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Aula 07 Sintaxe de Regência e Emprego da Crase. Língua Portuguesa p/ Analista e Técnico Legislativo do Senado Federal. Prof.

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Aula 07 – Sintaxe de

Regência e Emprego da Crase

Língua Portuguesa p/ Analista e Técnico

Legislativo do Senado Federal

(2)

Olá, moçada!

Firmes e fortes?

Queridos, nosso curso está na reta final! É com muita satisfação que cumprimento vocês por terem chegado até aqui! Não fraquejem! Continuem firmes! Falta muito pouco!

Nesta aula, trouxe assuntos espinhosos: Regência e Crase. Por saber que são assuntos entediantes por natureza, esforcei-me ao máximo para tornar a abordagem leve e descontraída. Espero que vocês gostem do formato adotado e que, sobretudo, fiquem afiadíssimos nesses dois importantes assuntos!

Um grande abraço a todos!

Professor José Maria

(3)

Sumário

SINTAXE DE REGÊNCIA – CONCEITOS GERAIS ... 4

EMPREGO DAS PREPOSIÇÕES ANTES DE PRONOMES RELATIVOS ... 6

PRINCIPAIS REGÊNCIAS ... 11

Casos de Regência Verbal ... 11

Casos de Regência Nominal ... 30

CRASE... 31

NÃO OCORRE A CRASE ... 35

... antes de verbo ... 35

... antes de palavras masculinas ... 35

... antes de pronomes de tratamento, exceção feita a SENHORA, SENHORITA, DONA, MADAME, ...: ... 35

... antes de pronomes em geral: ... 35

... em locuções formadas por palavras repetidas: ... 37

... quando o "a" vem antes de uma palavra no plural: ... 38

CASOS FACULTATIVOS DE CRASE ... 40

... antes de antropônimo (nome de pessoa) feminino: ... 40

... antes de pronome possessivo feminino: ... 40

CASOS ESPECIAIS DE CRASE ... 42

Crase nas locuções de base feminina (introduzidas por palavras femininas) ... 42

Crase antes de TOPÔNIMOS (nomes de lugar) ... 45

Crase em ÀQUELE (S), ÀQUELA (S), ÀQUILO ... 46

Crase diante de PRONOMES RELATIVOS ... 47

Crase em CONSTRUÇÕES PARALELAS ... 47

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR ...49

LISTA DE QUESTÕES... 78

GABARITO ... 92

RESUMO DIRECIONADO ... 93

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Sintaxe de Regência – Conceitos Gerais

Quando estudamos Sintaxe de Concordância, ficou clara a existência de um acordo bilateral: no caso da concordância verbal, sujeito e verbo tinham de sentar à mesa para conversar; no caso da nominal, essa conversa deveria ocorrer entre substantivo e palavra de função adjetiva. Ao final dessa conversa, estabelecia-se um acordo: sujeito e verbo concordariam em número e pessoa; substantivo e palavra de função adjetiva concordariam em gênero e número.

No caso da Sintaxe de Regência, não há acordo, moçada! Manda quem pode e obedece quem tem...

preposição! Como assim, professor? Moçada, verbo e nome vão requisitar algo para vocês. E vocês terão de fornecer ao verbo ou ao nome exatamente o que eles querem, do jeito que eles querem. Vejam a tabela a seguir:

TERMO REGENTE PREPOSIÇÃO TERMO REGIDO

NECESSITAR DE AJUDA

CONFIAR EM VOCÊ

PREOCUPAR-SE COM O SENHOR

ELOGIAR Ø SEU TRABALHO

PREOCUPADO COM O SENHOR

CONFIANTE EM VOCÊ

NECESSIDADE DE AJUDA

ELOGIO A SEU TRABALHO

Vamos dar nome aos bois, moçada!

TERMO REGENTE é o que rege, ou seja, é aquele que comanda, que tem uma necessidade e precisa que esta seja suprida. Os termos regentes, como podemos ver na tabela, são VERBOS – no caso, NECESSITAR, CONFIAR, PREOCUPAR-SE e ELOGIAR - ou NOMES (substantivos, adjetivos ou advérbios) – no caso, NECESSIDADE, CONFIANTE, PREOCUPADO e ELOGIO. O TERMO REGIDO é aquele que se subordina ao regente, exercendo função de complemento – verbal ou nominal -, adjunto – adverbial ou adnominal -, ou agente da passiva. A Sintaxe de Regência estuda, dessa forma, a relação existente entre os termos regentes e regidos. Os primeiros mandam; os segundos obedecem.

(5)

Notem que cada um desses termos regentes possui uma necessidade. Vocês devem se recordar da famosa “conversa com o verbo”, que tivemos quando estudamos emprego dos pronomes pessoais e que nos perseguiu por toda a análise sintática da oração e do período. É por meio dessa conversa que conseguimos identificar a demanda específica do verbo ou nome. Vejam:

QUEM NECESSITA NECESSITA DE ALGO/ALGUÉM.

QUEM CONFIA CONFIA EM ALGO/ALGUÉM.

QUEM SE PREOCUPA SE PREOCUPA COM ALGO/ALGUÉM.

QUEM ELOGIA ELOGIA ALGO/ALGUÉM.

QUEM ESTÁ PREOCUPADO ESTÁ PREOCUPADO COM ALGO/ALGUÉM.

QUEM ESTÁ CONFIANTE ESTÁ CONFIANTE EM ALGO/ALGUÉM.

QUEM TEM NECESSIDADE TEM NECESSIDADE DE ALGO/ALGUÉM.

QUEM FAZ ELOGIO FAZ ELOGIO A ALGO/ALGUÉM.

Como eu havia dito, manda quem pode e obedece quem tem... preposição! Cada termo regente irá solicitar ou um complemento ou um adjunto introduzido ou não por preposição. E não há como negociar!

Uma vez que o verbo “necessitar” pede complemento regido pela preposição DE, não se pode a ele ofertar outra preposição que não seja esta, sob pena de se contrariar a vontade do verbo; uma vez que o verbo “elogiar”

pode objeto direto como complemento, estamos desautorizados a empregar preposição sob pena de se contrariar a vontade do verbo; e assim sucessivamente.

Da forma como descrevo, a Regência parece ser algo inflexível – é assim e acabou! No entanto, existem alguns termos regentes que admitem mais de uma regência, mantendo seu sentido original. É, por exemplo, o caso do verbo ATENDER, que tanto pode ser TRANSITIVO DIRETO ou TRANSITIVO INDIRETO com objeto indireto introduzido pela preposição A. É correto escrever “Atendemos o paciente”. Também é correto escrever

“Atendemos ao paciente”. Além disso, há termos regentes que admitem regências distintas para sinalizar significados distintos. É o caso do verbo ASPIRAR – no sentido de INALAR, ABSORVER, é um verbo TRANSITIVO DIRETO (Nós aspiramos o perfume das flores); já no sentido de ALMEJAR, DESEJAR, é um verbo TRANSITIVO INDIRETO com objeto indireto introduzido pela preposição A (Nós aspiramos ao cargo público).

Isso posto, notem que não é necessário decorar todas as regências. Primeiramente, porque não temos vida suficiente para mapear todas as regências! Rsrsrs. Elas são infinitas! Segundo, porque a simples “conversa”

com o verbo ou nome, muitas vezes, será mais que suficiente para identificar a regência do verbo ou do nome.

Obviamente, nem só de “conversa” vive o homem. Vamos precisar sim não só decorar algumas regências, mas sobretudo entender sua função e sentido no contexto em que se inserem. As principais regências, aquelas sempre presentes em provas, são previsíveis e serão detalhadas nas seções seguintes, não se preocupem!

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Antes de avançar, quero relembrar uma aplicação da Morfologia que dialoga com Sintaxe de Regência.

Lembram-se do emprego de preposições antes de pronomes relativos? Você, quando esse assunto estudou, estava dialogando com Regência sem saber. Relembremos!

Emprego das Preposições antes de Pronomes Relativos

Moçada, sempre que verbo ou nome presentes numa oração adjetiva solicitarem preposição para se ligar ao termo antecedente substituído pelo relativo, a preposição deve ser posicionada ANTES do pronome relativo!

Como assim, professor? Que negócio complicado!!!

Não é complicado não, jovens! Vejamos!

Notem, no primeiro quadrinho da tirinha, o fragmento “... todos os quatro livros que preciso...”. Moçada, o “que” exerce a função de pronome relativo, retomando o termo anterior “livros”, concordam? Na oração adjetiva “que preciso...”, o verbo PRECISAR requisita a preposição DE para ligá-lo a LIVROS, termo retomado pelo relativo QUE. No entanto, na tirinha, assim como na nossa fala cotidiana, a preposição foi omitida.

Queridos, omitir a preposição é como arrancar um pedaço do verbo ou do nome que a solicitam. Não há negociação! Em situações como essa, é necessário posicionar a preposição ANTES DO PRONOME RELATIVO sob pena de contrariar a regência do verbo ou nome.

Logo, o correto seria “... todos os quatro livros DE QUE preciso...”

Vamos simular diversas situações a seguir, trazendo para o palco o pronome relativo QUE:

O professor ____ que gostamos pediu dispensa médica.

____ que costumamos tirar dúvidas está de férias.

____ que temos grande carinho está adoentado.

____ que confiamos divergiu do gabarito oficial divulgado.

____ que nos referimos ministra aulas no Direção Concursos.

____ que admiramos pediu para se aposentar.

Queridos, o primeiro passo é visualizar a presença do pronome relativo e identificar o termo antecedente por ele retomado. Nas várias frases em questão, o QUE exerce a função de pronome relativo, o que fica evidente com a substituição do QUE pela forma O QUAL. Também em todas as frases, o QUE relativo retoma o termo antecedente PROFESSOR.

(7)

O professor ____ que gostamos pediu dispensa médica.

____ que costumamos tirar dúvidas está de férias.

____ que temos grande carinho está adoentado.

____ que confiamos divergiu do gabarito oficial divulgado.

____ que nos referimos ministra aulas no Direção Concursos.

____ que admiramos pediu para se aposentar.

Uma vez identificada a presença do pronome relativo, devemos analisar a oração adjetiva.

O professor ____ que gostamospediu dispensa médica.

____ que costumamos tirar dúvidasestá de férias.

____ que temos grande carinho está adoentado.

____ que confiamos divergiu do gabarito oficial divulgado.

____ que nos referimosministra aulas no Direção Concursos.

____ que admiramospediu para se aposentar.

Na sequência, devemos checar se há verbo ou nome na oração adjetiva solicitando preposição para se ligar ao termo antecedente retomado pelo QUE. Reconstruindo as orações adjetivas, é possível identificar qual a preposição solicitada pelo verbo ou nome. Vejamos:

Gostamos DO professor.

Costumamos tirar dúvidas COM o professor.

Temos grande carinho PELO professor.

Confiamos NO professor.

Nós referimos AO professor.

Admiramos o professor.

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Identificadas as preposições, elas devem ser posicionadas antes dos pronomes relativos. Observem:

O professor DE que gostamospediu dispensa médica.

COM que costumamos tirar dúvidasestá de férias.

POR que temos grande carinho está adoentado.

EM que confiamos divergiu do gabarito oficial divulgado.

A que nos referimosministra aulas no Direção Concursos.

Ø que admiramospediu para se aposentar.

É uma arte, moçada!

Além disso, percebamos que o termo antecedente PROFESSOR pode ser retomado pelos relativos O QUAL ou QUEM, resultando nas também corretas construções:

O professor do qual (de quem)gostamospediu dispensa médica.

com o qual (com quem) costumamos tirar dúvidasestá de férias.

pelo qual (por quem) temos grande carinho está adoentado.

no qual (em quem) que confiamos divergiu do gabarito oficial divulgado.

ao qual (a quem) nos referimosministra aulas no Direção Concursos.

o qual admiramospediu para se aposentar.

Vejam mais exemplos:

Esse é o livro a que eu me referi. (referi-me ao livro)

Minha namorada é a menina com quem eu saí ontem. (saí com a menina) O professor ao qual eu entreguei o livro não veio hoje. (entreguei ao professor) Não cuspa no prato em que você comeu. (comeu no prato)

O filme a que você fez referência é muito bonito. (referência ao filme)

Os remédios dos quais temos necessidade foram entregues. (necessidade dos remédios) A regra também é válida para o pronome relativo cujo(a)(s):

O professor a cuja aula faltei esclareceu muitas dúvidas. (faltei à aula do professor) O técnico de cuja ajuda necessito está aqui. (necessito da ajuda do técnico)

O estagiário com cujo irmão falei acaba de chegar. (falei com o irmão do estagiário) O presidente sobre cuja vida escrevi faleceu. (escrevi sobre a vida do presidente)

(9)

Observação:

Alguns verbos podem ou não ser pronominais, o que impacta a regência.

Exemplos:

COMUNICAR – comunicar alguém/comunicar-se COM alguém;

ABORRECER – aborrecer alguém/aborrecer-se COM alguém;

ENTREGAR – entregar algo/entregar-se A algo;

DEFENDER – defender alguém/defender-se DE alguém.

...

Alguns verbos, usados sempre como pronominais, exigem em suas regências preposição.

Exemplos:

ARREPENDER-SE: arrepender-se DE algo;

INDIGNAR-SE: indignar-se COM algo;

QUEIXAR-SE: queixar-se DE algo/alguém;

ATREVER-SE: atrever-se A algo;

...

CUIDADO!

Alguns verbos são equivocadamente empregados no dia a dia como pronominais. É o caso dos verbos SIMPATIZAR, ANTIPATIZAR, SILENCIAR, SOBRESSAIR, PROLIFERAR, ...

O funcionário se sobressaiu no projeto. (ERRADO) O funcionário sobressaiu no projeto. (CERTO)

O candidato se silenciou diante da pergunta invasiva do repórter. (ERRADO) O candidato silenciou diante da pergunta invasiva do repórter (CERTO) Muitos se simpatizam com minhas ideias. (ERRADO)

Muitos simpatizam com minhas ideias. (CERTO)

É bastante comum a exploração desse tipo de erro com os verbos acima listados, em especial SIMPATIZAR e SOBRESSAIR. Tomem cuidado! Eles não são pronominais!

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Caiu em prova!

Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações.

A correção gramatical do texto seria prejudicada caso se substituísse “de que” por os quais.

( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO:

Analisemos o trecho:

Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho...

A forma “de que” consiste na união da preposição “de” – requerida pela regência da forma verbal “dispomos”

(dispomos de algo) – com o pronome relativo “que” – que retoma o termo anterior “elementos”.

Até podemos substituir o relativo “que” pelo também relativo “os quais”, mas precisamos manter a preposição “de” posicionada antes do pronome, pois é uma exigência da regência do verbo “dispor”.

Dessa forma, seria correta a seguinte redação: Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos dos quais disponho...

A ausência da proposição acarretaria prejuízo gramatical.

Resposta: CERTO

(11)

Principais Regências

Nosso próximo passo é identificar as principais regências verbo-nominais. Por que principais? Porque não são tão intuitivas e, muitas vezes, divergem do uso adotado no dia a dia. Como havia dito, Regência é um assunto nem fácil, nem difícil, mas previsível! Sabemos exatamente quais são as regências com que precisamos nos familiarizar. Já antecipo aqui algumas: ASPIRAR, ASSISTIR, OBEDECER, VISAR, PREFERIR, LEMBRAR/ESQUECER, PERDOAR/PAGAR, AGRADAR, QUERER, etc.

Detalhemos a seguir casa uma delas de forma bem esquemática, para facilitar a compreensão de vocês.

Casos de Regência Verbal

AGRADAR

= no sentido de ACARICIAR, FAZER CARINHO, emprega-se como TRANSITIVO DIRETO.

Exemplo: O dono agradou seu cachorrinho no colo.

= no sentido de SATISFAZER, GERAR CONTENTAMENTO, emprega-se como TRANSITIVO INDIRETO, com objeto introduzido pela preposição A

Exemplo: O discurso do ministro não agradou ao mercado, que reagiu ferozmente.

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AGRADECER

= TRANSITIVO DIRETO, com OBJETO DIRETO nome de “COISA”

Exemplos:

Agradeci sua ajuda. (= Agradeci-a)

Agradecemos as doações. (= Agradecemo-las)

= TRANSITIVO INDIRETO com OBJETO INDIRETO nome de “PESSOA”

Exemplos:

Os internautas agradeceram ao apresentador. (= Os internautas lhe agradeceram).

O cliente agradeceu ao gerente pelo atendimento. (= O cliente lhe agradeceu... ou O cliente agradeceu a ele...).

= TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO, sendo o OBJETO DIRETO nome de “COISA” e o INDIRETO nome de “PESSOA”, introduzido pela preposição A.

Exemplos:

Agradeci ao apresentador o apoio.

Agradeci aos internautas as doações.

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ASPIRAR

= no sentido de SORVER, INALAR, TRAGAR, constrói-se com OBJETO DIRETO.

Exemplo:

Marta aspirava o perfume das rosas.

= no sentido de DESEJAR, PRETENDER, constrói-se com OBJETO INDIRETO, com a preposição A.

Exemplo:

Ela aspirava a altos cargos.

Simulemos algumas situações:

Todos nós aspiramos ____ ar poluído.

____ cargo público.

____ carreira pública.

Na primeira construção, devemos apenas utilizar o artigo O, haja vista que o verbo ASPIRAR foi empregado no sentido de INALAR.

Na segunda construção, devemos apenas utilizar a combinação AO, que consiste na fusão da preposição A – requerida pela regência do verbo ASPIRAR no sentido de DESEJAR – com o artigo O – solicitado pelo substantivo CARGO.

E atenção para a terceira construção!

Nela devemos apenas utilizar a contração À, que consiste na fusão da preposição A – requerida pela regência do verbo ASPIRAR no sentido de DESEJAR – com o artigo A – solicitado pelo substantivo CARREIRA.

É a primeira (de muitas) beliscadas no assunto CRASE, subproduto da REGÊNCIA.

Vejamos mais simulações:

O ar ____ respiramos é impuro.

O cargo _____ aspiramos é muito disputado.

A carreira _____ aspiramos é muito disputada.

(14)

Na primeira construção, devemos apenas utilizar os pronomes relativos QUE ou O QUAL, haja vista que o verbo ASPIRAR foi empregado no sentido de INALAR. Tais pronomes relativos retomam o termo anterior AR.

Na segunda construção, devemos apenas utilizar as combinações A QUE ou AO QUAL, compostas pela preposição A – requerida pela regência do verbo ASPIRAR no sentido de DESEJAR – com os pronomes relativos QUE ou O QUAL – que retomam o termo anterior CARGO.

E atenção para a terceira construção!

Nela devemos apenas utilizar as construções A QUE ou À QUAL – com crase -, compostas pela preposição A – requerida pela regência do verbo ASPIRAR no sentido de DESEJAR – com os pronomes relativos QUE ou A QUAL – que retomam o termo anterior CARREIRA.

Outra beliscada em crase, moçada! Já fica a dica: A + A = À.

ATENÇÃO!!!

O verbo ASPIRAR não admite o emprego do pronome LHE para substituir seu OBJETO INDIRETO. Seremos obrigados a empregar as formas oblíquas tônicas A ELE, A ELA.

Todos nós aspiramos ao cargo.

= Todos nós lhe aspiramos. (ERRADO)

= Todos nós aspiramos A ELE. (CERTO)

Caiu em prova!

É de se supor que quem quer casar deseje que a sua futura mulher venha para o tálamo conjugal com a máxima liberdade, com a melhor boa-vontade, sem coação de espécie alguma, com ardor até, com ânsia e grandes desejos;...

Mantendo-se a correção gramatical e os sentidos originais do texto, a forma verbal “deseje” poderia ser substituída por “aspire a”.

( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO:

O verbo “aspirar” pode ser usado no sentido de “desejar”. Nesse caso, ele rege a preposição “a”. Assim, na questão, a forma verbal “deseje” pode ser corretamente substituída por “aspire a”, mantendo-se a correção gramatical e o sentido original do texto.

Observação:

O verbo “aspirar” também pode significar “inalar”, “cheirar”. Nesse sentido, ele será transitivo direto.

Exemplo:

Nós aspiramos o doce perfume.

Resposta: CERTO

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ASSISTIR

= no sentido de PRESTAR ASSISTÊNCIA, PROTEGER, SERVIR, constrói-se com OBJETO DIRETO.

Exemplo:

O enfermeiro assiste o paciente.

= no sentido de PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE constrói-se com OBJETO INDIRETO, COM A PREPOSIÇÃO A.

Exemplo:

Assisti ao jogo (e não “Assisti o jogo”, como se fala no cotidiano)

= no sentido de CABER, PERTENCER DIREITO OU RAZÃO A ALGUÉM, constrói-se com OBJETO INDIRETO, COM A PREPOSIÇÃO A.

Exemplo:

Não assiste ao Judiciário legislar em prol dos indefesos.

= no sentido de MORAR, RESIDIR, constrói-se com ADJUNTO ADVERBIAL DE LUGAR, COM A PREPOSIÇÃO EM.

Exemplo:

Ele assistia num sítio muito distante da cidade.

Sem a menor dúvida, a regência mais importante do verbo ASSISTIR é a referente ao seu sentido mais popular, de VER, PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE. É a mais importante, porque é a mais usada no cotidiano, e de forma errada!

(16)

Ora, em nosso dia a dia, é comum ouvirmos e falarmos.

Nós assistimos o jogo.

Nós assistimos o filme.

O filme que assistimos ganhou vários prêmios.

Devido ao fato de pouco conhecermos os outros sentidos do verbo ASSISTIR, empregamos essa forma verbal equivocadamente como transitiva direta. O certo seria:

Nós assistimos Ao jogo.

Nós assistimos Ao filme.

O filme A que assistimos ganhou vários prêmios.

Fica o questionamento: Professor, por que a Gramática implica conosco assim? Por que ela propõe uma norma que contraria o uso do cotidiano?

Galera, na verdade, não é uma implicação! Acontece que existem outros sentidos para o verbo ASSISTIR não usados por nós no cotidiano. Por exemplo, dificilmente uma pessoa emprega no cotidiano ASSISTIR com a significação de AJUDAR, PRESTAR ASSISTÊNCIA. Mas a Gramática previu esse uso e, para distingui-lo de outros sentidos, estabeleceu uma regência específica.

Observem as duas frases a seguir:

Eu assisti o velhinho que estava atravessando a rua.

Eu assisti ao velhinho que estava atravessando a rua.

Queridos, notem que, na primeira frase, o verbo ASSISTIR está no sentido de AJUDAR. Já na segunda, no sentido de VER. A presença ou a ausência da preposição faz uma tremenda diferença.

(17)

Além desses dois clássicos sentidos, o verbo ASSISTIR também pode significar “MORAR”, situação em que será INTRANSITIVO e terá a ele ligado um adjunto adverbial de lugar introduzido pela preposição EM – Estamos assistindo atualmente em Brasília.

Por fim, podemos empregar o verbo assistir no sentido de CABER, SER OBRIGAÇÃO, situação em que será transitivo indireto e solicitará preposição A – Assiste ao Executivo administrar; ao Legislativo assiste criar as leis; ...

ATENÇÃO!!!

O verbo ASSISTIR, no sentido de VER, PRESENCIAR, não admite o emprego do pronome LHE para substituir seu OBJETO INDIRETO. Seremos obrigados a empregar as formas oblíquas tônicas A ELE, A ELA.

Exemplo:

Nós assistimos AO FILME.

= Nós LHE assistimos. (ERRADO)

= Nós assistimos A ELE. (CERTO)

Professor, por que alguns verbos recusam o LHE como objeto indireto?

Meus amigos, aqui a Gramática nos impõe uma tradição, não havendo propriamente uma razão lógica.

No entanto, pode-se afirmar que o LHE é empregado GERALMENTE para substituir pessoas, não sendo pertinente seu uso para substituir COISAS. Já as formas A ELE(S), A ELA(S), PARA ELE(S), PARA ELA(S) são empregadas tanto para substituir PESSOAS como COISAS.

Tenham em mãos uma lista de verbos que recusam o emprego do LHE como objeto indireto: ASPIRAR (=

ALMEJAR), ASSISTIR (=VER), ALUDIR, PROCEDER, RECORRER, REFERIR-SE, VISAR (=ALMEJAR), etc.

(18)

CHAMAR

= no sentido de CONVOCAR, CONVIDAR, emprega-se como TRANSITIVO DIRETO.

Exemplo: Chamei o professor em minha sala para uma reunião urgente.

= no sentido de INVOCAR, PEDIR AUXÍLIO, emprega-se como TRANSITIVO DIRETO ou como INDIRETO, COM OBJETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO POR.

Exemplo: Chamei (por) meu pai no momento de maior aflição.

= no sentido de NOMEAR, QUALIFICAR, ROTULAR, apresenta diversas possibilidades de construção.

Exemplos:

Chamei o Ministro idiota. (Chamei-o idiota.) Chamei o Ministro de idiota. (Chamei-o de idiota.) Chamei ao Ministro idiota. (Chamei-lhe idiota.) Chamei ao Ministro de idiota. (Chamei-lhe de idiota)

O verbo CHAMAR é TRANSOBJETIVO nesse caso. Além disso, o PREDICATIVO DO OBJETO pode ou não ser introduzido pela preposição DE.

(19)

CUSTAR

= no sentido de “VALER UM PREÇO”, “TER UM VALOR”, é INTRANSITIVO, acompanhado de ADJUNTO ADVERBIAL DE PREÇO.

Exemplos:

O terno custou 10 mil reais.

Aquele carro custou seu salário anual.

Alguns gramáticos, no entanto, consideram “10 mil reais” e “seu salário anual” como objetos diretos. Há divergências, portanto!

= no sentido de “SER DIFÍCIL, PENOSO, CUSTOSO”, é TRANSITIVO INDIRETO, com OBJETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO A.

Exemplos:

Custamos a acreditar no que estava ocorrendo.

Custamos a aprender com nossos erros.

= no sentido de “CAUSAR”, “ACARRETAR”, é TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO, com INDIRETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO A.

Exemplos:

A derrota no clássico custou o emprego ao técnico.

A prepotência custou-lhe (a ele) muitas amizades perdidas.

HAVER

= no sentido clássico de “EXISTIR”, “OCORRER”, “ACONTECER”, é IMPESSOAL E TRANSITIVO DIRETO.

Exemplos:

Havia problemas sérios na empresa.

Reclamações houve durante a operação.

(20)

= no sentido de “COMPORTAR-SE”, “DEPARAR-SE”, “CONFRONTAR-SE”, é PRONOMINAL.

Exemplos:

Eles se houve bem na cerimônia, não criando polêmicas. (= se comportou) Eles se houveram com uma multidão furiosa. (se depararam)

= no sentido de “OBTER”, “CONSEGUIR”, é TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO, com INDIRETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO DE.

Exemplos:

O Estado houve uma infinidade de recursos dos contribuintes.

Muitas instituições houveram doações de internautas promovidas nas redes sociais.

IMPLICAR

= TRANSITIVO DIRETO, no sentido de RESULTAR, ACARRETAR, TER COMO CONSEQUÊNCIA Exemplos:

A despesa com elementos supérfluosimplicará gastos desnecessários.

Maior consumo implica mais despesas por parte da empresa.

Algumas gramáticas mais modernas até admitem a presença da preposição “em”, fazendo menção ao uso coloquial. Porém, o que notamos nas bancas é o emprego tradicional do verbo implicar. Repetindo:

transitivo direto, no sentido de resultar, acarretar.

= TRANSITIVO INDIRETO, no sentido de EMBIRRAR, TER IMPLICÂNCIA COM ALGUÉM Exemplo:

Os alunos implicaram com o professor.

(21)

LEMBRAR/ESQUECER

= como VERBOS NÃO PRONOMINAIS, são construídos com OBJETO DIRETO.

Exemplo:

Esqueci o nome dela.

Lembrei o nome dela.

= como VERBOS PRONOMINAIS (ACOMPANHADOS DE PRONOME OBLÍQUO ÁTONO), são construídos com OBJETO INDIRETO, INTRODUZIDOS PELA PREPOSIÇÃO A.

Exemplo:

Esqueci-me do nome dela.

Lembrei-me do nome dela.

É ERRADO DIZER:

Esqueci DO nome dela.

Lembrei DO nome dela.

= verbo TRANSITIVO INDIRETO, com OBJETO INDIRETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO A Exemplo:

Esqueceu-me a pauta da reunião.

Esqueceu a você o nome dele.

Trata-se de uma construção um tanto estranha, não é mesmo?

Nela, temos como sujeito a coisa lembrada ou esquecida. Já o verbo é acompanhado de objeto indireto introduzido pela preposição A.

No caso da primeira frase, o sujeito é “a pauta da reunião” e o objeto indireto é representado pelo pronome oblíquo ME (= A MIM).

No caso da segunda frase, o sujeito é “o nome dele” e o objeto indireto é representado pelo pronome oblíquo VOCÊ (= A VOCÊ).

(22)

= no caso do verbo LEMBRAR, também é possível empregá-lo como TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO, com OBJETO INDIRETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO A OU DE.

Exemplo:

Lembrei meu chefe da reunião de logo mais.

O assessor lembrou vários números relevantes ao seu chefe durante a reunião.

São tantas já vividas

São momentos que eu não esqueci Detalhes de uma vida

Histórias que eu contei aqui

Quando vocês estiverem cantarolando Roberto Carlos no banho, tomem cuidado com o verso destacado, ok? Você pode usar o verbo “ESQUECER” como pronominal ou como não pronominal. Há duas construções corretas, portanto!

São momentos que eu não esqueci...

São momentos DE que eu não ME esqueci...

ATENÇÃO!!!

Diante de uma oração subordinada substantiva objetiva indireta, é possível omitir a preposição DE exigida pela forma pronominal “ESQUECER-SE” ou “LEMBRAR-SE”.

Exemplo:

Nós nos esquecemos (de) que não haveria aula.

(23)

Caiu na prova!

No trecho “...devemos nos lembrar que a educação no trânsito é mais do que importante”, a ausência do pronome oblíquo “nos” prejudicaria a correção gramatical.

( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO:

O verbo lembrar admite duas regências: como não pronominal, deve ser empregado como transitivo direto;

já como pronominal, deve ser empregado como transitivo indireto e deve ser acompanhado da preposição DE.

Na redação original, tem-se: ...devemos nos lembrar (de) que a educação no trânsito...

Nela, o verbo lembrar foi empregado como pronominal, acompanhado do oblíquo átono “nos”. A preposição DE, requerida nesse formato, está subentendida, pois, diante de orações subordinadas substantivas objetivas indiretas ou completivas nominais, é possível omitir a preposição, sem gerar prejuízos gramaticais.

Na proposta de reescrita sugerida, tem-se: ...devemos lembrar que a educação no trânsito... .

Nela, o verbo lembrar foi empregado como não pronominal. Nesse formato, tem-se um verbo transitivo direto.

A alteração proposta, portanto, não prejudica a correção gramatical.

Resposta: ERRADO

OBEDECER/DESOBEDECER

Trata-se de verbos TRANSITIVOS INDIRETOS, regidos pela preposição A.

Exemplos:

Obedecia ao mestre.

Obedecia à sinalização de trânsito.

Cuidado!

Em nosso dia a dia, é comum ouvirmos e falarmos.

Nós obedecemos o regulamento.

Nós obedecemos o patrão.

Eles desobedeceram a sinalização de trânsito.

O certo seria:

Nós obedecemos Ao regulamento.

Nós obedecemos Ao patrão.

(24)

Eles desobedeceram À sinalização de trânsito.

Note que, no último caso, a crase é resultado da fusão da preposição A – requerida pela regência de DESOBEDER – com a artigo A – requerido pelo substantivo SINALIZAÇÃO.

ATENÇÃO!!!

O verbo OBEDECER, embora seja TRANSITIVO INDIRETO, admite construção em voz passiva.

O agente público não obedeceu à decisão da Justiça. (VOZ ATIVA)

= A decisão da Justiça não foi obedecida pelo agente público. (VOZ PASSIVA)

Caiu em prova!

Obedecer às leis de trânsito somente por medo de multas é o símbolo do despreparo e a causa de tantas mortes.

A substituição de “Obedecer às leis de trânsito” por “Obediência a leis de trânsito” preservaria a correção gramatical e não acarretaria mudança de sentido original.

( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO:

No trecho original, o substantivo “leis” está determinado por artigo definido feminino. Afirma-se isso, pois a forma “às” consiste na fusão da preposição “a” – requerida pela regência do verbo “obedecer” – com o artigo “as” – solicitado pelo substantivo “leis”. Com a determinação por artigo, dá-se a entender que se está falando de todas as leis de trânsito. A obediência se faz necessária para todas as leis, portanto.

No trecho reescrito, o substantivo “leis” não está determinado por artigo. O “a” que antecede “leis” é apenas preposição “a”, requerida pela regência do nome “Obediência”. Sem o artigo, dá-se a entender que se está falando de apenas algumas leis, não de todas. A obediência se faz necessária para algumas leis, portanto.

Resposta: ERRADO

(25)

PAGAR/PERDOAR

= TRANSITIVO DIRETO com OBJETO DIRETO DE “COISA”

Exemplos:

Perdoei suas dívidas (= Perdoei-as)

Paguei minhas constas (= Paguei-as)

= TRANSITIVO INDIRETO com OBJETO INDIRETO DE “PESSOA”

Exemplos:

O pai não perdoou ao filho (= O pai não lhe perdoou).

O cliente não pagou ao lojista (O cliente não lhe pagou).

= TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO, com o OBJETO DIRETO “COISA” e o OBJETO INDIRETO “PESSOA”, introduzido pela preposição A.

Exemplos:

Perdoei ao jogador a ofensa.

Paguei ao funcionário a dívida.

(26)

PREFERIR

Trata-se de verbo TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO.

Diferentemente da linguagem coloquial, este verbo não se constrói com a locução DO QUE, e sim com a preposição A.

Além disso, é errado dizer “preferir mais”, pois é um pleonasmo (redundância).

Exemplo:

Prefiro MAIS café DO QUE chá (ERRADO) Prefiro café A chá (CERTO)

Olha o desafio aí, galera!

Galera, em hipótese alguma, use DO QUE.

Embora seja a construção mais comum no dia a dia, ela contraria a regência do verbo PREFERIR, cujo OBJETO INDIRETO requer preposição A.

E por que não usamos a crase?

A preposição A está com presença já garantida, beleza? Para que houvesse a crase, necessitaríamos do artigo A!

No entanto, vejam que não foi empregado artigo O para PORTUGUÊS.

Por questões de simetria (paralelismo), não devemos empregar o artigo A antes de MATEMÁTICA.

Não faria sentido um ter artigo e o outro, não.

Dessa forma, a lacuna deve ser preenchida apenas com a preposição A.

Cuidado, portanto, com as questões que envolvem uso da crase e simetria (paralelismo).

Veja outros exemplos:

Vou estudar DE 2a A 6a. (sem artigo para 2a; sem artigo para 6a; somente há preposição A; não há crase) Vou estudar DA 2a À 6a. (com artigo para 2a; com artigo para 6a; ocorre encontro da preposição A com o artigo A; há crase)

Vou estudar DE 8h A 12h. (sem artigo para 8h; sem artigo para 12h; somente há preposição A; não há crase)

(27)

Vou estudar DAS 8h ÀS 12h. (com artigo para 8h; com artigo para 12h; ocorre encontro da preposição A com o artigo AS; há crase)

PROCEDER

= no sentido clássico de “TER CABIMENTO”, “PORTAR-SE”, é INTRANSITIVO.

Exemplos:

Seus argumentos não procedem.

Ele procede com elegância diante de tantos insultos agressivos.

= no sentido de “ORIGINAR-SE”, é INTRANSITIVO e é acompanhado de ADJUNTO ADVERBIAL INTRODUZIDO PLEA PREPOSIÇÃO DE.

Exemplos:

Tais informações procedem das mais diversas fontes.

O material apreendido procede da China.

= no sentido de “INICIAR”, “REALIZAR”, “EXECUTAR”, é TRANSITIVO INDIRETO, com INDIRETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO A.

Exemplos:

O relator do caso procedeu à leitura dos autos.

A comissão procedeu ao exame dos recursos impetrados.

ATENÇÃO!!!

O verbo “PROCEDER” é outro verbo que não admite o pronome LHE como objeto indireto. Deve-se empregar no lugar a forma oblíqua tônica A ELE(S), A ELA(S).

O relator procedeu à leitura dos autos.

= O relator lhe procedeu. (ERRADO)

= O relator procedeu a ela. (CERTO)

(28)

QUERER

= é TRANSITIVO DIRETO no sentido de DESEJAR Exemplo:

Eu quero meu quarto limpo imediatamente. (= Eu o quero limpo imediatamente)

= é TRANSITIVO INDIRETO no sentido de AMAR, QUERER BEM, pedindo OBJETO INDIRETO INTRODUZIDO PELA PREPOSIÇÃO A

Exemplo:

Juro que quero muito a você. (= Juro que lhe quero muito)

VISAR

= é TRANSITIVO DIRETO no sentido de MIRAR, APONTAR, PÔR VISTO EM.

Exemplo:

O caçador visou o alvo.

O inspetor visou todas as páginas do laudo técnico.

= é TRANSITIVO INDIRETO no sentido de TER EM VISTA, OBJETIVAR, EXIGINDO A PREPOSIÇÃO A.

Exemplo:

O pai trabalhava visando ao conforto dos filhos.

ATENÇÃO!

O pronome oblíquo LHE não é usado como objeto indireto do verbo VISAR. No lugar, deve-se empregar a forma oblíqua tônica A ELE, A ELA.

Esta ação visa ao bem-estar social.

= Esta ação lhe visa. (ERRADO)

= Esta ação visa a ele. (CERTO)

Admite-se a omissão da preposição A antes de verbo no infinitivo.

Este relatório visa (a)esclarecer as causas do acidente aéreo.

(29)

ALGUNS VERBOS ADMITEM MAIS DE UMA REGÊNCIA MANTENDO O SENTIDO ORIGINAL.

Vejam a seguir exemplos dos principais casos:

ABDICAR O rei abdicou o trono O rei abdicou do trono

ATENDER

O funcionário atendeu o clientecom gentileza.

O funcionário atendeu ao cliente com gentileza.

ATENTAR Atente o que estiver escrito.

Atente ao que estiver escrito.

Atente para o que estiver escrito.

ANSIAR Anseio um mundo justo.

Anseio por um mundo justo.

DESFRUTAR Desfrutemos avida.

Desfrutemos da vida.

USUFRUIR Usufruí o benefício.

Usufruí do benefício

GOZAR Gozou a vida com intensidade.

Gozou da vida com intensidade.

DEPARAR

Deparei com um gigantesco problema.

Deparei um gigantesco problema.

Deparei-me com um gigantesco problema.

(30)

Casos de Regência Nominal

A seguir, estão listadas as principais regências de nome. Obviamente vocês não precisam decorar todas elas, mas é importante que tenham uma familiaridade.

Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo de

Aversão a, para, por Doutor em Obediência a

Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por

Bacharel em Horror a Proeminência sobre

Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Acessível a Entendido em Necessário a

Acostumado a, com Equivalente a Nocivo a

Agradável a Escasso de Paralelo a

Alheio a, de Essencial a, para Passível de

Análogo a Fácil de Preferível a

Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a

Apto a, para Favorável a Prestes a

Ávido de Generoso com Propício a

Benéfico a Grato a, por Próximo a

Capaz de, para Hábil em Relacionado com

Compatível com Habituado a Relativo a

Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por

Contíguo a Impróprio para Semelhante a

Contrário a Indeciso em Sensível a

Descontente com Insensível a Sito em

Desejoso de Liberal com Suspeito de

Diferente de Natural de Vazio de

(31)

CRASE

Chegou a tão esperada hora de falar sobre um dos assuntos mais difíceis da humanidade! Estamos falando da ... C R A S E.

Gente, muita calma nessa hora! Não há nada de sobrenatural nesse assunto! No entanto, a crase é um fenômeno linguístico que pode ser facilmente identificado. Confiem em mim!

Primeiramente, vamos entender o CASO GERAL que rege o emprego do acento indicador de crase.

Queridos, o CASO GERAL abrange a maioria das questões relativas ao assunto. Se você o entender bem, grande parte do trabalho estará feito!

Apresento, a seguir, um quadro resumo que consegue sintetizar muito bem esse raciocínio. Vejamos:

CASO GERAL

À = A (preposição) + A (artigo) ÀS = A (preposição) + AS (artigo)

Vamos explicar um pouco esse quadro resumo?

Vejam bem, para se haver crase, é necessário se fazer uma soma: soma-se a preposição A - solicitada pela regência de um verbo ou de um nome - com o artigo definido A ou AS - solicitado por uma palavra feminina.

Se um desses elementos estiver ausente, não faz sentido se falar em crase.

Observem a frase:

Fomos à piscina

A forma verbal “fomos” solicita a regência da preposição “a” – fomos a algum lugar. Além disso, o substantivo feminino “piscina” solicita o artigo definido “a”. A soma da preposição A com o artigo A resulta na forma À

As críticas às instituições brasileiras têm ganhado mais espaço na mídia.

A forma nominal “críticas” solicita a regência da preposição “a” – críticas a algo, a alguém. Além disso, o substantivo feminino “instituições” solicita o artigo definido “as”. A soma da preposição A com o artigo AS resulta na forma AS.

Para termos certeza de que ocorre a crase, podemos nos utilizar de algumas dicas, que nos possibilitam um rápido diagnóstico. Elas estão sumarizadas no quadro abaixo:

(32)

TESTE RÁPIDO - Há crase? -

Substituir a palavra feminina por uma

masculina.

Se aparecer a forma AOou AOSantes da palavra masculina, é sinal de que haverá crase antes da feminina.

Exemplos:

Temos amor À arte

(= Temos amor AOestudo).

Respondi ÀSperguntas.

(= Respondi AOSquestionametos.)

Se NÃOaparecer a forma AO ou AOSantes da palavra masculina, é sinal de que NÃO haverá crase antes da feminina.

Exemplos:

Prefiro carro Amoto.

(= Prefiro carro Aônibus).

Respondi Aela ontem.

(= Respondi Aele ontem.)

Substituir a preposição Apor

PARA.

Se aparecer a forma PARA A, é sinal de que haverá crase.

Exemplos:

Entreguei o presente Àdiretora.

(= Entreguei o presente PARA A diretora).

Fiz uma homenagem À professora.

(= Fiz uma homenagem PARA A professora)

Se NÃOaparecer a forma PARA A, é sinal de que NÃOhaverá crase.

Exemplos:

Pedi Aesta funcionária uma ajuda.

(= Pedi PARAesta funcionária uma ajuda.).

Contarei Avocê um segredo.

(= Contarei PARAvocê um segredo.)

(33)

É muito importante que estejamos muito afiados na constatação do CASO GERAL. Devemos sempre ter em mente que a preposição é uma requerida por um TERMO REGENTE ou SUBORDINANTE - verbo ou nome - e que o artigo é solicitado por um TERMO REGIDO ou SUBORDINADO – substantivo feminino.

Dessa forma, nosso discurso, moçada, já deve estar pronto!

Toda vez que uma questão solicitar de você a justificativa para emprego do acento indicador de crase, nosso discurso deve ser:

“A crase é resultado da FUSÃO (CONTRAÇÃO) da preposição A – requerida pelo TERMO REGENTE (SUBORDINANTE) (verbo ou nome) – com o artigo A(S) – solicitado pelo TERMO REGIDO

(SUBORDINADO) (substantivo feminino) .”

Muitas são as armadilhas aqui. Geralmente, as bancas tentam confundir o aluno, identificando equivocadamente os termos regidos e os termos regidos. Fiquem espertos. Diagnostiquem quem solicita a preposição – trata-se de um problema de regência – e quem está de fato solicitando o artigo – no caso, quem é o substantivo feminino que está pedindo artigo.

Vejamos a seguir alguns exemplos de aplicação do CASO GERAL:

Caiu em prova!

Em “A OMS atribui mais de 7 milhões de mortes por ano à poluição do ar [...]”, a crase é resultante da contração da preposição “a”, exigida pelo termo subordinante “ano”, com o artigo feminino “a”, reclamado pelo termo dependente “poluição”.

( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO:

O item está ERRADO.

Você percebeu a pegadinha? A preposição A foi requerida não pelo nome ANO, mas sim pelo verbo ATRIBUI.

Este é o termo subordinante, meus caros! Ele é que pede a preposição A (Quem atribui atribui algo A ALGO.).

Já o termo dependente (também chamado de regido ou subordinado) de fato é “poluição”, que solicita o artigo A.

Dessa forma, o erro se deve à errada identificação do termo subordinante.

A redação do item estaria correta, se substituíssemos ANO por ATRIBUI.

Resposta: ERRADO

(34)

Caiu em prova!

Leia o texto a seguir:

Quando o leitor se depara com o assomo de grandeza do romance de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, é assaltado por enorme espanto e fascínio — intacto, há décadas — desde logo pelo idioma próprio em que foi escrito, língua quase autárquica, alterada por construções sintáticas singulares e palavras novas. “Muita coisa importante falta nome”, ensina o narrador do romance. Narrado em primeira pessoa, o personagem conta sua história a um ouvinte silencioso, informando do seu saber e do não saber, na difícil tarefa de dar forma narrada às coisas vividas.

O sinal indicativo de crase em “às coisas” justifica-se pela regência de “forma” e pela presença de artigo feminino plural.

( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO:

O item está ERRADO! Novamente, a questão tenta confundir vocês! O termo regente, subordinante, ou seja, aquele que pede a preposição, não é FORMA. É sim o verbo DAR (Quem dá dá algo A ALGO).

Tanto é verdade que o verbo DAR solicita preposição que conseguimos inverter a ordem dos complementos.

Como assim? É possível reescrever “... na difícil tarefa de dar forma narrada às coisas vividas.” da seguinte maneira: “... na difícil tarefa de dar às coisas vividas forma narrada.”

Resposta: ERRADO

Caiu em prova!

Com a crescente industrialização do país, tornava-se cada vez mais importante a formação de profissionais para suprir as demandas do mercado e, doze anos depois, as escolas de aprendizes e artífices de nível primário foram transformadas em escolas industriais e técnicas, equiparando-se às de ensino médio e secundário.

No texto, o sinal indicativo de crase no trecho “equiparando-se às de ensino médio e secundário” foi empregado porque a regência do verbo equiparar exige preposição “a”, e “escolas”, palavra que está subentendida antes de “de ensino médio”, exige o artigo definido feminino plural as.

( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO:

De fato, é possível subentender o substantivo “escolas” antes de “de ensino médio”.

Observe: ... equiparando-se às (escolas) de ensino médio e secundário.

Expliquemos agora a crase: ela é resultado da fusão da preposição A - requerida pela regência do verbo

“equiparar-se” (quem se equipara se equipara A algo/alguém) - com o artigo definido “as” - requerido pelo substantivo subentendido “escolas”.

O item, portanto, está CERTO!

Resposta: CERTO

(35)

Da análise do caso geral, podemos tirar algumas conclusões acerca da necessidade do acento indicador de crase. Primeiramente mapeemos as situações em que não ocorrerá crase.

Não ocorre a Crase

Como mencionado anteriormente, se não houver a preposição “a” ou o artigo “a”, não ocorrerá crase.

Vejam que tudo não passa de consequência do quadro resumo apresentado.

Diante disso, podemos concluir que não há crase...

... antes de verbo Exemplos:

Voltamos a contemplar a lua.

Estou disposto a estudar.

... antes de palavras masculinas Exemplos

Gosto muito de andar a pé.

Passeamos a cavalo.

... antes de pronomes de tratamento, exceção feita a SENHORA, SENHORITA, DONA, MADAME, ...:

Exemplos:

Dirigiu-se a V.Sa. com aspereza Dirigiu-se à Sra. com aspereza.

Atenção!

Por que senhora, senhorita e dona aceitam crase?

Observemos a frase “Entregaram o convite à senhora.”.

Se substituirmos “senhora” por “senhor”, teremos “Entregaram o convite ao senhor”. Dessa forma, se

“senhor” solicita artigo definido, “senhora” também o deverá solicitar. O artigo solicitado por “senhora” se contrai com a preposição solicitada pela forma verbal “Entregaram”, resultando, portanto, na forma “à”.

... antes de pronomes em geral:

Exemplos:

Não vou a qualquer parte.

Fiz alusão a esta aluna.

Por que não teremos crase nessas situações, professor?

Ora, meu querido aluno, porque não haverá ARTIGO feminino antes de verbo, palavras masculinas e grande parte dos pronomes. Vamos tecer algumas considerações acerca da crase diante de pronomes, ok?

(36)

Como dito, antes de grande parte dos pronomes, não se emprega acento indicador de crase. Por quê, professor?

Isso ocorre porque grande parte dos pronomes não solicita artigo. Professor, mas quando o senhor fala que grande parte dos pronomes não solicita artigo, dá a entender que alguns solicitam, certo? Como vamos saber se o pronome pede ou não artigo?

Lembram-se do quadro que apresentamos para testar a aplicação do CASO GERAL?

É ele que vamos utilizar! Observem!

Fiz elogios ____ ela.

____ esta funcionária.

____ alguma pessoa.

____ mesma funcionária ____ própria diretora.

Nessas frases, substituiremos, meus amigos, a forma feminina do pronome pela masculina. Ora, se aparecer AO diante do masculino, é sinal de que haverá À – com crase – antes do feminino. Vejamos:

Fiz elogios A ele.

A este funcionário.

A algum indivíduo.

AO mesmo funcionário AO próprio diretor.

Note que não apareceu artigo masculino antes de ELE, ESTE, ALGUM, provando que, de fato, grande parte dos pronomes não pedirá artigo e, por essa razão, não haverá crase. Já os demonstrativos MESMA (S) e PRÓPRIA(S) são antecedidos por artigo definido feminino, pois suas formas masculinas são também antecedidas por artigo definido masculino.

Dessa forma, na frase “Fiz elogios à mesma funcionária”, tem-se a incidência de crase, haja vista que ocorre a contração da preposição “a” – solicitada por “elogios” – com o artigo definido “a” – solicitado pelo pronome “mesma”. Substituindo-se “mesma funcionária” por “mesmo funcionário”, resulta a frase “Fiz elogios AO mesmo funcionário”. Dessa forma, se “mesmo” solicita o artigo “o”, a forma feminina “mesma” solicita o artigo “a”. O mesmo raciocínio é válido para PRÓPRIA (S).

(37)

Resumindo:

Grande parte dos pronomes NÃO solicita artigo, exceção feita a MESMA (S), PRÓPRIA (S), SENHORA (S), SENHORITA (S), DONA (S), MADAME (S).

Isso não significa que haverá crase obrigatoriamente antes dessas formas!

CUIDADO! Além do artigo, moçada, é necessário que haja uma preposição, certo? Não havendo preposição, sem chance de haver crase, gente!

Não vão me pôr crase em “Observei a mesma cena!”, pelo amor dos meus filhinhos! Rs.

Ora, o verbo OBSERVAR não está regendo preposição A, meus amigos! Trata-se de um verbo TRANSITIVO DIRETO! O A que antecede MESMA é apenas artigo.

E como diz o ditado, um artigo só não faz crase (Nossa! Essa foi péssima! Desculpem-me!).

Ainda falaremos da crase nos relativos A QUAL, AQUELE(S), AQUELA(S) e AQUILO. Também falaremos do emprego facultativo do artigo antes de pronomes possessivos. Aguardem!

... em locuções formadas por palavras repetidas:

Estamos frente a frente.

Estamos cara a cara.

CUIDADO!

Estamos aqui falando de locuções, que são expressões que designam uma unidade de sentido. As palavras componentes de uma locução são indissociáveis, pois elas compõem uma coisa só, ok?

Por que o meu alerta? Veja a seguinte frase:

Declarei guerra À guerra.

Nela, é necessário sim o emprego do acento indicador de crase!

Ué? Por quê, professor? O senhor havia dito que não ocorre crase quando temos palavras repetidas?

Calma, jovens! Falamos de locuções, correto? Não é o que ocorre no caso apresentado. Nele, temos o OBJETO DIRETO “GUERRA” e o INDIRETO “À GUERRA”, ambos complementos do verbo DECLARAR. Não é, portanto, uma locução, pois seus componentes são dissociáveis.

Fazend0-se o teste de verificação do CASO GERAL, se trocarmos o segundo GUERRA por CONFLITO, obtemos a seguinte construção: “Declaramos GUERRA AO CONFLITO.”.

Ora, se antes do masculino aparece AO, antes do feminino aparecerá À – com crase.

(38)

Observação:

Há divergências entre gramáticos acerca das locuções que expressam ideia de meio ou instrumento. Uns apontam a necessidade do acento indicador de crase; outros já afirmam que não se deve empregar o acento.

Há, portanto, um impasse. O que se nota é que as bancas evitam dar destaque a essa polêmica em suas questões.

Num caso raro de nos depararmos com essa polêmica, sugiro que façamos sempre uma análise comparativa com as demais opções trazidas na questão. Antes de afirmar categoricamente que a crase em “Fiz a prova à caneta.” – com a locução “à caneta” expressando a ideia de instrumento – está certa ou errada, compare-a com as demais opções.

... quando o "a" vem antes de uma palavra no plural:

Não falo a pessoas estranhas.

Restrição ao crédito causa o temor a empresários.

Atenção!!!

Observe a seguinte construção:

Referi-me à cenas de terror (ERRADO)

O que está errado nessa frase? Prestem atenção! Tem-se a preposição “a”, solicitada pela regência da forma verbal “Referi-me” (Quem se refere se refere A ALGO).

Porém, não temos a presença do artigo “a”, uma vez que o substantivo feminino “cenas” é plural.

Se este solicitar artigo, solicitará o definido plural “as”.

Corrigindo, teremos duas possibilidades de redação:

Referi-me a cenas de terror (CERTO) Referi-me às cenas de terror (CERTO)

Imaginemos um enunciado assim redigido: “As duas frases acima estão corretas do ponto de vista gramatical e possuem o mesmo sentido”. O que vocês marcariam? CERTO ou ERRADO?

Corretas do ponto de vista gramatical elas estão, mas não possuem o mesmo sentido.

Na construção “Referi-me a cenas de terror”, a ausência do artigo “as” (a forma “a” é apenas preposição) dá entender que se trata de cenas de terror quaisquer. Já na construção “Referi-me às cenas de terror”, a presença do artigo definido “as” especifica as cenas de terror, dando a entender que não se trata de quaisquer cenas.

(39)

Caiu em prova!

Como educador, Teixeira viajou para a Europa e os Estados Unidos da América para observar os sistemas escolares.

No Brasil, defendeu o conceito de escola única, pública e gratuita como forma de garantir a democracia e foi o primeiro a tratar a educação com base filosófica.

Instituiu na Bahia, em 1950, a primeira escola-parque, que procurava oferecer à criança uma escola integral, que cuidasse da alimentação, da higiene, da socialização, além do preparo para o trabalho. Nas escolas-parques, os alunos ainda tinham contato com as artes plásticas. Naquela época, essas aulas eram orientadas por profissionais de renome, como Caribé e Mário Cravo.

Com base nas ideias e estruturas linguísticas do texto I, julgue o item subsecutivo.

Em “à criança”, caso o vocábulo “criança” fosse empregado no plural, o acento indicativo de crase deveria ser mantido.

( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO:

Fazendo-se a alteração sugerida, obteríamos: “... que procurava oferecer à crianças...”. Teríamos uma crase singular antes de plural. Nem a pau!

Resposta: ERRADO

Galera, resumidamente...

Lembram-se da propaganda do presunto Sadia?

CRASE SINGULAR ANTES DE PLURAL?

NEM A PAU, JUVENAL!

(40)

Casos facultativos de CRASE

A crase é facultativa, pois é facultativa a presença de artigo definido. E quais as situações em que é facultativo o emprego do artigo, professor? Vamos enumerá-las!

A crase é facultativa...

... antes de antropônimo (nome de pessoa) feminino:

Refiro-me à (a) Juliana.

... antes de pronome possessivo feminino:

Dirija-se à (a) sua fazenda.

Veja que, nesses exemplos, ocorre a presença da preposição A. Sem esta, não é possível nem cogitar o emprego do acento indicador de crase. Havendo a presença da preposição A e sendo o artigo definido feminino facultativo, a crase se torna facultativa.

Além dos dois casos anteriores, existe o caso da preposição “até”,que pode ou não ser acompanhada de preposição A, o que também torna facultativo o emprego do acento indicador de crase.

Exemplo:

Dirija-se até à (a) porta.

ATENÇÃO!!!

Há de se tomar cuidado também com a pegadinha da crase facultativa no “às”. Cuidado! Uma vez presente o acento na forma plural “às”, não há como omitir esse acento sem que se façam outras alterações.

Muitas são as questões que vão afirmar ser facultativo o acento grave no “às” que antecede pronomes possessivos plurais. Sem fazer quaisquer ajustes, não é possível omitir esse acento de forma alguma.

O exemplo de questão abaixo ilustra bem esse problema. Vejam!

***

Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de que disponho, encerrando em desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas peregrinações.

É obrigatório o sinal indicativo de crase empregado em “às suas peregrinações”, de maneira que sua supressão acarretaria incorreção gramatical no texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO RESOLUÇÃO:

Analisemos o trecho:

... e dando viço às suas peregrinações.

A crase é resultado da fusão da preposição “a” – requerida pela regência do verbo “dar” – dar algo a alguém – com o artigo definido “as” – requerido pelo substantivo “peregrinações”.

Não empregar o acento indicador de crase significaria assim escrever:

(41)

... e dando viço as suas peregrinações.

Nessa construção, haveria apenas o artigo “as” e a preposição “a” - de que não se pode abrir mão, por se tratar de uma necessidade de regência – estaria ausente, o que resultaria em erro gramatical.

Dessa forma, é correto concluir que existe a necessidade da crase, para que se mantenha a correção gramatical.

Atenção!

A grande dúvida que poderia surgir está relacionada aos casos facultativos de crase antes de pronomes possessivos femininos e antropônimos (nomes de pessoa) femininos.

No entanto, é necessário atestar que, mesmo em casos de crase facultativa, há a necessidade da preposição

“a”. Sem ela, não faz sentido se falar em crase. A preposição é inegociável.

O que ocorre é que a crase é facultativa porque é facultativa a presença de artigo antecedendo pronome possessivo feminino e antropônimo feminino. Tanto faz anteceder artigo ou não.

Seriam, portanto, corretas as seguintes construções:

... e dando viço a suas peregrinações.

(sem crase; tem-se apenas a preposição “a” e abriu-se mão do artigo, pois este é facultativo).

... e dando viço às suas peregrinações.

(com crase; tem-se a preposição “a” e o artigo facultativo “as”).

Estariam erradas as construções:

... e dando viço à suas peregrinações.

(há a presença de um artigo singular para um substantivo plural).

... e dando viço as suas peregrinações.

(a preposição está ausente).

(42)

Casos Especiais de CRASE

Crase nas locuções de base feminina (introduzidas por palavras femininas) Exemplos:

Chegou à tarde.

Falou à vontade.

O prédio estava às moscas.

Ele saiu à francesa.

À medida que o tempo avança, ele se torna mais habilidoso.

Posicionai-me à frente do palco.

Trata-se de um dos casos mais importantes de aplicação do acento indicador de crase. Veja que não se trata mais do CASO GERAL estudado, que consistia na fusão de uma preposição com um artigo. O que temos, na verdade, é a indicação de uma LOCUÇÃO, seja de que tipo for – adjetiva, adverbial, prepositiva, conjuntiva, ... -, com o acento indicador de CRASE.

Por que isso se faz necessário?

Observem as seguintes construções:

I - Vamos estudar a noite.

II - Vamos estudar à noite.

Observe que, na primeira frase, “A NOITE” atua como OBJETO DIRETO do verbo ESTUDAR. Quer-se dizer que a noite é o objeto de estudo. Já na segunda frase, “À NOITE” – com CRASE –, é uma locução adverbial, sintaticamente um adjunto adverbial de tempo. Quer-se dizer que se vai estudar no turno da noite.

O que precisamos ter em mente é que, para que haja acento indicador de crase na locução, esta deve ser introduzida por palavra feminina.

Cuidado para não inserir o acento grave em locuções introduzidas por palavras masculinas, ok?

Nada de crase em “navio a vapor”, “fogão a gás”, “todos a bordo”, etc.

Referências

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