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Floquinhos Brancos

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Academic year: 2022

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Floquinhos Brancos

de

Dinho Valladares

(2)

© Dinho Valladares

Este livro ou qualquer parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem autorização escrita do Editor.

Registrado na biblioteca nacional sob o n.- 686.007 Livro: 1.323 Folha: 494

Contato para liberação de montagem:

Cia. de Teatro Contemporâneo

Rua Conde de Irajá 253 – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ Cep: 22271-020

teatro.secretaria@gmail.com

www.ciadeteatrocontemporaneo.com.br

+55 (21) 984141965

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Dedicatória:

Essa peça é dedicada a todos que acreditam na solidariedade!

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Sinopse:

Essa peça trata de solidariedade e amor ao próximo. Numa cidade onde todos vivem com os Floquinhos Brancos, começa a entrar a mesquinhez e a ganância. Com isso os Floquinhos começam a ficar escassos.

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O autor

Nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Ator, autor, diretor e produtor.

Montou a Cia. de Teatro Contemporâneo e tem representado o Brasil em vários encontros internacionais tais como Chicago (Chicago Improv Festival – Maior Festival de Improvisação do Mundo), Buenos Aires/AR, Córdoba/AR, Mendoza/AR, Santiago/CH, Cundinamarca/CO onde ganhou com a Cia. o título de primeiro lugar no festival sul- americano. Como formação fez Pós-Graduação em Teatro Musicado na Uni-Rio Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestrado em Teatro na mesma universidade alcançando conceito em sua tese final de Excelente com indicação para publicação. Como Diretor montou a Cia de Teatro Contemporâneo, que ganhou o título da prefeitura do Rio de Janeiro/BR de “Entidade de Utilidade Pública”, a qual dirige até hoje, uma das mais respeitadas do Rio de Janeiro. Como autor já escreveu 10 (dez) peças sendo que 7(sete) já foram a cena, além de adaptar três textos de Shakespeare. Como ator participou de mais de 30 (trinta) peças entre as quais se destacam “Jango, uma Tragédya”, de Glauber Rocha, com Cláudio Marzo e “Uma Rosa para Hitler” de Roberto Vignati com Francisco Milani, além de Adorável Hamlet e Adoráveis Romeu e Julieta, foi indicado como MELHOR ATOR no prêmio Mambembe em 1993. Como professor de teatro já deu aula na UFF - Universidade Federal Fluminense neste período organizou o Seminário de Produção Cultural no Centro Cultural do Banco do Brasil, e foi um dos fundadores do PURO- Nucleo da UFF em Rio das Ostras, além de lecionar por mais de vinte anos dentro da Cia.

de Teatro Contemporâneo é também o Coordenador do Curso Profissionalizante de Ator da Cia. que é reconhecido pelo Ministério da Educação do Brasil pela sua qualidade de ensino. Curso que conta com convênios de escolas de vários países do mundo.

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Personagens:

Rodrigo Lúcia Marcelo

Eliane Ricardo S. Geraldo Padre Antonio Professor Libório

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Primeira cena RODRIGO, o prefeito e sua esposa LÚCIA, estão em uma cama no canto do palco, tudo está escuro, só se consegue ver as estrelas.

RODRIGO- Meu amor, hoje posso me considerar um prefeito bem sucedido. Você percebeu como a cidade está calma? Como as pessoas estão felizes? Até a lua hoje está brilhando como se sorrisse para nós? Uma noite assim nos faz felizes por estarmos vivos!

LÚCIA- E me faz mais feliz ainda por estar aqui ao seu lado “meu velho”. Você não acha que deveríamos fazer alguma coisa para comemorar este momento feliz da cidade?

RODRIGO- Grande ideia, meu amor! O dia da Lua está próximo e podemos fazer uma grande festa!

Afinal esta data tem grande significado para o nosso povo.

LÚCIA - Você se lembra a festa do ano passado? Foi linda!

RODRIGO- Pois faremos uma mais bonita ainda! Este ano faremos uma festa para entrar para a história desta cidade!! Vamos começar chamando os membros da Câmara Municipal. Marcarei uma reunião na prefeitura e distribuirei as tarefas para todos participarem.

LÚCIA- Eu ficarei cuidando da decoração com a Carminha, a Sheila e a Fernanda, vamos arrasar na decoração.

RODRIGO- Marcarei a festa para o próximo sábado será tempo o bastante para nos organizar.

LÚCIA- Vamos dormir que amanhã temos muito o que fazer

A luz sobre a cama abaixa em resistência, e vai se fazendo dia sobre todo o palco, no meio da cena estão MARCELO, filho do prefeito RODRIGO e sua namorada ELIANE.

MARCELO- Você ouviu o que o papai está falando por aí?

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ELIANE - Ouvi! Legal não é? Vamos fazer uma festa linda! Você se lembra a do ano passado? Foi quando nos conhecemos!

MARCELO - Se lembro! Deu um prejuízo enorme para a prefeitura.

ELIANE - MARCELO! Isto é jeito de falar? Eu aqui falando de amor e você de dinheiro!

MARCELO - Desculpe Lili, mas é que me incomoda estes prejuízos da prefeitura.

ELIANE - Eu não acho que tenha sido prejuízo, nós saímos com muito lucro. (dá um beijinho nele)

MARCELO - Eu falo sério Lili!

ELIANE - Eu Também, MARCELO. Pois todo o dinheiro do nosso trabalho é para ser transformado em felicidade, já que nos alimentamos dos floquinhos brancos que nascem livremente lá na fonte, no alto da montanha, e satisfaz toda a cidade, portanto não precisamos nos preocupar com nosso sustento.

MARCELO - Mas, pense bem Lili, o quanto poderíamos ser mais ricos se não desperdiçássemos tanto dinheiro com estas festas.

ELIANE - Mas ai não teríamos tantas boas recordações, não seriamos tão alegres e felizes e ainda nem teríamos nos conhecido.

MARCELO - Poderíamos arrumar um jeito destas festas darem lucro, assim poderíamos ter isto tudo e ainda economizaríamos um bom dinheiro.

ELIANE - Esquece MARCELO, ai vem seu pai e os Membros da Câmara Municipal.

(ENTRA RODRIGO, LÚCIA E OS MEMBROS DA CÂMARA)

RODRIGO - Senhores! Estive pensando e me lembrei que estamos perto da festa da lua. Portanto os convoquei aqui para organizarmos esta festa que segundo meu desejo deve ser um marco na cidade.

(9)

TODOS - Bravo!

RICARDO - Tio, eu fico com a parte da música. Vamos arrepiar nesta festa!!

S.GERALDO - Nada disso, a parte de música é minha, como sempre foi nos anos em que você ainda usava fraldas.

RICARDO - Ora S.GERALDO! Eu tenho todo o respeito pelo o sr. mas esta música já está ultrapassada. Ninguém consegue mais escutar esta banda de coreto. Você precisa se modernizar escutar algo mais quente!

S.GERALDO - Pois esta coisa que você toca nem pode ser chamada de música é um barulho muito chato que ninguém a não ser aquela turminha de bobocas que te acompanha.

PADRE ANTONIO - Eu também acho esta sua música S.RICARDO muito sem melodia e prefiro a música do S.GERALDO.

PROFESSOR LIBÓRIO - Pois eu acho que você não devia se meter onde não é chamado! A música do RICARDO é contemporânea e gostosa de se ouvir!

(COMEÇAM UMA ALGAZARRA)

RODRIGO - Calma! Fica o RICARDO tocando sua música moderna no armazém e o S.GERALDO com sua banda aqui no coreto. As mulheres vão com a LÚCIA bolar a decoração. O resto vem comigo, que eu vou distribuindo as tarefas.

MARCELO - Com sua Licença pai. Eu gostaria de cuidar da parte financeira.

RODRIGO - Ótimo meu filho! Cuide para que o dinheiro da prefeitura seja passado aos que necessitarem. Agora todos mãos a obra.!!!

Musica

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Vamos todos trabalhar Vamos todos executar A tarefa que nos cabe Neste lindo fervilhar (S.GERALDO)

Eu vou tocar até o sol raiar

De cima do coreto lindas melodias vão brotar E a valsa da Lua cheia

Todos vão dançar (RICARDO)

Um Rock Roll vamos agitar outras estrofes.

(Passagem de Tempo)

MARCELO - Assim não dá, a prefeitura já teve gastos gigantescos e ainda nem começou a festa.

ELIANE - MARCELO festa é assim mesmo, gasta-se. E além do mais temos uma arrecadação que nos permite estes gastos!

MARCELO - Não pode, temos que parar com estes gastos.

ELIANE - Para que MARCELO? O que vamos fazer com este dinheiro? Afinal o nosso sustento está garantido com os floquinhos Brancos!

MARCELO - Mas Lili voce já percebeu que nunca procuramos saber de onde vem estes Floquinhos?

Apenas os pegamos na fonte sempre que nosso povo está com fome.

ELIANE - Sim! Mas nunca nos fez mal.

(11)

MARCELO - Não se trata de fazer mal, nas com estas festas e o aumento da população da cidade eles podem acabar.

ELIANE - Mas isto seria horrível!

MARCELO - Precisamos guardar dinheiro para estas eventualidades!

ELIANE - Temos um fundo de poupança e além do mais a prefeitura informa a população, controlando assim seu crescimento.

MARCELO- Mas os floquinhos podem acabar!!

ELIANE- MARCELO, a milhões de anos nossa cidade vive disto. Me diga, porque justamente agora os Floquinhos acabarão? Além de que estamos aqui para sermos felizes. Sem estas festas, ficaríamos apenas esperando a desgraça que, segundo voce, está por vir.

MARCELO- Não digo terminar com as festas, mas torna-las mais rentáveis.

(ENTRA LÚCIA)

LÚCIA- MARCELO meu filho! Que bom encontra-lo estava mesmo precisando falar com voce.

Estamos no fim da decoração, está ficando uma lindeza! Vamos deixar aquelas peruas da cidade de Tiradentes de queixo caído. Sua mãe meu filho é a mulher de maior bom gosto destas redondezas. Assim que eu colocar dois caminhões de flores no coreto, a praça parecerá um sonho. Um lugar digno do presidente do estado.

MARCELO- Sinto muito mãe mas a verba da decoração, acabou!!

LÚCIA- Ora deixe de brincadeira! ande logo que já estamos atrasadas e precisamos correr com os preparativos.

MARCELO- Mãezinha querida a cidade já está toda enfeitada, não precisa mais de decoração.

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LÚCIA- Querido voce estudou decoração em que escola? Pôr acaso voce é decorador? Portanto me dê logo o dinheiro senão eu vou esquecer que voce é meu filho. (p/ELIANE) É voce que anda colocando estas ideias na cabeça dele! Desdo começo eu sabia que voce não era mulher para meu filho. Sua megera!!

ELIANE- Megera é a senhora que trata muito mal seu filho. Pois fique a senhora sabendo que o MARCELO me adora e eu não tenho nada a ver com estas ideias dele, muito pelo contrário sou totalmente contra e ele sabe disto

LÚCIA- Duvido foi voce que colocou estas ideias na cabeça dele.

MUSICA

ELIANE- O meu amor é como um brilho da lua que me faz ser toda sua

independente como a noite bem queria haver aceite

LÚCIA- Pois meu menino sempre tão singelo nunca esqueceu o elo

que une um amor de mãe e filho muito maior que uma bola de milho

ELIANE- É melhor bola de milho do que somente sabugo

com mulher sem estribilho ninguem agüenta o julgo

MARCELO- Melhor parar discussão tão insensata sou somente eu o responsável

pôr medidas desta ata

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LÚCIA- A culpa é dela ELIANE- Dela é a culpa LÚCIA- tire já esta cadela

ELIANE- Não quero esta desculpa As duas- Fora!!

ENTRA RODRIGO

RODRIGO- MARCELO você está ficando louco, muitas pessoas vieram me falar que você não está liberando o dinheiro! Para poder organizar a festa. Estamos em cima da hora

LÚCIA- A minha decoração! O que minhas amigas vão pensar?

MARCELO- É verdade meu pai.

LÚCIA- Meu próprio filho conspirando contra sua mãe.

RODRIGO- Mas porque MARCELO? É uma festa importante para o nosso povo, a mais importante, nosso povo cresce com estas festas, ficamos mais felizes, mais amigos.

MARCELO- Mas acaba com o dinheiro do nosso povo.

LÚCIA- Para que serve o dinheiro senão para ser feliz?

RODRIGO- Os floquinhos nunca vão acabar, eles são o nosso espirito, é uma cultura milenar.

MARCELO- A fonte pode esgotar!

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RODRIGO- MARCELO, escuta, as pessoas estão aqui na prefeitura pedindo que voce dê uma explicação. Fale que voce se confundiu, são todos meus amigos, vão entender.

ENTRAM AS PESSOAS

RODRIGO- Amigos! Chegaram em boa hora, MARCELO estava exatamente aqui me explicando...

S.GERALDO- Não tem explicação! Ele está protegendo o RICARDO, não liberou nem a metade do que eu pedi.

RICARDO- A mim não que ele também não liberou a minha verba.

MARCELO- Na verdade liberei muito pouco pois estive analisando e observei que estas festas gastam muito dinheiro. E nos deixa apenas com a nossa reserva, mas imaginem os senhores se a fonte que nos alimenta secar!

Todos- OH!

MARCELO- Precisamos gastar menos nestas festas.

S.GERALDO- Gastamos apenas o necessário!

MARCELO- Mas temos que nos prevenir.

RICARDO- Pensando bem! O MARCELO tem razão. Mas ficar sem a festa da Lua?

PADRE ANTONIO- Não admito! Eu como representante religioso, não concordo, precisamos das festas para a riqueza dos nossos espíritos. É um lugar de encontro e comunhão. Portanto eu como representante da paróquia de são Serafim, não admito, ficar sem a festa.

PROFESSOR LIBÓRIO- Apesar de achar que o Pdre. Antonio não estar falando baseado em nenhuma base cientifica. Também acho um absurdo. Segundo um estudo realizado pôr mim na universidade de Vassouras, a festa é importante na formação dos nossos novos cidadãos, e também muito importante para a nossa relação com as cidades vizinhas. Portanto totalmente necessária a nossa vida.

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LUA. Pois existiu um tempo em que não fazíamos festas nem comemorações de espécie nenhuma e começamos a partir daí a brigar com todos os povos vizinhos. Está escrito nos livros. E fomos dominados pela cidade de Tiradentes que possui guerreiros mais fortes que os nossos.

RICARDO- A festa nos torna mais amigos. Além de permitir conhecer aquelas meninas lindas de Almenara.

MARCELO- Realmente as festas conseguem tudo isto mas ficam muito caras e poderíamos economizar para podermos nos prevenir contra a invasão da cidade de Tiradentes, e também caso acabe os floquinhos.

RICARDO- Eu tenho a solução.

S.GERALDO- A Banda de Rock tocar no coreto, eu não admito. Agora eu estou entendendo!! Tudo isto é para o RICARDO tocar no coreto. pois saiba que somente pôr cima do meu cadáver!!

RICARDO- Não é nada disto!

S.GERALDO- O que é então?

RICARDO- Eu proponho que como o consumo de floquinhos brancos aumenta nesta época de festas, pôr causa dos visitantes. Poderíamos, em vez de todos terem direito a pegar floquinhos, cobrar por cada floquinho retirado assim no futuro teríamos dinheiro para comprar comida caso acabasse os floquinhos e como seu consumo iria cair já que seria pago, ele demoraria mais a acabar.

MARCELO- grande ideia RICARDO! O que voces acharam?

SILÊNCIO

RODRIGO- Não sei MARCELO! Os floquinhos sempre foram dados

PADRE ANTONIO - Os floquinhos sempre foram o símbolo de fraternidade do nosso povo.

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PROFESSOR LIBÓRIO- Sem dúvida a proposta do RICARDO tem lógica, mas não sei se seria ético cobrar pôr uma coisa que nos é dado de graça.

MARCELO- Que tal botarmos em votação? Papai preside a mesa.

RODRIGO - RICARDO RICARDO - Sim

RODRIGO - MARCELO MARCELO - Sim

RODRIGO - PROFESSOR LIBÓRIO PROFESSOR LIBÓRIO - Bem ... Sim RODRIGO - Padre Antônio

PDE. ANTÔNIO - Bem ... se é pela sobrevivência da população Sim RODRIGO - LÚCIA

LÚCIA - Sim

RODRIGO - Está decretado então! A partir de agora cada floquinhos consumido passa a custar 10 cruzeiros será necessário cercar a fonte e dividiremos turnos para tomar conta. Está decidido. E que comece a festa.

(FESTA COREOGRÁFICA) (NA FESTA)

MARCELO - RICARDO! A festa mal começou e já conseguimos um bom dinheiro.

RICARDO - Com esse dinheiro podemos fazer melhorias na cidade.

MARCELO - Vamos transformar esta cidade numa Metrópole.

RICARDO - Tudo graças aos floquinhos brancos!

MARCELO - Agora com sua licença eu preciso conversar uma coisa muito importante com a Lili.

(OUTRA CENA NA FESTA PDE. ANTÔNIO E PROFESSOR LIBÓRIO)

PROFESSOR LIBÓRIO - Padre Antônio, realmente foi brilhante esta ideia de cobrar os floquinhos. A prefeitura está faturando já não tem mais onde botar dinheiro.

PADRE ANTÔNIO - Realmente, economicamente funcionou este projeto.

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PADRE ANTÔNIO - A mim também! A cerca, por exemplo, envolvendo a forte parece que a deixa um pouco seu brilho.

PROFESSOR LIBÓRIO - Realmente ela perde o brilho, fica parecendo uma fonte normal como tantas que se vêem por aí.

PADRE ANTÔNIO - Além do mais, as pessoas das outras cidades nos olham com desconfiança e não acontece mais aquela amizade espontânea, parece que tudo é medido.

PROFESSOR LIBÓRIO - O Sr. tem razão. Agora todos aumentaram os seus preços e aquela camaradagem acabou até a venda do seu Chico. Acabou com o caderninho. Agora só com dinheiro.

PDE. ANTÔNIO - As pessoas estão mais tensas. Não sei se a festa deste ano vai ser tão boa quanto a do ano passado.

PROFESSOR LIBÓRIO - Pelo visto acho que não, pois a minha festa acabou, tenho que ir tomar conta da fonte com o S. Geraldo. Até amanhã de manhã. Adeus.

( FESTA VAI SAINDO E APARECENDO A FONTE)

ELIANE - Já está quase na hora o S. Geraldo e o PROFESSOR LIBÓRIO, chegarem aqui para tomar conta da fonte.

MARCELO - Olha Lili, olha! A lua está diferente!

ELIANE - Diferente como MARCELO, não vejo diferença nenhuma.

MARCELO - É porque você não está vendo de onde eu estou vendo.

ELIANE - Claro que eu estou vendo pois você está perto de mim.

MARCELO - Mas eu estou vendo Lili de dentro dos teus olhos.

ELIANE - (Encabulada) É e daí ela brilha mais?

MARCELO - Como nunca a vi brilhar?

ELIANE - Ela brilha assim porque são seus olhos que estão olhando os meus, e assim eles ficam mais apaix...felizes.

MARCELO - Os meus olhos cada vez que olha os teus sempre veem a lua mesmo quando faz sol e procura sempre te dizer "TE AMO".

ELIANE - Estes olhos que te lembram a lua, sempre brilhou te procurando mesmo nos momentos em que não percebia, te acompanhava e te dizia "TE AMO".

(CAI UM FLOQUINHO)

(18)

(ENTRA S. GERALDO E PROFESSOR LIBÓRIO) S. GERALDO AH AAM!! Crianças, podem descer para a festa que agora assumimos o posto, OK?

MARCELO - Bem...É...nós estávamos aqui conversando....

PROFESSOR LIBÓRIO - Nós entendemos, agora vão, sem!!!

(SAEM MARCELO E ELIANE) S. GERALDO - Jovens! Jovens! como é doce esta idade!!!

PROFESSOR LIBÓRIO - Na minha juventude eu era um verdadeiro conquistador, era apenas chegar perto das mulheres e elas já estavam caidinhas por mim!

S. GERALDO - Deixa de ser mentiroso nunca ouvi falar de nenhuma menina que tenha se interessado por você!

PROFESSOR LIBÓRIO - Não ouviste porque és surdo, só sabe ficar com aquele trombone, tocando, de cima para baixo. Agora eu, pegava com suavidade as mãos das garotas....

(PEGA MÃO DE S. GERALDO) S. GERALDO - Eta sai pra lá, tá pensando o que de mim?

PROFESSOR LIBÓRIO - É só para mostrar como eu fazia.

S. GERALDO - Vai mostrar lá com suas negas.

PROFESSOR LIBÓRIO - Só para demostrar.

S. GERALDO - Não.

PROFESSOR LIBÓRIO - Se você não deixar eu conto pro RICARDO que sua banda desafinou naquele dia de comemoração da bandeira.

S. GERALDO - Não, por favor. Eu faço tudo o que você quiser!!

PROFESSOR LIBÓRIO - Então deixa eu demostrar.

PROFESSOR LIBÓRIO - (Pegar a mão dele) Óh!! SOBERBA DAMA. Tu que és o colírio dos meus olhos. A Camélia do meu jardim. Poderia me dar prazer desta dança?...HEM...(suspirando) RESPONDE:

S. GERALDO - O combinado não tinha que falar.

PROFESSOR LIBÓRIO - É pra ficar mas emocionante, mas enfático, e pro RICARDO também não ficar sabendo daquele dia...

S. GERALDO - Tá bem....Tá bem....

PROFESSOR LIBÓRIO - Vamos começar de novo OK? (PEGA A MÃO DELE) OH!!

SOBERBA DAMA. Tu és o colírio dos meus olhos. A Camélia do meu jardim. Poderia me dar o prazer desta dança?

S. GERALDO - (Com voz fina) Não!

(19)

S. GERALDO - Óh, conquistador de galinhas tu não conquista nem uma vaca com...(PROFESSOR LIBÓRIO pisa-lhe o pé) pensando bem Garboso Garanhão, concedo-lhe o prazer....

(BAIXINHO) TEM QUE DANÇAR?

PROFESSOR LIBÓRIO - Tem

S. GERALDO - Concedo-lhe o prazer desta dança. Tomara que não apareça ninguém (DANÇAM) (APARECE O PADRE ANTÔNIO)

PADRE ANTÔNIO - Mas o que está acontecendo aqui?

S. GERALDO - Este PROFESSOR LIBÓRIO padre, é um chantagista barato!

PROFESSOR LIBÓRIO - Eu estava mostrando a ele....

PADRE ANTÔNIO - Vamos esquecer!! Agora peguem mais floquinhos que a festa já está no fim e estão querendo comprar, Eu levarei lá para baixo.

(VÃO PEGAR FLOQUINHOS) S. GERALDO - Aqui na fonte existe apenas um floquinho.

PROFESSOR LIBÓRIO - E não está saindo nenhum da fonte.

S. GERALDO - Pelo tempo que ficamos aqui a fonte devia estar cheia.

PADRE ANTÔNIO - Acho melhor chamar o RODRIGO!

(SAEM PROFESSOR LIBÓRIO E S. GERALDO) (ENTRA RODRIGO E LÚCIA)

LÚCIA - Não gostei nada desta festa.

RODRIGO - Calma LÚCIA! O MARCELO tem razão, economizamos um bom dinheiro.

LÚCIA - E de que adiantou, nunca vi uma festa tão feia, desanimada e chata feito esta.

RODRIGO - Falarei com o MARCELO para o ano que vem gastarmos mais um pouco, afinal também não precisamos economizar tanto dinheiro.

LÚCIA - Eu não quero ver o MARCELO tão cedo, ele está merecendo é uma boa surra.

RODRIGO - Ele fez com boas intenções para o progresso da cidade.

LÚCIA - Que progresso é este, onde todos se aborrecem em vez de se divertirem? Eu não quero passar a minha vida sem estas pequenas felicidades em nome do progresso. Eu quero que o progresso se dane.

PADRE ANTÔNIO - Desculpe interrompê-los mas é que....

RODRIGO - Padre o Sr. por aqui.

PADRE ANTÔNIO - Sim meu filho e precisamos urgentemente de sua ajuda.

(20)

RODRIGO - O que aconteceu que o deixou assim tão pálido parece feito de cera.

PADRE ANTÔNIO - Acontece RODRIGO, que a fonte não está produzindo mais nenhum floquinho, estou aqui a um bom tempo e não saiu nem um novo floquinho.

RODRIGO - Padre isto é muito grave, o Sr. tem certeza do que está falando?

PADRE ANTÔNIO - Certeza absoluta.

(ENTRAM OS OUTROS TODOS) MARCELO - Pai o que aconteceu?

RODRIGO - Amigos, estamos com um grande problema, a fonte secou.

TODOS - Oh!

RICARDO - Deve haver uma explicação para isto.

PADRE ANTÔNIO - A única explicação é que a fonte esgotou.

S. GERALDO - Como faremos amanhã cedo quando o distribuidor de floquinhos passar aqui para pegar o almoço da população?

RODRIGO - RICARDO, faça o seguinte, pegue todo este dinheiro arrecadado na festa e vá até Paraopeba e compre todo o trigo que puder, vá com ele LÚCIA.

(SAEM OS DOIS)

RODRIGO - PROFESSOR LIBÓRIO a fonte secou. O Sr. não teria uma explicação científica que pudesse fazê-la voltar a produzir floquinhos brancos?

PROFESSOR LIBÓRIO - A muitos anos, nós professores tentamos entender como esta fonte produz os floquinhos, só que jamais conseguimos desvendar este segredo. Uns dizem que a fonte produz devido a sentimentos que possuímos, mas isso é apenas história de viajantes.

PADRE ANTÔNIO - Eu proponho que passemos esta noite ao lado da fonte, formando uma corrente de fé para a recuperação da fonte.

S. GERALDO - Mas dentro desta cerca não cabe todos nós.

PROFESSOR LIBÓRIO - Mas nós não precisamos mais desta cerca, a festa já acabou e a fonte não está mais produzindo floquinhos.

RODRIGO - Tem razão, vamos tirar a cerca para que todos possam dormir perto da fonte.

(TIRAM A CERCA E COMEÇAM A DORMIR) MARCELO - Lili... Lili... Você está acordada?

(21)

MARCELO - Olha a lua, Lili, como está diferente, parece mais cinza, parece que pinga de uma de suas pontas gotas de brilho.

ELIANE - E nós aqui olhando para ela!

MARCELO - Ela não me parece mais tão brilhante.

ELIANE - Você não acha os floquinhos parecidos com a lua? Até quando ela perde um pouco o brilho eles também perdem!

MARCELO - Acho! Acho-os parecidos com você, quando está feliz seus olhos brilham, de nos deixar cegos, e quando está triste este brilho fica meio cinza.

ELIANE - Estou preocupada com o futuro de todos nós.

MARCELO - Às vezes penso que foi culpa minha, se talvez não tivesse falado tanto na possibilidade dos floquinhos acabarem, talvez não tivessem acabados (CHORA).

ELIANE - Não foi não meu amor. Os floquinhos acabaram porque tinham que acabar. Até a lua por mais forte que brilha, tem ao final de toda noite que dar lugar ao sol. É a ordem das coisas e não podemos fazer nada a respeito.

MARCELO - (SE RECUPERANDO) Lili, eu quero que você seja a minha lua!

ELIANE - Só se você prometer ficar sempre do meu lado, desde o momento em que eu nascer até quando eu me pôr e durante o sol, nunca se deixar levar por certas nuvens.

MARCELO - Eu prometo.

(NESTE MOMENTO SAI MAIS UM FLOQUINHO DA FONTE) ELIANE - Olha MARCELO!! mais um floquinho na fonte.

MARCELO - Acho que ela está se recuperando!!

ELIANE - Você já percebeu que os floquinhos sempre saem quando temos bons sentimentos? Talvez a história dos viajantes seja verdade.

MARCELO - Ora ELIANE, isto não tem relação nenhuma, isto é uma fonte, e sai quando tem que sair.

ELIANE - Observe que a fonte secou exatamente quando passamos a cobrar e a cercamos. Quando tiramos a cerca e conversávamos....sobe....bem....nós. A fonte começou a reagir e já produziu mais um floquinho.

MARCELO - Lili, não é nada disto, vamos dormir que a noite já se adianta e amanhã será um longo dia.

ELIANE - Vamos!

(DORMEM)

( O DIA AMANHECE)

(22)

RICARDO - Acordem todos!! Acordem!! Tio, já resolvi o problema do almoço Tio.

RODRIGO - Bravo RICARDO. A comida que nos trouxe dará para quantos dias?

RICARDO - Sinto dizer tio, mas apenas para esta manhã.

RODRIGO - Mas como meu filho, o dinheiro dava para dois dias pelo menos.

RICARDO - Mas ao encontrar os comerciantes de Paraopeba, propus comprar todo o trigo que levavam.

Mas eles não quiseram nem conversa, disseram que nós éramos pão-duros e que comecemos os floquinhos brancos que cobrávamos deles na festa. Depois de muito implorar e explicar-lhes a situação conseguir que vendessem para nós, mas pelo dobro do preço, já que tiveram que pagar pelo que sempre lhes foi dado.

S. GERALDO - Vejam da fonte saiu mais um floquinho.

ELIANE - Sim foi ontem a noite quando estávamos, eu e MARCELO....conversando!

PROFESSOR LIBÓRIO - Mas de nada adianta, pois isto não vai matar a fome do nosso povo.

PADRE ANTÔNIO - O PROFESSOR LIBÓRIO tem razão, a nossa vigília de nada adiantou.

Não nos resta outra alternativa senão irmos embora daqui, esmolar comida nos povos vizinhos.

RICARDO - Seremos humilhados, pois todos estão enraivecidos conosco devido a festa.

RODRIGO - Infelizmente não existe outra solução. Vamos preparar tudo para que depois do almoço, possamos partir. Levem apenas o que for necessário!

(MOMENTO LÍRICO - MÚSICA) (PREPARAM PARA PARTIR) RICARDO - Tio todos estão preparados, a caminhada vai ser longa.

RODRIGO - Agora peguem os últimos floquinhos. (PEGUEM) Estes últimos floquinhos são o símbolo de nosso povo, vamos repartir igualmente para que todos possam sentir pela última vez o espírito renovado.

(DISTRIBUI)

(SAI MAIS UM FLOQUINHO) PROFESSOR LIBÓRIO - Vejam mais um floquinho.

PADRE ANTÔNIO - Justamente quando íamos dividir fraternalmente o último floquinho!

S. GERALDO - Quem sabe os viajantes não tem razão e a fonte brilha mais com os nossos bons sentimentos e assim produza os floquinhos?

RICARDO - Sim quando a cercamos e passamos a vender os floquinhos ela perde o brilho!

RODRIGO - Peguem este outro floquinho e distribuam igualmente! (DISTRIBUEM) (SAI OUTRO FLOQUINHO)

PROFESSOR LIBÓRIO - Veja saiu outro floquinho. A fonte é movida a bons sentimentos! Por isso os testes químicos não davam certo.

(23)

Sempre que estamos felizes ou movidos a bons sentimentos nós brilhamos mais e fazemos todos que estão a nossa volta brilhar conosco, como a lua, que mesmo mudado de fase brilha junto conosco e assim também é a fonte que brilha tanto que produz os floquinhos.

RODRIGO - Infelizmente não existe outra solução. Vamos preparar tudo para que depois do almoço, possamos partir, levem apenas o que for necessário.

(SAEM MAIS TRÊS FLOQUINHOS) S. GERALDO - Saiu mais três floquinhos a fonte voltou a produzir! VIVA!

TODOS - VIVA! (COMEMORAM)

RODRIGO - Cancelem a partida a fonte voltou a produzir! Estamos salvos.

PROFESSOR LIBÓRIO - Vamos fazer um festa para comemorar!!

TODOS - Vamos.

(SAEM)

(FICA MARCELO E ELIANE) ELIANE - Vamos MARCELO.

MARCELO - Estou meio cansado, ELIANE!

ELIANE - Ora MARCELO! A culpa da fonte ter parado de produzir não é sua!

MARCELO - É sim! se eu não tivesse tão interessado em economizar o dinheiro da prefeitura nada disso teria acontecido.

ELIANE - É, mas isto aconteceu porque todos concordaram e todos são responsáveis pelo fato.

MARCELO - Tem razão! Lili, é bom te ter ao meu lado, você me faz brilhar mais forte.

ELIANE - Eu nunca vou sair do seu lado, MARCELO, somente aqui bem pertinho de você, a lua brilha tão forte assim dentro do meu peito!

(SE BEIJAM)

(SAI MAIS UM FLOQUINHO) (ENTRA A FESTA)

(CAI O PANO)

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