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A LEITURA, ESCRITA E JOGOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA: o relato de uma experiência na escola pública

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A LEITURA, ESCRITA E JOGOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA:

o relato de uma experiência na escola pública

Luciana Lopes Xavier1

Odenise Maria Bezerra2

Resumo

O presente trabalho busca relatar uma experiência vivenciada no Estágio Supervisionado do Curso de Pedagogia realizado em uma turma do 1º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública em Natal/RN. O trabalho traz descrições das ações realizadas na escola, através de reflexões sobre a metodologia e prática utilizadas em sala de aula e uma reflexão pautada na literatura da área da Educação Matemática, usando como aporte teórico alguns autores e documentos oficiais. Tendo como objetivo principal tecer reflexões sobre a importância dos processos de leitura e escrita na aprendizagem dos conteúdos de matemática, ressaltando o uso dos jogos como uma estratégia lúdica. Esperamos com este relato reforçar a importância dos processos de leitura e escrita estarem sempre presente no cotidiano da sala de aula e evidenciar a necessária aproximação que a escola deve fazer da matemática com o cotidiano, como também destacar a importância dessas vivências que relacionem teoria e prática na formação de professores.

Palavras-chave: Leitura; Escrita; Educação Matemática. 1 INTRODUÇÃO

Sabemos que os estágios oportunizam aos alunos a articulação dos saberes teóricos e práticos do seu curso. Esse relato de experiência traz a descrição de algumas dessas experiências vividas no Estágio Supervisionado do Curso de Pedagogia.

A vivência na escola possibilitou planejarmos uma práxis pedagógica que considera o contexto sócio histórico dos alunos e dá significado as nossas aprendizagens como futuros docentes. No delineamento dessa prática, foi necessário realizar algumas reflexões teóricas acerca de aspectos relacionados ao processo de leitura, escrita, alfabetização, letramento, uso dos jogos em sala de aula, além das especificidades da

1 UFRN; llxavier12@gmail.com 2 UFRN; odenisebezerra@gmail.com

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aprendizagem da matemática para embasar teoricamente as aulas ministradas na docência assistida.

O Relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2013), intitulado Toward Universal Learning: recommendationsfromthelearningmetricstask force –, cita que 250 milhões de crianças

em idade escolar em todo o mundo não possuem a capacidade de ler, escrever e contar. Os sistemas de avaliação nacionais e internacionais têm mostrado que no Brasil a aprendizagem da leitura, da escrita e da aprendizagem matemática ainda são muito deficientes e esses resultados podem ser atestados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), por meio da Provinha Brasil e da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), dentre outros (NORONHA; BARBOSA, 2014).

Sobre alfabetização e letramento é importante destacar alguns conceitos. Para Soares (2004, p. 11) a alfabetização é “o processo de aquisição do sistema convencional de uma escrita alfabética e ortográfica”. O letramento é o estado ou a condição de quem se envolve nas numerosas e variadas práticas sociais de leitura e escrita (SOARES, 2002). A referida autora evidencia que é preciso que tenhamos o entendimento que o processo de alfabetização e letramento devem ser indissociáveis, pois a entrada da criança (ou do adulto analfabeto) nesse mundo da escrita acontece de forma simultânea seja pela aquisição do sistema convencional de escrita, seja pelo desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita nas práticas sociais (SOARES, 2004).

Além dessa base teórica da alfabetização na perspectiva do letramento, pautamos nossa proposta de utilizar jogos em consonância com as ideias defendidas no documento do “Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC): Jogos na Alfabetização Matemática” que menciona o uso de jogos e brincadeiras na escola, com fins educativos, desde meados do século XIX e que nos dias atuais muitos

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pesquisadores vêm defendendo as potencialidades dessa utilização no ensino de forma geral e em particular na Educação Matemática (BRASIL, 2014). Smole, Diniz e Cândido (2007) afirmam que trabalhar com jogos, desde que bem planejados e orientados, possibilita situações de prazer e aprendizagem significativa, além de ser um recurso que permite a observação, a análise, o levantamento de hipóteses, a argumentação, a tomada de decisão, desenvolvimento da linguagem e dos processos de raciocínio, a interação entre os alunos e o aprender a ser crítico e também confiante. É evidente que, na maioria das vezes, a atuação em sala de aula depende muito dos saberes do professor, de sua prática pedagógica, do envolvimento do aluno em seu processo de ensino aprendizagem, da forma que o professor concebe a educação, e também da maneira que o mesmo irá, ou não, fazer com que os alunos se interessem pelo ensino.

O objetivo geral desse relato de experiência é refletir sobre a importância dos processos de leitura e escrita na aprendizagem dos conteúdos de matemática, evidenciando a utilização dos jogos como uma estratégia lúdica na prática pedagógica. 2 CONTEXTUALIZANDO A EXPERIÊNCIA VIVENCIADA: REFLEXÕES DE UMA PROFESSORA EM FORMAÇÃO

A experiência foi realizada com alunos do 1º ano do Ensino Fundamental I - Anos Iniciais, no turno vespertino, na Escola Estadual Vale do Pitimbú, localizada em Natal/RN, durante o primeiro semestre de 2015. A turma era composta por 20 alunos com idades variando entre 6 e 11 anos, onde a maioria se encontrava nos níveis pré-silábico e pré-silábico e somente dois (2) no nível pré-silábico-alfabético.

Com as primeiras idas à escola para as observações, delineamos qual seria a estratégia pedagógica adotada, visto que existiam diferenças significativas de idades entre os alunos e variados níveis de escrita, segundo a psicogênese da língua escrita. Buscamos criar estratégias de aproximação com a turma usando a ludicidade e os jogos

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matemáticos para tentar construir um processo de ensino e aprendizagem que propiciasse momentos em que os alunos “aprendessem brincando”. As aulas previstas para o período de regência foram planejadas em comum acordo com a professora da turma. Ao todo foram realizadas dez (10) momentos de regências, sendo uma delas dedicada à observação participativa. Para esse trabalho fizemos um recorte de algumas das principais estratégias pedagógicas utilizadas nas regências que apresentavam o objetivo de reunir atividades de leitura, escrita e jogos para aprendizagem da matemática. Todos os dias tiveram momentos de acolhida das crianças no pátio da escola, rodas de conversa (músicas, rotina, ajudante do dia, dia da semana, dentre outros), lanche, intervalo e correção e/ou orientação das atividades para casa. Muitas das práticas tinham por objetivo tornar o processo de alfabetização e letramento presente na sala de aula e evidenciar a importância da língua escrita na nossa sociedade. Por exemplo, na atividade de Artes pudemos possibilitar aos alunos a compreensão da orientação e o alinhamento da escrita da língua portuguesa e da categorização gráfica e funcional das letras. Nesse dia eles puderam produzir seus cartões, com acrósticos, fosse escrevendo sozinho, fosse a professora sendo sua escriba.

Em uma das regências os conteúdos trabalhados foram os números naturais e as operações fundamentais. A intenção com essa aula foi atender a demanda atual de explorar os conteúdos de matemática integrados com outras áreas do conhecimento, com intuito de contribuir para a formação integral do aluno na construção de sua cidadania. Para isso, escolhemos um jogo de tabuleiro, denominado “Jogo da Trilha”, presente no livro didático utilizado pelos alunos em sala de aula. O Jogo aborda temas sobre ética, cuidado e proteção com os animais, educação no trânsito, cuidados com o meio ambiente, alimentação saudável, inclusão de crianças com deficientes, entre outros. Buscamos com essa proposta que os alunos pudessem compreender o significado inicial das operações fundamentais de adição e subtração; compreender a sequência numérica; desenvolver atitudes de interação, de colaboração e troca de

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experiências em grupos; vivenciar experiências de ganhar, perder e colaborar. Durante o jogo a estagiária realizava a leitura das mensagens do tabuleiro despertando nos alunos o gosto pela leitura. Ainda com a intenção de solidificar o processo de alfabetização e letramento na sala de aula realizamos uma atividade que possibilitasse aos alunos reconhecer unidades fonológicas como sílabas, início e terminações de palavras; identificar as letras e ainda aproveitar para desenvolverem habilidades de escrita e contagem de pontos. Fizemos uma atividade denominada de “Jogo das Palavras”. Nessa atividade, a turma foi dividida em 3 grupos, cada um dos alunos escreveu seu nome no quadro. Disponibilizamos várias targetas com palavras que os próprios alunos já tinham visualizado nos livros didáticos e em outras tarefas de sala de aula. Era pedido, por exemplo, uma palavra que iniciasse com a letra G, uma palavra que iniciasse com a letra J ou uma palavra que rimasse com PANELA. Quem encontrasse primeiro marcava ponto para sua equipe e os resultados eram anotados no quadro. Em alguns momentos era necessário dar uma pausa para mostrar o exemplo das palavras GALO e GATO, para que os alunos apresentassem a letra diferente (FIGURA 1, 2 e 3).

FIGURA 1 – Tarjetas FIGURA 2 – Anotação do nome dos componentes.

FIGURA 3 – Contagem dos pontos feito por uma aluna. A estagiária foi

a escriba do número.

Dessa forma íamos sistematizando a leitura de palavras e possibilitando a escrita do nome dos mesmos já que ainda não conseguiam escrever outros vocábulos, realizando o reconhecimento das unidades fonológicas como sílabas, início e terminações de palavras, etc., identificando as letras e reconhecendo o alfabeto (vogais e

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consoantes). Ao término do jogo, fomos ver qual equipe obteve a maior pontuação, escrevendo o numeral correspondente ao número de pontos obtidos e assim, era declarado o vencedor.

No último dia de regência aplicamos o jogo, intitulado “Desafio Matemático – Figuras Geométricas, Contagem e Tangram”, cujo objetivo é oportunizar aos alunos reviver/ressignificar as aprendizagens obtidas em sala de aula de forma lúdica, retomando pontos como identificar as figuras geométricas e aproximar os alunos dos conceitos de adição e subtração; compor outras figuras com as peças do jogo, ter noções de cumprimento de regras, colaboração, interação e postura que contribuíssem para a aprendizagem de âmbito atitudinal. Fizemos uma primeira rodada explicando que o desafio teria três etapas, ou seja, um circuito com atividades a serem cumpridas e que o tempo seria cronometrado. Os alunos foram divididos em duas equipes. Individualmente iriam cumprir as etapas de cada um dos três desafios. O primeiro desafio tinha como objetivo identificar as figuras geométricas, pois precisavam dizer qual era o nome da figura que estava no seu envelope e buscar uma figura igual dentro de uma sacola com várias figuras geométricas; no segundo desafio, o objetivo era identificar quantas bolinhas faltavam para completar a cartela e pegar a quantidade de peças suficientes para completar essa cartela e o terceiro desafio montar os desenhos que estavam no envelope com as peças do Tangram. Observamos nessa atividade muitos aspectos associados a motivação, interação, respeito, vínculos afetivos entre todos os envolvidos. Mais uma vez foi trabalhado com os alunos a escrita do nome dos componentes no quadro.

A finalidade dos momentos de interação em sala de aula foi atender a demanda atual de explorar os conteúdos de matemática integrados com outras áreas de conhecimento. Buscamos ainda atender o que defende Nacarato, Passos e Grando (2014, p. 6) quando mencionam que

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bem como da linguagem matemática, com ampla exposição dos alunos aos materiais impressos que nos envolvem cotidianamente e possibilitam explicitar a função social da escrita. Veremos a importância da presença nesse espaço de materiais que remetam também para a função social da Matemática, como: gráficos, tabelas, informações numéricas diversas, etc.

Um aspecto muito importante na prática pedagógica é pensar como envolver os alunos no seu aprendizado, ou seja, como torná-los participantes ativos desse processo para que assim os alunos desejem o aprendizado, estejam motivados e interessados em aprender e potencializar a apreensão das competências e habilidades.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos da importância da inserção de atividades de leitura, escrita e uso de jogos como estratégia na aprendizagem da Matemática, por isso acreditamos numa abordagem metodológica criativa, contagiante e desafiadora, pois ao utilizá-la como atividade que favoreça o processo de ensino-aprendizagem, o professor estará comprometido em tentar melhorar a sua prática de ensino, estimulando a construção do conhecimento tornando a aprendizagem muito mais envolvente e significativa para seus alunos. Assim, o professor deve considerar as possibilidades de utilização de estratégias pedagógicas variadas para que o aluno apreenda os objetivos conceituais, procedimentais e atitudinais esperados, seja para Matemática como para Língua Portuguesa, contemplando nas atividades aspectos da ludicidade, da socialização e da interdisciplinaridade, tão importantes na formação da criança.

A realização dessa experiência proporcionou a reflexão de que o professor, bem fundamentado teoricamente e com conhecimento prévio sobre sua turma, pode planejar as suas aulas com práticas pedagógicas diferenciadas e com materiais acessíveis para os alunos. No entanto, é preciso dedicação e prazer na condução desses recursos, pois o professor tem uma função fundamental no processo de realização das atividades propostas em sala de aula.

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É importante um novo olhar para o processo de ensino e aprendizagem da matemática que devam contemplar para o aluno a oportunidade de aprender e ampliar seus conhecimentos, buscando metodologias envolventes e não apenas exercícios mecânicos. Assim, reforçamos a importância dos processos de leitura e escrita estarem sempre presente no cotidiano da sala de aula, e acima de tudo, dos educadores, perceberem a responsabilidade de oferecer educação de qualidade aos nossos alunos, independente dos fatores negativos que venham a existir nas escolas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: jogos na Alfabetização Matemática. Brasília: MEC, SEB, 2014.

NACARATO, Adair Mendes; PASSOS, Cármen Lúcia Brancaglion; GRANDO, Regina Célia. Organização do trabalho pedagógico para a alfabetização matemática. In: BRASIL. Ministério da Educação.Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: organização do trabalho pedagógico. Brasília: MEC, SEB, 2014. p. 6-27.

NORONHA, Claudianny Amorim; BARBOSA, Tatyana Mabel Nobre. Das políticas de leitura, do ensino da matemática: encontro (im)possível? In: _______ (org.). Ensino e aprendizagem da matemática: educação básica e formação. Natal: EDUFRN, 2014.p. 91-112 (Coleção CONTAR – Linguagens e Educação Básica).

SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez; CÂNDIDO, Patrícia. Jogos de matemática de 1º a 5º ano [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Artmed, 2007.

SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, n. 25, p. 5-17, jan/abr., 2004. Disponível em:<http://

http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf>. Acesso em: 03 dez. 2015. ________. Letramento em texto didático. O que é letramento e alfabetização. In: SOARES, Magda. Letramento um tema em três gêneros. 2. ed., 5. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

Referências

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