• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE, SECRETARIADO EXECUTIVO E FINANÇAS – FEAAC DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE SECRETARIADO EXECUTIVO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE, SECRETARIADO EXECUTIVO E FINANÇAS – FEAAC DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE SECRETARIADO EXECUTIVO"

Copied!
82
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE, SECRETARIADO EXECUTIVO E FINANÇAS – FEAAC

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE SECRETARIADO EXECUTIVO

JAMILLY EMANUELLY OLIVEIRA SILVA

ÉTICA E SIGILO PROFISSIONAL NA ATUAÇÃO DO SECRETÁRIO EXECUTIVO

(2)

JAMILLY EMANUELLY OLIVEIRA SILVA

ÉTICA E SIGILO PROFISSIONAL NA ATUAÇÃO DO SECRETÁRIO EXECUTIVO

Monografia apresentada ao Curso de Secretariado Executivo do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Secretariado Executivo.

Orientadora: Profa. Me. Conceição de Maria Pinheiro Barros.

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

S581e Silva, Jamilly Emanuelly Oliveira.

Ética e sigilo profissional na atuação do secretário executivo / Jamilly Emanuelly Oliveira Silva.

– 2014.

81 f.: il. color., enc. ; 30 cm.

Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Curso de Secretariado Executivo, Fortaleza, 2014.

Orientação: Profa. Ma. Conceição de Maria Pinheiro Barros 1. Ética. 2. Segredos profissionais. 3. Secretariado. I. Título.

(4)

JAMILLY EMANUELLY OLIVEIRA SILVA

ÉTICA E SIGILO PROFISSIONAL NA ATUAÇÃO DO SECRETÁRIO EXECUTIVO

Monografia apresentada ao Curso de Secretariado Executivo do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Secretariado Executivo. Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Profa. Me. Conceição de Maria Pinheiro Barros (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Profa. Me. Daniela Giareta Durante

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Profa. Me. Joelma Soares da Silva

(5)

A Deus.

(6)

AGRADECIMENTOS

À Deus, pela proteção, pelas bênçãos, e por sempre guiar meus passos, iluminar meus caminhos, sendo a minha maior fonte de sabedoria, equilíbrio, força e determinação.

Aos meus amados pais, João Veridiano da Silva e Antonia Jucinete de Oliveira Silva, a quem devo tudo o que sou hoje, pelo o amor incondicional, o cuidado, pelos conselhos dados, valores a mim ensinados, por terem sempre me encorajado a enfrentar meus receios, e a ultrapassar os obstáculos da vida, enfim, por serem meu porto seguro em todas as horas. Pela minha formação de caráter, e educação de qualidade. Por nunca terem me deixado desistir dos meus sonhos.

Aos meus avós paternos, Maria Luciano da Silva e Manuel Firmino da Silva (in

memoriam), que sempre sonharam em me ver graduada, e por sempre terem torcido pelo o

alcance dos meus sonhos. A minha querida avó paterna pelas orações, e ao meu avô pelo imenso carinho a mim concedido.

Ao Eriki Alexandre Sales de Abreu, que esteve ao meu lado em todos os momentos, pela paciência, pelo tempo e o apoio dedicado a mim.

Aos meus amigos, pela a companhia, conselhos e por terem me incentivado a alcançar meus objetivos.

A Profa. Conceição Maria de Pinheiro Barros, pela paciência, por ter dado valiosas sugestões, e, pela ótima orientação.

(7)

“Indubitável que a ética é relevante e essencial para todos.”

(8)

RESUMO

O perfil ético do secretário executivo é exigido por todas as organizações, pois o secretário é responsável pela gestão de informações, de documentos, pessoas, e se depara constantemente com questões que lhe requerem uma postura ética, inclusive de sigilo profissional, no exercício de suas funções. Este trabalho pretende investigar como ocorre o comportamento do profissional de Secretariado Executivo em relação à vivência do valor da ética e do sigilo profissional. Para o alcance dos objetivos propostos foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa e descritiva a partir de um levantamento bibliográfico, uma pesquisa documental e de campo. Para o levantamento de dados, foi realizada uma pesquisa de campo, realizada em duas etapas por meio da aplicação de questionários direcionados à estudantes de Secretariado Executivo que estejam atuando na área, e, posteriormente, aos secretários executivos, os quais a área de atuação é na cidade de Fortaleza, Ceará. A análise dos resultados foi fundamentada na abordagem interpretativa, utilizando o método comparativo, fez-se uso da análise de conteúdo, e para a contagem e análise final, foi empregada a técnica de estatística com o auxílio da ferramenta Statistical Package for the Social Sciences. Os resultados apontam que

é imprescindível a preservação e a prática da ética e do sigilo profissional na atuação dos estudantes e profissionais de Secretariado Executivo, e indicam que o comportamento ético no trabalho e a inviolabilidade do sigilo profissional são considerados requisitos fundamentais, pelos participantes da pesquisa. A postura da maioria dos estudantes e profissionais de Secretariado Executivo no exercício da profissão é condizente com os preceitos descritos no Código de Ética para secretárias e com os valores éticos universais que regem a vida em sociedade.

(9)

ABSTRACT

The ethical profile of the Executive Secretary is required by all organizations as the secretary is responsible for the management of information, documents, people, and constantly faced with issues that require you an ethical, inclusive of professional secrecy, in the exercise of their functions. This paper aims to investigate how is the professional behavior of the Executive Secretary in relation to the experience of the value of ethics and professional secrecy. To achieve the proposed objectives was developed a qualitative and descriptive study from a literature review, a desk and field research. For data collection, a field survey was carried out in two stages through the application of questionnaires aimed at the Executive Secretariat of students who are working in the area, and then to the Executive Secretaries, which the area of expertise is in Fortaleza, Ceará. The analysis was based on interpretative approach, using the comparative method, was made use of content analysis, and for counting and final analysis, we used the statistical technique with the aid of the Statistical Package for Social Sciences tool. The results show that the preservation and practice of ethics and professional secrecy in the performance of students and the Executive Secretary of professionals is essential, and indicate that ethical behavior in the workplace and the inviolability of professional secrecy are considered fundamental requirements, the survey participants . The attitude of most students and Executive Secretary of professionals in the profession is consistent with the principles described in the Code of Ethics for Secretaries and universal ethical values that govern life in society.

(10)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Conhecimento dos estudantes acerca do Código de Ética. ... 45

Gráfico 2 – Conhecimento dos profissionais acerca do Código de Ética. ... 45

Gráfico 3 - Relacionamento com o chefe segundo os estudantes ... 46

Gráfico 4 - Relacionamento com o chefe segundo os profissionais ... 46

Gráfico 5 -Relações interpessoais de acordo com os estudantes ... 48

Gráfico 6 -Relações interpessoais de acordo com os profissionais ... 48

Gráfico 7 -Postura dos estudantes frente a uma situação antiética ... 50

Gráfico 8 -Postura dos profissionais frente a uma situação antiética ... 50

Gráfico 9 - Grau de importância do Sigilo Profissional segundo estudantes ... 51

Gráfico 10 - Grau de importância do Sigilo Profissional segundo profissionais ... 51

Gráfico 11 -Reação dos estudantes quando alguém pergunta sobre informações sigilosas ... 53

Gráfico 12 -Reação dos profissionais quando alguém pergunta sobre informações sigilosas ... 53

Gráfico 13 -Gestão de informações no trabalho de acordo com estudantes ... 55

Gráfico 14 -Gestão de informações no trabalho de acordo com profissionais ... 55

Gráfico 15 - É importante manter o sigilo segundo os estudantes ... 58

Gráfico 16 - É importante manter o sigilo segundo os profissionais ... 58

Gráfico 17 – Postura dos profissionais diante fatos ilícitos no trabalho ... 60

(11)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DOU FENASSEC SPSS UFC

Diário Oficial da União

Federação Nacional das Secretárias e Secretário

Statistical Package for the Social Sciences

(12)

LISTA DE SÍMBOLOS

(13)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

2 ÉTICA: ASPECTOS TEÓRICOS ... 17

2.1 Origem e histórico da ética ... 18

2.2 Ética: Conceito e considerações gerais ... 23

2.3 Ética Profissional ... 26

3. ÉTICA NA PROFISSÃO DE SECRETARIADO EXECUTIVO ... 28

3.1 Código de Ética do secretário executivo e o sigilo profissional ... 32

3.2 Sigilo na profissão de Secretariado Executivo ... 35

4 METODOLOGIA DA PESQUISA ... 37

4.1 Delineamento da pesquisa ... 37

4.2 Métodos e técnicas de pesquisa ... 38

4.3 Universo da pesquisa e seleção dos participantes ... 40

4.4 Análise dos resultados ... 41

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 42

5.1 Os participantes da investigação ... 42

5.2 A percepção dos respondentes acerca do comportamento do estudante e do profissional de Secretariado Executivo em relação a vivência do valor da ética e do sigilo profissional ... 44

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 67

REFERÊNCIAS ... 70

APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ... 74

(14)

1 INTRODUÇÃO

A sociedade propõe que todos adotem uma postura ética, exigindo certos padrões de comportamento, a fim de que todos tenham seus direitos e deveres resguardados, e o interesse comum prevaleça sobre o individualismo.

A ética é um conjunto de princípios que rege os valores e a moral de uma sociedade, assim, norteando a conduta humana para que todas as pessoas convivam socialmente de forma harmônica (NALINI, 2014).

Segundo o entendimento de Sá (2004), a ética encontra-se em todos os aspectos da sociedade, principalmente no contexto profissional. Hoje toda organização exige de seus funcionários atitudes condizentes com a ética, com os valores morais da sociedade, e se comportem de acordo com as normas legais, com o Código de Ética da sua profissão, e simultaneamente, com o Código de Ética proposto pela organização. O profissional ético demonstra uma conduta repleta de responsabilidade, lealdade, cidadania, integridade, transparência e respeito ao próximo.

Com o advento da Globalização, o profissional de Secretariado Executivo vem conquistando mais espaço no mercado de trabalho, prestígio e reconhecimento dos seus esforços. O secretário atua juntamente com os executivos das empresas, podendo atuar em vários níveis organizacionais, principalmente na alta administração, e é apto a trabalhar em setores diferentes da empresa. Este profissional pode ser assessor, gestor e facilitador dos processos administrativos e de comunicação.

O secretário executivo tem acesso a várias informações, sejam sigilosas ou não, por isso é indispensável que este profissional use do bom senso, da responsabilidade e de um alto grau de postura ética ao lidar com essas informações. O perfil ético é exigido por todas as organizações, pois o secretário é responsável pela gestão de informações, de documentos, pessoas, e se depara constantemente com outras questões que lhe requerem uma postura ética, inclusive de sigilo profissional, no exercício de suas funções.

(15)

Este trabalho tem como objetivo geral investigar como ocorre o comportamento do estudante e do profissional de Secretariado Executivo em relação a vivência do valor da ética e do sigilo profissional. Definiu-se como objetivos específicos:

a) conhecer a postura ética de estudantes e profissionais de Secretariado Executivo no exercício das suas atribuições;

b) examinar o comportamento dos secretários em relação aos preceitos descritos no Código de Ética para Secretários e os valores éticos universais que regem a vida em sociedade e à luz do ordenamento jurídico brasileiro,

c) analisar a percepção de estudantes e profissionais secretários acerca do comportamento ético e da importância do sigilo.

Por meio deste trabalho, é realizada uma análise de relevância, visto que a ética e o sigilo profissional estão intrinsecamente ligados ao exercício dessa profissão, devendo, pois, estarem presentes no cotidiano do secretario executivo, já que este desempenha várias atribuições que demandam um comportamento condizente com os valores éticos que regem a sociedade e com o Código de Ética da profissão, além disso, o secretario executivo lida com situações que lhe exigem a não transgressão do sigilo profissional, pois caso contrário, trará prejuízos à organização a qual trabalha.

Este estudo ainda torna-se relevante, pois demonstra que a presença da ética e do sigilo profissional é fundamental no contexto empresarial, relembra que tais princípios devem ser inerentes ao profissional. Além de enriquecer a bibliografia acadêmica, já que existem poucas investigações que tratem concomitantemente da ética e do sigilo profissional na área de Secretariado.

(16)
(17)

2 ÉTICA: ASPECTOS TEÓRICOS

A humanidade vive em coletividade desde os primórdios de sua história, inicialmente por questões de sobrevivência e depois sendo motivada por questões sociais, políticas, até mesmo emocionais. A convivência social pressupõe harmonia, equilíbrio e cooperação entre os indivíduos envolvidos, seja em instância interpessoal ou no grupo o qual faz parte, entre diversos grupos, e na sociedade como um todo (PIRES, 2011).

Para que isso fosse possível, sob a ótica de Marmelstein (2013), surgiu a necessidade de uma espécie de regulamentação do convívio social. Parte-se do pressuposto que o homem é livre (para pensar, agir, falar, ser em sua plenitude), conquanto, se cada um agisse da forma como bem entendesse, pensando apenas em si e no alcance de seus próprios interesses e objetivos, o índice de conflitos ocorreria constantemente em uma escala absurda, e as relações sociais seria algo quase impossível. A liberdade de uma pessoa vai até a liberdade do outro, no sentido de que o direito de um não pode transgredir o de outrem, é preciso, pois, um limite normatizador a fim de garantir os direitos fundamentais, a dignidade da pessoa humana, e a vivência em sociedade sem caos.

Tendo em vista isso, e a diversidade de culturas, costumes, valores e princípios existentes, o homem buscou uma forma de aplicar regras de convivência a serem seguidos por todos, valorando-as como atitudes morais, com o fim de gerenciar as relações no tocante a conflitos de interesses, e, sobretudo, primando o bem-estar social. Com essa regulamentação baseada em normas morais, deu-se ensejo à ética e às criações de leis positivadas, a partir das quais é possível decidir qual interesse ou direito deve-se priorizar, quais comportamentos são socialmente aceitáveis ou mais indicados perante determinadas situações, além de decidir sobre o que é certo ou errado, justo ou injusto, bem ou mal, melhor ou pior para a sociedade.

(18)

2.1 Origem e histórico da ética

Toda sociedade possui características singulares que as diferenciam das demais. Cada sociedade tem suas próprias leis, costumes, normas, princípios, e sua concepção quanto aos valores éticos, o que lhe confere uma identidade própria. Portanto, é verdadeira a assertiva de que os valores éticos podem variar de sociedade para sociedade, ou até mesmo com o passar do tempo, de acordo com o contexto histórico-cultural. De acordo com Almeida (2007, p.16),

O que ocorre, na realidade, é uma atualização dos princípios e valores éticos, de acordo com a cultura, com a sociedade, para que esses possam continuar tendo validade. [...] A ética, portanto, revela a maneira de pensar de um povo, a forma de agir e de ver o mundo. Como este mundo e o próprio homem vivem em constante mudança, se aperfeiçoando e se modificando, é necessário que tudo o que foi por ele criado o acompanhe nesse processo de evolução.

Ainda assim, pode-se falar em ética igualitária e universal, pois, embora cada sociedade institua seus valores éticos – cada qual com sua particularidade que a diferencia das demais -, sempre existirão concepções e ideias comuns entre elas, que serão percebidas e interpretadas sob a mesma ótica. Pode-se afirmar que os valores éticos serão objeto de concordância entre as mais diversas culturas e sociedades, logo, sendo algo perene e universal (a ser seguido por todos). Sobre esse aspecto destaca-se:

As doutrinas éticas fundamentais nascem e se desenvolvem em diferentes épocas e sociedades, como respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações entre os homens, tendo estreita ligação com o progresso histórico-social (MACHADO, 2006, p.15).

Historicamente, a ética passou por várias interpretações de acordo com a cultura do povo ou a época cronológica. Desde os primórdios da humanidade os preceitos da ética eram timidamente já praticados pelos povos primitivos, ainda que imbuídos de misticismo e religião, na tentativa de regrar o comportamento humano objetivando manter o equilíbrio e a harmonia entre si, permitindo o convívio entre os indivíduos nos grupos sociais, logo, na sociedade. De acordo com Machado (2006), nesse momento a ética fundamental se restringia à lei da sobrevivência (trabalhar para comer, matar para não morrer), na qual a atitude agressiva era válida. Uma dos fatores que mais diferenciava o homem primitivo das demais espécies animais era o trabalho. Não havia exploração do trabalho do homem pelo seu semelhante e nem a apropriação dos frutos de trabalho alheio.

(19)

cultural da humanidade. A ética está intimamente ligada à filosofia, e essa relação pode ser percebida facilmente a partir do que o autor menciona a seguir:

Existe uma profunda ligação entre ética e Filosofia: a ética nunca pode deixar de ter como fundamento à concepção filosófica do homem que nos dá uma visão total deste como ser social, histórico e criador. Uma série de conceitos com os quais a ética trabalha de uma maneira específica, como os de liberdade, necessidade, valor, consciência, sociabilidade, pressupõe um prévio esclarecimento filosófico. Também os problemas relacionados com o conhecimento moral ou com a forma, significação e validade dos juízos morais exigem que a ética recorra a disciplinas filosóficas especiais, como a lógica, a filosofia da linguagem e a epistemologia. As questões éticas fundamentais devem ser abordadas a partir de pressupostos básicos, como o da dialética da necessidade e da liberdade (CAMPOS; GREIK; VALE, 2002, p. 2). Na Antiguidade, a ética foi conceituada de acordo com a visão de alguns filósofos que marcaram a história, como Sócrates, Platão e Aristóteles, tratando de aspectos mais voltados para o ser e para os problemas sociais e morais. Devido á democracia política vivida naquele momento histórico, surgiu a filosofia moral, dando ensejo ao estudo da ética.

Sócrates, filósofo grego, considerado como o pai da filosofia moral, buscava despertar o senso crítico das pessoas ao indagá-las sobre a vida, o bem, a ética, a virtude e a justiça, ou seja, os valores e os princípios que essas pessoas consideravam como corretos. De acordo com Almeida (2007), isso causava fúria nas pessoas porque não sabiam como responder e quando perguntavam ao filósofo ainda assim não obtinham uma resposta pronta e concreta Sócrates não tinha as respostas, por isso surgiu a expressão famosa socrática “sei que nada sei” (ALMEIDA, 2007, p. 19). Através desse método, percebeu-se que as pessoas confundiam os valores com os fatos constatáveis, consideravam certo fato ou atitude correta ou ética porque seus antepassados faziam daquela forma.

Chaui (1996) afirma que para Sócrates somente aqueles que conheciam a essência das suas atitudes e das coisas, somente aqueles que sabiam quais eram os objetivos de suas ações e a causa delas é que poderiam viver virtuosamente. Ainda nesse sentido:

O homem só age bem quando conhece os fundamentos de sua ação, não podendo deixar de praticá-la. E ao praticá-la é feliz, por ser plenamente consciente de que suas ações visam o bem. Para ele, a consciência e virtude são inseparáveis. E o ato só é moral quando o indivíduo tem plena convicção da ação praticada (RIBEIRO, L; MARQUES; RIBEIRO, M, 2003, p. 38).

(20)

Para ele a questão central da ética era o bem supremo da vida, a felicidade. A felicidade que consiste em proceder bem e ter uma alma boa. Portanto, o Bem era agir bem e a felicidade, ter uma vida correta; a felicidade e a boa conduta são a mesma coisa. Há em Sócrates um entrelaçamento entre bondade, conhecimento e felicidade. Conhecendo o bem, o homem agiria bem, com o que se sentiria feliz porque seria o dono de seu destino e de si mesmo (PINHO, 2012, p. 5).

O que se sabe sobre Sócrates é através do que seus discípulos escreviam, falavam sobre ele, seus ensinamentos e concepções filosóficas, já que o filósofo grego não deixou nada registrado por escrito.

Platão, discípulo de Sócrates, seguindo algumas concepções filosóficas e discordando de outras, obtinha grande conhecimento e sabedoria. Para Platão, “o mundo sensível em que nos movimentamos é uma cópia do verdadeiro mundo: o das ideias. E o bem só pertence ao mundo empírico como reflexo. Segundo ele, a moral também consistirá em um preparo para a felicidade, que se encontra fora da vida terrena” (PINHO, 2012, p. 5). No entanto, a ética platônica pregava que o homem deveria alcançar o bem, viver virtuosamente e harmoniosamente consigo e com seu grupo social e na vida divina, pois “(quanto mais perto de Deus o homem estivesse, mais virtuoso ele era) para se chegar mais perto da felicidade, do mundo perfeito que era alcançado após a morte” (ALMEIDA, 2007, p. 20).

Aristóteles, discípulo de Platão, acreditava que o conhecimento deve ser o real e não das ideias, não deixando de lado o mundo sensível, diferente de Platão. Difundia a ética finalista, em que o fim era que o homem pudesse atingir a felicidade. De acordo com Pinho (2012, p. 6), “no realismo aristotélico, a ética é a ciência de praticar o bem; esse bem é uma meta a alcançar. Portanto, do bem depende a autorealização do agente, isto é, sua felicidade.

O bem do homem é viver uma vida virtuosa, e a virtude mais importante é a sabedoria”. Aristóteles difundiu ainda a necessidade de se ter prudência e equilíbrio como pressupostos para que haja a ação moral verdadeiramente. Sobre esse filósofo, vale mencionar que:

Aristóteles ainda coloca que o homem também possui uma virtude intelectual, que o possibilita alcançar seus bens e consequentemente, sua felicidade. Essa virtude seriam hábitos bons adquiridos pela alma, os quais provêm de uma liberdade individual de escolher as diversas formas de comportamentos que o homem deseja ter (VALLS, 2001, p 33).

Nas obras de Aristóteles, a ética é diretamente ligada à política, sendo esta um desdobramento natural daquela. Tal pensamento é exposto pelo autor a seguir.

(21)

coletivas, que deveriam ser seguidas por todos. Como o homem era um ‘animal político’, ele só poderia se realizar moralmente através da relação com os outros.

Obrigatoriamente, a vida ética da comunidade deveria se dar em torno da pólis. Assim, um homem eticamente bom tinha também que ser um bom cidadão (RIBEIRO, L; MARQUES; RIBEIRO, M, 2003, p. 40).

Já na Idade Média, período marcado pelo poder absoluto da Igreja e da moral cristã, a ética era uma forma de regular a vida das pessoas, percebendo a subordinação da ética à Igreja e ao Cristianismo. Contudo, a ética era interpretada por meio de teorias morais e princípios religiosos desenvolvidas na época, baseadas na lei de Deus. “Nessa época, a vida virtuosa era caracterizada pela vida de fé, da proximidade com Deus. O homem só é capaz de virtude se for ao lado de Deus. Esse por sua vez era caracterizado pelo bem, a justiça e a verdade” (ALMEIDA, 2007, p. 22). Ainda sobre esse aspecto, menciona-se:

Percebe-se assim, que a Idade Média traz uma novidade no terreno da moral ao deslocar o fim da vida humana. Se para as concepções anteriores a felicidade era atingida no próprio ser, agora, ela se encontra no plano transcendental e atingi-la requer apreender o fim último que se encontra em Deus. A felicidade só será atingida pela fé cristã (PINHO, 2012, p. 6).

Com o advento do capitalismo na Idade Moderna, o mundo passou por transformações em vários aspectos – social, econômico e político -, com isso, a Igreja perde o monopólio do poder, deixou de ter o domínio e a hegemonia antes presente, sendo substituída pela burguesia. Esta “começava a crescer e a impor-se, em busca de uma hegemonia, acentuou outros aspectos da ética: o ideal seria viver de acordo com a própria liberdade pessoal”. (VALLS, 1992, p. 45). O espiritualismo (marcado pelo teocentrismo: Deus no centro de tudo) que fundamentava a ética na Idade Média cedeu espaço para o antropocentrismo, centrado no ser humano como seu próprio fim e fundamento em qualquer área que seja: ciência, política, moral, dentre outras.

Immanuel Kant, filósofo alemão, se destacou pelo seu conhecimento e sua concepção acerca da ética na Idade Moderna. Segundo ele, o dever, fruto da razão, é o que fundamenta a moralidade, logo, a ética. “Em sua filosofia prática, a significação moral do comportamento não reside em resultados externos, mas na pureza da vontade e na retidão dos propósitos do agente considerado. Afere-se a moralidade de um ato a partir do foro íntimo da pessoa” (NALINI, 2014, p. 101). Uma das principais lições de Kant é o imperativo categórico, denominação dada por ser um dever incondicional para quem agisse conforme a razão, regido pela consciência moral em seu sentido pleno. Sobre esse filósofo, destaca-se:

(22)

racionais não eram meramente subjetivos, mas universais e necessários para todos aqueles que atingissem esse nível elevado de entendimento. Só atingimos a consciência de estarmos nos comportando guiados por uma lei moral quando agimos livremente. E só alcançamos a liberdade quando seguimos nossa razão. Ao nos submetermos espontaneamente a um código moral, o fazemos pela opção de que ele é a melhor lei para gerir nossas vidas (RIBEIRO, L; MARQUES; RIBEIRO, M, 2003, p. 44).

Portanto, é possível afirmar a partir do imperativo categórico de Kant que uma atitude ética é quando você faz o bem ao próximo sem esperar algum em troca, seja qualquer que seja o retorno, e apenas visando o fim daquela ação, na qual a justeza desta é medida na boa vontade de quem a aplica. Quando o indivíduo age fazendo o bem para certa pessoa motivado pelo dever, essa ação será estritamente moral. De acordo com o autor:

Os imperativos categóricos podem ser sintetizados nas seguintes expressões: ‘Aja de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como princípio universal de

tua conduta´; ‘Aja sempre de tal modo que trates a humanidade, tanto na sua pessoa

como na do outro, como um fim e não apenas como um meio’ (RIBEIRO, L; MARQUES; RIBEIRO, M, 2003, p. 44).

A partir do século XIX, na contemporaneidade, houve um grande progresso científico e valorização do ser humano em si, e, com isso, os conceitos até então existentes acerca da moralidade universal, que eram abstratos, foram cada vez mais questionado por pensadores da época, dando destaque a Marx e Sartre (PINHO, 2012). Karl Marx defende a concepção de que o “sujeito social está internamente dividido em diferentes classes sociais, e que a moral vigente é colocada de acordo com os diferentes interesses de seus dominantes, por isso, para o marxismo, a ética não pode ter a pretensão à universalidade” (ALMEIDA, 2007, p. 27). Sobre esse aspecto, vale ressaltar que:

Na medida em que sucumbe a sociedade capitalista e com ela a propriedade privada, a divisão do trabalho e a produção de mercadorias, seria necessário que se constituísse um novo código de moralidade que corresponda às novas exigências de convivência social que transcenda os valores emanados pela sociedade do trabalho, que permita a constituição de um ser indiviso, plural e, por isso, efetivamente emancipado. Assim, só na superação da sociedade capitalista, com o fim do trabalho abstrato e, portanto, da base sobre a qual se ergue a moderna exploração do homem pelo homem, é que poderá surgir uma moral realmente autêntica, baseada no princípio da igualdade e na fraternidade humana, tomada como valor universal (RIBEIRO, L; MARQUES; RIBEIRO, M, 2003, p. 48- 49).

(23)

liberdade para exercitar sua subjetividade, no entanto, era o único responsável pelos seus atos, e era dele a competência de escolher os princípios e valores que motivariam suas ações e, consequentemente, as respectivas responsabilidades. Eliminou toda fundamentação teleológica que poderia se dar à ética e constituição dos valores morais. Isso não torna a teoria de Sartre individualista, podendo ser percebido em suas obras, onde é colocada a profunda preocupação do homem com o próximo. A ética segundo Sartre:

Baseia-se na liberdade como fim, pois são os seres humanos que vão atribuir valor ao mundo a partir de suas experiências concretas. Assim sendo, o valor do ato moral não se dá pela submissão a princípios estabelecidos e sim pelo uso que o sujeito fizer de sua liberdade. Só a liberdade decide, não havendo normas pré-estabelecidas, e a liberdade torna-se o fim da moral (ALMEIDA, 2007, p. 7).

Diante desse breve histórico, é notável que as doutrinas morais e os preceitos éticos são construídos ao longo dos anos, a depender do contexto histórico-social e de acordo com as ideologias e principais pensadores/estudiosos de cada época.

2.2 Ética: Conceito e considerações gerais

Atualmente, encontra-se a palavra ética em varias situações, sob vários aspectos e em diversos segmentos da sociedade, seja em juramentos de formatura, na escola, na família, na igreja, na política, no trabalho, enfim, está presente nos valores, anseios e na conduta da sociedade de modo geral.

Não se trata se um termo atual, como foi supracitado, a ética teve sua origem na Antiguidade, através dos filósofos e no decorrer do tempo, sua definição e evolução foram influenciadas também por aspectos religiosos e pela ciência, por meio da psicanálise. Mas afinal, como definir a ética, já que se trata de um termo e ao mesmo tempo uma “prática” que tem alcance em diferentes sociedades e contextos históricos?

Não se trata de um termo meramente abstrato. A ética é um conjunto de princípios que rege os valores e a moral de uma sociedade, assim, norteando a conduta humana no convívio social de forma pacífica e harmônica. Há várias definições para a ética, algumas delas a seguir. “Ética, do grego, ethos, com a vogal longa, significa costume. Ethos, com a

(24)

A partir dessas definições, verifica-se que a ética se faz necessária para harmonizar o convívio entre as pessoas, observando o comportamento delas em vários aspectos e, consequentemente, ditando normas e valores que devem ser seguidos em prol do bem comum, da universalidade. Se todas as pessoas de um grupo social (cada qual com sua personalidade, modo de ser e pensar) agem de acordo com os valores éticos já pré-definidos, além de garantir a harmonia, a felicidade e o bem, serão evitados conflitos de interesses, disputas desnecessárias violências e mal-estar nas relações humanas (interpessoais).

A ética é uma doutrina que apregoa o valor do bem, que rege a conduta humana. É saber discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado/incorreto, o que se deve ou não fazer. “A ciência que toma por objeto imediato os juízos de apreciação sobre os atos qualificados como bons ou maus” (LALANDE, 1999, p. 349). “Ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade do agir humano; quer dizer considera os atos humanos enquanto são bons ou maus” (LUÑO, 1982, p. 17).

“Ética é a pessoa que, livremente, com a consciência bem formada e reta intenção, aplica sua inteligência na procura da verdade e sua vontade na busca do bem em todas as circunstâncias” (WHITAKER, 2007, p. 204). A partir desse conceito, constatamos uma referência ideal, o parâmetro da pessoa ética, de acordo com a visão do autor, fundamentada na conduta humana esperada pela sociedade.

Após a identificação do que significa a ética, conclui-se que a função primordial desta é investigar e explicar o comportamento humano do interior de cada sociedade ao longo das várias fases da história. A ética serve como parâmetro para fixação de comportamentos “padrões”, aceitos pela maioria, permitindo que as pessoas convivam em grupo ou em sociedade de forma harmônica e equilibrada, e que o nível de conflitos de interesses dentro da sociedade seja diminuído.

A priori, não existe diferença entre os termos “moral” e “ética”, podendo ser utilizadas indiferentemente. Há estudiosos que defendem essa não distinção, sendo possível intercambiar o uso dos termos, fundamentando isso, principalmente, com base na identidade etimológica de significado de ética e moral: “Ethos, em grego, e mos, em latim, querem dizer

(25)

que o filósofo Kant interpreta de modo que a moral é um conjunto de princípios gerais, enquanto a ética é sua aplicação concreta, no mundo real.

Independente de haver várias correntes que tratam da distinção conceitual, não impede que as expressões “ética” e moral” sejam usadas corriqueiramente/habitualmente como sinônimas. Sobre esse aspecto, destaca-se:

O mais importante é conferir valor, relevância e extrair consequências concretas para esse encontro com a ética, que se pretende definitivo. Conceituar não é o mais importante. Na linguagem rotineira, é comum o uso indistinto, seja do verbete moral, seja da palavra ética. Exprimem o cerne idêntico. Etimologicamente, como visto, provêm da mesma origem. Todavia, para fins de erudição, convém precisar o conceito. Há várias vertentes para de definir ética (NALINI, 2014, p. 36).

Para Vázquez (2014, p. 23), ética é a teoria ou ciência que tem como objeto de estudo o “comportamento moral dos homens em sociedade”. Lalande (1932 apud Miguel

Reale, 2000, p.73) recorda que ciência é termo que

pode ser tomado em duas acepções fundamentais distintas: a) como ‘todo conjunto de conhecimentos ordenados coerentemente segundo princípios’; b) como ‘todo conjunto de conhecimentos dotados de certeza por se fundar em relações objetivas, confirmadas por métodos de verificação definida, suscetível de levar quantos os cultivam a conclusões ou resultados concordantes.

Nesse sentido, a ética é definida como ciência por preencher os requisitos necessários para assim ser identificada, visto que possui “objeto próprio, leis próprias e método próprio, na singela identificação do caráter científico de um determinado ramo do conhecimento” (NALINI, 2014, p. 37). A Ética, enquanto ciência, está estritamente associada a moral, tomando esta como seu objeto cognitivo. A moral é um dos aspectos do comportamento humano. Os fatos que ocorrem no dia-a-dia são valorados de acordo com a moral, tornando-se fatos morais, e a partir destes, a ética - como ciência -, busca extrair os princípios gerais que a eles devem ser aplicados. Contudo, o objeto da Ética é a moralidade positiva, por se tratar de um “conjunto de regras de comportamento e formas de vida através das quais tende o homem a realizar o valor do bem” (MÁYNEZ, 1939, p. 12, apud NALINI,

2014, p. 37).

(26)

2.3 Ética Profissional

A ética é um princípio norteador da conduta humana que está presente em vários aspectos da sociedade. Porém é no contexto profissional que mais se ouve falar em ética, e onde esta se faz mais presente, já que é uma prática exigida.

A Ética Profissional é um ramo mais específico decorrente da Ética em que ambas possuem a mesma natureza e são preocupadas com o bem de alcance universal. É definida por Nalini (2014) como o conjunto de atitudes e de valores positivos, entretanto, de normas morais que norteiam o comportamento profissional do indivíduo, ficando este com o dever de segui-las no ambiente de trabalho. Nesse sentido, o autor Souza Filho (2014, p. 79), entende que:

Ética Profissional pode ser compreendida como uma reflexão pessoal do agente profissional buscando definir diretrizes lógicas e valorativas orientadoras de seu procedimento laboral. Esse refletir ético é também um dado subjetivo e apriorístico, verificando no íntimo da consciência do profissional visando perfectibilizar um comportamento condizente com os ideais de sua profissão e a expectativa de seu cliente.

A ética dos profissionais é essencial para o bom funcionamento das organizações como um todo, das atividades empresariais e das relações interpessoais no ambiente do trabalho. Acerca do assunto, afirma que:

A Ética é indispensável ao profissional, porque na ação humana ‘o fazer’ e ‘o agir’

estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão, ou seja, ético é todo profissional que tem como meta sentir-se íntegro e pleno da alegria de viver. Convicto de que todos os demais podem se sentir assim também. Cultiva o pensamento cooperativo. Tem um profundo inabalável respeito pelos acordos firmados (AMORIM; PEDRO, 2007, p. 6-7).

Segundo Jacomino (2000, p. 28), sobre a postura ética que um profissional deve ter, expõe que:

hoje, mais do que nunca, a atitude dos profissionais em relação às questões éticas pode ser a diferença entre o seu sucesso e o seu fracasso. Basta um deslize, uma escorregadela, e pronto. A imagem do profissional ganha, no mercado, a mancha vermelha da desconfiança.

(27)

a própria profissão prega como valor e comportamentos “morais” a serem necessariamente seguidos. Na percepção de Almeida (2007, p. 31),

Quando falamos de ética profissional, estamos nos referindo ao caráter normativo e até jurídico que regulamenta determinada profissão a partir de códigos específicos. A ética profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com sua clientela, visando à dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto sócio-cultural onde exerce sua profissão.

É imprescindível que o profissional adote uma postura condizente com os valores éticos universais (aqueles que a sociedade dita; os quais são aceitos e seguidos por todos), e aja de acordo com o Código de Ética que regulamenta a profissão que exerce. Um profissional ético nada mais é do que aquele que age direito, pratica o bem e não prejudica os outros, mesmo que seja para alcançar um objetivo. Ele age de acordo com os valores morais de uma determinada sociedade. Algumas características definem um profissional ético: honestidade em qualquer situação, sinceridade, franqueza, generosidade, transparência, coragem para assumir as decisões, flexibilidade, postura pró-ativa e de cooperação - saber trabalhar em equipe -, tolerância, integridade e humildade (SÁ, 2004).

(28)

3 ÉTICA NA PROFISSÃO DE SECRETARIADO EXECUTIVO

No que se refere à ética secretarial, destaca-se que, de acordo com Azevedo e Costa (2006, p.18), a palavra "secretária" é de origem latina, e deriva dos seguintes termos: “secretarium” - lugar retirado, conselho privado, “secretum” - lugar retirado, retiro, solidão,

audiência secreta, “secreta” - particular, segredo. Segundo Urigüem (2003, p. 57), a palavra secretária vem do latim secretarius Persona a quién se comunica algún secreto pra que los

guarde discretamente, convirtiéndose así em depositaria de assuntos confidenciales”.

A origem da profissional de Secretariado Executivo é bastante remota, tendo início com o labor dos escribas, absolutamente exercido por homens, os quais detinham conhecimento e dominavam a escrita. Eram os responsáveis pelos arquivos e por redigir as ordens (NONATO JUNIOR, 2009). Ainda hoje, os secretários exercem essas atividades, porém são primárias.

Com o tempo, a profissão se reinventou, atualizou, e o papel dos secretários deixou de ser restrito e pouco expressivo, pois não se trata apenas a execução de atividades rotineiras e de ser o elo entre o chefe e seus clientes. Hoje em dia, ser secretário é estar apto a ser assessor, gestor, facilitador, consultor, empreendedor, e estar plenamente capaz e qualificado para participar ativamente dos processos decisórios da organização (BORTOLOTTO; WILLERS, 2005). O histórico da profissão é sabiamente sintetizada a seguir:

Os primeiros registros da profissão secretária datam dos tempos dos faraós, sendo exercida pelo sexo masculino, na figura dos escribas. Com a Revolução Industrial, volta a aparecer a função de secretário e após as duas guerras mundiais, por falta de mão-de-obra masculina, observamos o surgimento da figura feminina bastante atuante na área, na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, a mulher surge como secretária na década de 50. Nessa mesma época houve a implantação de cursos voltados para a área como, por exemplo, datilografia e técnico em Secretariado. Nas décadas de 60 e 70 vemos a expansão da profissão, mas somente a partir dos anos 80 a categoria conseguiu, por meio de muita luta, a regulamentação da profissão, com a assinatura da Lei n° 7.377, de 30-9-1985. Com a regulamentação a classe ganha força, surgindo os sindicatos das secretárias. Em 1988 foi criada a Fenassec –

Federação Nacional de Secretárias e Secretários em Curitiba, Paraná. Em 7 de julho de 1989 é publicado o Código de Ética Profissional, criado pela União dos Sindicatos (AZEVEDO, 1995, p.17, 18).

(29)

Executivo foi regulamentada em 30 de setembro de 1985 pela Lei nº 7.377, quando se conquistou maior reconhecimento e a valorização da atividade.

A Lei nº 9.261/1996 alterou a redação do art. 2º, incisos I e II, do art. 3º, caput, do

art. 4º, inciso IV e do art. 6º, parágrafo único, os quais definem quem é legalmente permitido a exercer a profissão, no caso, quem tem formação em Secretariado Executivo, ou Técnico em Secretariado (VEIGA, 2010). A Lei 9.261/1996 tem caráter complementar à Lei 7.377/85, mantendo-se vigentes e eficazes os demais artigos desta lei de regulamentação do profissional de Secretariado Executivo.

No entanto, ao passar do tempo, e advinda a Era da Globalização, a importância do papel desses profissionais ficou evidente, sendo mais valorizados, requisitados e esforços reconhecidos. Com isso, aumentou também a necessidade de ter responsabilidade e comprometimento com os princípios que regem a profissão, o local de trabalho e as pessoas com quem estes profissionais convivem.

Um secretário desempenha o conjunto de suas atividades de forma proativa, eficiente e eficaz, sempre buscando manter a integridade de sua profissão e do seu local de trabalho, colaborando para a construção de uma boa imagem deste perante a sociedade. O secretário executivo realiza suas atribuições não visando apenas o sucesso profissional para si, mas também o alcance dos objetivos e interesses comuns no ambiente empresarial, assessorando os executivos e gerentes a dirigir e a gerir a funcionalidade da empresa.

Veiga (2010, p. 28) declara que “o mercado de trabalho valoriza muito a secretária que constantemente se aperfeiçoa, mas todo esse esforço será em vão se a profissional não tiver um comportamento ético nas suas ações e atitudes”. O profissional de Secretariado representa a imagem da organização na qual trabalha, é o elo entre a empresa e o mercado/ambiente externo, intermedia as relações entre o executivo e demais funcionários, sendo portanto, a figura que comunica as decisões da administração superior e os demais setores da instituição.

Destarte, é imprescindível que o secretário tenha uma conduta profissional idônea, sempre pautada na verdade e na moral. Portela e Schumacher (2009, p.76) acrescentam que:

A atuação do secretário nas instituições, portanto, é hoje, e mais do que nunca, marcada pela confiança e pela ética, pois se espera dele o compromisso com a fidedignidade da informação, com a lisura nos procedimentos, com a retidão nas atitudes e com a qualidade solidária nos relacionamentos.

(30)

cuidado. Ao querer repassar com uma informação, o secretário deve estar “atento na veracidade e na utilização correta das palavras, para que a mensagem possa atingir o seu real objetivo. Portanto, a clareza, a objetividade e principalmente a honestidade, devem ser preservadas no processo de comunicação” (ALMEIDA, 2007, p. 37).

Os profissionais de Secretariado tem acesso à muitas informações privilegiadas da empresa, por tal motivo, não devem tirar proveito para si ou em nome de alguém, a fim de repassar essas informações ou ainda, deturpar o conteúdo ou sentido delas.

Ainda sobre esse aspecto, Rodrigues e Oliveira (2012) argumentam que o perfil de um bom profissional de Secretariado está totalmente ligado à ética de suas ações e omissões, já que geralmente o secretário obtém informações as quais devem ser mantidas em sigilo, ainda que seja do interesse de outras pessoas, a fim de manter o bom funcionamento da empresa. Se esse profissional é capaz de garantir sigilo dos dados, resta caracterizada a responsabilidade ética dele. Sob a égide do Código de Ética da categoria (BRASIL, 1989), artigos 6º e 7º, o secretário deve guardar absoluto sigilo sobre assuntos e documentos que lhe são confiados, e é proibido assinar documentos que possam resultar no comprometimento da dignidade profissional.

Em relação à gestão de documentos, o secretário tem acesso a muita correspondência, contratos, documentação da empresa e até mesmo do executivo, de cunho pessoal. A conduta ética a ser seguida é gerir os documentos, despachá-los a quem realmente interessa (destinatário), podendo abrir as correspondências quando o assunto lhe couber, de interesse da empresa ou instituição, tudo isso mantendo a discrição, responsabilidade, discernimento e manter o sigilo, a depender do documento e quando necessário.

Considerando-se que o profissional secretário tem como campo de atuação empresas das esfera privada ou púbica, faz-se necessário o conhecimento das normas de gestão documental legais. O legislador brasileiro teve o condão de definir na Lei nº 8.159/91 a Política Nacional de Arquivos Públicos e Privados, a fim de normatizar a gestão documental e conferir proteção especial aos documentos de arquivo (BRASIL, 1991).

(31)

No art. 3°, conceitua-se a gestão de documentos como “o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente” (BRASIL, 1991).

A Lei nº 8.159/91, em seu art. 6º, prevê que é possível sancionar àquele que viola o sigilo desses arquivos, sejam públicos ou privados. A partir do art. 7º, da lei supracitada, percebe-se que os arquivos públicos são aqueles decorrentes da atividade dos órgãos públicos e do interesse Estatal. Já quando se refere aos arquivos privados no artigo 11, são aqueles pertencentes a pessoas físicas ou jurídicas, em decorrência de suas atividades, e, sobretudo, no art. 12 vê-se que “podem ser identificados pelo Poder Público como de interesse público e social, desde que sejam considerados como conjuntos de fontes relevantes para a história e desenvolvimento científico nacional” (BRASIL, 1991).

Contudo, essa Lei nº 8.159/91 (BRASIL, 1991), que rege a gestão de documentos será aplicada quando os arquivos de uma organização, pessoa jurídica de direito privado, atenderem aos requisitos e pressupostos legais.

Devido às suas atribuições, ao seu acesso a um grande número de informações e/ou documentos, e por ser um agente facilitador do processo comunicativo da organização, o secretário deve sempre respeitar os direitos e deveres contidos no Código de Ética da profissão (BRASIL, 1989), e o da organização – se esta obtiver um Código de ética próprio -, admitindo uma postura ética condizente com este, e com os preceitos e as normas morais inerentes da sociedade (valores éticos universais), como a lealdade, o respeito, a honestidade, a justiça, a verdade, o combate à violência, e a preservação da dignidade humana. É importante destacar que:

O Secretário Executivo exerce uma função delicada, este tem acesso a informações sigilosas, lidam com um número grande de pessoas, cada uma com personalidades e temperamentos diferentes, exercem o papel de elo entre os clientes e os chefes. Por isso, a postura discreta, a consciência ética e o agir pautados no código de ética da profissão são atributos indispensáveis a estes profissionais (ALMEIDA, 2007, p. 9).

É indispensável que este profissional aja em conformidade com a ética, praticando-a em quaisquer situações e ao lidar com todas as pessoas, e deve agir de acordo com a missão da empresa – por isso, ao secretário se candidatar a trabalhar em uma empresa, deve buscar saber se o seu perfil se identifica com o que a empresa busca para si e para seus funcionários, clientes, fornecedores e público em geral. Drucker (1997, apud Portela e

(32)

habilidades alinhadas aos objetivos da organização, necessariamente, não significa a imposição disto, mas, fator determinante para o ingresso deste na organização”.

Qualquer que seja a função do secretário é requerido deste um alto grau de discrição, honestidade e clareza, características estas imprescindíveis ao perfil deste profissional, e procuradas pelas empresas na contratação/admissão de novos funcionários da área secretarial.

3.1 Código de Ética do secretário executivo e o sigilo profissional

Quando uma empresa decide adotar um documento interno chamado Código de Ética e Conduta, significa que ela quer agir conforme a conduta ética em seus relacionamentos, e deseja que seus funcionários assim o façam também, todos visando o bem comum e um convívio harmônico. Nesse sentido, Ashley (2005, p. 21) entende que as empresas que preferem adotar um Código de Ética, acreditam que essa opção propicia:

[...] que todos dentro e fora da organização conheçam o comprometimento da alta gerência com a sua definição de padrão de comportamento ético e, mais importante, que todos saibam que os dirigentes esperam que os funcionários ajam de acordo com esse padrão. O código define o comportamento considerado ético pelos executivos da empresa e fornece, por escrito, um conjunto de diretrizes que todos os funcionários devem seguir.

O Código de ética é um instrumento de realização da filosofia da empresa, de sua visão, missão e valores. É por meio deste que a organização expressa seu modo de ser e ver perante o mais variado público, expressando também sua cultura organizacional. É uma obrigação moral consagrada por um preceito legal.

Arruda; Whitaker e Ramos (2003) afirmam que os códigos de ética próprios de uma empresa têm caráter regulamentador (assim como o código das profissões o têm) e embora se apoie nos ideais, missão e visão da empresa, não é obrigatório mencionar esses conteúdos, “mas deve deixar claro o que é uma afirmação genérica e o que é uma afirmação de caráter regulamentador, à qual deve corresponder uma punição” (ARRUDA; WHITAKER; RAMOS, 2003, p. 65). Sobre esse aspecto destaca-se:

(33)

Grande parte das profissões possui seu próprio Código de Ética, de caráter regulamentador, cujo objetivo é proteger os profissionais, a categoria como um todo e as pessoas que dependem daquele profissional. É oportuno mencionar que:

O ato profissional é tão sério e relevante socialmente (pois compromete o conceito da profissão, a moral do profissional e o destinatário final do trabalho profissional, o cliente), que hoje saiu do mero controle da consciência ética de cada sujeito para receber controle externo da própria sociedade, destinatária maior desses serviços (SOUZA FILHO, 2004, p. 86).

Os autores Medeiros e Hernandes (2006) apontam que todos os Códigos de Ética Profissional preveem em seu texto alguns princípios como: honestidade no trabalho; lealdade perante a empresa; formação de uma consciência profissional; execução do trabalho no mais alto nível de rendimento; respeito à dignidade da pessoa humana; prezar pelo segredo profissional; discrição ao exercer a profissão; prestação de contas ao chefe hierárquico; observação das normas administrativas da organização; tratamento respeitoso e cortês aos colegas de trabalho, sejam os superiores, colegas ou subordinados hierárquicos; e apoio a esforços para aperfeiçoamento da profissão.

Foi nesse sentido que a União dos Sindicatos instituiu o Código de Ética Profissional destinado ao profissional de Secretariado Executivo, publicado no Diário Oficial da União (D.O.U.) de 7 de julho de 1989. Esse Código de Ética (BRASIL, 1989), é um dos instrumentos básicos para o direcionamento correto da atuação dos secretários executivos como profissionais competentes, confiáveis e eficazes. O seguinte autor descreve o Código de Ética do profissional de Secretário Executivo de modo conciso, porém fielmente estreito ao que este código preleciona:

Verificando o Código de Ética e Conduta da profissional podem ser identificadas as obrigações da secretária executiva em relação à postura ética, aos direitos e deveres que não devem ser apenas observados, mas analisados de forma a levar a secretária executiva ao caminho de uma reflexão sobre sua atuação profissional. Outra facilidade é que esse código dá todo amparo para que jamais haja conivência com ilegalidades. É importante mencionar também que antes de qualquer código de ética profissional e organizacional é necessário haver um conjunto de princípios, atitudes e comportamentos, que se poderia chamar de código de ética pessoal (valores individuais, religiosos e culturais que formam o caráter pessoal), o qual é fundamental para qualquer profissional (PINHEIRO, 2005, p. 76).

(34)

como parâmetro de autoavaliação profissional, pois a partir dele é possível identificar se o secretário está exercendo sua profissão de modo adequado e eficiente.

O profissional deve zelar pelo prestígio e responsabilidade de sua profissão, contribuindo, através do exemplo de seus atos, para elevar a categoria, obedecendo aos deveres legais e morais.

Entende-se por sigilo a manutenção de um segredo que não pode e nem deve ser violado. Quando o sigilo é rompido, o segredo é consequentemente revelado a terceira pessoa, acarretando danos morais ou materiais para o seu titular.

“O segredo é o fato que se pretende desconhecido em nome da ordem pública, e sigilo é o meio, o instrumento de que se servem os interessados para manter íntegro o desconhecimento de tal fato” (ACQUAVIVA, 1995 apud BARROS, 1996, p. 17).

Uma vez definido o que se entende por sigilo, destaca-se o quanto este é de extrema importância no contexto profissional, independente da área ou função exercida.

Durante a execução de suas atribuições os profissionais/funcionários ficam expostos à informações sigilosas e restritas a um certo número de pessoas, seja advindas de um colega de trabalho ou até mesmo da organização a qual trabalha. Não se trata apenas de informações pessoais, íntimas, mas principalmente de documentos, arquivos, diálogos ou quaisquer outros tipos de informações privilegiadas as quais não devem ser divulgadas pelo profissional que teve acesso a ela. Muitas vezes o profissional se aproveita da confiabilidade que possui em seu ambiente de trabalho para ter acesso parcial ou total às informações sigilosas, e faz uso da má-fé, divulgando estas informações de forma indevida.

Essa divulgação não é permitida por questões éticas e legais, já que a violação do sigilo, e a posterior revelação do segredo prejudicarão em diferentes níveis (dependendo do grau de importância e sigilo da informação) as pessoas envolvidas, físicas e/ou jurídicas, titulares da informação privilegiada, taxada como segredo.

É no intuito de evitar a transgressão do sigilo profissional, um dos princípios éticos, que a maioria das profissões redige seu Código de Ética já prevendo em sua normatividade a não violação do sigilo, protegendo assim o titular deste, e mantendo seguras as informações e fatos conhecidos por meio da relação profissional.

(35)

A proteção legal dada ao sigilo é recepcionada pela Constituição Federal do Brasil de 1988, cujo objetivo é defender a liberdade individual e a personalidade moral do indivíduo, dando guarida ao pleno exercício de sua vontade. Portanto, a Carta Maior prevê no art. 5°, inciso XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional” (BRASIL, 1988).

Além da Constituição Federal, outro instrumento legal que garante a proteção ao sigilo, é o Código Penal Brasileiro. Na Parte Especial do mencionado Código, são previstos no art. 154, caput, que os crimes contra a inviolabilidade dos segredos, entre eles, a violação do segredo profissional: “revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem” (BRASIL, 1940). O indivíduo que infringir esta norma, será sancionado com a detenção, no período de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou pagará multa.

No Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), sedá o amparo ao instituto do segredo no art. 207, in verbis: “São proibidas de depor pessoas que, em razão de função,

ministério, oficio ou profissão, devem guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar seu testemunho”. No direito privado, o Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002) estabelece em seu art. 144 que “ninguém pode ser obrigado a depor de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo”. No mesmo sentido, o Código de Processo Civil vigente prevê no art. 406, inciso II, que “a testemunha não é obrigada de depor fatos a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo” (BRASIL, 1973).

Em regra, o sigilo profissional deve ser mantido, salvo raras exceções que implicam justa causa ou quando não há dano causado a quem teve o segredo revelado, assim, configurando a atipicidade do fato. O dano aqui referido pode ser econômico, moral, público, particular, individual ou familiar sofrido pelo interessado na mantença do segredo.

3.2 Sigilo na profissão de Secretariado Executivo

(36)

exercício de sua profissão, devem guardar absoluto sigilo sobre assuntos e documentos que lhe são confiados” (BRASIL, 1989), evidenciando que este profissional tem o direito e ao mesmo tempo o dever de manter o sigilo. Portanto, é exigido do Secretário Executivo manter o sigilo inviolado, seguindo os padrões éticos e legais.

As organizações em geral, como as empresas, na qualidade de pessoas jurídicas, têm uma imagem a zelar e uma intimidade a ser preservada assim como as pessoas físicas também o têm. Cabem aos integrantes e funcionários da empresa demonstrar um comportamento ético e manter sigilo no que se refere às informações e peculiaridades da empresa -, como as táticas de venda e concorrência, o método de seleção e formação das pessoas, os planejamentos e estratégias para atingir os objetivos almejados, e outros fatores que constituem o processo administrativo.

Portanto, o profissional de Secretario Executivo, na qualidade de membro da empresa, deve assumir uma postura ética e saber gerenciar as informações recebidas, muitas delas sigilosas, com responsabilidade, prudência e discrição, como pode ser verificado a seguir:

O profissional de Secretariado com sua capacidade de atuar nos diferentes setores da empresa, é um dos maiores depositários de informações sigilosas. Cabe a ele garantir esse direito, em relação a cada pessoa que se relaciona com a empresa, e de certa forma criar, para a organização, a imagem de integridade que, entre outros aspectos, supõe transparência e discrição (WHITAKER; CAVALCANTI, 2010, p.10).

O secretário executivo pode ter acesso às informações e fatos particulares em várias etapas do processo administrativo, em diferentes níveis organizacionais, e em vários setores da empresa, dependendo da função que exerce.

Caso esse profissional trabalhe no setor de gestão de pessoas, deve respeitar a privacidade de cada funcionário e resguardar os dados pessoais que deles foi transmitido à empresa.

No setor administrativo, a preservação do sigilo é de extrema importância, visto que é onde se encontram as informações que regem todo o rumo a ser seguido pela empresa, a direção, o planejamento, a definição dos objetivos, e das estratégias para alcançá-los; é onde os executivos tem função de decidir vários aspectos do processo administrativo e decisório, como por exemplo, o modo de obter vantagem concorrencial disputando a preferência pelos clientes e fornecedores.

(37)

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

Com o propósito de alcançar os objetivos do presente estudo, foram realizados procedimentos metodológicos que proporcionassem o melhor desenvolvimento da pesquisa. Nesse sentido, este capítulo está estruturado da seguinte forma: primeiramente, expõe-se o delineamento da pesquisa e a sua caracterização, em seguida, são demonstrados os métodos e as técnicas adotados para a obtenção dos dados, após, definido o universo e como se deu a seleção dos sujeitos da pesquisa, depois, em outro ponto, apresenta-se a estruturação dos instrumentos de coleta de dados selecionados para essa pesquisa, e, por fim, os métodos utilizados para a análise dos resultados.

A investigação realizada foi dividida em duas etapas: inicialmente buscou-se investigar como ocorre o comportamento do estudante e do profissional de Secretariado Executivo em relação a vivência do valor da ética e do sigilo profissional. Posteriormente, identificou-se a postura dos profissionais, secretários executivos, diante da mesma questão norteadora da pesquisa.

A metodologia - universo, métodos, técnicas e análises empregadas - foi escolhida observando a justificativa da pesquisa com o intuito de atender aos objetivos gerais e específicos já delineados.

4.1 Delineamento da pesquisa

O presente trabalho possui o caráter qualitativo e descritivo. A pesquisa qualitativa“não emprega um instrumental estatístico como base do processo de análise de um problema. Não pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas” (RICHARDSON, 2012, p. 79). De acordo com Moresi (2003, p. 8), na pesquisa qualitativa “os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem”. Foi realizada uma análise comparada entre os resultados obtidos na pesquisa de campo, e o Código de Ética dos profissionais de Secretariado Executivo, e aplicados ao referencial teórico a fim de investigar como ocorre o comportamento do profissional de Secretariado Executivo em relação a vivência do valor da ética e do sigilo profissional.

(38)

explicação” e “deverá ocorrer quando o propósito de estudo for descrever as características de grupos, estimar a proporção de elementos que tenham determinadas características ou comportamentos, dentro de uma população específica” (FERNANDES; GOMES, 2003, p. 8).

4.2 Métodos e técnicas de pesquisa

Para o alcance dos objetivos propostos foi realizado um levantamento bibliográfico, uma pesquisa documental e uma pesquisa de campo. A revisão bibliográfica foi desenvolvida com o intuito de “[...] fornecer fundamentação teórica ao trabalho, bem como a identificação do estágio atual do conhecimento referente ao tema” Gil (2010, p.30). O levantamento bibliográfico “não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a concussões inovadoras” (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 166). Nessa perspectiva, realizou-se uma pesquisa detalhada em livros, artigos científicos, monografias, publicações de autores relacionados ao tema a ser descrito, e pesquisa via internet, a fim de estabelecer um

esclarecimento e conhecimento sobre a postura do profissional de Secretariado executivo frente a questões que envolvam a ética e o sigilo profissional no exercício de suas funções.

Em seguida, foi desenvolvida uma pesquisa documental, visando obter subsídios da legislação brasileira acerca de ética e sigilo profissional, relacionando esses aspectos à atuação secretarial. Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 157), a pesquisa documental tem por característica o fato de que “a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois”.

Realizou-se uma pesquisa de campo com o intuito de fazer um levantamento sobre a percepção dos estudantes e profissionais de Secretariado Executivo acerca da ética e do sigilo Profissional, e se seu comportamento é condizente com esses preceitos, em seu campo de atuação. Utiliza-se a pesquisa de campo “com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, de descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles” (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.169). A coleta de informações foi feita por meio de levantamento documental e de questionário. Para o levantamento documental foram utilizadas as seguintes fontes documentais oficiais:

Imagem

Gráfico  1  –  Conhecimento  dos  estudantes acerca do Código de Ética.
Gráfico  5  -  Relações  interpessoais  de
Gráfico  7  -  Postura  do  estudante  frente  a
Gráfico  9  -  Grau  de  importância  do
+5

Referências

Documentos relacionados

Quando Mintzberg (1986), afirma que o gerente tem o papel de monitor, ou seja, ele recebe ou procura informações que lhe permitam entender o que acontece na organização,

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq – outubro/2015.. Os grupos de pesquisa são essenciais para que se possa ter uma evolução

Secretariado Executivo instituída pela Resolução nº 3, de 23 de junho de 2005.. os resultados obtidos, com reflexões críticas acerca do estudo proposto e outras

semanalmente ao cliente os produtos da empresa, seja novidade ou não, além de quer se houver algum problema o representante estará ali para solucnonar e ampresa será

Portanto, este estudo surgiu da preocupação com a formação dos futuros secretários executivos e tem como objetivo final investigar se os discentes do curso de secretariado

À Universidade Federal do Ceará, especialmente, à Faculdade de Economia, Administração Atuárias, Contabilidade e Secretariado (FEAAC), por me proporcionar um

c) Competências técnicas: abrange os conhecimentos sobre a atividade específica do gerente, da equipe e de sua organização;.. d) Competência intrapessoal: compreende

Ainda para Fleury e Fleury (2004), no mundo do trabalho a palavra competência assume diversos significados, alguns ligados às características das