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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 10ª Câmara de Direito Privado

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Academic year: 2021

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Registro: 2018.0000496059

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do(a) Apelação nº 1047668-53.2014.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA, é apelada SUELI REGINA ARAÚJO QUEIXADA.

ACORDAM, em 10ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ELCIO TRUJILLO (Presidente sem voto), COELHO MENDES E J.B. PAULA LIMA.

São Paulo, 19 de junho de 2018.

SILVIA MARIA FACCHINA ESPÓSITO MARTINEZ RELATOR

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VOTO Nº 5803

Nº Processo - Classe: 1047668-53.2014.8.26.0100 - Apelação

Origem: Comarca de São Paulo

Juiz(a) de 1º Grau: Adilson Aparecido Rodrigues Cruz

Partes: Apelante: Facebook Serviços Online do Brasil Ltda

Apelado: SUELI REGINA ARAÚJO QUEIXADA

APELAÇÃO. Ação de obrigação de fazer. Sentença de procedência. Irresignação do requerido. Acolhimento em parte. Criação de perfil falso na rede social gerenciada pelo requerido. Cumprimento da ordem judicial para exclusão da página. Fatos ocorridos anteriormente à Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet). Inexistência, na época, do dever legal de armazenamento de dados pelos provedores de aplicações de internet. Reconhecida a impossibilidade de cumprimento pelo requerido da obrigação de fornecer informações relacionadas ao perfil excluído. Sentença reformada nessa parte, julgando-se parcialmente procedente a ação. Sucumbência recíproca. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

Trata-se de recurso interposto contra a r. sentença de fls. 83/84 que julgou procedente a ação de obrigação de fazer, determinando ao requerido a exclusão do perfil “Camila Mila Martins”, apresentando as informações cadastrais do usuário operador, com a devida identificação das páginas relacionadas ao respectivo perfil, no prazo de 10 dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 5.000,00.

O requerido também foi condenado ao pagamento das custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios arbitrados em 10% do valor da causa.

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Destacou a impossibilidade do cumprimento da obrigação de fazer, pois havia efetuado as buscas em remotos registros eletrônicos, mas não logrou êxito na localização de quaisquer dados da página reclamada, removida em 28/05/2014.

Sustentou que a obrigação imposta contrariou o Marco Civil da Internet que estabelece o prazo máximo de 6 meses para o armazenamento de dados pelos provedores de aplicações de internet.

Além disso, ressaltou o não cabimento da condenação ao pagamento das verbas sucumbenciais, uma vez que não deu causa à propositura da ação.

Ao final, pleiteou a reforma do julgado. Contrarrazões às fls. 128/132.

O apelante regularizou o recolhimento do preparo às fls. 133/136. Oposição ao julgamento virtual apresentada às fls. 148.

É O RELATÓRIO.

O recurso comporta parcial provimento.

A autora alegou que em março de 2013 foi criada uma página falsa na rede social gerenciada pelo requerido, passando a receber ameaças. Foi acusada de ter praticado crime de homicídio, inclusive com a divulgação de fotos pessoais com familiares e o envio de mensagens privadas a familiares e amigos.

Com efeito, o requerido cumpriu a decisão de fls. 37 que deferiu a antecipação de tutela, promovendo em 28/05/2014 a retirada da página “Camila Mila Martins” noticiada como falsa (fls. 58).

Quanto à impossibilidade de fornecimento de informações cadastrais do usuário operador e da identificação de páginas relacionadas ao respectivo perfil, assiste razão ao requerido apelante.

Isso porque, na época dos fatos (março de 2013) não existia o dever legal de armazenamento dos dados pelos provedores de aplicações de internet.

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Tal obrigação apenas surgiu com o advento da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) que entrou em vigor em 23/06/2014, impondo aos provedores a guarda dos registros de acesso pelo prazo de 6 meses e a disponibilização dos dados pessoais e do conteúdo das comunicações privadas apenas mediante ordem judicial.

No presente caso - apesar dos sérios transtornos sofridos pela autora - não seria possível exigir do requerido o armazenamento dos dados do usuário do perfil e dos registros de acesso, pois a criação da página “Camila Mila Martins” e a respectiva exclusão decorrente de ordem judicial ocorreram anteriormente ao Marco Civil da Internet, sob pena de violação ao princípio da legalidade.

Nesse sentido, já decidiu este E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo:

“OBRIGAÇÃO DE FAZER. INTERNET. FACEBOOK.

FORNECIMENTO DE DADOS TCP/IP. IMPOSSIBILIDADE. FATOS ANTERIORES À LEI 12.965/14. PERFIL FALSO EXCLUÍDO ANTES DO CUMPRIMENTO DA LIMINAR. Insurgência da ré contra a sentença que a obrigou a fornecer dados de TCP/IP, sob pena de multa diária. Alegação de impossibilidade de fornecer os dados. Pedido para afastamento da condenação. Acolhimento. Autora que forneceu o endereço URL depois de o perfil falso ter sido excluído impossibilitando o cumprimento da liminar pela apelante, pois a informação dos dados de TCP/IP não subsistem à exclusão do perfil. Fatos ocorreram antes do marco civil da internet (Lei 12.965/14). Impossibilidade de exigir armazenamento de dados de fatos ocorridos antes da Lei 12.965/14, sob pena de violação ao princípio da legalidade (art. 5°, II da CF). Afasta-se a condenação diante da impossibilidade de cumprimento da obrigação. Sentença reformada. Encargos sucumbenciais a serem arcados pela

apelada. Recurso provido.” (Apelação

0015128-09.2012.8.26.0077, 3ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. CARLOS ALBERTO DE SALLES, j. 24/02/2016)

“Apelação. Ação de obrigação de fazer. Sentença de parcial procedência. Inconformismo da ré. Comprovada a inviabilidade técnica de obtenção e disponibilização do endereço de IP (“Internet Protocol”), elemento reputado necessário à localização do usuário que, sob conta de perfil falso já excluído voluntariamente pelo usuário, teria realizado ofensas na página de rede social. Recurso provido.” (Apelação nº 0000535-93.2013.8.26.0382, 9ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. PIVA

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Portanto, sempre respeitando o posicionamento do D. Julgador de primeiro grau, inexiste alternativa técnica a não ser reformar a r. sentença, devendo ser julgada parcialmente procedente a ação para confirmar a tutela antecipada de retirada da página “Camila Mila Martins”, reconhecendo a impossibilidade de cumprimento da obrigação de fazer em relação ao fornecimento de informações relacionadas ao perfil excluído, restando prejudicada a fixação de multa diária no valor de R$ 5.000,00.

Em razão da sucumbência recíproca, cada parte arcará com o pagamento da metade das custas e despesas processuais, nos termos do artigo 86 do CPC/2015.

No mais, considerando a vedação estabelecida no artigo 85, § 14, do CPC/2015 em relação à compensação dos honorários advocatícios, cada parte deverá arcar com a verba honorária da parte adversa fixada em R$ 1.500,00, com correção monetária até o efetivo pagamento.

Ante o exposto, pelo meu voto, dou parcial provimento ao recurso, nos termos da fundamentação.

SÍLVIA Maria Facchina ESPÓSITO MARTINEZ Relatora

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