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SENTENÇA C O N C L U S Ã O

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Academic year: 2021

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SENTENÇA

C O N C L U S Ã O

Em 9 de fevereiro de 2017, faço estes autos conclusos ao MM. Juiz de Direito da 4ª Vara Cível do Foro Regional de Pinheiros, Dr. Paulo Jorge Scartezzini Guimarães. Eu, ___________, escr.

Processo nº: 1011411-34.2016.8.26.0011 - Tutela Antecipada Antecedente

Requerente: Luiz Eduardo Auricchio Bottura

Requerido: Dublê Editorial Ltda. Epp. - Revista Eletrônica Consultor

Jurídico - (conjur)

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Paulo Jorge Scartezzini Guimarães

Vistos.

LUIZ EDUARDO AURICCHIO BOTTURA, qualificado nos autos, propôs a presente Ação de Obrigação de Fazer contra DUBLÊ EDITORIAL LTDA. EPP. alegando, em síntese, que a ré mantém uma matéria jornalística acerca de processos que o autor respondeu na justiça em seu site “Conjur”, todavia, com informações desatualizadas. Requer que a ré seja condena a excluir a matéria de seu site ou, subsidiariamente, a atualizar a notícia com as decisões mais recentes da justiça sobre os processos mencionados.

Com a inicial vieram os documentos de fls. 11/813.

O pedido de tutela provisória foi deferido em decisão de fls. 814/815, alterada pela decisão de fls. 818, em resposta aos embargos de declaração de fls. 816/817. A ré interpôs agravo de instrumento contra a decisão (fls. 950/988) e a Reclamação nº 25.768 no STF, que foi acolhida em caráter liminar para suspender os efeitos da tutela provisória (fls. 1196/1202).

O autor peticionou em fls. 825/828 requerendo a majoração da multa imposta por descumprimento da liminar de fls. 814/815, pedido não aceito em

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decisão de fls. 916. O autor interpôs embargos de declaração (fls. 993/994) contra a decisão, que não foram acolhidos (fls. 1164).

Em emenda a inicial de fls. 1167/1179 o autor alterou o pedido inicial, requerendo a exclusão de mais uma matéria do site da ré. Em decisão de fls. 1180 a ré foi intimada para se manifestar sobre a alteração do pedido, posto que já havia sido citada, nos termos do art. 329, II do CPC.

Citada, a ré alegou em contestação (fls. 1203/1251) que não concorda com a emenda ao pedido inicial e que a petição inicial é inepta. No mérito, sustenta que o conteúdo da matéria publicada é verídico e que o pedido do autor tem pretensão de censura.

Houve réplica (fls. 1358/1375). É o relatório. Fundamento e decido.

O feito merece julgamento no estado em que se encontra, não sendo necessária a produção de demais provas.

Afasto a preliminar de inépcia petição da inicial, uma vez que ela contém todos os elementos necessários para a propositura da ação e para a compreensão dos pedidos, nos termos do art. 330, § 1º do CPC, ainda que apresente volume desnecessário de documentos.

No mérito, é necessária a análise da legalidade dos pedidos do autor.

A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são resguardadas na Constituição Federal pelos artigos 5º, IV e 220.

Este último dispositivo dispõe que: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição”.

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Enfatiza o parágrafo 2º deste artigo que “É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”.

Da leitura do artigo 5º, V, também se extrai que esta liberdade não deve ser exercida com abusos, assim como qualquer outro direito, assegurando “o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”.

A opção do legislador constituinte é clara em priorizar a manifestação do pensamento sem qualquer restrição, garantindo, posteriormente, a reparação pelos excessos cometidos e a possibilidade de se exercitar a resposta em caso de inverdades ou ofensas. Desta forma, fica vedada qualquer intervenção estatal prévia ou posterior no conteúdo jornalístico veiculado pela imprensa, que deve ser disponibilizado ao público para que forme sua convicção, acompanhado do devido direito de resposta quando necessário.

O STF no julgamento da ADPF 130, que declarou inconstitucional a Lei de Imprensa, destacou que a Constituição veda qualquer ato de restrição à liberdade de expressão e que os demais direitos devem ser tutelados de forma reparadora, priorizado o acesso do público à informação e a manifestação do pensamento:

Consta do voto:

“A liberdade de informação jornalística é versada pela Constituição Federal como expressão sinônima de liberdade de imprensa. Os direitos que dão conteúdo à liberdade de imprensa são bens de personalidade que se qualificam como sobredireitos. Daí que, no limite, as relações de imprensa e as relações de intimidade, vida privada, imagem e honra são de mútua excludência, no sentido de que as primeiras se antecipam, no tempo, às segundas; ou seja, antes de tudo prevalecem as relações de imprensa como superiores bens jurídicos e natural forma de

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controle social sobre o poder do Estado, sobrevindo as demais relações como eventual responsabilização ou consequência do pleno gozo das primeiras. A expressão constitucional "observado o disposto nesta Constituição" (parte final do art. 220) traduz a incidência dos dispositivos tutelares de outros bens de personalidade, é certo, mas como consequência ou responsabilização pelo desfrute da "plena liberdade de informação jornalística" (§ 1s do mesmo art. 220 da Constituição Federal). Não há liberdade de imprensa pela metade ou sob as tenazes da censura prévia, inclusive a procedente do Poder Judiciário, pena de se resvalar para o espaço inconstitucional da prestidigitação jurídica.” (ADPF 130, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 30/04/2009, DJe-208 DIVULG 05-11-2009 PUBLIC 06-11-2009).

Diversas Reclamações têm sido julgadas pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, afastando ordens judiciais que impedem a circulação ou determinam a remoção de conteúdo jornalístico, por afronta ao decidido na ADPF 130.

O Ministro Celso de Mello destaca na Reclamação nº 18.836 o efeito vinculante da ADPF 130 e que comandos judiciais obrigando a exclusão de conteúdo afrontam esta decisão:

Diz o Ministro que:

“A interdição judicial imposta ao ora reclamante, em sede de antecipação de tutela, ordenando-lhe que “exclua de seu perfil, em qualquer rede social, os comentários negativos feitos” (...) sobre o interessado, sob pena de incidência de multa cominatória diária, configura, segundo entendo, clara transgressão ao comando emergente da decisão que esta Corte Suprema proferiu, com efeito

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vinculante, na ADPF 130/DF.” (Rcl 18836, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 13/02/2015, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-033 DIVULG 19/02/2015 PUBLIC 20/02/2015).

Em decisão na Reclamação nº 25.768, o Ministro Ricardo Lewandowski também destaca que ordens judiciais que obrigam a exclusão de conteúdo são contrárias ao entendimento do STF e acrescenta que o procedimento correto a ser adotado no caso de notícias inverídicas ou desatualizadas é o exercício do direito de resposta, regulado pela lei nº 13.188.

Consta da decisão que:

“Dessa forma, observo, em juízo perfunctório, que a autoridade reclamada foi além do que permitido por esse STF. A decisão questionada não tratou da garantia do direito de resposta. Houve, na verdade, a ordem para a exclusão da matéria jornalística e a determinação para que a revista produza e publique um novo texto sobre as decisões judiciais que se sucederam. (...) Assim, entendo ser o direito de resposta cabível para rebater matéria jornalística cuja informação seja inverídica ou incompleta.” (Rcl 25768 MC, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 29/11/2016, publicado em DJe-257 DIVULG 01/12/2016 PUBLIC 02/12/2016)

Já na decisão proferida na Reclamação nº 18.638, o Ministro Roberto Barroso sustenta que impedir a divulgação de qualquer conteúdo é uma possiblidade excepcionalíssima, que só deve ser praticada quando divulgações impróprias colocarem em risco a intimidade e a vida privada:

Afirmou que:

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não envolvam a proibição prévia da divulgação parâmetro (viii). O uso abusivo da liberdade de expressão pode ser reparado por mecanismos diversos, que incluem a retificação, a retratação, o direito de resposta, a responsabilização civil ou penal e a interdição da divulgação. Somente em hipóteses extremas se deverá utilizar a última possibilidade. Nas questões envolvendo honra e imagem, por exemplo, como regra geral será possível obter reparação satisfatória após a divulgação, pelo desmentido por retificação, retratação ou direito de resposta e por eventual reparação do dano, quando seja o caso. Já nos casos de violação da privacidade (intimidade ou vida privada), a simples divulgação poderá causar o mal de um modo irreparável. Veja-se a diferença. No caso de violação à honra: se a imputação de um crime a uma pessoa se revelar falsa, o desmentido cabal minimizará a sua consequência. Mas no caso da intimidade, se se divulgar que o casal se separou por disfunção sexual de um dos cônjuges hipótese que em princípio envolve fato que não poderia ser tornado público não há reparação capaz de desfazer efetivamente o mal causado. As circunstâncias do caso reforçam a inadequação da censura prévia.” (Rcl 18638 MC, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, julgado em 17/09/2014, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-182 DIVULG 18/09/2014 PUBLIC 19/09/2014).

Ante o exposto e em que pese a tutela antecipatória concedida, está claro que o provimento jurisdicional requerido pelo autor não encontra amparo legal, não podendo ser acolhido.

Observa-se ainda que, no caso concreto, as decisões proferidas em favor do autor são posteriores a publicação da reportagem posta em lide (fls. 231/254 e 255/260), o que afasta qualquer alegação de que a ré tenha publicado

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qualquer conteúdo, à época, inverídico.

Isto posto, JULGO IMPROCEDENTE a presente ação, revogando a tutela de urgência. Condeno o autor ao pagamento de custas, despesas e honorários advocatícios que fixo R$ 10.000,00, nos termos do art. 85, § 8º do CPC.

P.I.

*

São Paulo, 09 de fevereiro de 2017.

D A T A

Em 9 de fevereiro de 2017 , recebi estes autos em Cartório. Eu, _____(*), escr.

Referências

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