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* * * * Keela. a Slater Brothers novella

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Academic year: 2021

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* * * *

Keela

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Nanny,

Eu sinto sua falta. Eu sinto sua falta terrivelmente. Você nos deixou há 14 dias, e eu ainda não consigo aceitar que você não está mais aqui. Eu ainda estou esperando minha mãe ligar e falar para ficar pronta porque nós vamos ao hospital para vê-la. De certa forma eu gosto de pensar que você está no hospital, porque isso significaria que ainda está aqui, embora no fundo eu saiba que você foi para um lugar melhor. Por mais que eu esteja triste por você não estar mais aqui, eu estou muito feliz por você estar sem dor e em paz. Estou tão incrivelmente feliz por você estar em paz. Deus sabe que eu estou. Você está no céu com o Vô, Jason, tia Kay e Tanya. Deus não deve estar sabendo o que fazer com vocês todos aí juntos. Eu só posso imaginar o tanto de travessura que vocês aprontarão! Rindo alto.

Eu assisto os vídeos que fiz de você no hospital todos os dias só para te ver e ouvir a sua voz. Eu choro de rir com eles, você nos fez chorar de rir aquela noite, com as coisas que disse. Estou tão feliz por ter gravado, de outro modo, eu esqueceria a metade das coisas que você disse. Faz-me sentir melhor assistir esses vídeos, recordar os bons tempos. Para ser honesta, eu pensei que ficaria bem quando você morresse. Eu tinha tanta certeza que ficaria feliz por você, finalmente, descansar e, eu estou, mas não estou, ao mesmo tempo. Eu só sinto sua falta. Eu não posso nem conversar com alguém sobre isso, porque eu não

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quero aborrecê-los, porque eles a amam e sentem sua falta tanto quanto eu. É tudo um processo, eu sei disso. Vai levar tempo para acostumar com a sua ida. É uma merda.

Eu sei que você está comigo no entanto. Você é a minha torcedora número um quando se trata da minha escrita. Você contava para todo mundo sobre os meus livros, e não se importava se estavam interessados ou não, você ainda contava tudo sobre a minha carreira até agora e sobre todos os autógrafos e os lugares que já estive, e lugares que eu ia. Você tem orgulho de mim, me disse isso e foi, sinceramente, a melhor coisa que você poderia ter me dito. Eu estou vivendo agora por que você me disse, você me disse para correr atrás, e eu estou. Eu prometo que vou aproveitar todas as oportunidades apresentadas e agarrá-las com as duas mãos.

É um prazer absoluto te chamar de minha avó. Eu não acho que há avós melhores do que você. Você é única, e eu só quero que você saiba que é profundamente amada e eu nunca vou te esquecer. Jamais. Você sabe que eu dediquei Frozen para você, você o amava, mas parece certo dedicar Keela para você também, mesmo que você enlouqueceria se lesse o que está nas páginas de um livro dos Slater Brothers. Rindo Alto.

Eu vou te amar para sempre.

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— K

eela... Ajude-me.

Estava deitada, abri os olhos e sentei ereta. Eu não estava no meu quarto, ou até mesmo no meu apartamento. Eu estava em algum lugar que já estive antes, mas eu não conseguia identificar qual. Era uma coleção de corredores com uma série de portas fechadas.

O medo tomou conta de mim e eu comecei a respirar com dificuldade, conforme levantava.

— Keela?

A voz estava no meu ouvido pedindo ajuda, me implorando a cada respiração fraca. Ela fez meu coração acelerar. Girei em um círculo para ver quem precisava de mim, mas não encontrei nenhuma fonte para a voz.

— Onde está você? — eu gritei.

Eu ouvi um homem gritar, e isso me assustou. Eu conhecia aquele grito, mas eu não conseguia pensar a quem pertencia. Minha mente era uma nuvem de confusão.

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Comecei a correr pelos corredores escuros. Virei à esquerda e depois à direita, em seguida, à esquerda novamente, enquanto corria pelos corredores em busca da pessoa chamando por mim. Cada corredor era idêntico ao próximo, e eu não sabia se tinha ido por um rumo errado e de alguma forma eu voltava para onde eu estava quando eu abri meus olhos. Tudo era assustadoramente semelhante para mim. Eu sabia que eu tinha andado por estes corredores antes, mas não conseguia me lembrar de quando ou porquê.

Eu gritei quando as paredes do corredor de cor creme, que me cercavam, começaram a mudar de cor. Inclinei a cabeça para o lado e vi quando rastros de sangue apareceram nas paredes em forma de impressões de mãos humanas. Parecia que alguém tinha colocado sua mão sangrenta na parede e, sem pressa, andado pelo corredor, espalhando o líquido vermelho escuro ao longo do caminho.

Eu gritei de susto e comecei a correr novamente. — Keela? — a voz de antes chamou.

Ela vinha de todas as direções, como se fosse um efeito sonoro no corredor.

— Quem é você? — eu gritei em desespero. — Onde você está? De repente, tudo ficou um silêncio mortal.

O único som que eu conseguia distinguir era da minha própria respiração apressada.

Eu parei de me mover e ouvi.

Depois de alguns momentos de silêncio absoluto, ouvi um estalido de uma tranca. O som enviou vibrações através do chão debaixo dos meus pés, e por um momento eu pensei que fosse cair com a força dele. As vibrações pararam tão rapidamente quanto começaram, e eu consegui recuperar o meu equilíbrio. O rangido e gemido de uma porta sendo aberta encheram meus ouvidos segundos depois e eu virei para ver quem ou o que estava por trás

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dela. Eu pisquei meus olhos quando a porta no final do corredor se abriu amplamente, mas tudo que eu pude ver no interior era escuridão.

— Q-quem está aí? — eu gritei, minha voz agitada.

Eu ouvi um gemido masculino, em seguida, um som de clique metálico, um que era familiar para mim. Era o som do gatilho de uma arma sendo puxado para trás.

Eu engoli a bile que ameaçava subir pela minha garganta naquele momento.

— Keela? — uma voz feminina familiar sussurrou atrás de mim. — Você tem que ajudar o Alec.

Alec?

Virei, mas, como antes, não havia ninguém lá. — Alec? — eu gritei.

— Keela! — a voz dele gritou.

Senti-me entrar em pânico quando reconheci que era a voz de Alec que eu tinha ouvido antes. Sua voz era aquela cheia de dor e medo que estava me gritando por ajuda minutos antes.

— Onde está você? — eu gritei.

— Lá dentro, você tem que ajudá-lo. — a voz feminina sussurrou em meu ouvido quando me virei para a porta que levava para a escuridão. Sem pensar, comecei a correr para o quarto escuro, mas não importava o quão rápido eu corria, o quarto nunca se aproximava de mim.

Eu gritei e pulei para trás de susto quando uma figura sombria apareceu na minha frente. Eu caí de costas e gritei em terror quando a figura disparou para frente e ficou na minha cara.

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Eu só conseguia ver os olhos prateados brilhantes, nenhum rosto ou características.

— Alec morrerá, a menos que você a detenha. — a figura diante de mim sussurrou.

— Deter quem? — eu gritei.

A figura sumiu e mais uma vez eu tive uma visão da sala escura, só que não estava mais escura. Estava iluminada, e Alec estava no meio da sala de joelhos estendendo a mão para mim, mas sua cabeça estava abaixada. Eu pisquei e quando foquei meu olhar a figura sombria reapareceu, mas agora estava de pé atrás de Alec.

— Impeça-a, Keela! — a voz feminina gritava para mim de todas as direções. — Lute para salvá-lo!

Engoli em seco quando a figura levantou o braço e apontou o objeto em sua mão na cabeça curvada de Alec. Eu pisquei meus olhos para ver o que era, e quando o barril de prata de uma arma chamou minha atenção eu levantei. Gritei para Alec ter cuidado enquanto eu corria na direção dele. Desta vez, quando eu corri para o quarto, ele se aproximou, mas mesmo a minha corrida mais veloz, ainda não era rápida o suficiente.

— Alec! — eu gritei quando um barulho alto atravessou o corredor e tocou meus ouvidos.

A arma disparou e o corpo de Alec caiu mole no chão, ao mesmo tempo a porta da sala fechou com uma batida. Cheguei à porta, um segundo depois e me choquei contra ela. Eu não senti nenhuma dor física quando bati na porta e caí de costas no chão. Eu não conseguia sentir nada, além da dor no meu peito, e as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Eu fiquei em pé novamente e tentei abrir a porta, mas a maçaneta não virava. Bati na porta com ambas as mãos e chutei-a com os meus pés, mas sem sucesso. Ela estava bem trancada.

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Eu me virei e engasguei.

Nico, Ryder, Damien e Kane estavam parados diante de mim. — Vocês têm que ajudar...

— Por que você não salvou o nosso irmão, Keela? — Damien me interrompeu.

Eu pisquei. — Eu tentei...

— Você deixou Alec morrer. Você deixou nosso irmão morrer. — Nico me cortou, enquanto me encarava.

Comecei a ofegar conforme dava um pequeno passo para trás, no entanto bati na porta que eu impiedosamente tentei abrir apenas alguns segundos antes.

— Eu corri. Tentei...

— Você o deixou morrer, porque você não o quer, você não quer a vida dele. — Ryder me interrompeu.

Sua voz era um rosnado.

— Não! — comecei a choramingar. — Eu amo Alec, eu o quero. Por favor, ajude-me a ajudá-lo.

Kane estalou a língua para mim. — Ele amava você, Keela. Ele queria casar com você, e você o deixou morrer. Por quê?

Fechei os olhos.

— Por que você não quis o nosso irmão? — Por que você não o salvou?

— Por que você não o ama? — Por que, Keela?

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Eu coloquei minhas mãos sobre os ouvidos e gritei para bloquear as vozes dos irmãos Slater, mas eu ouvia cada um deles claramente na minha cabeça.

Por quê? Por quê? Por quê? Por quê?

Abri os olhos e gritei ainda mais alto quando os quatro irmãos correram para mim com os braços estendidos. Eu caí de joelhos e inclinei a cabeça e esperei a dor do ataque deles surgir, mas nunca aconteceu. Hesitante, olhei para cima e gritei quando os corredores caíram junto com os irmãos. Tudo tinha sido substituído por uma grande sala com uma plataforma circular enorme no centro. Dois homens sem rosto estavam lutando em cima dele e uma multidão cercava a plataforma gritando e torcendo por eles.

Eu fiquei em pé enquanto olhava ao redor da sala e absorvia tudo. A plataforma, as pessoas, a pista de dança, os estandes, o bar... eu sabia onde eu estava... eu estava na Darkness.

— Keela? Venha aqui, querida.

Eu me virei e olhei para o meu tio Brandon. — Por que...? Como...?

— Shhh. — meu tio Brandon murmurou enquanto se aproximou de mim. — Tudo ficará bem. Eu vou fazer tudo melhorar.

Eu virei para ele e o abracei, mas afastei quando as mãos dele pressionaram as minhas costas e a sensação de umidade me atingiu. Eu dei um passo para longe do meu tio sorridente e coloquei minhas mãos nas minhas costas. Eu coloquei minhas mãos na minha frente e olhei para elas.

Elas estavam manchadas com um líquido vermelho espesso.

Eu choraminguei quando o cheiro metálico de sangue encheu meu nariz. Eu olhei de volta para o meu tio, mas gritei e cambaleei para trás quando a pessoa na minha frente não era meu tio. Era o fantasma de um diabo do meu passado.

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Marco Miles sorriu para mim maldosamente e olhou para as suas mãos. Suas mãos cobertas de sangue.

Ele estalou a língua e ergueu os olhos para encontrar os meus. — Bem... isso não é interessante?

Eu tentei me afastar dele, mas várias mãos seguraram o meu corpo e me forçaram até os joelhos. Eu olhei para cima, então à minha esquerda e à direita e lamentei.

Nico e Damien me seguravam à direita e Ryder e Kane à esquerda. — Agora. — Nico rosnou. — Faça-a pagar por ferir Alec.

— Eu não quis machucá-lo! Não fui eu! — eu gritei. — Foi a sombra! O clique familiar de uma arma sendo engatilhada infiltrou a minha mente.

Eu senti o choque de um objeto de metal frio sendo pressionado contra a minha testa. Eu fiquei ofegante com soluços quando levantei minha cabeça e encarei o cano de um revólver. Eu gritei em terror quando o culpado segurando a arma não era Marco, mas a figura sombria.

— Você! — eu berrei, conforme lágrimas escorriam pelo meu rosto. — Por que você está fazendo isso?

A figura sombria solidificou e tornou-se uma pessoa. A pessoa estava vestida com uma longa capa preta com um grande capuz cobrindo seu rosto.

— Responda-me. — eu gritei e lutei contra a pressão dos irmãos em mim. A sombra levantou a mão livre e puxou o capuz para trás.

Eu congelei enquanto olhava para o meu próprio reflexo. Era eu.

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— Você não o merece. — a minha versão sombra disse e puxou o gatilho. Acordei com um sobressalto, ofegante e coberta de suor. Eu precisava sentar para que pudesse respirar, mas não conseguia.

Eu estava sendo esmagada.

Esmagada até a morte por um macho musculoso de cem quilos. Não era Storm também.

O meu noivo, o urso que estava me esmagando totalmente, facilmente tinha setenta por cento do seu grande corpo espalhado por mim, prendendo-me ao meu colchão. Eu estava acostumada com isso - Alec raramente me soltava quando dormíamos, mas às vezes quando eu precisava muito fazer xixi, era horrível.

Agora era um desses momentos.

Eu não queria acordar Alec porque ele precisava de suas oito horas de sono, caso contrário, ele voltava a ser uma criança mal-humorada. Eu também não queria que ele me visse no meu estado atual.

Eu sempre ficava um desastre depois de ter um pesadelo.

Tentei pressionar as minhas costas no colchão para criar uma reentrância e algum espaço para que isso me fizesse deslizar para fora da cama mais fácil. Quando me mexi, porém, o braço de Alec apenas apertou mais ao redor do meu corpo.

Ah, pelo amor de Deus. Eu tinha que me levantar. — Alec. — eu resmunguei. Nada.

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Nem um maldito pio. — ALEC!

Alec acordou sobressaltado, saltou de pé e levou meu edredom com ele em seu pânico. Agora que eu estava livre do seu peso esmagador eu rapidamente rolei para a minha esquerda e levantei da cama para o chão. Eu girei meu pescoço e estendi os braços e as pernas para fora.

Assim estava melhor, muito melhor.

— Você está bem? O que há de errado? — Alec perguntou conforme se arrastava sobre a cama, na minha direção, em pânico absoluto.

Ele ajoelhou no nosso colchão e colocou as mãos sobre meus ombros. Estava escuro no quarto, mas a luz do corredor brilhava e me ajudava a ver o belo rosto de Alec. Eu observei quando seus olhos piscaram e verificaram o meu rosto em meio à escuridão. Ele me empurrou no comprimento dos braços e olhou para o meu corpo, os olhos examinando cada centímetro meu. Ele me soltou depois de um momento e sentou sobre os calcanhares com uma carranca em seu rosto cansado.

— Você parece bem. — ele murmurou.

Eu não pude deixar de sorrir. — Eu estou bem. Essa era a coisa mais distante da verdade.

Alec olhou para mim por um longo momento antes de resmungar: — Por que você gritou meu nome, então?

Porque você estava me esmagando até a morte.

Eu dei de ombros. — Eu precisava usar o banheiro e você estava me prendendo na cama, então eu te chamei para te acordar. — menti.

Alec brincou: — Você não apenas 'Chamou meu nome', você gritou como se estivesse sendo assassinada.

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Uma imagem da arma disparando no meu pesadelo me ocorreu, mas eu me livrei dela.

— Eu teria berrado ou pelo menos dado um grito estridente de mulher branquela se eu estivesse sendo assassinada. Eu não teria gritado de jeito nenhum, se eu soubesse que você ficaria tão chateado.

Alec parecia exausto enquanto esfregava a mão sobre o rosto lindo. — Por que uma mulher branquela?

Dei de ombros, novamente. — São geralmente as brancas que gritam mais alto quando são assassinadas nos filmes de terror.

Alec piscou os olhos cansados depois se afastou de mim e caiu de volta para o lado da cama.

Conversa agradável.

Eu me virei e corri para fora do quarto, no corredor e para o banheiro. Eu me aliviei e suspirei de prazer ao fazer isso. Depois que eu terminei minhas coisas, fui para a pia e lavei minhas mãos. Joguei um pouco de água no rosto e olhei para o espelho.

— Foi apenas um sonho. — disse a mim mesma.

Quando saí do banheiro, eu virei minha cabeça na direção da cozinha e sala de estar e escutei. Relaxei e voltei para o meu quarto quando ouvi os roncos tranquilizadores do Storm.

Eu era como uma mamãe urso quando se tratava dele, ainda mais depois que ele se machucou no ano passado. Toda vez que eu usava o banheiro à noite eu sempre escutava para me certificar de ouvir seus roncos, então eu sabia que ele ainda estava respirando. Relaxava saber que ele estava bem.

Quando voltei para o meu quarto, me arrastei para minha cama e me aconcheguei em meu travesseiro. Eu me cobri com meu edredom e fechei os olhos com um suspiro relaxado. Eu os abri, nem um segundo mais tarde, quando eu senti algo esfregar nas minhas costas.

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Eu estreitei meus olhos instantaneamente. — Nem sequer pense sobre isso.

Silêncio.

Eu não mexi meu corpo, mas eu abri meus olhos e concentrei enquanto tentava ouvir os movimentos de Alec. Eu não ouvi nada, exceto sua respiração e franzi a testa.

Talvez fosse o edredom que tivesse esfregado. — Alec! — eu gritei, interrompendo meus pensamentos.

Alec riu como uma criança quando passou os braços em volta do meu corpo e me puxou para trás até que minhas costas ficaram moldadas em sua frente. Ele remoeu a pélvis no meu traseiro e assim que eu senti a dureza do seu comprimento, soube que dormir estava fora de questão. Eu permiti que ele me virasse de costas, e eu podia sentir seu sorriso quando girei a minha cabeça e beijei a parte mais próxima do seu corpo que minha boca conseguiu alcançar, o que acabou por ser a clavícula.

— Eu sabia que era você que tinha me tocado. — murmurei.

Alec se inclinou e roçou o nariz contra o meu. — Sempre que algo toca uma parte do seu corpo quando estamos na cama, é 99,9% de chance de ser eu te apalpando, não o Storm.

Eu sorri levemente. — Eu nunca posso ter certeza, algumas vezes Storm entrou no quarto e me cutucou conforme se esgueirava para cima da cama.

Alec zombou. — Um pastor alemão com excesso de peso não devia conseguir esgueirar-se em qualquer lugar. Estou falando sério sobre colocar câmeras para ver como que é tão furtivo quando ele está andando por aí.

Diversão me encheu quando as palhaçadas de Alec afastaram a preocupação e o medo persistente que sobrou do meu pesadelo.

Eu sorri. — Ele é um cachorro ninja.

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— Cachorro Ninja, por favor. Mais como cachorro suspeito. Eu juro que ele foi um ser humano em sua vida passada.

Eu ri, em seguida, coloquei a mão sobre a boca para manter a calma. — Por que você está sendo tão quieta? — Alec perguntou. — Está só a gente aqui.

Eu balancei a cabeça na direção do corredor. — Storm está dormindo. Alec odiava quando eu ficava quieta no nosso quarto.

Ele gemeu. — Um homem não deveria ter que se preocupar em manter a sua mulher quieta no quarto, ele deve se preocupar se ela não faz barulho o suficiente.

Eu sorri, mas permaneci em silêncio.

— Você vai abrir as pernas e dar para mim... ou você vai me fazer implorar?

Eu fingi pensar sobre isso.

— Vamos lá, Gatinha, eu só tenho Deus sabe quanto tempo antes de ter filhos e sexo ser nada, exceto uma memória agradável na parte de trás da minha mente.

Mordi meu lábio inferior quando estendi a mão e coloquei-a sobre o bíceps de Alec. Percorri todo o caminho até seu ombro, em seguida, se curvaram ao redor da parte de trás do seu pescoço e puxei sua cabeça em direção à minha.

Eu dei-lhe um beijo suave, depois murmurei: — Você acha que pode me fazer gritar, Playboy?

— Porra, eu sei que eu posso. — Alec rosnou.

Então, como um estalar de dedos, ele estava entre as minhas pernas. Lambi meus lábios e levantei minha pélvis para que Alec pudesse deslizar minha calcinha do meu corpo.

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— Eu não entendo por que você ainda se preocupa em usar isso na cama. — Alec murmurou para si mesmo enquanto jogou minha calcinha por cima do ombro.

Eu me livrei do meu top e joguei-o em algum lugar do quarto. Estava nua, e me espalhei largamente, enquanto esperava por Alec. Ele estendeu a mão e acendeu a lâmpada em sua mesa de cabeceira para que pudesse me ver. Ele cerrou os olhos por um momento, em seguida, sorriu para mim com seus grandes olhos azuis quando conseguiu me ver claramente.

— Aí está minha linda Gatinha. Eu corei.

Alec então afastou um pouco para trás e abaixou a cabeça na minha pochete, também conhecida como estômago.

Eu gemi quando ele beijou o local acima do meu umbigo. — Por que você sempre beija minha barriga primeiro? A única parte do meu corpo que eu odeio e você...

— Para mostrar que eu a amo do jeito que ela é. Silêncio.

Maldito seja ele por ser tão malditamente fofo. — É gorda. Eu sou gorda.

Alec olhou para mim com os olhos cheios de dor, então se moveu para cima, no meu corpo, até que estava descansando em seus cotovelos enquanto pairava sobre mim. — Vamos ter essa conversa de novo?

Sim.

Eu dei de ombros. — Eu ganhei seis quilos desde que começamos a namorar, não tente me dizer que eu não engordei. Eu sei que engordei, meu jeans favorito não abotoar mais é um sinal claro.

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Alec inclinou o rosto para baixo e roçou seu nariz sobre o meu. — Você não está gorda, você ganhou algum peso, mas não o suficiente para sequer beirar a ser gorda. Você parece saudável.

Eu zombei e agarrei minha barriga pochete. — Explique isso?

Alec olhou para baixo e revirou os olhos. — Isso é apenas algum excesso de pele de quando você era mais pesada, há alguns anos. Não é a pele de todo mundo que volta quando perde peso, sabia?

Diga-me sobre isso.

Eu resmunguei: — Sim, eu sei.

Eu tinha uma pochete para provar o quão bem eu sabia.

Alec beijou minha testa. — Você é linda, por dentro e por fora, com ou sem o seu excesso...

— Pochete. — corrigi.

Alec bufou. — Com ou sem a sua pochete.

Franzi minhas sobrancelhas. — Você diz isso agora até que uma mulher ou homem perfeitamente tonificado passe e você imagine por que não está com ele ou ela, em vez de mim, gorda.

Alec amaldiçoou. — Pare com isso, você vai me irritar com esse jeito estúpido de pensar. Eu te amo. Estou comprometido com você. Eu terei filhos algum dia com você. Ninguém mais. Você significa isso para mim e essa é a última vez que eu quero ouvir você duvidar, está entendendo Keela?

Pisquei para Alec.

— Diga que você entende. — ele falou, seu tom firme. Lambi meus lábios. — Entendo.

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Alec se inclinou e roçou os lábios contra os meus. — O que é esse olhar aquecido que você está me dando?

Luxuria, amor e admiração.

— Eu estou com tanto tesão por você. Alec ergueu as sobrancelhas. — Sério? Eu balancei a cabeça.

Alec sorriu e deu um selinho nos meus lábios antes de mover para a parte mais baixa do meu corpo e beijar cada pedaço de pele que podia ao longo do caminho, incluindo a minha pochete. Ele espalmou os meus seios e apertou seu nariz contra o meu monte e inalou.

Eu odiava quando ele fazia isso.

— É uma vagina, não uma maldita flor, já chega de cheirar! — eu chiei. Eu o ouvi rir e senti as vibrações contra a minha carne. Mordi meu lábio inferior quando ele me espalhou com a sua língua e circulou meu clitóris.

Porra.

Meu quadril começou a subir involuntariamente, mas Alec o abaixou com as mãos, e não tão gentilmente me empurrou de volta até que eu estivesse deitada na nossa cama de novo. Lambi meus lábios e agarrei os lençóis da cama em minhas mãos enquanto Alec chupava e me lambia até que minha respiração ficou rápida e audível.

— Oh, Deus. — eu gemi quando ele balançou a cabeça da esquerda para a direita.

Eu assobiei na hora que Alec passou sua barba por fazer em mim e estalei a minha língua em desaprovação quando ele riu levemente de mim. Ele continuou a me torturar, deslizando as mãos dos meu quadril, para cima, de volta para os meus seios. Ele os espalmou e beliscou meus mamilos enquanto

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chupava de novo meu clitóris e esfregava os lábios para trás sobre ele, fazendo minhas costas arquearem.

— Assim! Assim! Assim! — eu repetia, ofegante, enquanto cada pulsação crepitante era retirada de todos os cantos do meu corpo e sugada, literalmente, para o ponto quente entre as minhas pernas.

Quando meu orgasmo me atingiu, eu abri minha boca e gritos silenciosos se libertaram. Meus olhos reviraram, meus dedos curvaram e arrepios dispararam para cima e para baixo pela minha espinha. Por uma quantidade desconhecida de segundos eu não tinha conhecimento do meu ambiente, tempo e vida própria. Eu estava perdida em êxtase... e a felicidade só continuou quando voltei a mim, no momento em que o meu homem alinhou seu pênis contra a minha entrada e empurrou para frente.

— Todas às vezes. — Alec sussurrou quando estremeceu de prazer. — Você parece como ecstasy a cada vez.

Eu envolvi minhas pernas em volta dos quadris dele e ergui os braços acima da minha cabeça para que ele pudesse pegar meus pulsos e prendê-los lá. Ele não percebia isso, mas ele gostava de ter aquele pedaço de controle sobre mim durante o sexo, então eu oferecia a ele livremente. Eu levantei minha cabeça em direção à dele, quando ele abaixou a metade superior do corpo em mim.

— Deixe-me dolorida. — eu sussurrei.

Alec rosnou quando mordeu minha bochecha antes de deslizar os dentes sobre a minha carne e mordiscar meus lábios, o que machucou de uma forma deliciosa. Ele saiu de mim e empurrou de volta conforme estabelecia um ritmo lento e constante me fodendo. Eu arqueei minhas costas, então o peito dele roçou os meus mamilos a cada estocada.

— Fale comigo. — Alec rosnou.

Olhei nos olhos dele e descobri que estavam em chamas por mim. Por mim.

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— Eu posso sentir você... tão profundamente dentro de mim. — eu sussurrei e propositalmente coloquei minha língua para fora e deslizei sobre os meus lábios em um lento convite sedutor para que ele me beijasse.

Alec rosnou quando bateu dentro de mim, me fazendo ofegar. Ele cobriu minha boca com a dele naquele exato momento e absorveu o meu suspiro para si e engoliu. Ele soltou um dos meus pulsos e abaixou a sua mão livre para minha cabeça, onde ele agarrou minha grossa juba vermelha na mão e puxou.

Eu chiei, não de dor, mas em aprovação.

— Eu quero o seu rabo. — ele disse com os olhos presos nos meus.

Ele estava procurando por qualquer hesitação ou preocupação em meus olhos. Eu sabia que se ele visse o menor indício de qualquer um, ele não comeria a minha bunda como queria, ele apenas continuaria a me foder do jeito que já estava. Eu não estava preocupada com o sexo anal, mas eu estava preocupada com a nossa vida sexual futura, se eu não gostasse. Nós tínhamos tentado isso antes e não durou o suficiente para eu julgar se gostei ou não, então uma rodada de sexo anal era algo que eu queria muito e algo que estava esperando.

— Foda-o então. — eu desafiei Alec, que sorriu para mim enquanto mergulhou em mim profundamente.

Eu gemi de prazer, em seguida, choraminguei quando ele saiu de mim. — Homem corajoso. — eu assobiei.

Alec sorriu quando deu um tapa na minha coxa e disse: — Vire.

Eu fiz como ele mandou e virei sob minha barriga. Eu pressionei minhas mãos no colchão e empurrei a minha parte superior do corpo, enquanto os meus joelhos dobrados levantaram a metade inferior. Eu balancei meus quadris da esquerda para a direita em convite.

Olhei por cima do meu ombro para Alec, cujo olhar estava travado na minha bunda.

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Alec olhou para mim e encarou. Ele bateu na minha bunda, com força. Eu gritei.

— Não me apresse com isso, eu não quero te machucar. — Você acabou de me dar um tapa. — argumentei. Ele bateu na minha bunda novamente.

— Só porque você ama isso.

Eu mantive minha boca fechada e sorri, ele me conhecia muito bem. Senti o colchão se mexer quando Alec saiu da cama e foi para o seu lado, onde ele abriu a gaveta de cima da sua mesa de cabeceira.

Fechei os olhos e inclinei minha cabeça para baixo até que ela descansou contra o colchão. A pulsação entre as minhas coxas estava começando a diminuir, então eu estendi as mãos entre as minhas pernas e deslizei meus dedos para cima e para baixo nas minhas dobras molhadas com alguns golpes, antes de circular ao redor do meu clitóris sensível. Lambi meus lábios quando meus quadris empurravam a cada vez que meus dedos faziam contato direto. Eu continuava a me provocar, até Alec se afastar do seu armário e se mover para onde eu achei que fosse o fim da cama. Confirmei minha suposição quando olhei entre as minhas pernas e vi que ele estava a poucos metros de distância de mim.

— Caralho. — ele rosnou depois de um momento ou dois. Eu ardi interiormente e fechei os olhos.

Ele estava me observando.

Eu podia sentir seus olhos em mim.

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Senti suas mãos agarrarem meus quadris, em seguida, sua pélvis esfregar contra mim.

— Se doer muito, me diga. Tudo bem? — Alec ordenou, em tom duro. Eu balancei a cabeça e empurrei minha bunda na direção dele.

Ele chiou.

Eu vacilei um pouco quando um gel frio foi distribuído ao longo do meu ânus, então, não consegui evitar, mas fiquei tensa na hora em que Alec deslizou suavemente o dedo dentro de mim. Senti-o parar, então me forcei a relaxar. Exalei um grande fôlego e deixei a tensão escoar para fora dos meus músculos até que fiquei solta e descontraída.

Alec gentilmente estendeu-me com o dedo um pouco, em seguida, acrescentou um segundo, depois um terceiro e para ser honesta, não estava bom. Parecia que alguém estava espetando os dedos na minha bunda, o que era exatamente o que ele estava fazendo. Porém, recusei-me a desistir tão cedo, em vez disso, me concentrei na minha respiração e tentei não pensar nisso.

— Você quer brincar com seu clitóris? — Alec me perguntou. Sim!

— Posso? — eu questionei.

Alec riu e usou a mão livre para bater no meu rabo.

— Sim, chegue perto para mim, mas não goze até que eu mande.

Fiz como ele falou e brinquei com o meu clitóris suficiente para me fazer ofegar, mas não gozar. Eu acariciava o meu clitóris com meu dedo e estremecia. Alec escolheu este momento para pressionar a cabeça de seu pau na minha bunda. Eu gemi quando ele empurrou pelo anel espesso de músculo e enfiou completamente dentro de mim.

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Doeu, mas não tanto.

Alec por outro lado, parecia que estava sofrendo terrivelmente. — Eu estou bem. — eu ofeguei. — Você está bem?

Ele saiu lentamente até a metade, em seguida, voltou para dentro de mim. — É muito... bom... pra caralho.

Eu gemi de prazer e gentilmente empurrava para trás, enquanto Alec enfiava dentro de mim.

— Oh meu Deus! — ele suspirou.

Eu não pude deixar de rir. — Parece que você vai chorar.

— Eu poderia. — ele sussurrou. — É uma sensação... perfeita. Você é perfeita.

Eu cantarolava com prazer.

Eu continuei a brincar com meu clitóris, e depois de um minuto ou dois Alec não conseguia manter as suas estocadas lentas e constantes e começou a bombear para o meu corpo mais e mais rápido. Fiquei surpresa com o prazer que isso me deu.

— Isso. — eu gemi.

Alec deslizou as mãos para minha bunda e apertou-a. — Eu gostaria que você pudesse ver isso.

Imaginei assistir seu pau deslizar para dentro e para fora de mim, e a imagem erótica só alimentou o meu prazer conforme meus dedos trabalhavam mais rápido no meu clitóris pulsante.

— Keela! — Alec arfou.

Eu conhecia aquela arfada... ele estava perto. — Agora! — ele gritou. — Faça-se gozar!

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Eu empurrei de volta com mais força contra ele e trabalhei mais rápido com os meus dedos. Seis bombeadas mais tarde e minha mente ficou em branco, conforme ondas de prazer propagaram do meu clitóris, para a minha bunda e de volta.

— Sim! — eu gritei e cavalguei nas sensações.

Eu acho que Alec gritou o meu nome quando seus movimentos rápidos desaceleraram para golpes bruscos e curtos da sua pélvis.

Minha parte superior do corpo estava encostada no colchão, e uma vez que Alec parou de enfiar em mim, minha parte inferior do corpo se juntou à minha metade superior, sobre a cama, um segundo antes de Alec cair em cima de mim. Ele meio que deslizou para fora do meu corpo deixando as pernas penduradas para fora da extremidade da cama, enquanto sua parte superior do corpo ficou esparramada nas minhas costas.

— Isso... foi... bom... para você? — Alec perguntou, respirando rapidamente contra a minha espinha.

Eu estava presa debaixo dele e não podia me mover, mesmo se eu quisesse.

Eu estava acabada. Eu grunhi em resposta.

— O que... isso quer dizer? — Alec questionou, ainda recuperando o fôlego enquanto esfregava seu rosto contra a minha pele.

Ele estava exausto, mas eu podia ouvir a preocupação em sua voz.

Sorri no meu colchão. — Isso significa que quando você recuperar o fôlego, podemos fazer isso de novo?

Alec ficou em silêncio por um momento e então ele riu, muito. Ele beijou minha parte inferior das costas. — Deus, eu te amo.

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— Eu também te amo. — eu murmurei. — Estou falando sério, porém, eu quero fazer isso de novo.

Alec vibrou com o riso. — Dê-me um minuto.

— Cinquenta e nove, cinquenta e oito, cinquenta e sete...

A risada gloriosa de Alec fez meu interior derreter de felicidade. Fechei os olhos e, em seguida, rezei para que eu acordasse me sentindo ainda tão feliz. Orei para que meu temido pesadelo ficasse distante.

(27)

E

u estava dormindo até que senti um puxão nas minhas costas, me tirando do meu sono tranquilo.

— Gatinha? — uma voz sussurrou.

Eu não sabia se eu estava sonhando ou não, então continuei ainda quieta e murmurei: — Hmmm?

Eu senti um empurrão mais duro em minha bunda e meu corpo ficou tenso.

Definitivamente não é sonho. Oh, não, não agora.

— Vá para o banheiro e se masturbe. — eu disse, então, estiquei meu corpo, levemente tenso quando a dor atingiu meu traseiro.

Alec parou de me tocar e disse: — O que?

Eu gemi. — Nós acabamos de fazer sexo, minha vagina e bunda, estão fechadas até nova ordem. Sai fora.

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Alec riu. — Nós transamos sete horas atrás, mas não é por isso que eu estou te acordando.

Sete horas atrás?

Parecia que eu estava dormindo a menos de um minuto.

— Então por que você está me acordando, se não é para foder? — perguntei, incomodada.

Uma suspeita que ele estava tramando algo, estava me incomodando lá no fundo.

Eu senti que Alec saiu da cama, mas eu não me movi ou abri os olhos. Ele limpou a garganta. — É o dia da mudança, eu vou buscar o caminhão de mudança em uma hora com Kane.

Brilhante.

— Você vai e faça isso. Silêncio.

— Keela?

Eu me pressionei no colchão e choraminguei. — Eu pensei que você estivesse indo embora?

Alec exalou alto. — Você tem que se levantar e começar a encaixotar as coisas que você deseja manter e as coisas que vão para o lixo... eu disse que deveria ter começado a embalar no fim de semana, em vez de deixar até hoje.

Desculpe, mãe.

Eu revirei os olhos interiormente.

— Vivemos em uma caixa de sapatos, quantas muitas coisas podemos, eventualmente, ter? — perguntei, sem me mover ou abrir os olhos.

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Estremeci mentalmente, uma vez que a pergunta passou pelos meus lábios.

Alec bufou. — Você é a Rainha do acúmulo, então confie em mim, nós temos um monte de porcaria.

Eu não gostava de jogar fora coisas que poderiam ser úteis no futuro, então me processe!

Eu sabia que tinha que levantar e começar a me mexer, mas eu não mexi na cama e isso deve ter irritado Alec.

— Levante-se ou eu vou virar uma Branna e despejar água em cima de você. — ele ameaçou.

Eu não me incomodei em rir ou dizer algo atraente porque o filho da puta malvado faria isso.

— Acordei, acordei... seu idiota miserável. — eu resmunguei.

Abri os olhos e olhei para cima, para Alec, quando ele caminhou para o meu lado da cama. Sorri quando ele olhou para mim. Eu me levantei e corri minhas mãos pelos seus braços nus, deslizei até seus ombros e pescoço e as enterrei em seu cabelo.

Ele era impressionante. Ele era meu.

— Eu não posso acreditar que você vai cortar o cabelo. — eu disse, franzindo a testa.

Alec se inclinou e beijou minha testa. — Eu sei. Eu o puxei. — Não faça isso.

Alec suspirou. — Eu perdi uma aposta, Keela. Os termos eram: se eu perdesse a aposta, então eu tinha que fazer um corte militar.

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Alec sorriu e negou com a cabeça.

Rosnei: — Eu odeio o seu irmão por fazer isso com você.

Alec riu e inclinou o rosto para o meu. — Eu não sou o maior fã do Dominic agora também, Gatinha, mas aposta é aposta.

Eu resmunguei: — Aposta estúpida do caralho. Eu detestava apostas, e por uma boa razão.

A última vez que eu estive envolvida em uma aposta, minha vida explodiu em uma versão irlandesa muito ruim de O Poderoso Chefão.

Alec riu novamente, deu um selinho nos meus lábios e me abraçou. — Eu vou raspar dos lados, e deixar o cabelo comprido o suficiente em cima para que você ainda possa enfiar os dedos nele. Isso irá cumprir os termos da aposta, uma vez que Dominic nunca disse que eu tinha que fazer um corte militar inteiro, ele apenas disse, um corte militar. Eu vou pegar o caminhão, em seguida, cortar, tudo bem?

Legal.

Eu ri. — Não sou eu que você devia estar tentando convencer. Você sabe que Aideen ama o seu cabelo, ela fica feliz quando você a deixa arrumá-lo e trançá-lo. Você é o próprio boneco Ken humano dela.

Alec sorriu. — Eu a deixo fazer isso só porque ela gosta dele e a mantém quieta... além disso, ficará longo o suficiente para que ela ainda possa brincar com ele. Eu vou explicar isso a ela.

Uma explicação? Rá.

Isso não seria bom o suficiente para Aideen Collins.

Eu mordi minha bochecha interiormente com força. — Ela pode matar Nico por isso.

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— Eu não disse que seria um pouco agredido, eu disse que ela pode matá-lo.

Alec riu. — Eu falarei sobre isso com ela.

Eu balancei a cabeça. — Bom, porque eu tenho certeza absoluta que não vou colocar meu pé naquela armadilha de morte.

Alec ergueu as sobrancelhas. — Mas você me deixaria pisar nela? Com certeza sim.

— Amigo, quando Aideen e seu temperamento estão envolvidos em uma situação, eu vou jogá-lo primeiro em qualquer armadilha que ela armar. É melhor você acreditar nisso.

Alec olhou para mim com olhos arregalados e chocados, em seguida, me jogou de costas na nossa cama. Eu gritei com risos e divertidamente lutei quando ele me prendeu embaixo dele. Ele inclinou o rosto em direção ao meu e eu ri quando as pontas do cabelo dele fizeram cócegas no meu rosto.

— Eu vou sentir falta do seu cabelo. — eu disse pela enésima vez desde que ele me disse na semana passada que tinha que cortar o cabelo.

Alec carinhosamente beijou meu nariz. — Ele voltará a crescer.

— Eu sei, mas ainda assim. — eu murmurei e levantei as mãos para a cabeça dele e passei os dedos pelo cabelo.

Alec riu quando eu coloquei meu lábio inferior para fora e fiz beicinho. — É só cabelo, baby.

Para ele, talvez.

Dei de ombros. — Eu nunca vi você com o cabelo curto... eu posso te achar feio.

Alec colocou uma grande quantidade do seu peso em cima de mim, quando ele começou a rir.

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— Tá me esmagando. — eu disse asperamente e bati nas costas de Alec, porque o meu peito começou a queimar por falta de oxigênio.

Alec continuou a rir quando se inclinou para cima de mim. Ele roçou o nariz contra o meu novamente, então beijou meus lábios antes de se levantar de cima de mim completamente.

— Vamos lá, levante. — ele falou. Isso de novo?

Eu gemi. — Você é mau1!

Alec olhou para mim quando me levantei da cama, na frente dele.

— Você faz a parte de chupar2 nesta relação, querida. — ele sorriu,

maliciosamente.

Apertei os olhos provocantes. — E você faz a de beijar... beijar bunda. Literalmente e figurativamente.

Alec piscou. — Só quando eu sou mau.

Eu resmunguei, depois sorri quando ele fez cócegas ao lado da minha boca com o dedo.

Eu odiava quando ele fazia isso.

Eu bati meus dentes para ele fazendo-o retrair os dedos a uma distância segura dos meus dentes. Sorri quando virei e fiz um movimento para pegar o meu edredom para que eu pudesse agitá-lo e arrumar a minha cama, só para descobrir que eu não poderia porque Storm estava deitado em cima dela.

Eu nem sequer ouvi-o entrar.

— Olá, meu menino. — eu murmurei.

1

Em inglês, a expressão You suck!, que literalmente significa você chupa.

2

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Alec ofegou por trás de mim. — Como é que ele faz isso, porra?

Sorri quando me inclinei e cocei atrás das orelhas do Storm. — Porque ele é um cachorro legal.

— Isso não é engraçado, ele não faz um som porra... isso não está certo, não está certo de jeito nenhum!

Eu sorri. — Eu falei para você. — eu disse enquanto eu me virei para enfrentar Alec novamente. — Ele é um cachorro ninja.

Alec bufou e inclinou para a direita e levantou a mão para seu rosto, apontou dois dedos em seus olhos, em seguida, apontou os mesmos dois dedos ao Storm. — Estou de olho, grande homem.

Storm peidou em resposta.

Comecei a rir, então fugi do quarto antes que o cheiro de morte atingisse meu nariz.

— Cão maldito. — Alec murmurou enquanto rapidamente me seguiu para fora do quarto e no corredor. — Na nova casa, ele não vai ficar dentro, ele vai aprender a dormir fora, no quintal, na sua casa de cachorro.

Sim, como se isso fosse acontecer.

— Alec, há uma chance melhor de você dormir na casa de cachorro do que Storm dormir lá fora.

Alec murmurou algo para si mesmo enquanto passava por mim e entrava na cozinha.

— O que foi isso? — perguntei, sorrindo, enquanto seguia. Ele olhou para mim. — Eu disse que não ficaria surpreso.

Eu gargalhei. — Bom, porque ele é meu bebê. Ele estava aqui antes de você, cara grande, não se esqueça disso.

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Alec olhou para mim e brincou: — Como eu posso esquecer? Quando ele está na sala e ao menos tento te encostar, ele vem e fica entre nós. Na língua dos cães, ele me diz para sair de perto da sua mãe.

Comecei a rir.

— Isso é tão verdadeiro. — eu sorri.

O lábio de Alec ergueu antes dele balançar a cabeça e olhar para baixo, para as gavetas da cozinha. — Você vai comer e, então empacotar ou empacotar, e em seguida, comer?

Isso foi uma pergunta séria?

— Comer primeiro... duh. — eu respondi.

Alec soltou uma quantidade extra de ar pelo nariz quando sorriu. — Sente-se então, eu vou fazer alguma coisa.

Eu balancei minha cabeça. — Obrigada pela oferta, mas eu só vou querer um pouco de iogurte e frutas.

Alec levantou uma sobrancelha. — Por quê?

Eu falei sem expressão: — Eu estive falando a semana passada sobre fazer dieta.

Ele não ouve nada que eu digo?

Alec olhou para o meu corpo, em seguida, de volta para a minha cabeça. — Está funcionando, você está ótima.

Ele era tão cheio de si.

— Ah, vai se ferrar! — eu resmunguei. — Eu não perdi nenhum peso ainda, seu puxa saco. Pare de tentar conseguir alguns pontos extras com seus elogios bobos.

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Alec sorriu. — Eu não estou tentando conseguir pontos, eu estava apenas apontando que você está ótima. Mesmo se você perder um pouco de peso, você ainda continuará ótima. O que isso diz a você? — ele perguntou.

Dei de ombros. — Que você é um caçador de gorda?

Alec riu. — Não, espertinha. Isso significa que você está ótima desse jeito. Nada que você faça pode melhorar o quanto você é linda, Gatinha. Você é naturalmente impressionante.

Olhei para Alec e bufei.

— Eu não farei sexo com você hoje.

— Você diz isso todos os dias e adivinha? Nós ainda transamos todos os dias... duas vezes ontem, se bem me lembro, três vezes, se você incluir a noite passada.

— Entendi. — eu rosnei. — Eu tenho um fraco pelo seu pau. Não tem necessidade de esfregar isso na minha cara.

— Há sempre uma necessidade de esfregar meu pau na sua cara.

Alec disse isso com uma cara e tom sérios. Eu apenas ri e balancei a cabeça. — Vá pegar a van de mudança e eu vou começar a empacotar.

— É um caminhão de mudança. — Alec disse casualmente enquanto passava por mim e batia na minha bunda.

Eu gritei quando uma dor pungente espalhou pelo meu traseiro. — É uma van aqui, não um caminhão. Faça direito ou eu vou te chutar para fora do país.

Alec riu e apontou para o corredor para o nosso quarto onde ele se vestiu. Nem dois minutos depois, ele voltou para o corredor totalmente vestido e pegou as chaves da sua recém-comprada SUV. A maldita coisa era enorme, mas era o que ele queria, então eu não abro a minha boca. Era o dinheiro dele mesmo, ele poderia comprar o que quisesse para si.

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Eu coloquei um limite no que ele poderia comprar para mim, o que o frustrou pra caralho.

— Eu volto em uma hora. — ele falou e colocou o casaco.

Eu balancei a cabeça enquanto abria a porta da geladeira. — Dirija com segurança.

— Eu sempre dirijo. — ele disse. — Te amo.

Sorri ao verificar o conteúdo da geladeira. — Eu também te amo.

Com aquilo dito ele estava fora da porta e no seu caminho para buscar o Kane para que eles pudessem pegar a van de mudança. Eu olhei em volta do meu apartamento e gemi em voz alta. Eu realmente desejei que tivesse começado a embalar durante a semana quando Alec me pediu, mas uma vez que eu estava enterrada na minha escrita, era difícil me arrastar disso.

Alec sabe disso muito bem.

Eu estava editando o meu primeiro romance, que estive escrevendo desde o ano passado. Eu devo ter lido o manuscrito um milhão de vezes, e cada vez que eu faço isso, reescrevo. Eu mudo algo cada vez que eu leio; que seja uma nova frase ou uma única palavra mudada, isso me assusta. Eu estava preocupada em não ficar feliz com o produto final, quando eu finalmente publicasse, assim, eu continuo adiando.

Interrompi os pensamentos que estavam me preocupando ultimamente e olhei em minha sala de estar quando me inclinei contra o meu balcão da cozinha. Engoli a tristeza que me encheu. Eu moro neste apartamento desde que eu tinha dezenove anos, e agora eu ia me mudar para uma casa tão grande, que o meu apartamento inteiro caberia na sala de estar. Talvez não inteiro na sala de estar, mas definitivamente na metade do andar de baixo.

Alec e eu estávamos mudando para Upton... do outro lado da rua, onde seus irmãos e Branna vivem. Era exatamente o mesmo estilo de casa, mesmo layout, mesmo número de quartos, mesmo tudo e era de frente para a residência Slater / Murphy. Era muito grande para Alec, eu e Storm, mas Alec insistia que

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quando tivermos crianças o tamanho seria perfeito. Era uma casa de seis quartos, um era nosso, o que deixava cinco quartos vazios. Eu não sei quantos filhos ele planeja que tenhamos, mas eu não era um maldito forno. Ele não podia simplesmente me preencher com seus pães e definir um temporizador de cozinha para nove meses.

Eu gemi para mim mesma e me senti mal por estar tendo dúvidas. Eu não tinha dúvidas sobre Alec, eu só estava duvidando do quão rápido estávamos nos movendo com o nosso relacionamento. Eu o conhecia ao todo por duas semanas, quando dissemos eu te amo e ficamos noivos. Não era nem mesmo um turbilhão, um amor à primeira vista do tipo de romance também. Na verdade, eu não podia suportar o Alec quando o conheci, mas eu me aproximei dele, quando ele veio para as Bahamas como um favor para mim. Sua experiência como ex-acompanhante me serviu bem nas Bahamas, mas também foi a causa para o desgosto que eu senti depois de escapar de lá.

Os clientes antigos de Alec o descobriram, e revelaram algumas informações muito... doentias. Acabou que uma amante anterior de Alec era esposa do meu tio Brandon, Everly, a madrasta da minha prima Micah. Isso não é tudo, como se esse conhecimento não fosse uma enxaqueca induzida o suficiente, eu descobri que o meu tio tinha um lado sombrio nele, um lado sujo e ilegal. Eu amava o meu tio Brandon, Deus sabe que eu amava, mas desde que eu descobri sua verdadeira natureza, nas Bahamas, e assisti os homens morrerem na Darkness por suas ordens, eu me senti um pouco desconectada dele.

Pareceu que tudo o que eu achava que sabia sobre ele era uma mentira, que a minha vida era uma mentira. Estar em um relacionamento recente e rápido com Alec pegou meu tempo e pensamentos, mas agora, 13 meses depois, estávamos fora da fase da 'lua de mel' do nosso relacionamento e eu não estava mais tão envolvida com ele.

Eu o amava muito, mas ele não era mais o meu escudo para a realidade. Tudo o que aconteceu comigo, conosco, mais de um ano atrás estava começando a invadir de novo a minha mente, e isso estava começando a me incomodar. Eu tinha pesadelos com coisas ruins que eu testemunhei na Darkness, o temido clube de propriedade do meu tio, um lugar que eu fui levada

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contra a minha vontade por um antigo chefe, que virou inimigo de Alec e seus irmãos.

Também tinha flashbacks de Alec e duas pessoas fazendo coisas que agitavam meu estômago e feriam meu coração com um único pensamento. Perdoei Alec por aquela... situação. Eu entendia que ele não tinha outra escolha e que ele teve que fazer algo tão nojento para nos separar e me distanciar dele. Meu tio ordenou que Alec se envolvesse em relações sexuais com a esposa dele e seu novo empregado, Dante - um acompanhante.

Meu tio queria que eu tivesse zero conexão com qualquer um dos irmãos Slater, especialmente Alec. A esta altura, porém, eu estava tendo fortes sentimentos por Alec e não permitiria que ninguém me dissesse que eu não poderia tê-lo. Meu desafio empurrou a mão do meu tio. Ele forçou Alec a terminar as coisas comigo, ameaçando prejudicar seus irmãos e suas namoradas se Alec não fizesse o que ele mandou. Simplesmente terminar comigo não era suficiente, porém, não, meu tio queria que eu odiasse Alec e ele conseguiu. Por dias depois que eu saí das Bahamas eu odiei Alec. Eu o odiei por me enganar, por me apaixonar por ele. Eu o odiei por quebrar meu coração. Eu o odiei por uma série de razões, mas principalmente eu o odiei por me fazer sentir falta dele.

Deus, eu senti tanta falta dele que doeu.

Eu estava apavorada como meus sentimentos eram intensos por alguém que eu mal conhecia, mas eu não consegui desligá-los. Acredite em mim, eu tentei. Eu não sabia disso na época, mas eu amava Alec, e eu tive que aguentar amá-lo e odiá-lo ao mesmo tempo. Quando o antigo chefe de Alec, Marco, veio para se vingar de Alec, eu estava no caminho, então ele me sequestrou junto com Alec e Bronagh, a namorada de Nico, que estavam no meu apartamento no momento. Resumindo uma longa história, os irmãos de Alec, juntamente com o meu tio Brandon, nos salvaram. Marco e os seus homens morreram, e nós ficamos livres para ir para casa.

O problema é que, agora que eu podia ver além de Alec e seu escudo maravilhoso da realidade de novo, eu não me sentia tão livre. Eu não me sentia

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presa também, eu me sentia... limitada. Eu não sei porque me sentia assim, porque Alec era o meu tudo. Eu queria estar com ele... eu só não queria apressar as coisas e, inadvertidamente estragá-las. Pulamos de cabeça em nosso relacionamento, e eu sentia que precisava desacelerar, mas eu tinha pavor de dizer a Alec algo sobre isso, porque eu sabia como iria soar.

Soaria como se eu não tivesse certeza sobre nós.

Suspirei e balancei a cabeça para clarear os meus pensamentos, e como muitas vezes antes, eu os forcei para o fundo da minha mente e foquei na tarefa em mãos.

Empacotar.

Um monte de pacote. — Droga. — eu resmunguei.

Eu coloquei minhas mãos em meus quadris e balancei a cabeça. Esse não era um trabalho para uma mulher só.

Entrei na minha sala e peguei o meu telefone na mesa de centro. Toquei na tela do meu telefone, desbloqueei, então rolei pelos meus contatos até que eu encontrei a pessoa que eu queria chamar.

Eu pressionei meu telefone no meu ouvido e depois de três toques o telefone foi atendido. Olhei em volta do meu apartamento mais uma vez e disse: — Sou eu. Eu preciso de sua ajuda.

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— O

lá? A realeza está em casa!

Revirei os olhos e virei minha cabeça para a porta do apartamento. — Feche a porta antes que o Sr. Pervertido saia para ver o que é todo esse barulho. Aideen Collins, minha melhor amiga, revirou os olhos cor de avelã e deu um chute para fechar a porta do meu apartamento.

Eu esbravejei. — Sem danos. Eu não conseguirei devolver ao senhorio de outra forma.

Aideen bufou quando deixou cair sua bolsa e as chaves na minha mesa da cozinha e entrou na minha sala de estar. — Por favor, dinheiro é a última coisa que você precisa se preocupar. Você está cheia.

Eu não era cheia de dinheiro; Alec era.

— Eu sou quebrada, Alec não é. Saiba a diferença.

Aideen sorriu. — Alec te daria tudo o que você quisesse, você sabe disso. O dinheiro não é um problema para ele.

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— Eu não preciso ou quero o dinheiro dele, e isso será um problema se um de nós não ganhar uma renda fixa. Claro, Alec tem um monte de dinheiro no banco, mas isso não durará para sempre. Não com a forma como ele gasta de qualquer maneira.

Aideen riu. — Eu não acho que um SUV e uma casa vão quebrar a sua conta bancária.

Eu balancei minha cabeça. — A casa foi 320.000 dólares para comprar, e a única razão que chegamos a esse preço foi porque os compradores queriam uma venda rápida. Em seguida, houve o seu SUV que foi trinta mil... tudo junto é dinheiro pra caramba.

Eu não achava que algum dia me acostumaria com o fato de que o meu companheiro era rico. Eu estava acostumada com salário mínimo e viver de miojo quando não tinha horas semanais suficientes no meu antigo emprego. Eu não estava acostumada a ser capaz de comprar o que eu quisesse, sem pensar nas consequências financeiras.

Eu costumava trabalhar no meu supermercado local, mas quando todas as besteiras aconteceram no ano passado eu perdi muitos dias sem uma justificativa viável e fui demitida. Eu odiava o meu trabalho, mas pagava o aluguel. Sei que eu não tinha que me preocupar em pagar aluguel agora que Alec nos comprou uma casa, mesmo que ele tenha colocado meu nome na escritura também. Eu ainda queria ganhar minha própria renda. Eu não queria contar com ele para as minhas finanças.

Esperava que a minha escrita se tornasse mais do que uma paixão e se transformasse em um trabalho de tempo integral. Deus sabe que eu precisava disso.

— Você falou para ele como se sente sobre gastar tanto dinheiro? — Aideen perguntou quando se sentou no meu sofá, atrás de mim.

Eu me virei para encará-la. — Não. — eu fiz uma careta. — É o dinheiro dele, eu não posso dizer o que fazer com ele.

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Aideen balançou a cabeça em compreensão. — Eu acho que você deveria acalmá-lo com uma conversa. Basta explicar como era a vida antes dele aparecer. Seu tio tem dinheiro, assim como sua mãe e você não pegava um centavo de qualquer um deles. Ele não pode esperar que seja diferente com ele só porque você dois estão juntos.

Você ficaria surpresa.

— Ele acha um monte de coisas, agora que estamos juntos... ele saiu e comprou-nos uma casa sem o meu conhecimento e pensou que era uma boa ideia. Ele não percebe as coisas bem na frente dele.

— Você não quer se mudar? — Aideen perguntou, os olhos arregalados. Eu não sabia como responder, então esquivei da pergunta e disse: — Ele nunca me perguntou, ele simplesmente saiu e comprou a maldita coisa. Estamos perfeitamente bem aqui. Eu não vejo por que ele quer continuar mudando as coisas quando eu ainda estou me acostumando com ele na minha vida.

Aideen ficou em silêncio por alguns momentos antes de falar: — Você tem que contar para ele como se sente, Kay. Você será infeliz se você não fizer isso.

Eu sabia disso, eu ficava acordada à noite, passando mal com esses pensamentos, mas eu não conseguia dizer uma palavra a ele.

Eu não faria isso.

— Ele está tão feliz com a mudança para casa nova e ir adiante com o nosso relacionamento... eu não quero estragar isso para ele.

Aideen franziu as sobrancelhas para mim quando olhei de volta para ela, e travei em seu olhar preocupado. — Se você não ficar no mesmo nível que ele, eventualmente, não sobrará uma relação para arruinar. — ela disse, com voz severa.

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Eu fiquei imóvel enquanto eu estava sentada diante de Aideen e olhei para ela sem piscar.

— Eu não quero ser rude. — ela começou. — Mas quanto tempo você acha que vai durar antes de começar a ressentir-se por Alec comandar sua vida por você?

Eu não respondi, eu sentei no chão e encarei.

— Você é uma mulher independente, Kay, e você gosta de ser uma. Eu amo Alec, mesmo, mas se ele não parar de decidir tudo por ambos, ele vai te perder.

Fiquei surpresa quando meus olhos se encheram de lágrimas e lágrimas quentes caíram dos meus olhos e salpicaram pelo meu rosto quando eu pisquei. Eu rapidamente estendi a mão e as enxuguei, mas já era tarde demais, Aideen viu e estava no chão na minha frente estendendo os braços e me consolando com um abraço.

— Há quanto tempo você está se sentindo assim? — ela me perguntou. Eu passei meus braços em volta da cintura dela e joguei minha cabeça em seu ombro. — Um bom tempo. — eu admiti.

Aideen suspirou quando ela nos balançou de um lado para o outro por alguns momentos.

— Estou tendo pesadelos também. — eu sussurrei.

Aideen congelou, em seguida, depois de um momento ela se afastou de mim e me olhou com os olhos tristes.

Ela engoliu em seco. — Eles são sobre?

Eu funguei. — Tudo. Darkness. As Bahamas. Storm se machucando. Apenas... tudo.

Rompi em um soluço incontrolável e isso deve ter chocado Aideen que se encolheu. Ela recuperou a compostura e rapidamente me puxou de volta para

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um abraço. Ela me balançou e me silenciou até que meus soluços se tornaram meras fungadas e meus olhos secaram.

— Você precisa falar com alguém, Kay. — Aideen sussurrou. Segurei em seu abraço. — Eu estou. Estou falando com você. Aideen suspirou e me deu um aperto forte.

Ela não disse mais nada e eu fiquei grata por isso, porque se ela dissesse qualquer outra coisa, havia uma grande chance de eu entrar em detalhes e contar tudo o que estava acontecendo dentro da minha cabeça. Eu não podia deixar isso acontecer, não seria bom libertar aqueles demônios.

Fazia 13 meses desde que eu deixei a Darkness e todas aquelas pessoas horríveis para trás e, tanto quanto qualquer um poderia dizer, eu estava bem. Eu parecia bem, porque eu mesmo me controlava, mas Aideen teve um vislumbre do quão fodida eu realmente estava sobre o meu passado. Agora que ela sabia que eu estava tendo pesadelos, ela forçaria até que eu contasse tudo. Já era ruim o suficiente que tivesse contado sobre Alec porque agora ela não descansaria até que eu falasse com ele sobre como eu estava me sentindo.

— Eu estou bem. — eu disse e limpei minha garganta.

Obriguei-me a respirar para que eu pudesse me acalmar e parar de fungar, e quando as lágrimas pararam, me afastei de Aideen e lhe dei um pequeno sorriso. Eu poderia dizer, no entanto, que ela não estava convencida.

— Estou chateada por você estar passando por isso há algum tempo e só agora me contar o que está errado. Sua saúde mental é importante, descarregue tudo em mim se isso for fazer você se sentir melhor. — ela pressionou.

Acenei para ela. — Podemos falar em breve, prometo... eu só quero passar por hoje sem pensar em toda a merda que está na minha cabeça. Tudo bem?

Aideen não ficou feliz, mas balançou a cabeça concordando, de qualquer maneira.

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Ela apertou a minha mão, em seguida, disse: — Espere, você ainda está bem com casar, certo?

Eu fiquei em silêncio e Aideen ofegou. — Você não está?

Dei de ombros. — Eu não sei. — Você está dando para trás?

— Não, eu só estou dizendo que o casamento poderia ser diferente do que namorar. Quer dizer, quem sabe o que poderia acontecer? A Disney nunca fez um acompanhamento da Cinderela; tipo, o que aconteceu depois que o sapato serviu? Eles continuaram? Divorciaram? Nós nunca saberemos.

— Keela... você está realmente preocupada que o seu futuro casamento com Alec poderia esfriar, porque você não sabe como Cinderela e o seu cara acabaram depois que se casaram?

Eu estava?

— Eu não sei. — admiti.

— Eu sei. Eles viveram felizes para sempre, diz isso nos créditos finais do filme.

Revirei os olhos. — Você é uma pessoa muito estranha.

— Diga isso à mulher que acabou de comparar um filme da Disney com o seu futuro casamento.

Oh Deus, ela estava certa.

Eu gemi. — Talvez eu esteja ficando louca.

Aideen bufou. — Você ficou louca muito tempo atrás, querida.

Sentei-me e olhei para Aideen. — Você não está me ajudando, sabia? — Eu fui apenas o seu ombro para chorar, eu ajudei muito.

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Eu ri. — Eu preciso da sua ajuda, embora não emocionalmente. Fisicamente.

— Quer dizer que você não me chamou aqui para descarregar em mim? Então por que você me chamou? — ela perguntou.

Eu fiquei grata por ela mudar de assunto.

— Eu preciso da sua ajuda para começar a empacotar. Nós estamos nos mudando hoje e eu não fiz nada. Literalmente nada. — eu gemi. — Eu estava escrevendo tão bem nas duas últimas semanas que eu adiei e agora é o dia da mudança e não estamos prontos para mudar.

Aideen piscou. — Você quer que eu empacote? Ela ouviu uma única palavra que eu disse?

— Sim, eu quero que você me ajude a empacotar! — eu falei.

— Empacotar o seu apartamento? Eu pensei que você precisava de “ajuda”. — Aideen disse enquanto usava os dedos como aspas no ar em torno da palavra ajuda.

— Por que as aspas no ar? — perguntei, confusa.

Aideen bufou e abaixou os braços. — Porque eu pensei que você quis dizer um tipo de ajuda alcoólica, especialmente depois do que você acabou de me contar. Eu meio que achava que seria o tipo de ajuda de muito álcool.

Olhei para a minha melhor amiga e pela bilionésima vez me perguntei por que eu mantinha a nossa amizade mais estranha do que estranha.

— Tipo de ajuda alcóolica?

— Sim. — Aideen sorriu. — Você sabe, eu ajudá-la a ficar bêbada. Eu balancei minha cabeça.

Como essa tola tinha um emprego de educadora de crianças eu nunca saberia.

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— São dez e meia da manhã.

Aideen deu de ombros. — São cinco horas em algum lugar. — Há algo errado com você.

Aideen gemeu. — Não me julgue, as aulas voltaram na segunda-feira e as crianças já estão me deixando louca.

Eu levantei minhas sobrancelhas. — Você ensina crianças de segundo ano, elas são todas fofas.

Aideen rosnou: — Essas crianças de oito anos podem ser animais, você está me ouvindo? Animais! Eu peguei dois garotos forçando outro a comer a porra da cola enquanto puxavam a cueca dele ontem. Eles são maus, eu estou lhe dizendo.

Eu ri. — Encontre uma carreira que não envolva crianças, então.

— Não! — Aideen ofegou. — Os anjos excedem à semente do diabo em dez a um. Além disso, eu gosto de transmitir a sabedoria para a próxima geração.

Sabedoria. Rá.

Aquelas pobres crianças estavam destinadas a trabalhar como strippers e traficantes de drogas, se permanecessem sob os cuidados de Aideen.

— Eu sei que você está pensando em algo mal intencionado, então eu vou dizer foda-se antes que eu esqueça.

Eu bufei. — Você é a pessoa mais estranha3 que eu conheço.

— Você pronunciou mais legal4 errado. — Aideen brincou.

Esta menina! 3 Strangest no original. 4 Coolest no original.

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Eu não pude deixar de rir. — Você pode falar sério? — sorri. — Eu preciso de você.

Aideen exalou alto. — Tudo bem, onde é que você me quer? — Cara para baixo, bunda para cima. — eu sorri.

Aideen caiu na gargalhada e segundos depois um latido soou do meu quarto.

— É bom ouvir você também, seu gordo... — Aideen! — eu a interrompi.

Aideen riu. — Eu não ia dizer nada ruim para ele. Rá rá. Mentira.

— Sim. — eu ri. — E eu sou a Beyoncé.

Aideen levantou a sobrancelha para mim. — Você não tem bunda para ser a Beyoncé.

— Então eu vou pegar alguma bunda da Bronagh, ela tem o suficiente disponível. — eu sorri.

Aideen gargalhou ao mesmo tempo que o riso começou do lado de fora da porta do apartamento. Poucos segundos depois, alguém bateu na porta. Eu me levantei e abri a porta sem olhar pelo olho mágico.

Eu sabia de quem era a risada.

— Ei, o que vocês duas estão fazendo aqui? — perguntei e cumprimentei Bronagh e Branna com um abraço.

Bronagh me bateu com o punho e disse: — Alec nos chamou e disse que você precisava de ajuda para empacotar, então aqui estamos.

Encostei-me na minha porta da frente e sorri. — Obrigada, vocês são brilhantes.

Referências

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