PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE
AULA 04
REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL
1808 – Chegada da família real portuguesa no Rio de Janeiro.
Visando a modernização e a consolidação da nação como um país independente, os ditos “loucos” passaram a ser vistos como a escória da sociedade, representando uma ameaça à ordem pública.
Em 1830 – a recém criada Sociedade de Medicina e Cirurgia lança uma nova palavra de ordem: “aos loucos, o hospício”, protestando contra as condições dos pacientes nas Santas Casas.
1841 – Dom Pedro II assina, o decreto de criação do primeiro hospício brasileiro, que recebeu seu nome e foi inaugurado em 1852.
Os pacientes que se encontravam até então, nas Santas Casas de Misericórdia são transferidos para a primeira instituição psiquiátrica brasileira que tinha como base a ideia do tratamento moral.
Logo nos primeiros anos após a Proclamação da República ocorreu a implantação das primeiras Colônias de Alienados, destinadas
especificamente a pacientes homens indigentes.
1903 – Juliano Moreira, psiquiatra brasileiro, foi nomeado diretor do serviço sanitário do Hospício Nacional de Alienados e da então
Assistência Médico-Legal de Alienado. -> a ampliação dos pavilhões, instalou o laboratório de análises clínicas, retirou as grades e aboliu a camisa-de-força.
Em 1923, a Fundação da Liga Brasileira de Higiene Mental tornou ainda mais forte o movimento de higiene mental.
As palavras de ordem da Liga eram “controlar, tratar e curar” e os
fenômenos psíquicos eram vistos como produtos da raça ou do meio, decorrentes de obscuros fatores biológicos ou orgânicos” (FONTE, 2013).
REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL
REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL
Somente em 1970, no contexto de reforma sanitária, que se teve
início aqui no Brasil discussões sobre a necessidade de humanizar o tratamento das pessoas com transtornos mentais.
Devido às péssimas condições de trabalho, inadequação do quadro de recursos humanos, baixos salários e persistência do modelo manicomial, ocorre, em 1978, uma crise na Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), órgão do Ministério da Saúde então responsável pelas políticas de saúde mental.
Assim, surgiu o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) reivindicando mudanças:
- denunciava as condições de tratamento dos hospitais - criticava o modelo manicomial e
- inspirava-se nas ideias de Basaglia.
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É este Movimento que passa a protagonizar e a construir a partir deste período a denúncia da violência dos manicômios, da mercantilização da loucura, da hegemonia de uma rede privada de assistência e a
construir coletivamente uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos mentais.
1987 – O II Congresso Nacional do MTSM (Bauru, SP), adota o lema “Por uma sociedade sem manicômios”. Neste mesmo ano, é realizada a I
Conferência Nacional de Saúde Mental (Rio de Janeiro).
Neste período, são de especial importância o surgimento do primeiro CAPS no Brasil, na cidade de São Paulo, em 1987, e o início de um
processo de intervenção, em 1989, da Secretaria Municipal de Saúde de Santos (SP) em um hospital psiquiátrico, a Casa de Saúde Anchieta.
1989 – Dá entrada no Congresso Nacional o Projeto de Lei do deputado Paulo Delgado (PT/MG), que propõe a
regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos
mentais e a extinção progressiva dos manicômios no país. É o início das lutas do movimento da Reforma Psiquiátrica nos
campos legislativo e normativo.
1992 – Os movimentos sociais conseguem aprovar em vários estados brasileiros as primeiras leis que determinam a
substituição progressiva dos leitos psiquiátricos por uma rede integrada de atenção à saúde mental.
É na década de 90 que passam a entrar em vigor no país as primeiras normas federais regulamentando a implantação de serviços de atenção diária, fundadas nas experiências dos
primeiros CAPS, NAPS e Hospitais-dia, e as primeiras normas
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Lei 10.216, de 06/04/01 - dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos
mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
Redireciona a assistência em saúde mental
privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária;
Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não institui
mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios.
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REFERÊNCIAS
- História, Memória e Luta: A construção da Reforma Psiquiátrica no Brasil, YASUI e BARZAGHI, 2018
- Holocausto brasileiro, ARBEX, 2013
- Sofrimento Mental e Dignidade da Pessoa Humana:
os desafios da reforma psiquiátrica no Brasil, DEL’OLMO e CERVI, 2017