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Arq. NeuroPsiquiatr. vol.4 número1

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Academic year: 2018

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CONFERÊNCIAS

A PSIQUIATRIA INFANTIL NOS ESTADOS UNIDOS

IRACY DOYLE *

A o s é c u l o X X c o u b e a h o n r a de presenciar a o r i g e m d o m o v i m e n t o , que veio a ser c o n h e c i d o c o m o n o m e de Psiquiatria infantil.

N ã o quer isso dizer que o s p r o b l e m a s que integram o c a m p o da n o v a especialidade n ã o existissem anteriormente. Existiam e estavam sem s o l u ç ã o . A c h a m a d a a n o r e x i a n e r v o s a das crianças desafiava o e s f ô r ç o d o s pediatras e z o m b a v a d o s aperitivos e demais truques, que o b o m senso ditava nos diferentes c a s o s . O s tratamentos habituais c o s t u m a v a m falhar ante o p r o b l e -m a da enurese noturna de -muitas crianças. E a história d o s tiques escrevia n o v a s e n o v a s folhas, apesar das m e d i d a s educacionais postas e m prática. S e o s p r o b l e m a s de c o m p o r t a m e n t o d e i x a v a m pensativos o s pediatras, mais adian-te l a n ç a v a m e m d e s e s p ê r o as professoras, que n ã o p o d i a m c o m p r e e n d e r , n e m m e s m o queriam admitir, a falência d o s seus p r o c e s s o s . O s repetentes c r ô -n i c o s a d o l e s c i a m -n o s b a -n c o s das escolas. O s i-ndiscipli-nados de t o d o s o s tipos, o s tiranos, o s rebeldes, constituíam o terror d o s mestres e t e i m a v a m e m desviarse d o b o m c a m i n h o , apesar de e s g o t a d o s t o d o s o s r e c u r s o s p e d a g ó g i -c o s . O s t í m i d o s , o s deprimidos, êsses, a o m e n o s , fi-cavam quietos e não per-turbavam o s i l ê n c i o relativo, n e c e s s á r i o a que se transmitissem as n o ç õ e s constantes d o s p r o g r a m a s . D e o u t r o lado, o p r o b l e m a da delinqüência infantil traçava a suá c u r v a ascendente, para atingir cifras alarmantes e m n o s s o s dias. O simples i s o l a m e n t o nas prisões e casas de c o r r e ç ã o n ã o podia satisfazer, p o r q u e a experiência d e m o n s t r a v a que p o u q u í s s i m o s e l e m e n t o s c o n s e g u i a m regenerar-se, q u a n d o tratados dêsse m o d o .

A i n d a que importante fôssem essas q u e s t õ e s e c l a m a s s e m p o r u m a s o -l u ç ã o urgente, e-las não p u d e r a m ser c o n v e n i e n t e m e n t e venti-ladas e esc-lareci- esclarecidas, s e n ã o hodiernamente. A história da e v o l u ç ã o cultural d o h o m e m d e -monstra, a cada passo, que o s c o n c e i t o s , p o r mais originais que p a r e ç a m , n ã o s u r g e m espontâneamente. P a r a que u m a n o v a disciplina se o r g a n i z e e p o s s a m e r e c e r o seu lugar de honra entre o s diferentes r a m o s d o c o n h e c i m e n t o hu-m a n o , faz-se necessário uhu-m c e r t o estado de cristalização d o s c o n h e c i hu-m e n t o s b á s i c o s , s o l i c i t a d o s de especialidades afins. A s s i m a c o n t e c e u c o m a Psiquia-tria infantil.

F o i e m n o s s o s é c u l o que a Pediatria atingiu a maturidade suficiente, para r e c o n h e c e r que a criança n ã o é um adulto e m miniatura. Êsse c o n c e i t o sig-nificou uma r e v i s ã o de t o d o s o s assuntos m é d i c o s n o que diz respeito à

crian-ça. A Psiquiatria contemporânea, dentro da sua nova orientação psicológica, começou a verificar que as tendências, que levam o homem à delinqüência, à dependência e às desordens mentais, freqüentemente se constituem desde a

mais tenra infância. Se assim demonstravam as histórias clínicas, do mesmo modo postulava a Psicanálise, que não apenas elevou o instinto sexual ao nível de preocupação e estudo científico, como focalizou os conflitos infantis, que mostrou serem responsáveis por grande número de futuros desequilíbrios e dificuldades de tôda a ordem.

Palestra realizada na sede d o Instituto B r a s i l - E s t a d o s U n i d o s .

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A o m e s m o t e m p o , a P s i c o l o g i a esquecia W u n d t e r e n e g a v a a sua antiga atitude atomista. A b a n d o n a v a o laboratório e passava a o b s e r v a r o ser hu-m a n o , d e b a i x o da hu-m e s hu-m a atitude dinâhu-mica, que carateriza o s é c u l o e hu-m q u e

v i v e m o s . O b e h a v i o r i s m o , a p s i c o l o g i a de Gestalt, o p o n t o de vista psico-biológico de M e y e r são c r i a ç õ e s de c é r e b r o s que ainda v i v e m . E a êles, a Psiquiatria infantil rende u m preito de gratidão, pela c o n t r i b u i ç ã o valiosa que

t r o u x e r a m à c o m p r e e n s ã o d o s p r o b l e m a s da natureza humana, p r o b l e m a s que permaneciam inexplicáveis à luz da fisiologia e da química.

A m o d i f i c a ç ã o da atitude clássica e m matéria de jurisprudência c r i m i -nal é o u t r o e l e m e n t o a ser t o m a d o em c o n s i d e r a ç ã o , para que se c o m p r e e n d a a o r i g e m d o m o v i m e n t o , que se c o n v e n c i o n o u chamar Psiquiatria infantil. À idéia de s e g r e g a ç ã o d o c r i m i n o s o , seguiu-se o c o n c e i t o de reabilitação. M a s , p r e v e n ç ã o é a palavra final, que ainda figura na o r d e m d o dia: evitar a criminalidade, pela c o m p r e e n s ã o d o s m e c a n i s m o s que levam o h o m e m ao d e -lito e pelo tratamento daqueles que e s b o ç a m tendências anti-sociais. I s s o eqüivale mais ou m e n o s a dizer — a m p a r o , assistência e tratamento p s i c o -educacional dos c r i m i n o s o s infantis e juvenis.

C o n t e m p o r â n e o da Psiquiatria infantil, desenvolveu-se, c o m o c o n s e q ü ê n c i a da primeira guerra mundial, o m o v i m e n t o c o n h e c i d o s o b o n o m e de S e r v i ç o Social, que estava fadado a ser um d o s grandes auxiliares da m o d e r n a P s i -quiatria.

N o c a m p o da e d u c a ç ã o escolar, o s trabalhos j á clássicos de Pestalozzi, F r o e b e l . D e c r o l y e M o n t e s s o r i deram lugar, nos dias c o n t e m p o r â n e o s , a u m a c o n c e p ç ã o p e d a g ó g i c a diferente, que se v e i o a c h a m a r n o v a e d u c a ç ã o o u e d u c a ç ã o progressiva. A principal caraterística d o auspicioso m o v i m e n t o c o n -sistia e m exigir que a criança constituísse o c e n t r o de a t e n ç ã o da escola. Q u e a escola fôsse organizada de a c ô r d o c o m as necessidades infantis, q u e t o m a s s e e m c o n s i d e r a ç ã o e e s t u d o a personalidade de cada i n d i v í d u o ; e m uma palavra, que tivesse c o m o e s c o p o principal a e d u c a ç ã o d o s alunos, a f o r -m a ç ã o de hábitos e atitudes sadias, e n ã o , si-mples-mente, o aprendizado d e u m p r o g r a m a . A s s i m orientada, a e s c o l a m o d e r n a apresentava e apresenta uma mentalidade que lhe permitiu integrarse, sem e s f ô r ç o , n o a m p l o m o v i -m e n t o que se organiza e -m benefício da criança.

E m 1908, a pena de Clifford B e e r s escrevia as primeiras palavras da história da H i g i e n e mental. E x c e p c i o n a l m e n t e feliz desde o n a s c i m e n t o , p o r que vinha de e n c o n t r o a um ideal c o m u m , qual seja o da profilaxia das d e sordens mentais, a H i g i e n e mental preparou terreno para o a d v e n t o da P s i -quiatria infantil. E m u m p o n t o , principalmente, as duas disciplinas estrei-tam as m ã o s , p o r q u e se a primeira p r o c u r a evitar a d o e n ç a , pela e d u c a ç ã o

d o s adultos, a segunda, p r o t e g e n d o a criança, amparando-a, guiando-a, resolvendo-lhe o s conflitos, reduz as probabilidades de futuras desordens psi-c o l ó g i psi-c a s .

Para dar u m a rápida n o ç ã o da o r i g e m e d e s e n v o l v i m e n t o da Psiquiatria infantil n o s E s t a d o s U n i d o s , d i r e m o s que, e m 1909, o D r . W i l l i a m H e a l y , p r e o -c u p a d o -c o m o p r o b l e m a da delinqüên-cia juvenil, que p r o -c u r a v a estudar s o b o p o n t o de vista m é d i c o , p s i c o l ó g i c o e social, teve a idéia de fundar o

Ins-tituto Psicopático Juvenil de Chicago (Chicago Juvenile Psychopathic Institute), que foi, incontestàvelmente, o pioneiro em matéria de Child Guidance. Anteriormente, as tendências criminais eram consideradas inatas, e como tal

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Já então se r e c o n h e c i a a necessidade da c o l a b o r a ç ã o d o assistente s o -cial, e n c a r r e g a d o de entrar e m c o n t a c t o c o m o ambiente e m que vivia a criança e avaliar o s fatores m e s o l ó g i c o s , mais ou m e n o s c o m p l e x o s e sutis, que c o n -v e r g i a m para a resultante final — o c r i m e . A princípio, a a ç ã o d o assis-tente social consistia e m c o l h e r d a d o s e redigir histórias, que facilitavam o r a c i o c í n i o d o psiquiatra. Mais adiante, foi-lhe confiada a tarefa de verificar se o tratamento, a c o n s e l h a d o pela Clínica, estava s e n d o p o s t o e m e x e c u ç ã o e referir as m o d i f i c a ç õ e s processadas n o c o m p o r t a m e n t o infantil. E n t r e -tanto, o c o n t a c t o estreito c o m as famílias e demais c o m u n i c a d o s permitiu a o assistente social estender a a ç ã o da clínica a o ambiente familiar e c o l e t i v o . P o u c o se conseguiria, e m muitos casos, se o tratamento visasse exclusivamente a criança, d e s d e q u e o p r o b l e m a era essencialmente familiar ou social. O s l a ç o s e m o c i o n a i s , que se estabeleciam entre o s pais e o assistente social, t o d o s m o v i d o s p o r u m interêsse c o m u m , levavam a uma natural discussão de p r o -b l e m a s que, e m -b o r a pertencentes aos pais, n ã o deixavam de influenciar a criança. À m e d i d a que avaliavam as suas dificuldades e m o c i o n a i s , o s pais sentiam-se mais s e g u r o s e c o o p e r a v a m m e l h o r na tarefa que lhes era ditada pela clínica. A m p l i a d a assim a f u n ç ã o d o assistente social, impunha-se uma r e v i s ã o nas escolas de S e r v i ç o Social, para que os n o v o s elementos se t o r -n a s s e m mais aptos para cumprir as suas f u -n ç õ e s .

A tarefa gigantesca de r e o r g a n i z a ç ã o coletiva, c o n s e q ü e n t e a o primeiro c o n f l i t o mundial, i m p ô s n o v a s e x i g ê n c i a s ao nascente S e r v i ç o Social, que, p r e m i d o pelas circunstâncias d o m o m e n t o , inaugurou u m a n o v a especialidade. R e f i r o m e a o S e r v i ç o Social psiquiátrico. O s seus elementos, c o m u m a c o m plexa e ampla f o r m a ç ã o mental, estavam e m m e l h o r e s c o n d i ç õ e s para c o m -preender o s desajustamentos individuais e sociais e f o r a m l o g o c h a m a d o s a desempenhar as f u n ç õ e s delicadas, que lhes cabiam n o p r o g r a m a da orienta-ç ã o infantil.

D e o u t r o lado, c o m p r e e n d e n d o a importância da v i d a e s c o l a r n o equi-líbrio e felicidade da criança, r e c o n h e c e n d o que a falência na escola levava o p e q u e n o estudante a procurar g r a t i f i c a ç õ e s e m o u t r o s sentidos, H e a l y v e rificou a necessidade de que u m p s i c ó l o g o , treinado e m q u e s t õ e s e d u c a c i o -nais, fizesse parte da Clínica. Sua principal atribuição era avaliar a capaci-dade mental e verificar se a criança estva u s a n d o t o d o s os seus recursos in-telectuais; e m suma, o s dados registrados p e l o p s i c ó l o g o auxiliavam

imen-samente na explicação da falência dos métodos pedagógicos, em cada caso, e na compreensão da dificuldade infantil, em relação ao ambiente escolar. Assim se constituiu a equipe de uma Child Guidance Clinic: psicólogo,

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A s qualificações necessárias para u m especialista e m Psiquiatria infan-til estão presentemente b e m definidas: a l é m de possuir c o n h e c i m e n t o s de m e d i c i n a geral, êle d e v e ter uma mentalidade formada de a c ô r d o c o m as m o -dernas c o n c e p ç õ e s que orientam a Psiquiatria d o s n o s s o s dias. Mais ainda, dadas as responsabilidades que pesam sôbre seus o m b r o s , faz-se mister q u e o chefe da equipe seja uma pessoa b e m equilibrada, adaptada satisfatòria-m e n t e à vida, que n ã o aceita o trabalho c o satisfatòria-m o usatisfatòria-ma e s p é c i e de c o satisfatòria-m p e n s a ç ã o para as suas dificuldades, m a s que o realiza m o v i d o p o r u m ideal sadio. Êle deve sentir-se b e m c o m o s p e q u e n i n o s e ter habilidade suficiente para lidar c o m crianças de a m b o s o s s e x o s e de t ô d a s as idades, e estar e m c o n d i ç õ e s de p o d e r v e r e avaliar o s p r o b l e m a s infantis, s e m se deixar perturbar e m o -cionalmente. Finalmente, d e v e estar e m dia c o m as técnicas especializadas inerentes à n o v a disciplina.

I m p r e s s i o n a d o p e l o s resultados o b t i d o s , e m C h i c a g o , p e l o D r . H e a l y , o Juiz H a r v e y Baker, de B o s t o n , iniciou a c a m p a n h a que se coroaria, depois da sua m o r t e , e m 1915, c o m a inauguração da J u d g e Baker F o u n d a t i o n , que n ã o se limitava aos c a s o s de delinqüência, m a s recebia e tratava m e n o r e s d e -sajustados, que lhe eram enviados tanto pelas Côrtes Juvenis, c o m o pelas agências sociais de B o s t o n .

E m 1930, o estreito espírito de c o l a b o r a ç ã o existente entre pediatras e psiquiatras d o J o h n s H o p k i n s H o s p i t a l and U n i v e r s i t y permitiu a criação, na Harriet L a m e H o m e for Invalid Children, daquele hospital, de uma clí-nica especializada e m Psiquiatria infantil, que seria o c e n t r o d o m o v i m e n t o da Child Guidance, na cidade de B a l t i m o r e .

Feita essa rápida referência à o r i g e m da Psiquiatria infantil americana, direi que a sua e v o l u ç ã o foi das mais impressionantes, n ã o s ó pela e x t e n s ã o linear que t o m o u , c o m o pela fôrça de que se revestiu. Basta dizer que, enquanto, e m 1919, c o n t a v a o s E s t a d o s U n i d o s apenas c o m sete clínicas e s p e -cializadas e m Child Guidance, e m 1933 existiam mais de duzentas, e m p l e n o f u n c i o n a m e n t o .

Filha da Psiquiatria clínica e forense, aliada da P s i c o l o g i a , da P e d a g o g i a , da H i g i e n e mental, da Assistência Social, a Psiquiatria infantil constitui u m m o v i m e n t o c o m p l e x o , que t e m p o r o b j e t i v o o estudo e tratamento d o s d e s v i o s p s i c o l ó g i c o s da criança. V a s t o é o seu c a m p o d e a ç ã o e múltiplos o s p r o -b l e m a s que lhe são inerentes, c o n f o r m e p r o c u r a r e m o s ressaltar nas linhas que se s e g u e m . A julgar p e l o s d a d o s estatísticos, a incidência das p s i c o s e s na infância n ã o constitui p r o b l e m a alarmante. Rhein, Strecker, Kasanin e K a u f m a n (1938)1

registram apenas 1% de estados p s i c ó t i c o s infantis, n u m total de 21.000 a d m i s s õ e s e m hospitais para doentes mentais.

D e o u t r o lado, tanto o s que trabalham e m Psiquiatria infantil, c o m o o s pediatras, r e c o n h e c e m que a maioria d o s distúrbios de c o m p o r t a m e n t o n ã o c o r r e s p o n d e nitidamente a estados de d o e n ç a , n o c o n c e i t o m é d i c o geral. Êles o c o r r e m e m crianças s o m à t i c a m e n t e sadias e, se c o e x i s t e m c o m estados de d o e n ç a , n ã o c o s t u m a m , geralmente, ser influenciados p e l o s tratamentos

me-dicamentosos. Existem, incontestàvelmente, alterações da conduta relacionadas a doenças gerais, a estados carenciais, como a disfunções glandulares, ou a estados infecciosos. Mas êsses casos estão muito longe de constituir a

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A questão da debilidade mental, ainda que importante, n ã o esgota o v a s t o â m b i t o da Psiquiatria infantil. O e s t u d o das crianças atrasadas d e -m o n s t r a que, e -m -muitas delas, o atraso n ã o é real, -m a s relacionado a estados de inibição, p r o d u z i d o s p o r conflitos e m o c i o n a i s . Êsse m e s m o fato o b s e r v a -se e m certos n e u r ó t i c o s adultos, q u a n d o -se t e m o cuidado de testar, antes e depois d o tratamento p s i c o l ó g i c o , as suas reservas mentais. E m muitos c a s o s , assiste-se a u m v e r d a d e i r o renascimento intelectual, depois de conquistada a harmonia e a estabilidade a f e t i v o - e m o c i o n a l . D e o u t r o lado, o s p r o b l e m a s de conduta, quaisquer que êles sejam, n ã o s ã o privativos d o s intelectualmente inferiores. K a n n e r3

encontrou, entre 1.000 crianças, 84 intelectualmente superiores ( Q . I . superior a 110), apresentando anormalidades de c o m p o r t a -m e n t o . P e n s a -m o s ainda que, e x c e t u a d o s o s c a s o s de déficit -mental profun-d o , relacionaprofun-dos a l e s õ e s grosseiras profun-d o sistema n e r v o s o , o u a severas profun- disfun-ç õ e s glandulares, p o d e m o s considerar o s estados de inferioridade intelectual leve, a c h a m a d a debilidade mental, c o m o f e n ô m e n o s de v a r i a ç ã o individual, antes de encará-los c o m o d o e n ç a s . O s débeis mentais, sujeitos a u m reg i m e p e d a reg ó reg i c o que respeite as suas naturais deficiências, p o d e m d e s e n v o l verse plàcidamente e tornarse elementos úteis d e n t r o d o esquema de o r g a -n i z a ç ã o das m o d e r -n a s s o c i e d a d e s , desde que orie-ntados para uma profissão q u e lhes seja accessível.

Naturalmente que a capacidade intelectual é u m d a d o a t o m a r e m c o n -sideração, q u a n d o e s t u d a m o s u m d e t e r m i n a d o p r o b l e m a . M a s o Q . I . não é tudo, uma v e z que desajustamentos de t ô d a a o r d e m s ã o e n c o n t r a d o s tanto e m crianças o b s c u r a s , c o m o e m p e q u e n i n o s brilhantes. Significa isso que, a l é m d o fator s o m á t i c o , além d o fator intelectual pròpriamente dito, e x i s t e m outras fôrças, h o j e já bastante estudadas, que i m p e l e m o sêr v i v o d o b e r ç o a o t ú m u l o e c o n d i c i o n a m a sua miséria o u a sua felicidade. R e f i r o - m e aos i m p u l s o s primitivos o u infantis, cujo sistema de f ô r ç a s m o l d a as atitudes d e -finitivas d o sêr h u m a n o ante as o c o r r ê n c i a s da vida e torna u m otimista e confiante, o u t r o d e s c o n f i a d o e sensitivo, êste pessimista, êsse s u b m i s s o , a q u ê -le autoritário.

A c o m p r e e n s ã o dinâmica dessas desordens, m u i t o mais p r o m i s s o r a s ( p o r -que orienta a a ç ã o ) , o p õ e - s e ao c l á s s i c o c o n c e i t o g e n é t i c o , -que, e m b o r a n ã o p o s s a ser n e g a d o c o m p l e t a m e n t e , revela-se absolutamente estéril n o p o n t o de vista p r o g n ó s t i c o e terapêutico. L o g o que nasce, a criança c o m e ç a a des-p e n d e r esforços n o sentido da a d a des-p t a ç ã o . A s suas necessidades e n c o n t r a m n o c h ô r o e na l i n g u a g e m m o t o r a o s primeiros elementos de expressão. A o m e s m o t e m p o , sofre a i m p o s i ç ã o d o s h o r á r i o s e demais medidas educacionais, que visam o e s t a b e l e c i m e n t o d o s primeiros hábitos. O ambiente familiar, ain-da que reduzido, i m p õ e suas e x i g ê n c i a s . A família, uniain-dade social primária, diz Charles Burns, " é o b e r ç o da virtudes e d o s v í c i o s da espécie h u m a n a " . A a d a p t a ç ã o familiar n e m s e m p r e se p r o c e s s a suavemente. T a n t o é assim q u e o s desajustamentos infantis, n o que diz respeito aos pais e i r m ã o s , s ã o n ã o apenas n u m e r o s o s , c o m o variados. Muitas vezes, o s conflitos o b e d e c e m a fatores aparentes e fàcilmente c o m p r e e n s í v e i s , c o m o , p o r e x e m p l o , n o c a s o de crianças nascidas e m lares desfeitos, o u q u a n d o é grande o e s t a d o de

ten-são e desarmonia entre os pais. Mas nem sempre as cousas assim se passam. Muitos casos de neurose e de alterações da conduta ten-são observados em meninos de famílias aparentemente bem ajustadas. Nessas circunstâncias,

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A entrada para a e s c o l a inaugura u m p e r í o d o particular da vida da criança. A l a r g a m s e o s h o r i z o n t e s . N o v o s p e r s o n a g e n s entram e m cena. C o m p l i c a m -se as circunstâncias de cada dia, a requerer e s f o r ç o s n o -sentido da a d a p t a ç ã o . A l é m das e x i g ê n c i a s d o aprendizado escolar, pròpriamente dito, i m p õ e - s e a f o r m a ç ã o de n o v a s atitudes. É especialmente delicada essa fase para o s intelectualmente deficientes, se a sua c o n d i ç ã o n ã o é c o m p r e e n d i d a p r e c o c e m e n -t e e avaliada a sua capacidade de a p r e n d i z a g e m . I g u a l m e n -t e difícil revela-se a a d a p t a ç ã o c o m u n a l para aquelas crianças que n ã o v e n c e r a m plenamente o s conflitos, mais o u m e n o s s e v e r o s , o c o r r i d o s n o ambiente familiar. O filho ú n i c o t e m que se habituar à vida das m u l t i d õ e s . A criança dependente tem que aprender a usar o s p r ó p r i o s r e c u r s o s , na s o l u ç ã o das dificuldades. O p e q u e n o tirano sente abalado o p r e s t í g i o d o seu d o m í n i o . O h e r ó i , aplaudido e a d m i r a d o e m casa, sem restrições, t e m que aceitar o critério d o g r u p o e aprender a suportar críticas justas e injustas. A falência na adaptação e s -c o l a r não é, infelizmente, raridade. Muitas v e z e s é -confessada sin-ceramente p e l a criança n u m a frase singela, o u n u m a c e s s o de chôro, e m que e x p r i m e o

seu d e s g ô s t o pela e s c o l a . O u t r a s v e z e s , p o r é m , o m o t i v o d o sofrimento n ã o é b e m avaliado. O p e q u e n o vai à e s c o l a e até p r o g r i d e razoavelmente n o s e s t u d o s . M a s c o m e ç a a se m o s t r a r m e d r o s o , a e x i b i r tiques o s mais diver-s o diver-s , a definhar e modiver-strar-diver-se tridiver-ste o u irritado. A t é m e diver-s m o a delinqüência t e m sido vista c o m o sintoma alarmante d o s desajustamentos escolares. Já é t e m p o d e r e c o n h e c e r , c o m o princípio geral, que o s sintomas n e u r ó t i c o s , o u as alterações de conduta, na maioria das v e z e s , i n d i c a m u m estado de tensão p s i c o l ó g i c a , que precisa ser aliviado. Q u e as medidas coativas de t ô d a à e s p é c i e nada mais fazem que agravar o estado de tensão pré-existente. Q u e m e s m o as r e c o m p e n s a s e estímulos não constituem m e d i d a terapêutica g u r a . Q u e s ó a c o m p r e e n s ã o real d o p r o b l e m a p o d e indicar a c o n d u t a a se-g u i r e m cada c a s o particular. E que t o d o o sintoma persistente de desajus-t a m e n desajus-t o requer a indesajus-terferência d o especialisdesajus-ta desajus-treinado e m Child Guidance.

A pequena c o m u n i d a d e escolar continua-se n o vasto ambiente social, q u e passa a ser freqüentado mais o u m e n o s intensamente pela criança. I s s o signi-fica n o v o s e s f o r ç o s n o sentido de u m a a d a p t a ç ã o vitoriosa, n ã o apenas a ele-m e n t o s da ele-m e s ele-m a idade, c o ele-m o a crianças ele-mais j o v e n s e adultos. A s etiquetas e c o n v e n ç õ e s sociais t ê m que ser mais que aprendidas, aceitas. A o j o v e n z i n h o c u m p r e distinguir entre direitos e o b r i g a ç õ e s . D e v e aprender a ser d i s -ciplinado, sem ser humilde. A fazer valer o s seus direitos, s e m tirania. Ser prudente, s e m ser c o v a r d e . Ser c o r a j o s o , s e m ser e x c e s s i v a m e n t e afoito. T u d o i s s o implica e m atitudes totais da personalidade, que mais tarde atestarão o v a l o r social d o indivíduo.

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A delinqüência infantil constitui o u t r o capítulo da Child Guidance. E n -q u a n t o o c o n c e i t o de s e g r e g a ç ã o e de responsabilidade criminal p r e d o m i n o u , o p r o b l e m a d o c r i m e pertencia, inteiramente, à alçada da jurisprudência. M a s , a idéia de reabilitação d o c r i m i n o s o , c o m o a de p r e v e n ç ã o d o s atos antisociais, dominante n o s dias atuais, c o n d u z a o estudo da personalidade d o d e -linqüente e à c o m p r e e n s ã o d o s m e c a n i s m o s que c o n d u z e m ao ato c r i m i n o s o .

D ê s s e m o d o , a delinqüência infantil, c o m o a delinqüência e m geral, d e s l o c o u -se d o terreno foren-se, pròpriamente dito, para o c a m p o visual d o psiquiatra. N ã o c a b e n o presente ensaio, n e m é n o s s o o b j e t i v o , estudar o p r o b l e m a d o crime infantil. D i r e m o s apenas que, n o p o n t o de vista p a t o g ê n i c o e terapêutico, a nossa atitude deve ser a m e s m a que a d o t a m o s q u a n d o tratamos s i n -t o m a s n e u r ó -t i c o s . Q u e , c o m o êsses, o s a-tos an-ti-sociais represen-tam s e m p r e a e x p r e s s ã o de u m c o n f l i t o e m o c i o n a l .

O s que estudam a e v o l u ç ã o p s i c o l ó g i c a d o h o m e m admitem que o s i m p u l s o s instintivos, inerentes a t o d o o sêr v i v o , representam as f ô r ç a s p r i m á -rias da f o r m a ç ã o da personalidade. Q u e , através d o p r o c e s s o educacional, d e a d a p t a ç ã o familiar e social, êles p r o c u r a m exprimir-se, seja pela palavra, seja pela l i n g u a g e m orgânica, seja p e l o s atos. Q u e , muitas vezes, êsses i m p u l s o s primitivos entram e m conflito c o m as i m p o s i ç õ e s sociais e são inibidos na sua livre e x p r e s s ã o . Q u e o instinto sexual nasce c o m a criança e atravessa várias fases na sua e v o l u ç ã o , até atingir o estado de maturidade, q u a n d o orienta o sêr h u m a n o para o u t r o de s e x o diferente e garante, p e l o seu c o m p o n e n t e genital, intrínseco n o a m o r , a p e r p e t u a ç ã o da espécie. Q u e as m a -nifestações sexuais na criança n ã o constituem desordens pròpriamente ditas, n e m indicam uma alteração d o caráter o u da personalidade. Q u e é p r e c i s o adotar uma atitude de e x t r e m a prudência, n o que diz respeito à sexualidade infantil, e m matéria de Child Guidance, para evitar que uma i n t e r v e n ç ã o intempestiva, p o r parte d o s pais e e d u c a d o r e s , possa criar dificuldades à e v o -l u ç ã o de u m i m p u -l s o norma-l, e despertar p r o b -l e m a s , o n d e ê-les p r à t i c a m e n t e n ã o existem. C a m p a n h a educacional i m p õ e s e nesse sentido, para q u e o s r e s p o n s á v e i s pela criança n ã o apenas aprendam a ver, tolerar e respeitar as m a -nifestações da sexualidade infantil, c o m o assimilem a m e l h o r atitude a a d o t a r n o que diz respeito à e d u c a ç ã o sexual. U m fato está definitivamente estabe-l e c i d o : as m e d i d a s severas de repressão s ã o absoestabe-lutamente nefastas, e g e r a m u m estado de curiosidade maliciosa, determinam sentimentos de culpa, sen-s a ç õ e sen-s de ansen-siedade e sen-sintomasen-s de t ô d a a o r d e m . É p r e c i sen-s o c o m p r e e n d e r , d e u m a v e z p o r tôdas, que um instinto c o m o o sexual, pela sua natureza m e s m a , t e m que achar e x p r e s s ã o de a l g u m m o d o . Se n ã o puder falar a l i n g u a g e m n o r m a l de que d i s p o m o s , se n ã o puder encontrar m o t i v o s de satisfação, se representar fonte de sofrimentos e h u m i l h a ç õ e s , se f ô r reprimido, e m suma, êle terá que se manifestar p o r f o r m a s disfarçadas e falará a l i n g u a g e m m e n o s clara d o s sintomas.

T e m o s que a g r a d e c e r a F r e u d o l e g a d o que d e i x o u aos estudiosos, p a r -ticularmente p r e c i o s o para o s que lidam c o m o s desvios p s i c o l ó g i c o s e t ê m a responsabilidade de tratá-los. N ã o p o s s o c o m p r e e n d e r , a n ã o ser c o m o c o n s e q ü ê n c i a de v e l h o s p r e c o n c e i t o s , a atitude de indiferença, de d e s c r é d i t o o u de hostilidade, c o m que são recebidas as lições d o mestre de Viena. N e m sei p o r q u e o h o m e m poderia sentir-se mais h o n r a d o e m ser tratado à luz da P s i c o l o g i a fisiológica, e c o m p a r a d o a cães e g a t o s , n o s laboratórios e x p e r i -mentais, d o que a o r e c o n h e c e r a sua realidade p s i c o l ó g i c a e c o m p r e e n d e r o s m e c a n i s m o s p r o f u n d o s da c o n d u t a pessoal. M a s , n ã o falemos mais e m F r e u d . A A l e m a n h a nazista, a o expulsá-lo d o seu território e a o queimar-lhe o s li-v r o s , prestou-lhe a m a i o r de tôdas as h o m e n a g e n s .

A o terminar essa rápida análise d o s p r o b l e m a s relacionados à Psiquiatria

infantil, desejo dizer apenas que os sintomas de sofrimento psicológico da criança são os mais variados. Tiques, gagueira, alterações do sono, enurese, convulsões, estados de depressão, irritabilidade, crueldade, atos anti-sociais e

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U m fato está d e m o n s t r a d o : dada m a n i f e s t a ç ã o n ã o c o r r e s p o n d e s e m p r e a u m m e s m o conflito inicial, a r e c í p r o c a s e n d o verdadeira — o m e s m o conflito inicial p o d e dar o r i g e m a diversos sintomas aparentes. É precisamente esta c o m p l e x i d a d e que torna difícil e atraente o e s t u d o da P s i c o p a t o l o g i a . E a certeza de que as c o u s a s assim se passam indica a atitude a seguir, em face d o s p r o b l e m a s p s i c o l ó g i c o s infantis: antes de perguntar o que fazer para su-primir a atividade indesejável, d e v e m o s procurar c o m p r e e n d e r o que se passa c o m a criança, para levá-la a p r o c e d e r dêsse m o d o . S ó então, estaremos e m c o n d i ç õ e s de elaborar planos de terapêutica. N ã o n o s d e t e r e m o s e m d e s -crever técnicas especiais de tratamento, n e m discutiremos a c o n d u t a a adotar e m r e l a ç ã o à terapêutica dos diferentes p r o b l e m a s analisados. E m linhas gerais, d i r e m o s apenas que o terapeuta d e v e considerar a alteração da c o n -duta infantil c o m o sinal de u m desajustamento geral, e m que múltiplos fa-tores e n c o n t r a m - s e e n v o l v i d o s , e m várias c o m b i n a ç õ e s e v á r i o s g r a u s de intensidade.

U m a outra lição que n o s dá a Psiquiatria infantil americana é a atitude " m e l i o r í s t i c a " , que aconselha a o especialista. N a v e r d a d e , n ã o p o d e m o s r e solver t o d o s o s casos entregues aos n o s s o s cuidados. Seja p o r q u e n ã o d i s p o -m o s d o s -m e i o s necessários, u-ma v e z que a Child Guidance está ainda e -m fase inicial de o r g a n i z a ç ã o , seja p o r q u e a situação revele-se definitivamente irremovível, c o m o , p o r e x e m p l o , n o s estados m ó r b i d o s ditados p o r lesões o r -gânicas irreversíveis. Se o m é d i c o desanimar ante as dificuldades d o c a s o , quem p o d e r á auxiliar a criança? N a d a prejudica mais, em matéria de m e -dicina, que pensar e m t ê r m o s de cura c o m p l e t a e de falência completa. P o r e x e m p l o , n ã o estamos e m c o n d i ç õ e s de tratar o débil mental, a p o n t o de r e m o v e r c o m p l e t a m e n t e a sua deficiência. M a s p o d e m o s ajudá-lo a encontrar o seu lugar na vida. P o d e m o s p r o t e g ê - l o de s u g e s t õ e s desastrosas; livrá-lo das e x i g ê n c i a s descabidas d e professores o b c e c a d o s p o r p r o g r a m a s e de pais a m b i c i o s o s e c e g o s ; p o d e m o s prepará-lo para uma profissão de a c ô r d o c o m a sua capacidade e fazer dêle u m c i d a d ã o útil, c o m direito a u m a vida feliz. S e n ã o c o n s e g u i r m o s r e m o v e r as seqüelas de u m a paralisia infantil, ou d e u m a hemiplegia, p o d e m o s m o d i f i c a r a atitude d o indivíduo e m face d o de-feito, p o r m e i o de uma avaliação p s i c o l ó g i c a d o seu p r o b l e m a . I s s o eqüivale a d i z e r : e m matéria de d o e n ç a , é p r e c i s o o b t e r o m e l h o r p o s s í v e l , q u a n d o n ã o p o d e m o s c o n s e g u i r o ó t i m o . E s s a atitude " m e l i o r í s t i c a " tem, e m Child G u i d a n c e , sua m á x i m a r a z ã o de ser. A Psiquiatria infantil lida c o m sêres que iniciam a sua vida. O que se obtiver, então, repercutirá s ô b r e o futuro inteiro d o indivíduo. P e s a sôbre o s o m b r o s d o especialista a responsabilidade e n o r m e d o futuro responsabilidade u m c i d a d ã o , que p o d e r á ser absolutamente útil, r e -lativamente útil, o u representar pêso m o r t o na o r g a n i z a ç ã o social. N ã o há l u g a r para o t i m i s m o s e x a g e r a d o s , n e m para p e s s i m i s m o s e x t r e m o s . C o g i t a -se de u m a atitude de avaliação calma da realidade e de u m d e s e j o sincero d e o b t e r para o paciente o m á x i m o p o s s í v e l .

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T o m e m o s para e x e m p l o d o n o s s o e s t u d o a cidade de B a l t i m o r e . N ã o q u e ela seja p a d r ã o . A maioria das g r a n d e s cidades americanas apresentam as suas o r g a n i z a ç õ e s d e Child Guidance, e m p l e n o funcionamento e satisfatoria-m e n t e c o o r d e n a d a s entre si — atestado h o n r o s o d o que é a d e satisfatoria-m o c r a c i a a satisfatoria-m i g a e d o c u i d a d o que dedica a o preparo da g e r a ç ã o futura. M a s , c o m o v i v e m o s a m a i o r parte d o t e m p o e m B a l t i m o r e , s e n t i m o - n o s mais à v o n t a d e para rea-lizar êsse raid de r e c o n h e c i m e n t o p a c í f i c o e transmitir aos ouvintes a v i s ã o panorâmica, e u m tanto fotográfica, d o m o v i m e n t o c o n j u n t o dessa cidade, n o q u e diz respeito à Child Guidance.

A célula mater, centralizadora d o m o v i m e n t o , é constituída pela Children's P s y c h i a t r i c Clinic d o J o h n s H o p k i n s H o s p i t a l and University. S o b a d i r e ç ã o de L e o K a n n e r , o r g a n i z a d a s e g u n d o o s m o l d e s de uma Child G u i d a n c e Clinic, c o m a sua equipe de psiquiatras, p s i c ó l o g o s e trabalhadores sociais, a clínica, e m sistema a m b u l a t ó r i o , r e c e b e e trata qualquer criança que apresente p r o -blemas, independente de s e x o , idade, c ô r , c o n d i ç ã o social o u proveniência. A maioria d o s c a s o s s ã o e n c a m i n h a d o s a o S e r v i ç o pelas a g ê n c i a s sociais e p e l o s pediatras. A l g u n s p r o v ê m da D i v i s ã o d e E d u c a ç ã o Especial d o D e p a r t a -m e n t o de E d u c a ç ã o e das C ô r t e s Juvenís, de que -mais adiante falare-mos. F u n c i o n a n d o anexa a o D e p a r t a m e n t o de Pediatria d o Hospital, a Clínica d i s -p õ e da c o l a b o r a ç ã o de u m c o r -p o e x c e l e n t e d e -pediatras, s e m -p r e q u e e x i s t e m a l t e r a ç õ e s da saúde geral, que requeiram tratamento.

N ã o m e deterei e m analisar o t r a b a l h o de uma Child G u i d a n c e Clinic. D i r e i apenas que o psiquiatra é o c o o r d e n a d o r da equipe e o orientador d o tratamento. Êle trabalha diretamente c o m a criança, auxiliado p e l o s d a d o s c o l h i d o s p e l o assistente social e pelas v e r i i f c a ç õ e s d o p s i c ó l o g o . E m m u i t o s c a s o s , êle intervém j u n t o aos pais, n o sentido de normalizar as r e l a ç õ e s

fa-miliares e criar atitudes de compreensão e colaboração sincera. Com as famílias, trabalha igualmente o assistente social, cuja ação estende-se pela co-munidade, junto à escola, junto à igreja, clubes e demais ambientes

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O s m é t o d o s usados n u m a clínica dessa natureza, naturalmente, v a r i a m de a c ô r d o c o m o caso e m a p r ê ç o . Seria i m p o s s í v e l , n u m a e x p o s i ç ã o que t e m d e ser rápida, analisar o u m e s m o citar o s recursos terapêuticos dessa e s p e -cialidade. E n t r e t a n t o , n ã o apenas p o r ser e x c l u s i v o da Psiquiatria infantil, c o m o pela ampla a p l i c a ç ã o q u e v e m t e n d o , m e r e c e referência, ainda q u e s u -mária, a chamada " p l a y interview". O b r i n q u e d o é a vida mais natural d e a p r o x i m a ç ã o c o m a criança, d e q u e d i s p õ e o psiquiatra. C h e g a r d e m ã o s aba-n a aba-n d o perto d e u m a criaaba-nça aba-n ã o c o aba-n f e r e g r a aba-n d e v a aba-n t a g e m iaba-nicial. B r i aba-n q u e d o s interessantes estimulam a criança à e x p r e s s ã o . L o g o , c o m u m g r u p o de b o necas, ela o r g a n i z a u m a família, q u e c o m e ç a a agir, d e a c o r d o c o m o s p e n -s a m e n t o -s e e m o ç õ e -s d o p e q u e n o diretor de cena. A -s -s i m , a " p l a y i n t e r v i e w " da Psiquiatria infantil n ã o apenas dá à criança u m a o p o r t u n i d a d e d e falar, c o m o de discutir e avaliar as suas realidades.

Se a criança c o l o c a d a s o b a responsabilidade da Clínica apresenta u m estado p s i c ó t i c o ( o c o r r ê n c i a felizmente r a r a ) , a Clínica orienta-a para u m d o s hospitais de Psiquiatria infantil da cidade. R o s e w o o d e C h r o m s v i l l e s ã o i n s tituições especializadas na assistência e tratamento de o l i g o f r ê n i c o s p r o f u n d o s , isto é, i m b e c i s e idiotas, cuja e d u c a ç ã o t e m que o b e d e c e r a técnicas p e -d a g ó g i c a s particulares e e x i g e p r o f e s s o r e s treina-dos para êsse f i m .

À D i v i s ã o de E d u c a ç ã o Especial d o D e p a r t a m e n t o de E d u c a ç ã o estão afetos o s c a s o s de desajustamentos escolares. A l é m de u m a Clínica P s i c o -E d u c a c i o n a l , a D i v i s ã o m a n t é m classes especiais para débeis mentais, classes para crianças aleijadas, para as que e x i b e m defeitos de a u d i ç ã o , d e visão, al-t e r a ç õ e s na linguagem, o u que apresenal-tam dificuldade paral-ticular e m u m a o u mais disciplinas. O p o r t u n i d a d e s especiais s ã o oferecidas às crianças e x c e p c i o nalmente inteligentes. Se a D i v i s ã o de E d u c a ç ã o Especial n ã o d i s p õ e d o s r e -c u r s o s ne-cessários, ou n ã o -c o n s e g u e resolver a situação de desajustamento, o a l u n o é e n v i a d o à Children's P s y c h i a t r i c Clinic, para m e l h o r e s t u d o da sua dificuldade.

Q u a n d o se trata de p r o b l e m a s d e c o m p o r t a m e n t o particularmente sérios, que n ã o p o d e m , p o r u m m o t i v o o u outro, ser tratados n o ambiente familiar, a criança é r e m o v i d a para a Child Study H o m e , orientada p o r u m psiquiatra, que d i s p õ e da c o l a b o r a ç ã o de p s i c ó l o g o s , assistentes sociais e p r o f e s s o r a s e s -pecializadas nesse g ê n e r o de trabalho. N a Child Study H o m e , p e r m a n e c e o m e n o r , até q u e sua situação fique c o m p l e t a m e n t e esclarecida. S e as verifica-ç õ e s indicam que êle p o d e voltar para o seio da família e receber tratamento a m b u l a t ó r i o , a Children's Psychiatric Clinic t o m a - o a o s seus c u i d a d o s . E m c a s o contrário, se o ambiente familiar é de tal m o d o prejudicial e n ã o p o d e ser m o d i f i c a d o , êle é r e m o v i d o para u m c o l é g i o , o u entregue a o s c u i d a d o s d e u m a outra família, q u e passa a e d u c á - l o , s o b a o r i e n t a ç ã o da Clínica. D e s e j o expressar aqui a minha a d m i r a ç ã o sincera p o r essas mães americanas, q u e r e c e b e m de b r a ç o s abertos o s pequeninos sofredores e o f e r e c e m - l h e s a assis-tência adequada, q u e n ã o tiveram a ventura de encontrar n o s ambientes o n d e foram g e r a d o s .

R e s t a - n o s lançar as nossas vistas para o s p e q u e n o s delinqüentes de t o d o s OS tipos, c o l o c a d o s s o b a responsabilidade da Côrte Juvenil. A a ç ã o policial, nesses c a s o s , limita-se à a p r e e n s ã o d o p e q u e n o anti-social. E n t r e g u e à Côrte Juvenil, q u a n d o qualquer u m esperaria m á v o n t a d e e c a s t i g o , êle encontra u m a m b i e n t e de interêsse e simpatia e entra e m c o n t a c t o c o m p e s s o a s que tra-t a m c o m natra-turalidade o seu p r o b l e m a , q u e p r o c u r a m c o m p r e e n d ê - l o e

dese-jam auxiliá-lo. Além do Juiz, a Côrte possui uma equipe de Child Guidance, isto é, psiquiatra infantil, assistente social e psicólogo. Salvo nos casos de reincidência, ou em condições excepcionais, quando se trata de crianças

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P a r a finalizar, d e s e j o estabelecer a l g u m a s c o n c l u s õ e s , que denunciam p r e -c o n -c e i t o s e r r ô n e o s , infelizmente existentes n o s países e m que a Psiquiatria infantil realiza o s primeiros p a s s o s . S e n ã o , v e j a m o s :

1) Psiquiatria infantil e N e u r o l o g i a infantil s ã o especialidades absoluta-m e n t e diversas, quer e absoluta-m seus o b j e t i v o s , c o absoluta-m o e absoluta-m seus absoluta-m é t o d o s de a ç ã o terapêutica. O neurologista p r e o c u p a s e , principalmente, c o m situações l e s i o -nais ou c o m alterações de f u n c i o n a m e n t o de partes d o sistema n e r v o s o . A m e n t a l i d a d e d o psiquiatra p r e s s u p õ e f o r m a ç ã o m é d i c a , p s i c o l ó g i c a , a n t r o p o l ó -gica, que lhe permita c o m p r e e n d e r o s p r o b l e m a s relativos à natureza h u m a n a e aos d e s v i o s da normalidade p s i c o l ó g i c a . D e u m a v e z p o r tôdas, c u m p r e sanear o p e n s a m e n t o h u m a n o da idéia e r r ô n e a de quê Psiquiatria e N e u r o l o g i a s ã o ciências irmãs. E m b o r a as q u e s t õ e s p s i c o p a t o l ó g i c a s tivessem sido, n o s p r i m ó r d i o s da e v o l u ç ã o da ciência psiquiátrica, cultivadas p o r neurologistas, a Psiquiatria h o j e é uma ciência p l e n a m e n t e constituída, que escreve a sua p r ó p r i a história.

2 ) Psiquiatria infantil n ã o eqüivale apenas a estudo e tratamento de d o e n ç a s mentais. Êsse capítulo, ainda que lhe esteja afeto, representa uma parte m u i t o pequena das suas a t r i b u i ç õ e s . N a verdade, c o n f o r m e revelam as estatísticas, a incidência de p e r t u r b a ç õ e s mentais n o p e r í o d o infantil é, feliz-mente, rara. Tarefa de m u i t o m a i o r alcance h u m a n o , social e científico en-c o n t r a a espeen-cialidade n o estudo e t r a t a m e n t o d o s desajustamentos d e tôda a o r d e m . M a i s d o que p r o b l e m a m é d i c o , o estudo da natureza infantil, d o s fatores que alteram o d e s e n v o l v i m e n t o da personalidade, a a v a l i a ç ã o dinâmica d o s d e s v i o s p s i c o l ó g i c o s e o seu tratamento c o n f e r e m resultados, que n ã o p o d e m ser m e d i d o s pela frieza d o s n ú m e r o s , mas em t ê r m o s de m a i o r feli-cidade h u m a n a e eficiência social.

3) O m o v i m e n t o c o n h e c i d o p o r Child Guidance, pela sua natureza m e s -ma, n ã o p o d e ficar adstrito às paredes de u m a clínica o u de u m hospital. A multiplicidade d o s p r o b l e m a s que e x i g e m s o l u ç ã o indicam a necessidade d e várias instituições, m o v i d a s p e l o m e s m o ideal, f u n c i o n a n d o h a r m ô n i c a m e n t e , m a s b e m definidas nas suas finalidades imediatas. Seria difícil tratar u m

p r o b l e m a de c o n d u t a n u m hospital psiquiátrico, entre doentes mentais e oligofrênicos p r o f u n d o s . P e l o seu caráter m e s m o , o m o v i m e n t o t e m que ser total e interessar a t o d o s o s e l e m e n t o s sociais, principalmente àqueles q u e

m a i s diretamente lidam c o m a criança. N e s s e sentido, i m p õ e s e educar o a m -biente, para que t o d o s saibam o que é psiquiatria infantil, as suas finalidades, o s p r o b l e m a s que se p r o p õ e r e s o l v e r e, de u m m o d o geral, quais o s m é -t o d o s de que d i s p õ e para realizar o seu -trabalho. C u m p r e fixar a p o s i ç ã o d e cada u m e m f a c e d o m o v i m e n t o e preparar cada qual para u m a a ç ã o efi-ciente. O pediatra d e v e saber r e c o n h e c e r as r e a ç õ e s anormais da criança, avaliar o p e r i g o que p o d e m implicar, o estar e m c o n d i ç õ e s de esclarecer o s pais s ô b r e a m e l h o r c o n d u t a a a d o t a r e m tais c a s o s . Finalmente, êle d e v e c o n h e c e r a si p r ó p r i o , j u l g a r as suas possibilidades e saber q u a n d o p o d e r e

-solver sòzinho a dificuldade, ou quando é preciso apelar para o especialista em Child Guidance. Aos professores, freqüentemente os primeiros a obser-var as dificuldades das crianças em idade escolar, cumpre preparar-lhes a

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4) N ã o se faz Psiquiatria infantil s e m S e r v i ç o S o c i a l . S e r v i ç o S o c i a l é a arte d e auxiliar p e s s o a s que se e n c o n t r a m e m dificuldades. N ã o se p o d e realizar S e r v i ç o S o c i a l s e m verba. A s a g ê n c i a s sociais necessitam de o r g a n i z a -ç ã o e c o n ô m i c a , c o m o técnica. D a r c o n s e l h o s apenas, q u a n d o o s e s t ô m a g o s e x i g e m alimentos, q u a n d o o frio r e c l a m a agasalhos, q u a n d o a d o e n ç a e x i g e t r a t a m e n t o e o d e s e m p r ê g o reclama s o l u ç ã o , torna-se r i d í c u l o e irritante. O u f a ç a m o s S e r v i ç o S o c i a l o u n ã o f a ç a m o s S e r v i ç o S o c i a l . M a s não d e s m o r a -l i z e m o s êsse m o v i m e n t o que, situando a caridade h u m a n a e m bases mais racionais e m e n o s deprimentes, representa u m d o s brilhantes atestados da s o -lidariedade social d o h o m e m d o n o s s o s é c u l o .

6) E m b o r a a finalidade imediata da Psiquiatria infantil seja o tratam e n t o das alterações p s i c o l ó g i c a s da criança, d e v e tratam o s r e c o n h e c e r que o s d a -d o s c o l h i -d o s has clínicas e -demais institutos c o n s t i t u e m p r e c i o s i -d a -d e s , n ã o apenas n o que diz respeito a o c o n h e c i m e n t o da natureza humana, c o m o na c o m p r e e n s ã o d o s fatores que l e v a m o h o m e m à delinqüência, à dependência, às d e s o r d e n s mentais e a o s desajustamentos de t o d o s o s tipos. E , encarada s o b êsse prisma, a Psiquiatria infantil adquire u m a s p e c t o profilático e se a p r o x i m a da H i g i e n e mental. S e m dúvida, é mais fácil e mais útil tratar essas tendências q u a n d o elas se e s b o ç a m e permitir u m d e s e n v o l v i m e n t o s a d i o da personalidade e m f o r m a ç ã o , d o que encarar, futuramente, estados mais o u m e n o s p r o f u n d o s de d e s o r g a n i z a ç ã o p s i c o l ó g i c a , que e s t o u r a m e m s i n t o m a s d r a m á t i c o s à s o m b r a d o s hospitais. É d e p r e v e r que, c o n h e c e n d o m e l h o r a natureza infantil, a Child Guidance, n o futuro, esteja e m c o n d i ç õ e s de o r i e n -tar a e d u c a ç ã o infantil, de m o d o a p r o t e g e r a criança d o s fatores capazes d e alterar o seu d e s e n v o l v i m e n t o h a r m ô n i c o .

6 ) A Psiquiatria infantil e n c o n t r a - s e ainda e m fase experimental. O s seus frutos não p o d e m ser pesados, p o r enquanto, na balança das estatísticas, c o m o d e v i d o r i g o r . M a s , a simpatia que v e m m e r e c e n d o d o p ú b l i c o , n o s países c u l t o s , a aceitação p o r parte d o s g o v e r n o s , o a m p a r o que e n c o n t r a n a iniciativa particular e o s resultados c o n c r e t o s , o b t i d o s e m m u i t o s c a s o s , ates-tam a realidade das suas possibilidades. E l a n ã o constitui u m l u x o da civili-z a ç ã o . M a s u m a necessidade insofismável, principalmente na h o r a que atra-v e s s a m o s , q u a n d o as atra-velhas n o r m a s sociais desfazem-se, q u a n d o o c a d i n h o a q u e c i d o ameaça de fusão o c o n t e ú d o j á d e s a g r e g a d o , q u a n d o as e x i g ê n c i a s da vida f a z e m s e mais c o m p l e x a s e ressentemse o equilíbrio individual e s o -cial, i m p o n d o n o v a s a d a p t a ç õ e s e m o c i o n a i s .

P e n s e m o s e m nossa infância e v e j a m o s o que n o s c o m p e t e fazer: d a r a l i m e n t o a o s que t ê m f o m e , a g a s a l h o a o s q u e t ê m frio, hospital a o d o e n t e ,

emprego ao desempregado, amparo ao desamparado, compreensão e tratamento, ao que sofre sob o pêso de fôrças desconhecidas para êle, sob o pêso de fatores reais, ou de fantasias inconscientes, habituais à natureza humana.

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Referências

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