• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO"

Copied!
48
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RESUDOS SOLIDOS – REAPROVEITAMENTO DO ENTULHO

GERADO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Bragança Paulista

2008

(2)

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RESUDOS SOLIDOS – REAPROVEITAMENTO DO ENTULHO

GERADO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Autor: Luiz Carlos Mendes de Carvalho

Orientador: Prof. André Augusto Gutierrez Fernandez Beati

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Banca Examinadora do Curso de Gestão Ambiental da Universidade São Francisco como parte dos requisitos para a obtenção do título de Licenciado em Gestão Ambiental, sob a orientação de pesquisa do Prof. André Augusto Gutierrez Fernandez Beati.

Bragança Paulista

2008

(3)

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RESUDOS SOLIDOS – REAPROVEITAMENTO DO ENTULHO

GERADO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Autor: Luiz Carlos Mendes de Carvalho – RA 001200700715

______________________________________________________

Prof. Sheila Cristina Canobre

Presidente da Banca Examinadora

_______________________________________________________

Prof. Cândida Costa Baptista

_______________________________________________________

Prof. Jean Ferreira da Silva

(4)

AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente meus pais o Sr. Luiz de Carvalho e Sra. Deolinda Mendes de Carvalho “in memorian”, que sempre apoiaram, cobraram e incentivaram meus estudos, bem como os meus irmãos que sempre foram exemplos de vida e serviram de espelho na minha formação. Agradeço também os meus colegas de sala com quem convivi durante esses semestres, e todos meus amigos pessoais e parceiros comerciais que contribuíram com muita compreensão durante este período.

Gostaria de registrar um agradecimento em especial à minha esposa Elen Bernardes dos Santos, e aos meus quatro filhos (Izabelli, Victoria, Lucas e Lethicia) que são minha maior razão desta vida, pois sem o apoio, a compreensão, a estima o amor e o carinho deles nada disso teria sido possível.

Aproveito para frisar meus agradecimentos aos nossos mestres professores que nos orientaram e coordenaram as aulas, trabalhos e ensinamentos de forma excepcionalmente esplendidos, sempre atenciosos, e dispostos a tudo para nos transmitir seus conhecimentos.

E, por fim, com toda a consciência que disponho, agradeço a Deus por tudo que ele tem me provido, pela companhia dele na minha vida, pela luz que ilumina meus caminhos e pela Fé, coragem e determinação que ele aflora dentro de mim a cada dia.

Muitíssimo obrigado!

(5)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 - Composição média da fração mineral do entulho (%)... 05

Tabela 1.2 - Índices médios de perdas (em %)... 06

Tabela 1.3 -Dados de produção de entulhos para diversas localidades...07

Tabela 1.4 - Resultados da caracterização do entulho reciclados Salvador-Bahia.... 08

Tabela 1.5 - Geração de entulho no Brasil e no exterior...10

Tabela 6.1 - Resultados da consistência e da relação a/c... 25

Tabela 6.2 - Resistência à compressão do concreto aos 28 dias... 28

Tabela 6.3 - Resistência a compressão aos 60 dias – valores média (Mpa)...28

Tabela 6.4 - Valores dos coeficientes de permeabilidade kT obtidos (10-16 m2)... 30

(6)

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Usina Móvel... 16

Figura 2.2 - Moinho para entulho... 16

Figura 2.3 - Esteira seletiva granulométrica... 16

Figura 2.4 - Separação granulométrica... 16

Figura 2.5 - Trituradores de entulho... 17

Figura 2.6 - Esteira transportadora... 17

Figura 5.1 - Entulho processado em usina de Ribeirão Preto... 22

Figura 6.1 - Gráfico de porcentagem média dos constituintes do entulho... 24

Figura 6.2 - Gráfico das curvas granulométricas das amostras estudadas (%acumulada)... 24

Figura 6.3 - Amostra da fração graúda do entulho utilizado... 25

Figura 6.4 - Amostra da fração miúda do entulho utilizado... 25

Figura 6.5 - Gráfico de resistência a compressão do concreto aos 28 dias... 27

Figura 6.6 - Gráfico de valores observados no ensaio de desgaste à abrasão... 29

Figura 6.7 - Gráfico da curva de Abrams... 31

(7)

RESUMO

O Objetivo deste trabalho é a desenvolver a sustentabilidade que o entulho pode proporcionar, e, assim dar inicio a um novo caminho no ciclo de produção de entulho, bem como, na sua destinação final.

Através da seleção correta dos materiais que compõem o entulho, utilizando pessoal capacitado, processos, manejos, métodos, e maquinários adequados, podemos reciclar praticamente todo o entulho, e o que hoje é um sério problema pode se tornar um excelente negócio, tanto para pequenos médios e grandes empresários, como para cooperativas, prefeituras e governos no geral.

Este trabalho aponta também para a necessidade da criação de células receptoras estrategicamente posicionadas, uma legislação, fiscalização e certificação eficazes, para que assim possa se alcançar os objetivos e realizações na reciclagem e destinação dos diversos materiais compostos pelo entulho. Para tanto, serão abordados temas, informações e exemplos de como deve ser desenvolvido e mantido um processo de reciclagem do entulho (lixo da construção civil), desde a sua correta retirada do local gerador, assim como o recebimento, seleção, métodos à utilizar, processos e reutilização do produto final, trazendo assim o progresso da região, oportunidades de trabalho e a tão alardeada “sustentabilidade”.

(8)

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO... 01

1.1 – Apresentação do material (entulho)...03

1.2 – Classificação do entulho...03 1.3 – Composição química...04 1.4 – Classificação ambiental... 05 1.5 – Produção do Resíduo...05 1.5.1 – Origem do entulho... 05 1.5.2 – Localização...07 1.5.3 – Estatísticas...07

1.6 – RECICLAGEM... 10

1.6.1 – Estudos...10 1.6.2 – Finalidade da reciclagem... 11

1.7 – FORMAS DE UTILIZAÇÃO DO ENTULHO RECICLADO...

12

1.7.1 – Utilização em pavimentação... 12

1.7.2 – Vantagens...13

1.7.3 – Processo de produção do entulho para pavimentação ...13

1.7.4 – Grau de desenvolvimento... 14

1.8 – UTILIZAÇÃO COMO AGREGADO DO CONCRETO... 14

1.8.1 – Vantagens...14

1.8.2 – Limitações... 14

1.8.3 – Processo de produção... 14

1.8.4 – Grau de desenvolvimento... 15

1.9 – UTILIZAÇÃO COMO AGREGADO PARA FABRICAR ARGAMASSAS... 15

1.9.1 – Vantagens...15

1.9.2 – Limitações... 15

1.9.3 – Processo de produção... 15

1.9.4 – Grau de desenvolvimento... 15

1.10 – DEMAIS USOS... 16

2 – TECNOLOGIAS PARA A RECICLAGEM... 16

3 – LEGISLAÇÕES E NORMAS VIGENTES PARA GESTÃO DOS ENTULHOS... 18

3.1 – RESOLUÇÃO CONAMA Nº 307...18

3.2 – NORMAS TECNICAS...18

4 – OBJETIVOS... 20

5 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL... 21

(9)

5.2 – Caracterização qualitativa do resíduo utilizado...21 5.3– Resíduo miúdo... 21 5.4 – Resíduo graúdo...21 5.5 – Resíduos utilizados... 22 5.6 – Confecção do concreto... 22 5.7 – Traços utilizados...23

6 – RESULTADOS E DISCUSSÃO... 23

6.1 – Caracterização da granulometria... 24

6.1.2 – Relação água \ cimento... 25

6.2 – Resultados obtidos...27

6.2.1 – Resistência à compressão simples...27

6.2.2 – Resistência do concreto ao desgaste por abrasão... 29

6.2.3 – Determinação de permeabilidade do concreto... 30

6.2.4 – Curva de Abrams... 31

6.2.5 – Conclusão do experimento...31

7 – CONCLUSÕES FINAIS... 33

(10)

1 – INTRODUÇÃO

Podem-se definir como entulho os resíduos provenientes das demolições, reformas, e construção civil, tais como: concreto, estuque, telhas, metais, madeira, gesso, aglomerados, pedras, carpetes etc. Muitos desses materiais e a maior parte do asfalto e do concreto utilizado em obras podem ser reciclados.

Segundo o autor Zordan, nas obras de demolições, a quantidade de resíduo gerado não depende diretamente dos processos empregados ou da qualidade do setor, pois o material produzido faz parte do processo de demolição. No entanto, indiretamente, a tecnologia e os processos construtivos utilizados na obra demolida, e o sistema de demolição utilizado, influem na qualidade do resíduo gerado, ou seja, alguns sistemas construtivos e de demolição podem produzir resíduos com maior potencial para reciclagem que outros, onde a mistura de materiais e componentes, ou sua contaminação podem favorecer ou não a reutilização e a reciclagem do resíduo.

Todas as atividades desenvolvidas no setor da construção civil são geradoras de entulho, ou seja, em toda construção, reforma, obra em geral, etc, independentemente do porte da obra, a própria atividade em si gera estes resíduos. Também deve ser considerado o problema do alto índice de perdas do setor cuja causa principal é o entulho gerado, e não reaproveitado, porem nem toda perda se transforma em resíduo, pois uma parte fica na própria obra, e, mesmo assim estima-se que a quantidade de entulho gerado corresponde, em média, a 50% do material desperdiçado.

No Brasil a reciclagem ou reutilização dos resíduos advindos da construção civil (entulho), são praticamente inexploráveis, pois somos carentes de visão empresarial no setor, incentivos governamentais, recursos diretos e de leis atuantes. O intuito deste trabalho é inverter esse quadro, e isso é possível através de recuperação ou reprocessamento do entulho, e baseia-se na reintrodução destes resíduos num processo produtivo, seja este de fundo econômico, social ou cultural, resultando em um novo produto pronto para o consumo.

De acordo com a “Organização não governamental EMPREGA BRASIL”, são muitos e diversos os benefícios gerados pela reciclagem do entulho e dentro deles se destacam:

(11)

• Diminuição considerável da problemática do lixo:

• Destinação correta do resíduo;

• Proteção do meio ambiente;

• Redução dos desperdícios de obras;

• Considerável retorno financeiro;

• Novas frentes de oportunidades de trabalho;

• Melhora nos níveis sociais no local do empreendimento;

• Sustentabilidade.

O autor BRITO FILHO, J.A., lembra que: “Os resíduos sólidos (entulho) de uma demolição ou construção (sobras de concreto, blocos, tijolos, etc) podem ser reutilizados. O concreto após passar por um processo de seleção, triagem e finalmente trituração, tem como produto final a areia (já agregada com cimento), e pedra em vários tamanhos e consequentemente inúmeras utilizações. Esse material denominado agregado depois de reciclado apresenta um custo menor de produção do que os agregados naturais. Se o entulho for devidamente selecionado e tratado serão mantidas as propriedades destes resíduos ou materiais secundários e possibilitam sua aplicação na construção civil de maneira abrangente, em substituição parcial ou total da matéria-prima utilizada como insumo convencional”.

Mesmo sem investimento algum o entulho pode ser utilizado de maneira inteligente e ambientalmente correta e ser destinado de forma simples sem agredir o meio ambiente, um exemplo disto seria que ao invés de quebrar grandes pedaços de concreto e transporta-los para um aterro, estes grandes blocos podem ser aplicados como material de contenção para prevenção de processos erosivos na orla marítima e das correntes, ou usado em projetos como desenvolvimento de recifes artificiais, e assim seria utilizado corretamente com custo zero em um país que tem uma costa marítima imensa.

(12)

Outro exemplo simples e fácil de reutilizar o entulho seria a trituração grosseira do resíduo e a aplicação na pavimentação de estradas, cascalho em vias vicinais de terra (algumas prefeituras já utilizam este método, porem de forma limitada e numa escala muito pequena), e até mesmo para enchimentos das fundações da própria construção em questão.

O entulho que hoje é um sério problema no Brasil e amanha poderá vir a ser uma excelente solução, desde que seja tratado corretamente, reaproveitado e destinado com responsabilidade.

A proposta deste trabalho é justamente a reversão do problema em solução, pois se o entulho for tratado e destinado corretamente, alem do problema ambiental que será sanado, teremos uma considerável economia dos recursos naturais, bem como um setor novo na economia e na sociedade, um novo flanco de trabalho com novos empreendimentos, empregos, qualificações, maior diversidade de mão de obra, e sustentabilidade.

1.1 – APRESENTAÇÃO DO MATERIAL (ENTULHO)

O entulho se apresenta na forma sólida, com características físicas variáveis, que dependem do seu processo gerador, podendo apresentar-se tanto em dimensões e geometrias já conhecidas dos materiais de construção (como a da areia e a da brita), como em formatos e dimensões irregulares, tais como: concreto, estuque, argamassas, telhas, metais, madeira, plásticos, gesso, aglomerados, pedras, carpetes etc.

1.2 – CLASSIFICAÇÃO DO ENTULHO

Os resíduos da construção civil são classificados em 4 categorias: A, B, C e D:

• Classe A: alvenarias, concreto, argamassas e solos - podem ser reutilizado na forma de agregados;

• Classe B: restos de madeira, metal, plástico e papel, papelão, vidros - podem ser reutilizados no próprio canteiro de obra ou encaminhados para reciclagem;

• Classe C: resíduos sem tecnologia para reciclagem, tais como o gesso e seus derivados;

• Classe D: resíduos perigosos, tais como tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de obras em clínicas radiológicas, hospitais,

(13)

instalações industriais, etc. (pt.wikipedia.org/wiki/entulho – dia 14/08/08 às 19;35 hs.).

Segundo o Doutorando ZORDAN,: Sergio E.: “O resíduo de construção e demolição (resíduo de C&D) ou simplesmente entulho, possui características bastante peculiares. Por ser produzido num setor onde há uma gama muito grande de diferentes técnicas e metodologias de produção e cujo controle da qualidade do processo produtivo é recente, características como composição e quantidade produzida dependem diretamente do estágio de desenvolvimento da indústria de construção local (qualidade da mão de obra, técnicas construtivas empregadas, adoção de programas de qualidade, etc.) “Dessa forma, a caracterização média deste resíduo está condicionada a parâmetros específicos da região geradora do resíduo analisado.”

1.3 – COMPOSIÇÃO QUIMICA

Conforme pesquisas na área e de acordo com o Doutorando ZORDAN, Sergio E.: O entulho é, talvez, o mais heterogêneo dentre os resíduos industriais. Ele é constituído de restos de praticamente todos os materiais de construção (argamassa, areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos, tintas, etc.) e sua composição química está vinculada à composição de cada um de seus constituintes.

No entanto, a maior fração de sua massa é formada por material não mineral (madeira, papel, plásticos, metais e matéria orgânica). Dois exemplos da análise qualitativa da sua fração mineral, para locais distintos, são apresentados a seguir (Tabela 1.1): MATERIAL PINTO (1987) 1 ZORDAN e PAULON (1997) 2 Argamassa 64,4 37,6 Concreto 4,8 21,2 Material Cerâmico 29,4 23,4 Pedras 1,4 17,8

1 Local: São Carlos, SP, Brasil 2 Local: Ribeirão Preto, SP, Brasil

(14)

1.4 – CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL

Embora o entulho apresente em sua composição vários materiais que, isoladamente, são reconhecidos pela NBR 10.004/ set. 87: Resíduos Sólidos – Classificação, como resíduos inertes (rochas, tijolos, vidros, alguns plásticos, etc.), não está disponível até o momento, análises sobre a solubilidade do resíduo como um todo, de forma a garantir que não haja concentrações superiores às especificadas na norma referida acima, o que o enquadraria como "resíduo classe II – não inerte". Vale ainda lembrar, que a heterogeneidade do entulho e a dependência direta de suas características com a obra que lhe deu origem pode mudá-lo de faixa de classificação, ou seja, uma obra pode fornecer um entulho inerte e outra pode apresentar elementos que o tornem não-inerte ou até mesmo perigoso - como por exemplo, a presença de amianto que, no ar é altamente cancerígeno “http://www.reciclagem.pcc.usp.br/entulho_ind_ccivil.htm - dia 14/08/08 às 22;35 hs.).

1.5 – PRODUÇÃO DO RESIDUO 1.5.1 – ORIGEM DO ENTULHO

Pode-se afirmar que todas as atividades desenvolvidas no setor da indústria da construção civil geram entulho. No processo de construção, o alto índice de perdas do setor é a principal causa do entulho gerado. Porem nem toda perda se transforma em resíduo - uma parte fica na própria obra - os índices médios de perdas (em %) apresentados abaixo fornecem uma noção clara do quanto se desperdiça em materiais de construção - a quantidade de entulho gerado corresponde, em média, a 50% do material desperdiçado, conforme pode ser verificado na tabela 1.2, abaixo:

(15)

MATERIAIS AGOPYA N et al. 1 PINTO 2 SOILBELMAN 2 SKOYLES 2 Areia 76 39 46 12 Cimento 95 33 84 12 Pedra 75 Cal 97 Concreto 9 1 13 6 Aço 10 26 19 4 Blocos e Tijolos 17 27 13 13 Argamassa 18 91 87 12 1 AGOPYAN et al (1998) 2 PINTO (1995)

Tabela 1.2 – Índices médios de perdas (em %)

Fonte: AGOPYAN et al (1998) e PINTO (1995)

Já nas obras de reformas a falta de uma cultura de reutilização e reciclagem são as principais causas do entulho gerado pelas demolições do processo.

Nas obras de demolições propriamente ditas, a quantidade de resíduo gerado não depende dos processos empregados ou da qualidade do setor, pois se trata do produto do processo, e essa origem, sempre existirá (ZORDAN).

1.5.2 – LOCALIZAÇÃO

Grande parte dos produtores de entulho, principalmente o "construtor formiga", continua jogando esse material ao longo de estradas e avenidas e em margens de rios e córregos. O surgimento dos caçambeiros contribuiu para que esse quadro fosse amenizado com a criação de locais pré-determinados – nem sempre apropriados – para o depósito do resíduo.

Algumas prefeituras (Belo Horizonte, Ribeirão Preto, etc.) estão implantando locais apropriados para receber o resíduo. São as "Usinas de Reciclagem de Entulho", constituídas basicamente por um espaço para deposição do resíduo, uma linha de separação (onde a fração não mineral é separada), um britador, que processa o resíduo na granulometria desejada e um local de armazenamento, onde o entulho já processado aguarda para ser utilizado (ZORDAN. 1997).

(16)

1.5.3 – ESTATISTICAS

Segundo FIUZA et al (2001), em Belo Horizonte, em 1999, a participação percentual dos entulhos em relação aos resíduos sólidos destinados ao aterro sanitário foi de 48,67%, enquanto os resíduos provenientes da coleta domiciliar e comercial corresponderam a 31,16%. Percebe-se tamanha representatividade dos entulhos perante aos resíduos sólidos urbanos. A Tabela 1.3 apresenta dados sobre a produção de entulhos para diversas localidades no mundo.

Localidade Taxa de geração

(ton/hab.ano)

Osaka, Japão – 1990 0,45

Massachusetts , EUA – 1986 0,17 a 0,83 República Federal da Alemanha – 1982 0,23

Santo André, SP – 1988/89 0,21

São Paulo, SP - 1992 0,10

Tabela 1.3 – “Dados de produção de entulhos para diversas localidades”

Fonte: PINTO et al, 1993.

Com relação à caracterização qualitativa, existem alguns trabalhos realizados no Brasil, a exemplo do de CARNEIRO et al (2000). Estes autores caracterizaram o entulho bruto gerado na cidade de Salvador, encontrando a seguinte composição: concreto e argamassa (53%), areia (22%), material cerâmico (14%), rochas (5%) e outros (6%). Tais autores encontraram ainda que a massa unitária deste resíduo seja de 1156 kg/m3. A caracterização do entulho reciclado

também foi realizada, tendo sido encontrados os dados apresentados na Tabela 1.4.

(17)

Ensaios Materiais

Entulho miúdo Entulho graúdo Granulometria(%passante) 19 mm 100.00% 98.87% 9.51 mm 100.00% 70.93% 4.76 mm 100.00% 50.88% 2 mm 99.59% 42.54% 0.42 mm 89.68% 26.55% 0.074 mm 17.85% 6.03% 0.03 mm 14.37% 3.8% 0.021 mm 14.37% 3.4% 0.015 mm 14.14% 3.1% 0.0078 mm 13.91% 2.1% 0.0016 mm 11.59% 1.0%

Limite de liquidez Não

apresentou

-

Limite de plasticidade Não

apresentou - Índice de forma - 2.6 Massa específica (NBR 9937) - 1.98 g/cm3 Massa específica (NBR 9776) 2.42 g/cm3 - Massa específica (NBR 6509) 2.59 g/cm3 - Massa unitária 1.30 g/cm3 1.07 g/cm3

Teor de materiais pulverulentos 13.5% 3.3%

Impurezas orgânicas

Mais claro que a solução padrão

Mais claro que a solução padrão

Determinação da absorção - 9.4%

Teor de cloreto Pequena

quantidade

Pequena quantidade

Teor de nitrato Ausência Ausência

Teor de sulfato Ausência Ausência

Tabela 1.4 – “Resultados da caracterização do entulho reciclado em Salvador-Bahia”

Fonte: CARNEIRO et al (2000).

(18)

a) O entulho miúdo apresentou ótima distribuição granulométrica para ser utilizado como adição em argamassas e em bases e sub-bases de pavimentos. Além disso, este material também apresentou percentual de argila adequado para a fabricação de tijolos de solo estabilizado com cimento.

b) O entulho graúdo apresentou na sua distribuição granulométrica predominância de pedregulho com significativa fração de areia. O percentual de silte e argila foi bastante baixo, significando que o material tem pouca plasticidade. Estas características favorecem ao bom desempenho do entulho graúdo para utilização em bases e sub-bases de pavimentos.

c) Uma das diferenças mais marcante entre agregado natural e agregado reciclado é a absorção. Foi verificado que entulho reciclado possuía maior quantidade de poros em relação ao agregado natural, sendo necessário o ajuste na produção de materiais de construção em função deste fator.

d) Através do ensaio de teor de nitratos, não foi detectada a presença de gesso. A presença deste material no entulho graúdo e miúdo poderia provocar fenômenos expansivos.

e) Os teores de cloretos detectados no entulho reciclado (graúdo e miúdo) foram similares aos apresentados em agregados naturais, não necessitando, assim, o procedimento de lavagem para retirada de partículas em excesso.

Fica demonstrado assim, baseando-se na literatura disponível sobre o assunto, que a quantidade de entulho gerada nos centros urbanos é bastante representativa e que o entulho é de passividade de reciclagem e aproveitamento na própria construção civil. Estimativas da quantidade do entulho produzido no país e no exterior são apresentadas abaixo (tabela 1.5).

(19)

LOCAL GERADOR GERAÇÃO ESTIMADA (t/mês) São Paulo 372.000 Rio de Janeiro 27.000 Brasília 85.000 Belo Horizonte 102.000

Brasil 1 Porto Alegre 58.000

Salvador 44.000 Recife 18.000 Curitiba 74.000 Fortaleza 50.000 Florianópolis 33.000 Europa 2 16.000 a 25.000 Reino Unido 3 6.000 Japão 3 7.000

1 PINTO (1987) 2 PERA (1996) 3 CIB (1998)

Tabela 1.5 – “Geração de entulho no Brasil e no exterior”

1.6 – RECICLAGEM

1.6.1 – ESTUDOS

PAULON, Vladimir A. Consultor, Prof. Dr. Engenharia Civil da Unicamp - FEC. “Realizou-se um estudo com o objetivo de analisar a reciclagem da parte mineral do entulho, utilizando-a como agregado na confecção do concreto. Com o objetivo de maximizar os recursos desse resíduo e empregar sobre ele o mínimo de energia possível, nenhuma parte de sua composição mineral foi retirada. Isso foi possível, devido à metodologia utilizada de não definir previamente nenhuma aplicação para o concreto produzido. Somente após os resultados é que se analisou as possibilidades de uso do produto obtido. O resíduo utilizado, proveniente de uma usina de reciclagem de entulho, foi estudado granulométrica e qualitativamente. Com esse material, produziu-se concreto em diferentes traços e relações água/ cimento, que foi ensaiado à compressão simples, à abrasão e à permeabilidade, em idades distintas. Os testes mostraram que, à medida que se diminuiu o consumo do cimento, a resistência à compressão se aproximou do concreto de referência, enquanto que a resistência à abrasão mostrou-se sempre melhor quando se usou

(20)

entulho como agregado. Os resultados do trabalho permitiram concluir que o entulho pode ser utilizado como agregado, na confecção de concreto não estrutural destinados à infra-estrutura urbana.”

Estudos mais recentes mostram que é possível obter do entulho de construção civil dois produtos de alto valor agregado: areia e brita para aplicações em concreto armado, com características superiores ao agregado reciclado atualmente empregado para pavimentação, e o próximo passo, já em andamento, é a obtenção de uma areia reciclada para utilização em argamassas aplicadas em acabamentos finos, tema do doutorado da pesquisadora Carina Ulsen, do Laboratório de Caracterização Tecnológica da Poli.

Este trabalho é inédito no mundo, e resulta de um projeto multidisciplinar entre pesquisadores dos departamentos de Engenharia de Minas e Petróleo (PMI) e de Engenharia de Construção Civil (PCC) da Poli, envolvendo outras instituições de pesquisa, tais como o Centro de Tecnologia Mineral e a Universidade Federal de Alagoas. Bancado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), o projeto possibilitará a expansão do mercado de reciclagem dos resíduos de construção civil e demolição no Brasil e, conseqüentemente, contribuirá para a sustentabilidade do setor.

1.6.2 – FINALIDADE DA RECICLAGEM

O entulho da construção civil tornou-se um grande problema na administração das grandes cidades brasileiras, devido à enorme quantidade gerada (chegando a responder, em alguns casos, por 60% da massa dos resíduos sólidos urbanos produzidos) e à falta de espaço ou soluções que absorvam toda essa produção.

As soluções normalmente empregadas para este problema sempre foram os aterros ou os lixões, que possuem vários inconvenientes ambientais e cada vez se tornam mais caros pela escassez de espaço. Além disso, a simples disposição do entulho desperdiça um material que pode ter um destino mais nobre com sua reutilização e reciclagem. O reaproveitamento deste resíduo, além de proporcionar melhorias significativas do ponto de vista ambiental (diminuindo a quantidade de aterros, preservando os recursos naturais, impedindo a contaminação de novas áreas, etc.), é uma alternativa economicamente vantajosa de gerenciamento de resíduos, pois introduz no mercado um novo material com grande potencialidade de

(21)

uso, transformando o entulho novamente em matéria-prima e gerando novas oportunidades de emprego.

Há algum tempo, soluções para o emprego do entulho reciclado vêm sendo pesquisadas e desenvolvidas, e algumas delas já estão sendo utilizadas com sucesso em algumas cidades brasileiras como Belo Horizonte e Ribeirão Preto. A seguir, estão listadas algumas possibilidades de reciclagem para este resíduo que, cada vez mais, se apresenta como um material de construção com desempenho satisfatório em aplicações específicas como abaixo listado:

Pavimentações: É a forma mais simples de reciclagem de resíduos utilizados como base, sub-base, revestimento primário, na forma de brita corrida ou ainda em mistura do resíduo com solo.

Agregado para concreto: Os resíduos processados pelas usinas de reciclagem podem ser utilizados como agregado para concreto não estrutural, a partir da substituição dos agregados convencionais (areia e brita).

Agregado para confecção de argamassa: Após processado por equipamentos denominados argamasseiras, que moem o entulho na própria obra, em granulometrias semelhantes as da areia, ele pode ser utilizado como agregado para argamassas de assentamento e revestimento.

Tendo ainda, outros usos como, cascalhamento de estradas, preenchimento de vazios em construções, preenchimento de valas de instalações e reforços de aterros (gabiões) BRITO FILHO, J.A. .

1.7 – FORMAS DE UTILIZAÇÃO DO ENTULHO RECICLADO 1.7.1 – UTILIZAÇÃO EM PAVIMENTAÇÃO

A forma mais simples de reciclagem do entulho é a sua utilizado em pavimentação (base, sub-base ou revestimento primário) na forma de brita corrida ou ainda em misturas do resíduo com solo (ZORDAN. 1997).

1.7.2 – VANTAGENS

• É forma de reciclagem que exige menor utilização de tecnologia o que implica menor custo do processo;

(22)

• Permite a utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.), sem a necessidade de separação de nenhum deles;

• Economia de energia no processo de moagem do entulho (em relação à sua utilização em argamassas), uma vez que, usando-o no concreto, parte do material permanece em granulometrias graúdas;

• Possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido, como o proveniente de demolições e de pequenas obras que não suportam o investimento em equipamentos de moagem/ trituração;

• Maior eficiência do resíduo quando adicionado aos solos saprolíticos em relação a mesma adição feita com brita. Enquanto a adição de 20% de entulho reciclado ao solo saprolítico gera um aumento de 100% do CBR, nas adições de brita natural o aumento do CBR só é perceptível com dosagens a partir de 40% (ZORDAN. 1998);

1.7.3 – PROCESSO DE PRODUÇÃO DO ENTULHO PARA PAVIMENTAÇÃO O entulho, que pode ser usado sozinho ou misturado ao solo, deve ser processado por equipamentos de britagem/ trituração até alcançar a granulometria desejada, e pode apresentar contaminação prévia por solo – desde que em proporção não superior a 50% em peso. O solo empregado na mistura com o entulho reciclado deve ser classificado de acordo com a metodologia MCT, especificada pela Norma P01 da Prefeitura Municipal de São Paulo.

Pesquisas (BODI. 1997) avaliam os resultados de ensaios de dosagens da mistura entulho-solo e as variações da capacidade de suporte, da massa específica aparente máxima seca, da umidade ótima e da expansão.

O resíduo ou a mistura podem então ser utilizados como reforço de subleito, sub-base ou base de pavimentação, considerando-se as seguintes etapas: abertura e preparação da caixa (ou regularização mecânica da rua, para o uso como revestimento primário) corte e/ou escarificação e destorroamento do solo local (para misturas), umedecimento ou secagem da camada, homogeneização e compactação (ZORDAN. 1998).

(23)

1.7.4 – GRAU DE DESENVOLVIMENTO

A eficiência desta prática já comprovada cientificamente, vem sendo confirmada pela utilização, na prática, por diversas administrações municipais como São Paulo, Belo Horizonte e Ribeirão Preto (ZORDAN. 1997).

1.8 – UTILIZAÇÃO DO ENTULHO COMO AGREGADO PARA CONCRETO

O entulho processado pelas usinas de reciclagem pode ser utilizado como agregado para concreto não estrutural, a partir da substituição dos agregados convencionais como areia e brita (ZORDAN. 1997).

1.8.1 – VANTAGENS

• Utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.), sem a necessidade de separação de nenhum deles;

• Economia de energia no processo de moagem do entulho (em relação à sua utilização em argamassas), uma vez que, usando-o no concreto, parte do material permanece em granulometrias graúdas;

• Possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido, como o proveniente de demolições e de pequenas obras que não suportam o investimento em equipamentos de moagem/ trituração;

• Possibilidade de melhorias no desempenho do concreto em relação aos agregados convencionais, quando se utiliza baixo consumo de cimento;

1.8.2 – LIMITAÇÕES

A presença de faces polidas em materiais cerâmicos (pisos, azulejos, etc.) interfere negativamente na resistência à compressão do concreto produzido.

1.8.3 – PROCESSO DE PRODUÇÃO

O entulho processado pelas Usinas de Reciclagem (onde sua fração mineral é britada em britadores de impacto) é utilizado como agregado no concreto, em substituição simultânea à areia e à brita convencionalmente utilizadas. A mistura é a tradicional, com cimento e água, esta em quantidade bastante superior devido à grande absorção do entulho.

(24)

1.8.4 – GRAU DE DESENVOLVIMENTO

Embora pesquisas tenham demonstrado eficácia do processo, vários fatores como os relacionados à durabilidade do concreto produzido ainda precisam ser analisados. As prefeituras de São Paulo e a de Ribeirão Preto já utilizam blocos de concreto feitos com entulho reciclado.

1.9 – UTILIZAÇÃO DO ENTULHO COMO PARA FABRICAR ARGAMASSAS Após ser processado por equipamentos denominados "argamasseiras", que moem o entulho, na própria obra, em granulometrias semelhantes as da areia, ele pode ser utilizado como agregado para argamassas de assentamento e revestimento (ZORDAN. 1997).

1.9.1 – VANTAGENS

• Utilizado do resíduo no local gerador, o que elimina custos com transporte

• Efeito pozolânico apresentado pelo entulho moído;

• Redução no consumo do cimento e da cal, e

• Ganho na resistência a compressão das argamassas. 1.9.2 – LIMITAÇÕES

As argamassas de revestimento obtidas apresentam problemas de fissuração, possivelmente pela excessiva quantidade de finos presente no entulho moído pelas argamasseiras.

1.9.3 – PROCESSO DE PRODUÇÃO

A partir da mistura de cimento, areia e água, a fração mineral do entulho é adicionada a uma caçamba de piso horizontal, onde dois rolos moedores girando em torno de um eixo central vertical, proporciona a moagem e homogeneização da mistura que sai do equipamento pronta para ser usada.

1.9.4 – GRAU DE DESENVOLVIMENTO

Esta reciclagem vem sendo utilizada, com freqüência, por algumas construtoras do país e pesquisas estão em andamento para tentar solucionar as limitações desta técnica.

(25)

1.10 – DEMAIS USOS

• Utilização de concreto reciclado como agregado;

• Cascalhamento de estradas;

• Preenchimento de vazios em construções;

• Preenchimento de valas de instalações;

• Reforço de aterros (taludes);

• Contenções em geral;

• Fundações de obras;

• Projetos de desenvolvimento de recifes naturais. 2 – TECNOLOGIAS PARA RECICLAGEM

Em geral os equipamentos utilizados no processamento de reciclagem dos resíduos da construção civil em cooperativas e usinas móveis (Figura 2.1) são simples e construidos de maneira artesanal, sendo compostos por moinhos (Figura 2.2), esteiras seletivas granulométricas (Figura 2.3 e 2.4).

Figura 2.1 – Usina Movel Figura 2.2 – Moinho para entulho

(26)

Porém quando o objetvo é uma usina de reciclagem de entulho com alta capacidade de receptação e produção, os equipamentos necessários são sofisticados e podem variar de R$ 700.000,00 (Setecentos Mil Reais) até R$ 4.000.000,00 (Quatro Milhões de Reais) dependendo da planta de cada usina e sua respectiva produção. Neste caso o investimento exige equipamentos pesados que trituram o entulho, um triturador primário e um triturador secundario (Figura – 2.5). Também se faz necessário esteiras transportadoras (Figura – 2.6), tratores de esteiras, pás carregareiras, e tambem um lay-out apropriado da planta da usina de reciclagem para não comprometer a logística da produção dos novos residuos.

Figura 2.5 – Tipos de trituradores de entulho

Figura 2.6- Esteira tranportadora de entulho

Algumas prefeituras (Belo Horizonte, Ribeirão Preto, etc), estão implantando locais apropriados para receber o resíduo. "São as usinas para reciclagem de entulhos", constituídas basicamente por um espaço para deposição do resíduo, uma linha de separação (onde a fração não mineral é separada), um britador que

(27)

processa o resíduo na granulometria desejada e um local de armazenamento, onde o entulho já processado aguarda para ser utilizado (BRITO FILHO, J.A, 1999).

3 – LEGISLAÇÕES E NORMAS VIGENTES PARA GESTÃO DOS ENTULHOS 3.1 – RESOLUÇÃO CONAMA Nº 307

A resolução CONAMA Nº 307, de 5 de julho de 2002, estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, os entulhos. Dentre as várias diretrizes estabelecidas, destacam-se as seguintes: (1) os geradores deverão ter como objetivo prioritário, a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final; (2) a partir de julho de 2004, os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d’água, lotes vagos e áreas protegidas por lei; (3) deverá constar no Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, com obrigatoriedade de elaboração pelos municípios e Distrito Federal até janeiro de 2004, o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo.

3.2 – NORMAS TÉCNICAS

As normas técnicas, integradas às políticas públicas, representam importante instrumento para a viabilização do exercício da responsabilidade para os agentes públicos e os geradores de resíduos.

Para viabilizar o manejo correto dos resíduos em áreas específicas, foram preparadas as seguintes normas técnicas:

• Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação – NBR 15112:2004 – possibilitam o recebimento dos resíduos para posterior triagem e valorização.

Têm importante papel na logística da destinação dos resíduos e poderão, se licenciados para esta finalidade, processar resíduos para valorização e aproveitamento.

(28)

• Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação – NBR 15113:2004 – solução adequada para disposição dos resíduos classe A, de acordo com a Resolução CONAMA nº. 307, considerando critérios para reservação dos materiais para uso futuro ou disposição adequada ao aproveitamento posterior da área.

• Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação – NBR 15114:2004 – possibilitam a transformação dos resíduos da construção classe A em agregados reciclados destinados à reinserção na atividade da construção.

O exercício das responsabilidades pelo conjunto de agentes envolvidos na geração, destinação, fiscalização e controle institucional sobre os geradores e transportadores de resíduos está relacionado à possibilidade da triagem e valorização dos resíduos que, por sua vez, será viável na medida em que haja especificação técnica para o uso de agregados reciclados pela atividade da construção. As normas técnicas que estabelecem as condições para o uso destes agregados são as seguintes:

• Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos – NBR 15115:2004.

• Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos – NBR 15116:2004

(29)

4 – OBJETIVOS

Realizou-se um estudo em cima de pesquisas e ensaios feitos com o objetivo de analisar a reciclagem da parte mineral do entulho, utilizando-a como agregado na confecção do concreto. Com o objetivo de maximizar os recursos desse resíduo e empregar sobre ele o mínimo de energia possível, nenhuma parte de sua composição mineral foi retirada. Isso foi possível, devido à metodologia utilizada de não definir previamente nenhuma aplicação para o concreto produzido. Somente após os resultados é que se analisaram as possibilidades de uso do produto obtido. O resíduo utilizado, proveniente de uma usina de reciclagem de entulho, foi estudado granulométrica e qualitativamente. Com esse material, produziu-se concreto em diferentes traços e relações água/ cimento, que foi ensaiado à compressão simples, à abrasão e à permeabilidade,em idades distintas. Os testes mostraram que, à medida que se diminuiu o consumo do cimento, a resistência à compressão se aproximou do concreto de referência, enquanto que a resistência à abrasão mostrou-se sempre melhor quando se usou entulho como agregado.

Espera-se que este estudo muito em breve seja aplicado na pratica, e, motive a iniciativa privada, órgãos competentes, cooperativas, etc., para que assim a reciclagem de entulho se torne comercialmente viável, executável e acima de tudo praticada.

(30)

5 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

5.1 – GRANULOMETRIA DO RESIDUO UTILIZADO

O entulho utilizado foi separado de acordo com a dimensão de suas partículas em material miúdo e material graúdo.

5.2 – CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA DO RESIDUO UTILIZADO

Esta análise, que teve como objetivo determinar a natureza dos materiais constituintes do entulho, foi efetuada apenas no material retido na peneira 4,8 mm, pois a caracterização foi feita "a olho nu", o que impedia que os materiais menores pudessem ser identificados.

Utilizou-se a orientação da NBR 9941/ 87 - "Redução de Amostra de Campo de Agregados para Ensaios de Laboratório", para se obter as parcelas analisadas. 5.3 – RESIDUO MIUDO

Numa primeira fase da pesquisa utilizou-se duas faixas granulométricas distintas de entulho para se avaliar o comportamento da resistência à compressão do concreto, diante da grande quantidade de material fino (passante pela peneira 0,3 mm) presente no resíduo, aparentemente composto de grande quantidade de terra. As faixas utilizadas foram:

• Faixa E1: material passante pela peneira 38 mm e retido pela peneira 0,15 mm;

• Faixa E2: material passante pela peneira 38 mm e retido pela peneira 0,3 mm;

Já, na segunda fase do trabalho, adotou-se como agregado miúdo, toda a porção de entulho passante pela peneira 4,8 mm (Figura 6.4).

5.4 – RESIDUO GRAUDO

Como o objetivo era utilizar a maior quantidade possível do material produzido pela usina, decidiu-se adotar a peneira 38 mm como o limite superior para a dimensão do agregado graúdo (figura 6.3), já que esta peneira excluía apenas cerca de 1,5% a 3% do entulho. Usar esse material comprometeria a

(31)

dimensão dos corpos de prova e, comercialmente, tal dimensão de agregado tem utilidade restrita.

5.5 – RESIDUOS UTILIZADOS

As amostras do resíduo de C&D utilizadas nesta pesquisa (Figura 5.1) foram coletadas na usina de reciclagem de entulho da cidade de Ribeirão Preto, SP. Realizou-se 4 amostragens (A, B, C, D) em dias, semanas e meses distintos, de forma a obter-se uma representatividade aceitável do resíduo.

Figura 5.1 – Entulho processado em usina de Ribeirão Preto

Apenas materiais como metal, vidro, papel e plástico (passíveis de uma segregação manual e não minuciosa) foram separados na linha de produção da usina. As coletas foram realizadas seguindo-se as prescrições da NBR 10007/ 87 - "Amostragem de Resíduos".

5.6 – CONFECÇÃO DO CONCRETO

O cimento utilizado na pesquisa foi o CP II E - 32, por tratar-se de um material de fácil disponibilidade no mercado e, principalmente, por ser o cimento geralmente utilizado na produção dos elementos construtivos não estruturais de infra-estrutura urbana.

Além do entulho utilizado no concreto objeto de análise desta pesquisa, usou-se também areia grossa tradicional e brita no 1, para a confecção dos

(32)

5.7 – TRAÇOS UTILIZADOS

Utilizaram-se os traços, em massa, de 1:3; 1:5 e 1:7, por se tratarem de traços abrangentes em termos de dosagens comerciais.

6 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre os resíduos sólidos urbanos, um dos que causa grande impacto ambiental é o entulho da construção civil, ou simplesmente entulho. O entulho é oriundo de demolições, reformas e de novas construções e quando são depositados de forma inadequada originam grandes problemas. O entulho é um resíduo de grande massa e volume, ocupando, portanto muito espaço nos aterros e locais de descarte clandestinos. Seu transporte, em função não só do volume, mas do peso, torna-se oneroso.

O entulho apresenta como características particulares a predominância de materiais inertes e passíveis de reaproveitamento. A partir de entulhos é possível produzir agregados como areia e brita para uso em pavimentação, contenção de encostas, canalização de córregos e uso em argamassas e concreto.

O processo de implantação de programas de qualidade pelo qual passa a indústria da construção, certamente contribuirá para a redução do volume de resíduos gerados por esse setor. No entanto, a quantidade de entulho produzida não diminuirá de uma hora para outra.

Além disso, por mais eficaz que sejam as mudanças introduzidas nos processos construtivos, com o objetivo de reduzir os custos e a quantidade de resíduos gerados, sempre haverá um montante inevitavelmente produzido, que somado aos resíduos de demolição, ainda representará um volume expressivo.

Dessa forma, o estudo de soluções práticas que apontem para a reutilização do entulho na própria construção civil, contribui para amenizar o problema urbano dos depósitos clandestinos deste material - proporcionando melhorias do ponto de vista ambiental - e introduz no mercado um novo material com grande potencialidade de uso.

O resultado da caracterização revelou uma predominância das argamassas (37,4%), seguida pelo concreto (21,1%) e pelos materiais cerâmicos não polidos (20,8%), conforme figura 6.1.

(33)

Figura 6.1 - Gráfico de porcentagem média dos constituintes do entulho

6.1 – CARACTERIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA

O resíduo estudado apresentou uma ótima distribuição granulométrica, o que favorece o seu bom desempenho como agregado no concreto, uma vez que a presença de diferentes diâmetros, permite um melhor rearranjo entre sua partículas. Conforme mostra a figura 6.2, todas as quatro amostras analisadas (A, B, C e D) mostraram uma distribuição muito semelhante.

Figura 6.2 – Gráfico das curvas granulométricas das amostras estudadas

(%acumulada)

Analisando o entulho em relação a quantidade de material miúdo e graúdo, verificou-se que em todas as amostras, mais ou menos 50% do resíduo (analisando D50) passou pela peneira 4,8mm, significando que cada uma das amostras é

constituída por aproximadamente metade de material graúdo (figura 6.3) e metade de miúdo (figura 6.4).

(34)

Figura 6.3 –Amostra da fração graúda do entulho utilizado

Os módulos de finura encontrados para os agregados miúdos foram bastante semelhantes: 2,55 (amostra A), 2,67 (amostra B), 2,57(amostra C) e 2.57 (amostra D).

Os resultados da resistência à compressão obtida na primeira fase de testes preliminares, não apresentaram diferenças significativas quando se utilizou a fração de agregado menor que 0,3 mm, pois, separar a fração de agregado menor que 0,15 mm, seria comercialmente inviável (figura 6.4).

Figura 6.4 - Amostra da fração miúda do entulho utilizado

6.1.2 – RELAÇÃO AGUA /CIMENTO

A relação água/ cimento utilizada em cada traço e para cada amostra, foi definida por tentativas, de forma a se obter uma consistência preestabelecida. Para o concreto confeccionado com o entulho, esta consistência foi definida durante o

(35)

estudo de dosagem (fase inicial da pesquisa) e estipulada, em abatimento, de 3 ± 1 cm. Este valor foi determinado visualmente, considerando-se como valores de contorno a melhor trabalhabilidade do concreto e o menor consumo de água.

Para o concreto feito com os agregados tradicionais, que foi utilizado como elemento de referência, a consistência adotada foi de 5 ± 1 cm, obtida da mesma forma que a do concreto com entulho. Os valores obtidos estão apresentados na tabela 6.1. Amostra Utilizada Traço Utilizado 1 Consistência 3 (cm) A/C 1:3 3,5 0,51 A 1:5 2,5 0,71 1:7 2,6 0,95 1:3 3,8 0,55 B 1:5 2,8 0,79 1:7 2,4 1,09 1:3 2,3 0,63 C 1:5 3,0 0,82 1:7 2,1 1,04 1:3 3,0 0,64 D 1:5 2,5 0,82 1:7 2,8 1,02 1:3 4,8 0,32 R 2 1:5 5,2 0,56 1:7 3,5 0,77

1 Cimento : entulho ou cimento : areia + brita

2 Concreto de referência (agregados convencionais: areia e brita) 3 Consistência medida em abatimento

Figura 6.1 - Resultados da consistência e da relação a/c

Observou-se que os valores da relação a/c utilizados são bem maiores que os comumente empregados na confecção do concreto de referência. Tal fato decorre da grande capacidade de absorção do entulho, principalmente pela fração constituída por materiais cerâmicos. No entanto, é importante ressaltar, que somente parte da água representada pela relação a/c será disponível para as reações de hidratação do cimento, pelo menos nas primeiras idades, pois parte dela ficará temporariamente retida nos poros do agregado.

(36)

6.2 – RESULTADOS OBTIDOS

6.2.1 – RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO SIMPLES

Os valores da resistência à compressão aos 28 dias são mostrados na figura 6.5. Analisando inicialmente entre si, apenas os concretos onde se utilizou as amostras de entulho como agregado, pode-se ver que à medida que o consumo de cimento aumenta, também ficam maiores as diferenças das resistências obtidas entre as amostras.

Comparando-se os concretos com entulho e o de referência (R), nota-se o mesmo comportamento descrito acima, ou seja, quanto mais fraco o traço menor a diferença da resistência entre os concretos com entulho e o de referência, tornando-se praticamente insignificante, no traço 1:7.

Figura 6.5 - Grafico da resistência à compressão simples do concreto aos 28 dias.

A Tabela 6.2 mostra com bastante clareza este comportamento, com a porcentagem atingida pela resistência de cada amostra, em relação àquela atingida pelo concreto de referência.

AMOSTRAS UTILIZADAS

TRAÇOS A B C D Média R*

1:3 61% 47% 42% 47% 49% 100%

1:5 69% 61% 55% 62% 62% 100%

1:7 100% 93% 87% 90% 93% 100%

* Concreto de referência (areia e brita)

(37)

A Tabelas 6.3 mostra os resultados da resistência à compressão simples obtidos aos 60 dias.

Novamente, verificou-se que nos traços mais pobres (menor consumo de cimento) os valores de resistência obtidos pelo concreto com entulho se aproximaram mais dos apresentados pelo concreto tradicional:

AMOSTRAS UTILIZADAS

TRAÇOS A B C D R*

1:3 32,0 25,3 22,9 25,5 57,9

1:5 23,0 20,2 17,9 20,1 36,3

1:7 17,1 16,2 14,0 15,8 17,6

* Concreto de referência (areia e brita)

TABELA 6.3 - Resistência à compressão aos 60 dias - Valores médios (MPa)

Analisando a Tabela 6.3, observa-se que há, entre as amostras, uma relação bem semelhante àquela apresentada aos 28 dias.

Verifica-se que o aumento de resistência do concreto com entulho dos 28 aos 60 dias, foi mais significativo no traço 1:7 que nos traços mais fortes (1:3 e 1:5). Isto pode ter ocorrido pelos seguintes fatos:

• quanto mais forte o traço utilizado, mais rica será a pasta de cimento e a parte mais frágil do concreto, neste caso, é o agregado (ou a zona de transição pasta-agregado).

• possivelmente, o cimento presente no entulho possui ainda uma boa capacidade cimentícia, colaborando desse modo, para o aumento da resistência do concreto quanto mais fraco for o traço utilizado;

• a possível atividade pozolânica realizada pelos finos do entulho pode também melhorar a resistência do concreto.

6.2.2 – RESISTENCIA DO CONCRETO AO DESGASTE POR ABRASÃO

As resistências dos concretos ao desgaste por abrasão obtidas nestes ensaios, demonstraram uma superioridade daqueles onde se utilizou o entulho como agregado, conforme apresenta a Figura 6.6. O parâmetro utilizado para medir esta resistência é o desgaste sofrido pelo corpo de prova aos 1.000 metros de percurso. Ele ficou em média, 26,5% menor que o medido no concreto de referência.

(38)

Figura 6.6 – Gráfico de valores observados no ensaio de desgaste à abrasão

Considerando a NBR 9457 - "Ladrilho Hidráulico", utilizada como parâmetro para avaliar este ensaio em pisos de concreto, os concretos confeccionados com as diferentes amostras de entulho, foram "aprovados" no ensaio de resistência ao desgaste por abrasão, já que segundo ela, o desgaste aos 1.000 m deve ser inferior a 3 mm. Quanto a este quesito, o material já poderia, por exemplo, ser utilizado em pisos de circulação de pessoas (como piso de hipermercados).

6.2.3 – DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE DO CONCRETO

No ensaio de permeabilidade do concreto, os valores do coeficiente kT (que mede a permeabilidade do concreto ao ar) foram fornecidos por um aparelho denominado "Permeator". Tais valores estão apresentados na tabela 6.4.

A M O S T R A S CORPOS DE-PROVA A B C D R CP1 0,148 0,290 0,022 0,014 0,174 CP2 0,125 --- 0,067 0,243 0,066 Média 0,137 0,290 0,045 0,129 0,120

TABELA 6.4 - Valores dos coeficientes de permeabilidade kT obtidos (10-16 m2)

Nota-se que os valores da permeabilidade estão bastante semelhantes aos obtidos pelo concreto de referência - R (areia e brita) - e que apenas a amostra B obteve um valor superior. Justamente esta amostra apresentou problemas num corpo de prova testado.

(39)

Para efeito de classificação da impermeabilidade do concreto, o método utiliza uma escala que vai de 0 (muito pobre) a 5 (excelente). Levando em consideração esta classificação, as amostras produziram concretos com as seguintes qualidades de superfícies conforme tabela 6.5:

AMOSTRAS A B C D R

Qualidade Boa média Muito boa boa Boa

Tabela 6.5 – Classificação de qualidade

6.2.4 CURVA DE ABRAMS

A partir dos valores da resistência à compressão dos concretos confeccionados com o entulho e das respectivas relações a/c utilizadas em cada traço, obteve-se a curva relacionando estes dois fatores, conhecida como Curva de Abrams (figura 6.7).

É de grande importância que a Curva de Abrams tenha apresentado o mesmo formato das curvas obtidas com o concreto de referência, pois dessa forma, ela poderá ser utilizada para o estudo de dosagens também desse tipo de concreto confeccionado com entulho (SOIBELMAN, L.).

(40)

6.2.5 – CONCLUSÃO DO EXPERIMENTO

Os resultados dos experimentos realizados permitiram concluir que:

1) A parte graúda do entulho utilizado como agregado revelou aspectos negativos para a resistência do concreto, devido à presença de materiais cerâmicos polidos, que induziram à ocorrência de superfícies de rupturas nas suas faces lisas (Figura 6.8), devido à insuficiente aderência entre essas faces e a pasta de cimento, enfraquecendo bastante a zona de transição;

Figura 6.8 - Foto das superfícies de Ruptura

2) O entulho usado como agregado apresentou uma absorção de água bem superior à do agregado tradicional, devido tanto à sua grande porosidade como a maior quantidade de finos existentes neste resíduo;

3) Possivelmente pelas suas arestas mais arredondadas e por uma certa quantidade de terra presente na parcela miúda, o entulho possibilitou uma trabalhabilidade superior à oferecida pelos agregados tradicionais (areia e brita), para uma mesma relação a/c;

4) A resistência à compressão simples, aos 28 dias, obtida pelos concretos com entulho reciclado, representou em média, 49%, 62% e 93% da resistência do concreto de referência, utilizando-se os traços 1:3, 1:5 e 1:7, respectivamente;

5) O aumento de resistência do concreto ocorrido dos 28 aos 60, foi mais significativo no traço 1:7 que nos traços mais fortes (1:3 e 1:5). Além disso, nos traços mais pobres (menor consumo de cimento), os valores de resistência obtidos pelo concreto com entulho se aproximaram mais dos apresentados pelo concreto de referência (tanto aos 28, como aos 60 dias). Isto pode ser explicado pelo

(41)

fortalecimento da pasta de cimento nos traços mais fortes, o que contribui, neste caso, para que o agregado (ou a zona de transição) seja a parte mais frágil do concreto;

6) A resistência ao desgaste à abrasão apresentada pelo concreto objeto deste estudo, ficou em média 26,5% superior àquela obtida pelo concreto de referência, que utilizou areia e brita como agregado;

7) Os resultados dos ensaios de compressão, abrasão e permeabilidade, realizados com o concreto confeccionado com entulho, permitem concluir que este tipo de concreto atende perfeitamente (quanto aos quesitos avaliados) as exigências de fabricação de peças de concreto para a infra-estrutura urbana como elementos de drenagem, guias, sarjetas, ou outras aplicações onde não se exijam resistências elevadas;

8)

Foi de grande importância a obtenção da Curva de Abrams para o concreto produzido a partir do entulho reciclado, uma vez que, ela pode ser de extrema utilidade para os estudos de dosagens desse concreto (PAULON, Vladimir A., 1998)

(42)

7 – CONCLUSÕES FINAIS

Pode-se concluir que: “Todas as atividades desenvolvidas no setor da construção civil são geradoras de entulho”. E assim sendo os resultados deste trabalho concluem que os entulhos devidamente reciclados podem ser utilizados de diversas formas como:

• A utilização de concreto reciclado como agregado;

• Fabricação de argamassas

• Utilizar na pavimentação (base, sub-base ou revestimento primário)

• Cascalhamento de estradas;

• Parte de madeiramento serve para indústria moveleira;

• Preenchimento de vazios em construções;

• Preenchimento de valas de instalações;

• Reforço de aterros (taludes);

• Contenções em geral;

• Fundações de obras;

• Projetos de desenvolvimento de recifes naturais.

O entulho reciclado além das varias vantagens econômicas e financeiras tem um forte apelo ambiental, pois, quando se recicla grande parte destes resíduos que seriam depositados no meio ambiente, deixa-se de poluir e passa-se a proteger o meio ambiente, assim como não se degradam as reservas de areia, pedra, madeira, etc..

Quando se recicla o entulho - independentemente do uso que a ele for dado - representa vantagens econômicas, sociais e ambientais, bem como diversas melhorias tanto para o meio ambiente com para uma futura qualidade de vida melhor. Exemplos:

• Diminuição considerável da problemática do lixo:

• Destinação correta do resíduo;

• Proteção do meio ambiente;

• Redução do consumo de minerais (pedra, areia, etc.)

(43)

• Novas frentes de oportunidades de trabalho;

• Melhora nos níveis sociais no local do empreendimento;

• Sustentabilidade.

• Economia na aquisição de matéria-prima, devido a substituição de materiais convencionais, pelo entulho;

• Diminuição da poluição gerada pelo entulho e de suas conseqüências negativas como enchentes e assoreamento de rios e córregos;

• Preservação das reservas naturais de matéria-prima.

A forma mais simples de reciclagem do entulho é a sua utilizado em pavimentação (base, sub-base ou revestimento primário) na forma de brita corrida ou ainda em misturas do resíduo com solo, tendo como vantagens:

• É forma de reciclagem que exige menor utilização de tecnologia o que implica menor custo do processo;

• Permite a utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.), sem a necessidade de separação de nenhum deles;

• Economia de energia no processo de moagem do entulho (em relação à sua utilização em argamassas), uma vez que, usando-o no concreto, parte do material permanece em granulometrias graúdas;

• Possibilidade de utilização de uma maior parcela do entulho produzido, como o proveniente de demolições e de pequenas obras que não suportam o investimento em equipamentos de moagem/ trituração;

• Maior eficiência do resíduo quando adicionado aos solos saprolíticos em relação a mesma adição feita com brita. Enquanto a adição de 20% de entulho reciclado ao solo saprolíticos gera um aumento de 100% do CBR, nas adições de

(44)

brita natural o aumento do CBR só é perceptível com dosagens a partir de 40%; (ZORDAN. 1997).

Assim sendo, o melhor caminho para a concretização e viabilização de projetos e empreendimentos para a reciclagem do resíduo da construção civil seria uma parceria sólida entre empresários, cooperativas e governo, para que assim fossem atendidas todas as necessidades que hoje o setor carece.

É preciso que sejam adotadas medidas urgentes a fim de começar a resolver o problema do entulho, pois é um resíduo em constante geração, com tendências a aumentar o volume de acordo com o crescimento do Brasil, e ainda sem a destinação devida, o que causa danos irreparáveis ao meio ambiente. O problema do entulho é maior que o problema do lixo porque o entulho praticamente não se degrada com o tempo, e tem aumentado seu volume de forma preocupante.

Os resíduos gerados pela construção civil (entulho) são destinados em aterros apropriados para receber tal material, e, existe um preço por esse serviço, existe transporte, existem custos diversos e o pior existe a degradação do meio ambiente. O ideal seria inicialmente uma lei que obrigasse os geradores destes resíduos a enviá-los para usinas de reciclagem, que receberiam o mesmo valor pago para os aterros, porém as usinas teriam a obrigação de reciclar e recolocar o produto final no mercado interno, bem como os geradores de entulho teriam que utilizar estes produtos reciclados em suas obras, fechando assim um ciclo construtivo e sustentável para todos os envolvidos neste processo.

Enquanto novas leis não chegam, a legislação em vigor deve ser cumprida a risca, fiscalizada e exigida no que manda a lei, com certeza todos tem a ganhar, pois irão diminuir muito os desperdícios nas obras, recursos sobrarão para novos investimentos, serão formadas novas frentes de trabalho e mão de obra especializada no setor da construção civil bem como irão surgir novas tecnologias e equipamentos para este novo setor ainda praticamente inexplorado, e acima de tudo iremos contribuir para uma economia radical dos recursos naturais, sem degradação do meio ambiente e ainda promover a sustentabilidade no setor.

A maior parte dos elementos que compõe o entulho são retirados de reservas naturais como extração de areia nos portos e lagoas arenosas, extração de pedras nas pedreiras, extração do madeiramento nas florestas, e assim por diante.

(45)

Então, pode-se afirmar que a maior parte do resíduo da construção civil é responsável direto por diversos problemas ambientais mesmo antes de virar o problema “chamado entulho”, pois a extração dos agregados do “futuro entulho” ocorre de maneira avassaladora e causa danos praticamente irreparáveis ao meio ambiente e a natureza.

Como pode ser notado o entulho gerado pela construção civil é um problema sério, pois agride o meio ambiente e a natureza mesmo antes de ser produzido. No momento a maior preocupação é com o entulho gerado pela construção civil, ou seja, como destina-lo corretamente, a viabilidade de projetos de reciclagem, iniciativas privadas, incentivos, investimentos no setor de reciclagem, etc. Porém, não se pode esquecer da origem dos agregados do entulho nem dos danos causados pela extração dos mesmos.

Portanto o caminho correto é a reciclagem do entulho que se faz necessário tanto na forma de minimizar os problemas atuais causados pelo excesso de geração do resíduo pela indústria da construção civil, como também pela preservação de nossas reservas naturais, meio ambiente e a natureza no geral, para que assim seja possível mitigar os efeitos de tais atividades, e promover a filosofia “ecologicamente correta”, bem como a sustentabilidade e melhor qualidade de vida futura.

Referências

Documentos relacionados

Orchidaceae de um fragmento campestre em Ponta Grossa, Paraná, Brasil — Foi levantada a listagem da família Orchidaceae de um fragmento campestre localizado na

Leite 2005 avaliou duas hipóteses: a diferentes tempos de condicionamento com AFL não influenciariam nos valores de resistência de união entre uma cerâmica e um cimento resinoso; b

A revisão das produções sobre matriciamento em saúde mental apontou os seguintes eixos: dificuldades na articulação da rede de cuidados e fatores que dificultam o desenvolvimento

O presente estudo tem como objetivo avaliar se o uso de um munhão personalizado é capaz de facilitar a remoção do excesso de cimento após a cimentação de

Não só o crack, mas também as drogas de modo geral, e incluem-se aqui também as chamadas drogas lícitas tais como álcool e tabaco, são considerados um

Nos Estados Unidos da América EUA, elas representam cerca de 133 milhões, as quais contribuem para 7 a 10% da mortalidade a cada ano, resultam num gasto dispendido para a saúde de

Para modelação e ajuste do viés arbitral foi usado regressão logística binária sendo “audiência” (público no estádio) e taxa de ocupação, posse de

A operacionalização da implantação do apoio matricial às equipes de Saúde da Família, segundo Relatório do Planejamento da Gestão atual da Saúde Mental se deu