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ALIMENTOS GRAVÍDICOS: EFICÁCIA E DEFINIÇÕES

Clarice C. Franco Pessanha1, Gabriel Pessanha Junqueira2, Afrânio Gualda Tavares3 RESUMO

A prestação de alimentos ao nascituro é matéria da Lei nº 11.804, de 05 de novembro de 2008, sancionada pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, inicialmente com doze artigos e posteriormente sendo metade destes vetados, publicada em 06 de novembro de 2008 no Diário Oficial da União e veio para tratar do direito aos alimentos gravídicos e a forma o qual deverá ser aplicado, merecendo discussão de breve reflexão doutrinária.

Palavras-chave: Direito. Alimentos. Gravídicos.

INTRODUÇÃO

A prestação de alimentos ao nascituro é matéria da Lei nº 11.804, de 05 de novembro de 2008, sancionada pelo Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, inicialmente com doze artigos e posteriormente sendo metade destes vetados, publicada em 06 de novembro de 2008 no Diário Oficial da União e veio para tratar do direito aos alimentos gravídicos e a forma o qual deverá ser aplicado, merecendo discussão de breve reflexão doutrinária.

DESENVOLVIMENTO

Alimentos gravídicos se tratam de verba de caráter alimentar, cujo valor destina-se às despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, do momento da concepção ao parto, até mesmo as referentes à

1 Pós-graduada em Direito Processual Civil e Direito Civil pela Universidade Estácio de Sá; Pós-graduada

em História da África e cultura afro-brasileira pela Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO); Advogada; Professora da Graduação em Prática Jurídica da Universidade Salgado de Oliveira; Gestora do curso de Direito da Universidade Salgado de Oliveira - Campos dos Goytacazes (RJ).

2 Acadêmico do Curso de Direito da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).

3 Advogado (RJ) e Professor de Prática Jurídica e de Direito Civil da UNIVERSO e de Introdução ao Estudo

do Direito e Direito Civil da UNESA. Pós graduado Lato Sensu em Direito Público pela Faculdade de Direito de Campos dos Goytacazes.

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alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais necessidades prescritivas e terapêuticas os quais são indispensáveis à gestante, de acordo com o que o médico julgue necessário e que o juiz considere adequado.

Para o advogado e professor membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família, Leandro Soares Lomeu, alimentos gravídicos podem ser compreendidos como aqueles devidos ao nascituro, e, percebidos pela gestante, ao longo da gravidez, sintetizando, tais alimentos abrangem os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. Assim, entende-se que o rol não é exaustivo, pois pode o juiz considerar outras despesas pertinentes.

Seguindo este pensamento, além da citada Lei nº 11.804/08, os direitos do nascituro estão dispostos no art. 2º do Código Civil Brasileiro, verbis: “Art. 2º - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”

Cominadas ambas as normas, estas ressaltam que na letra da lei, o nascituro não tem de fato personalidade jurídica, já que este ainda não veio a nascer. Porém, mesmo assim, o ordenamento jurídico brasileiro prevê tal “exceção”.

No entendimento da Doutrinadora Maria Helena Diniz, nascituro é:

Aquele que há de nascer, cujos direitos a lei põe a salvo. Aquele que, estando concebido, ainda não nasceu e que, na vida intra-uterina, tem personalidade jurídica formal, no que atina aos direitos de personalidade, passando a ter personalidade jurídica material, alcançando os direitos patrimoniais, que permaneciam em estado potencial, somente com o nascimento com vida. (DINIZ 1998)

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Há de se gizar que é um fato relativamente comum que a gravidez inesperada redunde no rompimento de um casal e esse fato gera dúvidas, medos, angústias que, nem sempre, são absorvidos de forma positiva por uma ou pelas duas partes envolvidas.

Esse rompimento, entretanto, deixa sequelas que vão além das emocionais. Com a gravidez, surge à gestante necessidades especiais de alimentação e de hábitos, necessidades essas que exigirão, de regra, um dispêndio financeiro adicional aos seus gastos costumeiros. Assim, nada mais justo que o genitor do nascituro arque financeiramente com sua quota-parte nessa despesa adicional que a gestante virá a suportar, já que traz no ventre um filho comum.

Assim, para garantir o cumprimento da obrigação do futuro pai em auxiliar a gestante com as despesas oriundas da gestação, a jurisprudência já havia construído a possibilidade de ajuizamento dos alimentos gravídicos, em que se pleiteavam alimentos provisórios, de natureza nitidamente cautelar. Como forma de melhor regulamentar os alimentos gravídicos, editou-se a Lei nº 11.804, de 5 de novembro de 2008, doravante denominada LAG.

Portanto, a partir da Lei nº 11.804/08, nosso ordenamento passou a prever ostensivamente a obrigação alimentar em favor da gestante, que se concretiza por meio dos alimentos gravídicos e subsidiariamente o Código Civil, o Código de Processo Civil e na Lei nº 5.478/68 também fundamentarão a pretensão.

No que tange a competência, por analogia, é do domicílio do alimentando, por força do art. 53, II, do NCPC, seja ele maior ou menor de idade, não importa.

Se houver especialização da Justiça, deverá ser consultada a Lei de Organização Judiciária local, sendo comum (em grau de especialização) que sejam de competência das Varas Cíveis ou das Varas de Famílias.

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Já a legitimidade ativa para a propositura da ação de alimentos gravídicos é da gestante e não do nascituro.

Entretanto, a LAG, no parágrafo único do art. 6º, traz um dispositivo processualmente interessante, determinando que, “Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor”. Ou seja, após o nascimento com vida, a titularidade da demanda, automaticamente, se transfere para a prole.

Quanto a legitimidade passiva, o legitimado para figurar na ação de alimentos gravídicos é o suposto genitor do nascituro.

A causa de pedir da ação de alimentos gravídicos consiste da gravidez oriunda de relação com o réu e na inobservância do cumprimento da obrigação de arcar com a sua quota-parte nas despesas adicionais que necessariamente surgem com a gravidez.

A LAG, inclusive, traz como requisito para o deferimento da medida, em seu Art. 6º, o convencimento, por parte do juiz, dos “indícios da paternidade”.

O valor dos alimentos gravídicos serão calculados tomando-se por base as necessidades da gestante. Esse parâmetro, no entanto, deverá também ser filtrado pelo binômio possibilidade-necessidade, previsto na parte final do art. 6º. Vejamos o teor do art. 2º:

Art. 2º - Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.

Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.

Processo: AI 0064378-38.2015.8.19.0000 RJ 1ª Ementa

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5 Julgamento: 04/03/2016

Órgão Julgador: Terceira Câmara Civel

QUINTA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0031224-63.2014.8.19.0000 RELATOR: DES. HENRIQUE CARLOS DE ANDRADE FIGUEIRA PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA. ALIMENTOS GRAVÍDICOS. CONVERSÃO EM PROVISÓRIOS. MANUTENÇÃO. NECESSIDADE. POSSIBILIDADE. RAZOABILIDADE. Agravo de instrumento contra a decisão proferida na ação de alimentos gravídicos que fixou os provisórios. Com o nascimento, os alimentos gravídicos convertem-se em pensão alimentícia provisória. A fixação dos alimentos provisórios considera a urgência e a transitoriedade da medida, com base na cognição superficial dos elementos de prova trazidos aos autos. Na hipótese em exame atende ao princípio da razoabilidade e ao binômio necessidade-possibilidade manter os alimentos provisórios como arbitrado pelo r. juízo de origem. Recurso desprovido.

No que tange a formulação do pedido principal da referida ação, este será para que o juiz condene o réu a pagar alimentos gravídicos em favor da parte autora, fixe seu valor nos termos do binômio necessidade-possibilidade que deverá perdurar até o nascimento da criança.

Quanto aos requerimentos secundários, a autora poderá requerer a GRATUIDADE DE JUSTIÇA nos termos do art. 98 do NCPC, se for o caso; a fixação de alimentos provisórios, nos termos do art. 1.706 do CC; a citação do réu, para contestar em 05 (cinco) dias, nos termos do art. 7º da LAG; a intimação do MP, na qualidade de fiscal.

É importante esclarecer que a intervenção do Ministério Público é obrigatória sob pena de nulidade, por envolver futuro incapaz, por analogia aos termos do art. 178, II, do NCPC.

Em se tratando do valor da causa esta deve ser calculada tomando-se como base o art. 292, III do NCPC que prescreve, verbis:

O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:

I - ...; II - ...;

III – na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;

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Quando for desconhecido o valor dos rendimentos do réu e se pleiteia percentual sobre sua remuneração, a única saída é atribuir um valor estimado.

O agravo de instrumento é recurso cabível contra as decisões interlocutórias, como as tutelas provisórias, que é o caso da fixação dos alimentos provisórios, como prescreve o art. 1.015, I, do NCPC.

No entanto, em se tratando de sentença que fixar os alimentos, essa só poderá ser reformada por meio de apelação, com efeito meramente suspensivo, por força do art. 1.012, II do NCPC, verbis:

A apelação terá efeito suspensivo.

̕§1º. ... I - ...; II – condena a pagar alimentos;

As provas necessárias à ação de alimentos gravídicos são: o estado de gravidez, os indícios da paternidade, a necessidade oriunda da gravidez e a capacidade financeira do réu. Para tanto será preciso, além da juntada da documentação padrão, o comprovante da gravidez, como documento indispensável à propositura da demanda; documentos que comprovem, na medida do possível, os indícios de paternidade, consubstanciados na relação existente entre a autora e o réu, como cartas, fotografias, mensagens eletrônicas no whatsApp, recortes de jornal, facebook etc. Além dessas provas poderá complementar com provas testemunhais, que deverão ser arroladas já com a inicial; documentos que comprovem a necessidade oriunda das despesas adicionais do período de gravidez e que sejam decorrentes da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.

Processo: AI 70064733777 RS

Relator(a): Liselena Schifino Robles Ribeiro Julgamento:11/05/2015

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7 Publicação: Diário da Justiça do dia 13/05/2015

Ementa

Agravo de Instrumento. Direito Civil. Alimentos Gravídicos. Ausência de Prova. Impossibilidade. na Ausência de qualquer prova acerca da paternidade, Inviável A fixação de Alimentos Gravídicos. Negado Seguimento.

Processo: AI 70066253535 RS Relator(a): Jorge Luís Dall’Agnol Julgamento: 30/09/2015

Órgão Julgador: Diário da Justiça do dia 05/10/2015 Ementa

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS PROVISÓRIOS.

A Lei n. 11.804/2008 regulamenta o direito de alimentos à gestante. Contudo, embora possível o deferimento liminar de alimentos provisórios, em se tratando de ação de alimentos gravídicos, imperioso que a demanda esteja instruída com elementos de prova que conduzam à reclamada paternidade. Na ausência de qualquer prova acerca da paternidade, inviável a fixação de alimentos provisórios. Agravo de instrumento desprovido. (Agravo de Instrumento Nº 70066253535, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 30/09/2015).

Processo: AI 70067019372 RS Relator(a): Jorge Luís Dall’Agnol Julgador: Sétima Câmara Cível

Publicação: Diário da Justiça do dia 17/12/2015 Ementa

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS PROVISÓRIOS.

A Lei n. 11.804/2008 regulamenta o direito de alimentos à gestante. Contudo, embora possível o deferimento liminar de alimentos provisórios, em se tratando de ação de alimentos gravídicos, imperioso que a demanda esteja instruída com elementos de prova que conduzam à reclamada paternidade. Na ausência de qualquer prova acerca da paternidade, inviável a fixação de alimentos provisórios. Agravo de instrumento provido. (Agravo de Instrumento Nº 70067019372, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 16/12/2015).

No que tange à possibilidade do alimentante, se possível, juntar uma cópia de contracheque, holerite, etc. Caso contrário deverá alegar, na inicial, a possibilidade financeira do alimentante, que será provada ao longo do processo, por provas testemunhais, fotografias, recortes de jornal, página do facebook, tudo a demonstrar o padrão de vida do alimentante.

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8 Processo: AI 70067103721 RS

Relator (a): Luiz Brasil Santos Julgamento: 09/03/2016

Órgão Julgador: Oitava Câmara Cível

Publicação: Diário da Justiça do dia 10/03/2016 Ementa

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS. FIXAÇÃO.

Em ações dessa espécie, o juiz, de regra, vê-se diante de um paradoxo: de um lado, a prova geralmente é franciscana e, de outro, há necessidade premente de fixação da verba, sob pena de tornar-se inócua a pretensão, pois, até que se processe a instrução do feito, o bebê já terá nascido. Assinale-se, também, que, de acordo com o que ensinam as regras da experiência, são percentualmente insignificantes os casos em que uma ação investigatória de paternidade resulta improcedente, o que confere credibilidade, em geral, à palavra da mulher, na indicação do pai de seu filho. Considerando a ausência de prova da capacidade financeira do demandado, adequada a fixação dos alimentos gravídicos em 25% do salário mínimo. DERAM PARCIAL

TJ-RS - Agravo de Instrumento AI 70066789561 RS (TJ-RS) Data de publicação: 17/12/2015

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS.

REDUÇÃO. DESCABIMENTO. A fixação

de alimentos gravídicos mostra-se possível, já que o agravante admite relacionamento com a agravada. Situação que recomenda o arbitramento de alimentos com moderação e em atenção ao que consta nos autos. Ausência de prova da impossibilidade de prestar os alimentos nos termos em que fixados. Agravo de instrumento desprovido. (Agravo de Instrumento Nº 70066789561, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 16/12/2015).

TJ-RS - Agravo de Instrumento AI 70061533071 RS (TJ-RS) Data de publicação: 02/12/2014

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS.

REDUÇÃO. DESCABIMENTO. A fixação

de alimentos gravídicos mostra-se possível, já que o agravante admite relacionamento com a agravada. Situação que recomenda o arbitramento de alimentos com moderação e em atenção ao que consta nos autos. Ausência de prova da impossibilidade de prestar os alimentos nos termos em que fixados. Agravo de instrumento desprovido. (Agravo de Instrumento Nº 70061533071, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 26/11/2014).

TJ-RS - Agravo de Instrumento AI 70063838205 RS (TJ-RS) Data de publicação: 13/05/2015

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS. MINORAÇÃO. CABIMENTO. A Lei n. 11.804 /2008 regulamenta o direito de alimentos à gestante. Contudo, a fixação de alimentos, inclusive os gravídicos, há de atender ao binômio possibilidade-necessidade. Situação que recomenda o arbitramento de alimentos

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9 gravídicos com moderação e em atenção ao que consta nos autos, até que, com as provas que ainda serão produzidas, reste melhor visualizada a real situação das partes. Agravo de instrumento parcialmente provido. (Agravo de Instrumento Nº 70063838205, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 29/04/2015).

TJ-RS - Agravo de Instrumento AI 70063460745 RS (TJ-RS) Data de publicação: 30/03/2015

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS. A Lei n. 11.804 /2008 regulamenta o direito de alimentos à gestante. Embora possível o deferimento liminar de alimentos, em se tratando de ação de alimentos gravídicos, imperioso que a demanda esteja instruída com elementos de prova que conduzam à reclamada paternidade. Na ausência de qualquer prova acerca da paternidade, inviável a fixação de alimentos provisórios. Agravo de instrumento desprovido. (Agravo de Instrumento Nº 70063460745, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 25/03/2015).

O procedimento a ser adotado na ação não se encontra disciplinado na LAG e esta limitou-se apenas a informar que aplicam-se supletivamente, nos processos regulados pela LAG as disposições da Lei nº 5.478/68 e do NCPC. Assim, a priori, deveria ser aplicado o rito especial da ação de alimentos previsto na Lei nº 5.478/68.

Entretanto, em seu art. 7º, a LAG prevê que o réu será citado para oferecer contestação no prazo de 5 (cinco) dias, o que destoa com o procedimento especial da Lei de Alimentos. Na constância do antigo CPC, era possível compatibilizar o procedimento das cautelares em geral, previsto nos arts. 801 e segs., cujo prazo para contestação era, igualmente, de 05 (cinco) dias. No entanto, com o NCPC esse procedimento foi abolido, mas os tribunais assim entendem como certo o prazo de 05 (cinco) dias, verbis:

Processo 1000926-40.2016.8.26.0539 - Procedimento Comum - Alimentos gravídicos - Ana Maria Rodrigues da Silva de Souza - Rauli Paulo de Souza - Infrutífera a audiência de conciliação perante o CEJUSC diante da ausência do requerido (fls. 39), não citado conforme devolução sem cumprimento da carta precatória, DESIGNO audiência de justificação para o dia 07.12.2016, às 14h30min, no Gabinete da 3ª Vara Judicial. CITE-SE o réu, por carta precatória, ao endereço de fls. 52, para comparecer a audiência, cientificando-o de que, querendo, poderá, apresentar resposta no prazo de 5 (cinco) dias, nos termos do artigo 7º da Lei

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10 nº 11.804/2008, contado a partir da data da audiência. Ciente, ainda, de que, nos termos do artigo 4º, da Lei nº5.478/1968, foram FIXADOS alimentos provisórios. TRANSMITA-SE por correio eletrônico, anotada a urgência, com economia de recursos, conforme a redação do artigo 130 das NSCGJ.O patrono deverá providenciar o comparecimento da autora e de suas testemunhas à audiência, INDEPENDENTEMENTE DE INTIMAÇÃO PESSOAL, pois é dever do advogado a comunicação da data, horário e local ao cliente e às testemunhas, inclusive, comprovando a remessa de carta com aviso de recepção, até 03 (três) dias que antecedem a solenidade, de acordo com o disposto no artigo455, § 1º, do Código de Processo Civil. INTIMESE pela Imprensa Oficial e o Representante do Órgão Ministerial pessoalmente. - ADV: DANIEL RUBENS CRUZ DE OLIVEIRA (OAB 272055/SP)

Por fim, não é demais lembrar que, muito embora, o parágrafo único, do artigo 2º da Lei n.º 11.804/2008, determine que o custeio de tais alimentos sejam às expensas do pai, tal interpretação não deve estar limitada ao sentido literal (ou gramatical); afinal, não pode ser preterida a lei civil que impõe que esta obrigação também se estende a outros obrigados, (art. 1.696 CC), ainda que de maneira subsidiária; e, por via de consequência, é cabível se exigir alimentos gravídicos avoengos.

CONCLUSÃO

A Lei nº 11.804 de 05 de novembro de 2008, chamada Lei de Alimentos Gravídicos (LAG), com cunho social, veio amparar de forma abrangente os direitos do nascituro, atribuindo-lhe o direito de receber alimentos durante seu desenvolvimento no ventre materno, e assegurando que esse direito permaneça mesmo após o seu nascimento. Além de amparar a mulher grávida para que no decorrer da gestação até o nascimento com vida do nascituro, mesmo com frágeis indícios de paternidade, o abrigo gerado por esta norma jurídica se sobrepõe, de modo a optar pela aplicabilidade do princípio da Dignidade da Pessoa Humana e a tutelar o Direito à Vida.

Apesar de já existir a obrigatoriedade dos pais de prestarem alimentos aos filhos, inexistia disposição quanto ao momento em que se iniciava essa prestação. Com a Lei dos Alimentos Gravídicos a questão foi

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resolvida, com a determinação de que os alimentos são devidos desde a concepção do embrião, até a maioridade.

Assim, pode-se dizer que a Lei dos Alimentos Gravídicos surge para solucionar conflitos anteriores ao ano de 2008 e posteriores a ele, tornando-se protetora integral dos direitos astornando-segurados ao nascituro.

Há de se gizar que os alimentos gravídicos não visam apenas solucionar prévias discussões, servem para a aplicabilidade de princípios e garantias como os de isonomia e proteção à vida sejam devidamente cumpridos, conforme previsão Constitucional.

REFERÊNCIAS

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil. 33ª ed. Saraiva, 2016.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. 4-Responsabilidade Civil: 11ª Ed. 2016

BARBOSA, Ruy Pereira. Assistência jurídica. Rio de Janeiro: Forense, 1998. CAHALI, Yussef Said. Organizador. Mini Códigos. Constituição Federal,

Código Civil e Código de Processo Civil. 14ª ed. Revista ampliada e

atualizada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 6ª Edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.

MORAES, Alexandre. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação

Constitucional. 9ª edição: Atlas, 2013.

SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho, 11 edição. São Paulo: LTr, 2016.

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