantidade de ácido metacrílico, podem ter expandido de forma mais lenta que os demais géis por causa da formação de grande quantidade de ligações de hidrogênio e de complexos hidrofóbicos que reduzem a taxa de expansão, principalmente no início. Tal comportamento dessa cinética de expansão foi observado por Díez-Peña e colaboradores[35] para géis com as mesmas porcentagens de N-iPAAm e MAA na cadeia polimérica que as utilizadas nesse trabalho.

Figura 1: Porcentagem de atenolol liberada em relação ao total liberado para os géis P[(N-iPAAm)-co-(MAA)].

Ainda com relação ao gel 30%, houve a existência de um tempo morto antes de dar inicio à liberação, que pode ser atribuído ao gel seco com 30% de N-isopropilacrilamida ter um caráter extremamente hidrofóbico que impede a penetração da água em seu interior e, com isso, impede a difusão do fármaco para o meio aquoso, uma vez que o coeficiente de difusão em polímeros vítreos é muito baixo.

Para entender melhor como funciona o processo de liberação em géis polieletrólitos e que possuem uma certa interação iônica com a droga, Jimenez-Kairus e colaboradores[36] sugeriram um esquema simples para a compreensão desse processo, e que pode ser visto esquematicamente na Figura 2.

Quando o gel seco é colocado no ambiente aquoso, as moléculas de água começam a se difundir para o interior do gel, com maior ou menor dificuldade dependendo da hidrofobicidade do complexo formado e do tamanho dos poros disponíveis para isso. A medida em que a água penetra no gel, esta começa a interagir com os sítios hidrofílicos levando à expansão do mesmo e reduzindo a força das interações hidrofóbicas. Além disso, caso o pH da solução aquosa seja superior ao pKa do polieletrólito da cadeia polimérica, os grupos carboxílicos irão se ionizar contribuindo para a expansão. Ao mesmo tempo, a água já no interior do gel irá dissociar o par iônico formado entre polímero-droga que ficará livre para se difundir do interior do gel para o meio externo.

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Tempo [minutos] M t / M e q 85% 70% 50% 30% 15% 0%

(6)

Figura 2: Esquema representativo para o processo de liberação de drogas em géis polieletrólitos[36].

O processo de liberação a partir gel será dominado isoladamente por uma destas três etapas principais: difusão da água para dentro de gel, que irá determinar o tempo de relaxação da cadeia; difusão da droga para fora do polímero, e; dissociação do par iônico entre polímero-droga. Ainda poderá haver a combinação simultânea entre essas etapas para o processo de liberação.

No estudo de qual mecanismo de difusão irá se enquadrar para os sistemas estudados nesse trabalho, não será considerada a etapa de dissociação dos pares iônicos, ou melhor, a dissociação desses pares é muito rápida comparada com o tempo de relaxação da cadeia polimérica e com o tempo necessário para a difusão do atenolol.

O estudo do mecanismo será na direção de se analisar os dados de liberação pelos géis 85%, 70%, 50%, 30%, 15%, 0% em dois modelos cinéticos e, por último, será usado a Equação 1 para determinar o valor do expoente “n” e da constante “k” para cada gel. Os modelos cinéticos escolhidos foram o modelo representando a difusão pelo Caso II (n = 1) e o modelo representando o mecanismo de difusão Fickiano (n = 0,5). Esses dois modelos são representados, respectivamente, pelas Equações 2 e 3, obtidas a partir da substituição dos valores de “n” na Equação 1. A determinação de “n” e de “k” foi feita por meio da linearização da Equação 1, representada pela Equação 4. A análise de qual modelo se enquadra melhor à taxa de liberação foi realizada construindo as curvas com os dados de liberação (Mt / Meq) em função do tempo ou da raiz quadrada do tempo pelas Equações 2 e 3, respectivamente.

2 / 1

kt

M

M

eq t

=

kt M M eq t =

( )

t

( )

k n M M eq t *ln ln ln = +      

(2)

(3)

(4)

Meio Aquoso Gel Polieletrólito Seco Sorção Difusão da água para o interior do gel Expansão Dissociação dos pares iônicos Droga “livre” Difusão da Droga para o meio

(7)

Nessas equações n é o expoente de difusão e k é a constante cinética.

Todas as equações são representativas de retas e a regressão linear dos pontos obtidos permite verificar qual modelo melhor representa os dados de liberação analisando-se os valores do coeficiente de correlação R2. O valor de k também é obtido pela regressão linear dos pontos plotados, analisando-se os valores do coeficiente angular das equações obtidas. É importante lembrar que foram usados aproximadamente os 60% iniciais da liberação para cada gel, de acordo com as restrições de aproximação dessas equações.

Voltando a Figura 1, é possível verificar que o gel 0% teve a liberação dos 60% iniciais mais rápida que os demais géis, cerca de 180 minutos. Os géis 85%, 70% e 50% liberaram os 60% iniciais de atenolol mais rápido (± 210 minutos) que os géis 30% (± 480 minutos) e 15% (± 360 minutos). Provavelmente por esses dois últimos géis apresentarem uma taxa de expansão mais lenta que os demais géis, conforme o encontrado em[35].

A Tabela 1 mostra os valores dos expoentes de difusão “n” para os 2 modelos estudados, além do coeficiente k e do coeficiente de correlação R2 para cada reta obtida. Também é apresentado nesta tabela, os valores obtidos para “n” e “k” pela Equação 1 linearizada e o valor de R2. Como se pode observar, nenhum gel se enquadrou bem ao modelo de difusão Fickiano, ou seja, a liberação do atenolol para os sistemas verificados não é proporcional à raiz quadrada do tempo, ou melhor, a difusão do atenolol para o meio não é a etapa controladora do processo de liberação.

Tabela 1: Valores de n, k e R2 obtidos pela regressão linear dos modelos cinéticos estudados para cada sistema de gel.

Modelo Fickano Caso II Equação 2.10 Gel n k R2 n k R2 n k R2 85% 0,5 0,0482 0,9187 1,0 0,0031 0,9907 1,1785 0,0012 0,8699 70% 0,5 0,0514 0,9227 1,0 0,0033 0,9801 1,2714 0,0009 0,9588 50% 0,5 0,0490 0,9061 1,0 0,0032 0,9731 1,0473 0,0022 0,8771 30% 0,5 0,0292 0,7364 1,0 0,0014 0,9074 2,3154 0,0000 0,9575 15% 0,5 0,0355 0,9399 1,0 0,0018 0,9654 1,0558 0,0015 0,9106 0% 0,5 0,0608 0,8030 1,0 0,0043 0,8130 1,7833 0,0001 0,7202

Pelos resultados, a etapa que controla o processo de liberação do atenolol para os géis 85%, 70%, 50% e 15% é o tempo de relaxação da cadeia polimérica, ou seja, o tempo necessário para que a água difunda para dentro do gel e interaja com o polímero, ocorrendo a expansão e permitindo a difusão rápida do soluto para fora do gel. Essa conclusão pode ser relacionada com os valores de R2 do modelo representando o Caso II, que são maiores do que a regressão do modelo Fickiano e pelos valores de “n”, obtidos pela Equação 4, terem sido próximos de 1,0, apesar de que para esses géis os valores do coeficiente de correlação foram menores que 0,95.

(8)

0 0,02 0,04 0,06 0% 20% 40% 60% 80% 100% % N- ipaam k

(a)

0 0,002 0,004 0,006 0% 20% 40% 60% 80% 100% % N- ipaam k

(b)

0 0,001 0,002 0,003 0% 20% 40% 60% 80% 100% % N -ipaam k

(c)

Para os géis 30% e 0% nenhum modelo representou com confiança os dados de liberação obtidos, uma vez que o valor de R2 foi baixo para todos os modelos. Provavelmente esses valores foram resultados da existência do tempo morto para o gel 30% e de alguma instabilidade ou flutuação nas medidas de absorbância obtidas para o gel 0%. Para esses géis o valor de ”n” foi próximo de 2, sugerindo que o modelo que representa esse comportamento é o Super-Caso II[6 - 11]. Porém, essa suposição e o comportamento destes dois géis devem ser investigados para maior compreensão e esclarecimento dos mesmos.

A Figura 3 mostra a variação dos valores da constante cinética k para cada modelo em função da composição de N-iPAAm nos géis. Para os casos dos modelos representando o mecanismo de difusão Fickiano e Caso II, Figura 3 (a) e (b), respectivamente, os valores de k se mantém praticamente constantes para os géis com 50% ou mais de N-iPAAm, havendo uma redução para esses valores para os géis 30% e 15% e atingindo o valor máximo para o gel 0%. Enquanto que para os valores de k representados pela Figura 3 (c) já houve uma maior variação em seus valores, obtendo os valores mínimos para os géis 0% e 30% e os máximos para os géis 15% e 50%.

Como a constante cinética k é um parâmetro agrupado que inclui, propriedades geométricas do gel, o coeficiente de difusão, propriedades do soluto e interações polímero-soluto, não foi possível fazer uma análise mais aprofundada sobre quais parâmetros estão tendo maior influência em seus valores, uma vez que os dados obtidos são insuficientes para isso.

Figura 3: Valores da constante cinética k para os modelos (a) Fickiano, (b) Caso II e (c) Equação 1 em função da composição de N-iPAAm nos copolímeros.

(9)

Porém, como “k” representa uma constante cinética da liberação é possível fazer uma análise global de seus valores para o mecanismo de liberação representado pelo Caso II, que foi o modelo que mais se enquadrou aos dados de liberação. O gel 0%, por exemplo, possui uma taxa de liberação mais rápida que os demais géis, conforme mostra a Figura 1. De acordo com a Tabela 1 esse mesmo gel possui o maior valor de “k” (k = 0,0043). A mesma análise pode ser feita para os demais géis. Os géis 85%, 70% e 50% possuem uma taxa de liberação muito próxima, porém mais rápida que os géis 30% e 15% e mais lenta que gel 0% . Os valores de “k” para esses géis também foram próximos (k = 0,0032 ± 0,0001), maiores que o “k” dos géis 15% (k = 0,0018) e 30% (k = 0,0014). Dessa forma, se for considerado que todos os parâmetros que formam a constate “k”, com exceção do coeficiente de difusão, fossem iguais e constantes para todos os géis e que a quantidade de droga liberada fosse igual à total incorporada, os valores da constante cinética determinaria a facilidade ou a dificuldade com que o solvente, no caso a água, teria para se difundir para dentro do gel e, conseqüentemente, relaxar as cadeias do polímero, conforme o mecanismo descrito pelo Caso II. Assim, o coeficiente de difusão da água no gel 0% seria o maior, no gel 30% o menor e nos demais géis seria intermediário a esses dois.

Conclusões

De todos os géis testados como dispositivo de DDS, o gel 85% seria o que teria maior potencial para tal uso, uma vez que ele conseguiu liberar uma maior quantidade de atenolol para o meio, apesar de ter incorporado pouca droga em relação aos demais copolímeros e em relação ao P(MAA). Além disso, esses resultados permitiram verificar que a liberação do atenolol segue o mecanismo de difusão descrito pelo Caso II, ou seja, a difusão da droga no gel é dependente do tempo de relaxação das cadeias dos polímeros.

Agradecimentos

Ao Departamento de Engenharia Química da UFMG, onde este trabalho foi desenvolvido. Aos órgãos de fomento CAPES, pela bolsa de mestrado, e FAPEMIG pelo apoio financeiro ao projeto de pesquisa.

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