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Depois do que vi, acho que a Humanidade não deu certo', diz Luciano Huck sobre Haiti

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Academic year: 2021

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Depois do que vi, acho que a

Humanidade não deu certo',

diz Luciano Huck sobre Haiti

Apresentador relata, em artigo, o sofrimento que viu no país mais pobre das Américas.

Ele estava completamente nu. Não tinha mais do que 4 anos. E nu, brincava no meio do esgoto, descalço, na companhia de três ou quatro porcos que faziam o mesmo.

Longe de casa? Não, ele estava a menos de 15 metros da porta. Lá sua mãe cozinhava — não na calçada, porque ali nem havia calçada — mas do lado de fora do casebre, uma sopa na qual nem os porcos pareciam interessados.

O cheiro de tudo aquilo era indescritível, nunca havia inalado nada parecido. Algumas poucas cabras também circulavam por ali. Curiosamente, ratos e urubus não. Como não tinham

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“donos”, os exemplares dessas aves devoradoras de lixo e os roedores da região já foram comidos pela população.

O menino parecia feliz, sorria. Afinal, ele estava em casa e próximo da sua família. Escrevo este texto, distante no máximo 5km de onde aquele menino deve estar dormindo agora. O sono dos justos, em uma casa paupérrima e sem energia elétrica. Nada mais injusto.

Estou sob um mosquiteiro, num confortável alojamento do Brabat 23, o 23º Batalhão do Exército Brasileiro. Onde? Em Porto Príncipe, capital do Haiti.

Vim para ver e tentar entender o que o Brasil está fazendo aqui. E senti orgulho. Confesso que foi a única coisa que me trouxe algum sentimento positivo nesses últimos dias. Mas volto a este assunto mais à frente.

Peço desculpas por talvez carregar um pouco na tinta das próximas linhas, mas estou com o estômago embrulhado. E não é por causa do esgoto, do cheiro, dos porcos, do lixo… nada disso. Depois de tudo o que vi hoje, em Cité Soleil, uma favela com mais de 300 mil habitantes à beira do maravilhoso mar turquesa do Caribe, acho que definitivamente a Humanidade não deu certo. Falhamos.

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Acampamento para desabrigados do terremoto de 2010 no haiti-Foto AFP

Não é justo alguém viver naquelas condições. E não estou nos sertões africanos, onde a miséria toma conta de boa parte do território continental. Bem ao contrário, estou a uma hora de voo da maior e mais rica economia do mundo. Não dá tempo nem de ouvir a narração de uma partida de futebol durante a viagem. Os Estados Unidos estão logo ali na esquina.

Em função do meu trabalho, e do prazer que tenho em ouvir e tentar ajudar a encontrar caminhos, já entrei e vivi experiências riquíssimas em favelas encravadas em todas as regiões do Brasil; Norte, Nordeste, Sul, Sudeste… mas nunca vi nada sequer parecido com o que vi e vivi hoje no Haiti.

Se em 2010, depois do terrível terremoto que matou mais de 200 mil haitianos, você fez alguma doação destinada à reconstrução do país caribenho, muito provavelmente seu dinheiro foi

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roubado. Porque aqui nada foi reconstruído. Começando pela dignidade humana.

O sentimento é de que deveríamos dar um restart no mundo. Começar de novo.

Entender que o mundo mudou. Que a informação que viajava na velocidade de um cavalo há 200 anos hoje trafega de mão em mão, de celular em celular, mais rápido que o pensamento.

Não podemos acreditar que fronteiras geopolíticas justifiquem a miséria absoluta, nem aqui nem logo ali. Que aquele menino cresça naquele ambiente, naquela sujeira, naquela miséria e que não possamos fazer nada por ele. Que mais uma vez a política só cuide de alguns. Ou pra ser mais preciso, do bolso de alguns.

Faltam lideranças com pensamentos de fato modernos, de fato inclusivos, de fato transformadores. Espero que a minha geração possa viver a era da transformação verdadeira, mas neste momento estou descrente, não vejo este caminho nem rascunhado. Nem aqui no Haiti, nem no Brasil, nem nos EUA, nem no mundo. Você acredita que alguém como Donald Trump possa inspirar o mundo nessa direção? Eu não.

Mas como estou indo dormir, preciso arejar os pensamentos com coisas positivas, então volto ao 23º Brabat, o batalhão do Exército brasileiro que participa da Missão de Paz da ONU em território haitiano.

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Como disse, foi a única coisa boa que encontrei por aqui. Senti orgulho da nossa bandeira. Tive orgulho de ser brasileiro. Um grupo de 856 cidadãos, brasileiros e brasileiras, com uma média de idade de cerca de 23 anos, voluntários no meio desse caos. Pessoas que deixaram filhos, mulheres, pais e mães, famílias inteiras, para servir a uma pátria que não é a deles. Entendendo que na verdade não há pátria que não seja o planeta e a Humanidade. Para ajudar. Para tentar trazer luz a este apagão social.

Eu vi, com meus próprios olhos, o carinho que a população escancara na presença dos nossos soldados. Nossos meninos vestidos de soldados frente a frente com aquele menino nu. Todos sorrindo.

Sigo minha missão, empoderando através da TV, aqueles que até então estavam fora dos radares. No caso do Haiti, os soldados brasileiros, que bravamente aplacam o sofrimento local.

Produzimos mais de 12 horas de um riquíssimo material jornalístico, que em breve irá disseminar nos lares brasileiros uma mensagem positiva e de esperança.

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Vou dormir. Espero algum dia acordar em um mundo mais justo. Pode parecer piegas, e é. Mas não é utopia.

*Luciano Huck é apresentador de TV

FONTE: O Globo

Chefe da Minustah vê risco de

violência

Comandante brasileiro das tropas no Haiti alerta que a crise política vai aumentar protestos nas ruas e perigo de confusão. Forças da ONU devem estender permanência no país por mais seis meses

O general brasileiro Ajax Porto Pinheiro é o responsável pela Missão de Paz no Haiti

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Às vésperas da data prevista para a posse do novo presidente, que deveria ter sido eleito em abril, o Haiti está mergulhado em incertezas. Um acordo assinado em 5 de fevereiro previa para 14 de junho a posse do novo mandatário e o fim do governo interno.

Ao adiar a votação de abril, o presidente interino, Jocelerme Privert, deu indicações de que pretende transferir o pleito para outubro, quando o país deve realizar eleições para o Senado. Em entrevista ao Correio, o comandante das tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), o General brasileiro Ajax Porto Pinheiro, ressaltou preocupação com a segurança do país para os próximos dias.

Com o fim do prazo para a posse do novo presidente marcado para o próximo sábado, manifestantes devem voltar a tomar as ruas de Porto Príncipe. Nos últimos meses, Porto Príncipe assistiu ao enfrentamento de ativistas contrários e favoráveis ao antigo governo de Michel Martelly, presidente que deixou o poder em 7 de fevereiro, após o fim do mandato. A oposição acusa o ex-presidente e o Haiti Tet Kale (PHTK) de favorecerem o candidato do partido, o rico exportador de bananas Jovenel Moise, primeiro colocado nas votações de primeiro turno. A instabilidade no país deve adiar o prazo para o fim da missão da ONU a retirada das tropas, que deveriam ocorrer em 15 de outubro. O mandato da Minustah deve ser prolongado, enquanto o impasse político não for resolvido. “O período eleitoral tende a ser violento e as animosidades têm crescido; então, é fácil concluir que não dá pra encerrar a missão”, alerta o general brasileiro. Segundo ele, o prazo para a retirada das tropas deve ser adiado para abril de 2017, caso as eleições sejam realizadas com sucesso em outubro.

O adiamento das eleições de abril provocou uma série de protestos. Como está a situação em Porto Príncipe agora?

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pouco nos últimos dias. A situação é tensa -calma. Quando os protestos diminuem, aumenta a criminalidade, pois parece que o foco das gangues muda e eles cometem mais assaltos e, em consequência, mais assassinatos. As manifestações estão paradas, porque parte dos ativistas que saem para protestar, de um lado e de outro, recebem verbas dos partidos. Atualmente, os partidos não têm muitos recursos para financiar tantas manifestações; então, concentram os esforços para os dias que acreditam que a pressão terá mais efeito. Em maio há algumas datas-chave para o Haiti.

O senhor acredita que a calma tende a continuar até quando?

Os protestos vão voltar a se intensificar neste mês. Estamos esperando confusão porque, em 14 de maio (sábado), se encerra o prazo para a posse do presidente, que deveria ter sido eleito no mês passado. No entanto, o governo interino ainda tem um mês até o encerramento do período de 120 dias do mandato, previsto no acordo de 5 de fevereiro.

A oposição, que até fevereiro era situação, concordaria com a extensão do mandato de Privert?

Hoje temos uma total indefinição. Há várias opiniões. Um grupo quer que o presidente permaneça, outro pede que o primeiro-ministro assuma ou que o cargo seja repassado para o presidente do Tribunal Supremo de Justiça deles. Há várias possibilidades e muitas interpretações da Constituição. Ainda não sabemos, mas nós nos preparamos para o pior. As tropas estão em treinamento para identificar os locais que podem ter problema no futuro. Realizamos operações de patrulha em diferentes locais de forma permanente.

Há poucos dias o senhor teve uma reunião com o presidente Privert. Ele tem planos para convocar novas eleições?

Ele não tocou nesse assunto. Mas é quase consenso, hoje, que as eleições devem ser realizadas em um domingo de outubro. A data faz sentido, até por questões econômicas e logísticas.

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Nós precisamos começar a trabalhar 60 dias antes das votações. Por exemplo, leva tempo para imprimir as cédulas eleitorais, o que é feito em Abu Dabi por questões contratuais, e para o transporte delas até o Haiti. Se iniciássemos hoje esse processo, as eleições ocorreriam em julho. Em outubro, estão previstas votações para renovar um terço do Senado. O custo é muito alto para realizar duas eleições em tão curto espaço de tempo.

As cédulas chegaram a ser impressas para 24 de abril?

Não, como se suspeitava que as eleições não fossem ocorrer, eles esperaram uma certeza para não perder recursos. Teria sido uma correria, caso elas não tivessem sido adiadas. Não consigo imaginar a logística para ser possível. Em meados de janeiro, poucos dias antes da data prevista para as eleições, quando o candidato Jude Célestin anunciou que não participaria do segundo turno sem uma auditoria dos votos, o país estava pronto para votar… Nesse momento, nós perdemos todo o material eleitoral, sim. Em janeiro, foi um grande prejuízo, pois o material estava pronto e distribuído. Cada fase eleitoral custa em torno de US$ 9 milhões ou US$ 10 milhões. Para um país com problemas econômicos, como o Haiti, é algo muito custoso. Parte da verba é custeada pela comunidade internacional, mas cerca de um terço é de responsabilidade do país. O valor inclui a impressão e a distribuição nos 1.508 pontos de votação, feita por uma empresa terceirizada e, em locais mais críticos, por nós da Minustah. Inclui, também, a diária e a alimentação das forças de segurança, que ficam de plantão e coletam o material eleitoral.

Se as eleições forem em outubro, serão no mesmo mês em que acaba o mandato da Minustah?

Em 15 de outubro, acaba o mandato da missão. Não foi oficializado ainda, não está escrito em nenhum lugar, mas se espera que seja prorrogado por algo em torno de seis meses. Penso não ser recomendável a retirada ou a redução das tropas

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no momento em que vai ocorrer uma eleição muito complicada no país. O período eleitoral tende a ser violento, e as animosidades têm aumentado. Isso vai descambar em outubro; então, é fácil concluir que não dá para encerrar a missão. O Conselho de Segurança deve decidir os próximos passos no início de outubro. O que se comenta é que a missão terá uma extensão técnica, mas que o mandato não será renovado. Com isso, haverá um tempo de seis meses para consolidar o processo eleitoral.

O que foi discutido no encontro com Privert?

Participaram da reunião representantes da Minustah, o presidente interino, o premiê (Enex Jean-Charles) e três chefes de ministérios. Nós conversamos sobre a nossa situação no país e a nossa atuação antes, durante e depois do período eleitoral. Eles tinham muitas perguntas, e uma das preocupações do presidente era com a porosidade da fronteira do Haiti, por onde se transportam armas com facilidade. Ele perguntou como poderíamos atuar, mas isso não faz parte da missão da ONU, não está no nosso mandato e nós não temos efetivo para esse tipo de operação. A responsabilidade sobre isso é da Polícia Nacional do Haiti.

Há uma preocupação de que tais armas possam ser usadas em um momento de maior instabilidade?

Por parte de gangues, sim. Mas a polícia do Haiti, nos últimos dois meses, tem feito apreensões de armas quase que diariamente. Em geral, são armamentos menores e munição. Os policiais têm atuado nessa área e contam com a ajuda de denúncias da população e com a fiscalização rotineira nas estradas. Uma missão de avaliação da ONU estava prevista para março.

Ela se concretizou?

Não, eles adiaram porque a eleição de janeiro e a posse do presidente prevista para fevereiro não ocorreram. Decidiram

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esperar por uma definição. A missão não está definida, não se sabe quem virá, nem quando virá. É provável que ocorra em junho ou julho, mas o fato é que eles terão que vir ao país antes da reunião do Conselho de Segurança para terem informações.

O presidente foi a Nova York algumas semanas atrás. O que foi discutido?

Ele foi pressionado para que convoque uma data para a eleição. O mandato dele se encerra em 14 de junho, e é preciso uma definição sobre a parte institucional. A ONU, as embaixadas estrangeiras, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a União Europeia (UE), todos cobram dos políticos haitianos um consenso sobre a realização de eleições. Enquanto isso não ocorre, o país fica nesse impasse, que gera insegurança e indefinições na área econômica. “Estamos esperando confusão porque, em 14 de maio (sábado), se encerra o prazo para a posse do presidente, que deveria ter sido eleito no mês passado”.

FONTE: Correio Braziliense

Canadá se oferece para

substituir Brasil em missão

de paz no Haiti

Dívida brasileira com a ONU sobe a R$ 1,3 bilhão e põe em risco o direito a voto do País na organização

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Por Jamil Chade

Com o Brasil prestes a deixar o comando das forças de paz no Haiti depois de mais de uma década no país caribenho, o Canadá se apresenta para assumir as operações das Nações Unidas. O novo primeiro-ministro, Justin Trudeau, começou em fevereiro a negociar a transferência com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. A meta de Ottawa é a de enviar até 2 mil homens ao Haiti.

Hoje, cerca de 2,3 mil soldados, 2,6 mil policiais e 1,5 mil civis atuam em nome da ONU no país. Até o fim do ano, além da troca no comando das tropas de paz, o Brasil também precisa enviar recursos para quitar parte do que deve à ONU.

O País acumula uma dívida inédita de US$ 380 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) com a organização, o segundo maior déficit de um governo com a instituição. Caso não arque com cerca de US$ 110 milhões, poderá até perder direito a voto.

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reformulação do orçamento das operações de Paz da ONU fez a contribuição do Brasil crescer. A desvalorização do real também influiu no salto do déficit. Até o fechamento desta edição, o Ministério das Relações Exteriores não havia respondido à reportagem sobre a existência de alguma negociação em relação aos depósitos na ONU.

O Ministério da Defesa já havia declarado que, em outubro, entregará o comando das tropas e, desde o início do ano, a cúpula das Nações Unidas passou a negociar com outros países uma transferência.

Parte do esforço brasileiro para assumir as funções de comando em 2004 tinha como objetivo demonstrar à comunidade internacional que o País estava disposto a aumentar sua responsabilidades nos esforços por paz e segurança no mundo, gesto que foi saudado pela ONU.

Além das tropas, o governo fez doações para programas de c o m b a t e à f o m e , f o i e l e i t o p a r a d i r i g i r e n t i d a d e s internacionais e aumentou aportes financeiros para o Alto Comissariado da ONU.

Mais de uma década depois, a situação do governo brasileiro com a ONU é diferente. Planilhas internas das contas da organização revelam que, em apenas oito meses, o buraco nas contribuições do País deu um salto de US$ 95 milhões.

Só no financiamento das diversas operações de paz no mundo, a dívida brasileira é de US$ 148 milhões. Entre os 193 países da ONU, apenas a dívida dos EUA, de US$ 1,1 bilhão, é maior. Isso sem contar com os gastos específicos do governo brasileiro para manter seus soldados no Haiti, que superaram a marca de R$ 2 bilhões. Desse total, o Brasil foi ressarcido em cerca de R$ 1,2 bilhão pela ONU.

Para o orçamento regular das Nações Unidas, a dívida brasileira era de US$ 220 milhões até ontem, superando os US$ 190 milhões do Japão, o segundo maior doador das Nações

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Unidas. Outros US$ 10 milhões faltam nas contas brasileiras para os tribunais internacionais bancados pela entidade.

Os números internos mostram que o déficit não parou de crescer desde o fim de 2014. Naquele momento, ele era de US$ 190 milhões. No dia 4 de agosto de 2015, o buraco já chegava a US$ 285 milhões.

Em agosto do ano passado, o Ministério do Planejamento indicou que pretendia “regularizar o mais rapidamente possível o pagamento do valor devido” e, em reuniões em Nova York, a diplomacia brasileira chegou a indicar aos responsáveis pela contabilidade da ONU que o governo tinha como prioridade quitar as dívidas, como demonstração de seu “compromisso com o multilateralismo”.

FONTE: O Estado de SP FOTO: Ilustrativa

No Haiti, militares do MD e

das Forças conhecem hospital

e visitam QG militar da ONU

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A comitiva de militares do Ministério da Defesa (MD) e das Forças Armadas que está em missão no Haiti visitou nesta quarta-feira (02) um hospital mantido pela Argentina, em apoio à Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah). O hospital opera dentro dos limites do Campo General Jaborandy e é administrado, em sua maioria, por militares da Força Aérea Argentina.

De acordo com o tenente-coronel Otero, diretor logístico do hospital, a unidade atende de 15 a 20 pessoas diariamente. Segundo ele, o foco dos atendimentos é voltado aos militares membros da Minustah, mas também é possível atender a população civil local. “Nós prestamos assistência de nível 2 à ONU e aos organismos estrangeiros em urgências e emergências. Mas também podemos atender civis em casos de catástrofes”, afirmou o diretor, durante apresentação à comitiva do MD.

A unidade de saúde conta com cerca de 10 médicos de diferentes especialidades e 25 enfermeiros, além de outras pessoas, inclusive militares, que prestam apoio administrativo e logístico. Os serviços oferecidos no hospital incluem análises laboratoriais, cirurgias – com capacidade para realização de dois procedimentos cirúrgicos simultaneamente, odontologia, enfermaria, ginecologia e unidade de terapia intensiva (UTI). O coronel explicou que a Minustah classifica em quatro os

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níveis operação de unidades hospitalares, de acordo com os procedimentos médicos realizados: as de nível 1 fazem o atendimento médico básico, como nos casos de pacientes com febre ou distensões musculares; o nível 2, como é o caso do hospital argentino, realiza cirurgias e possui UTI; o nível 3 conta com procedimentos mais complexos, realizando tomografias e diagnóstico/tratamento através de hemodinâmica; enquanto o nível 4 realiza transplantes e amputações.”No Haiti, conseguimos atender até o nível 2. No 3º, o paciente é transportado, por via aérea, até a República Dominicana – país que divide a outra metade da Ilha de Hispaniola com o Haiti – e no 4, o transporte tem que ser feito até Miami, nos Estados Unidos”, explica.

De 2011 a 2015, o hospital fez 179.594 atendimentos médicos, sendo 70% deles em apoio a membros da Minustah e 30% à população local.

QG militar da ONU

Desde 1º de junho de 2004, com a criação da Minustah, a ONU auxilia o governo do Haiti no processo de restauração do ambiente de paz no país. A missão é comandada pelo representante do secretário-geral da ONU para o Haiti, posto ocupado atualmente pela diplomata Sandra Honoré, de Trinidad e Tobago. Essa estrutura possui três elementos subordinados: o

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p r i m e i r o v i c e - r e p r e s e n t a n t e , q u e l i d e r a a s á r e a s administrativa, policial e de segurança; o segundo vice-representante, responsável pela coordenação com outras entidades dentro e fora do sistema ONU; e o Force Commander, que lidera a parcela militar da missão.

Diversos oficiais-generais brasileiros já foram designados para o comando do componente militar na missão, como os generais Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Urano Teixeira da Mata Bacelar e José Luiz Jaborandy Junior. Hoje, o ocupante do cargo é o general-de-divisão Ajax Porto Pinheiro, que recebeu a comitiva do MD nas instalações do Quartel-General do Force Commander, na capital haitiana. Dentro da unidade operam seções como inteligência, logística, planejamento e relações com a mídia, por exemplo. A UNPol (sigla em inglês da Polícia da ONU) também utiliza parte dessas instalações.

Homenagem

Também nesta quarta, foi realizada, no Brabat, a formatura de homenagem aos militares mortos por consequência do terremoto que assolou o Haiti em janeiro de 2010, resultando na morte de 21 brasileiros, sendo 18 deles militares.

No então QG da Minustah, no Hotel Villa Privê, foram cinco os mortos: os coronéis João Souza Zanin, Emílio dos Santos e Marcus Cysneiros; e os majores Francisco Adolfo e Marcio Guimarães.

Na Casa Azul (prédio que abrigava um grupo de combate do Exército), faleceram o tenente Bruno Ribeiro Mario; os sargentos Davi Ramos de Lima, Leonardo de Castro e Rodrigo de Souza Lima; os cabos Douglas Pedrotti Neckel e Washington de Souza; e os soldados Antonio José Anacleto, Tiago Anaya Detimermani, Rodrigo Augusto da Silva e Felipe Gonçalves Julio.

No Forte Nacional, morreram o tenente Raniel de Camargos, o cabo Ari Dirceu Junior e o soldado Kleber da Silva Santos.

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A área de entrada do Brabat, em Porto Príncipe, conta com um monumento dedicado a esses militares, com as inscrições “Aqui vieram/ Aqui deixaram suas vidas/ Aqui vivem seus ideiais”. O monumento também marca a data em que ocorreu o terremoto: 12 de janeiro de 2010.

FONTE e FOTOS: MD

Operação Brooklyn – Boston

desencadeada no Haiti

Porto Príncipe (Haiti) – No dia 19 de fevereiro, o 23º Contingente do Batalhão Brasileiro de Força de Paz (BRABAT 23), que atua na Missão das Nações Unidas para a Estabilização

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no Haiti (MINUSTAH), desencadeou a Operação Brooklyn – Boston na região de Cité Soleil.

Com o emprego de um efetivo de cerca de 220 militares brasileiros, reforçados por integrantes da Polícia das Nações Unidas (UNPOL) e por componentes da Polícia Nacional Haitiana (PNH), a atividade teve por objetivo manter os índices de criminalidade baixos na área de responsabilidade do Batalhão.

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Durante a operação, as Companhias, peças de manobra da Unidade, intensificaram o patrulhamento em todas as ruas das localidades em questão, demonstrando a presença da tropa brasileira e transmitindo sensação de segurança à população local.

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Além dos avançados materiais de emprego militar utilizados no cumprimento de missões de manutenção da paz, foram empregadas três Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), a fim de contribuir com a proteção da tropa durante a operação. FONTE: EB

Fotos: BRABAT 23

BRABAT emprega visão noturna

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Pilotada no Haiti

No dia 12 de fevereiro, o 23º Contingente do Batalhão Brasileiro de Força de Paz (BRABAT 23) realizou o voo com aeronave remotamente pilotada com sistema de câmera termal na Região de Cité Soleil. O sistema de visão noturna instalado em aeronaves remotamente pilotadas (ARP), também conhecidas como drones, aumentará a segurança dos integrantes das patrulhas. Para operar equipamentos tão sensíveis e complexos, foram treinados militares do Batalhão, principalmente para as funções de piloto externo e de operador de equipamento. As ARP existentes no BRABAT são empregadas para treinamento de piloto, obtenção de imagens para uso da inteligência e em operações, tanto para a proteção da tropa em terreno, quanto para fins administrativos.

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Além da visão termal, a ARP possui características importantes para o emprego em operações militares, que são o alcance de utilização de 5 km, capacidade de transporte de 1,5 kg, autonomia para 40 minutos de voo, com sistema de bateria dupla, e velocidade máxima de 61 km/h.

Ao término da experimentação, as observações realizadas servirão de base para a confecção de um relatório sobre o emprego desse tipo de aeronave em operações de manutenção da paz.

Referências

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