• Nenhum resultado encontrado

INTERROGATÓRIO JUDICIAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "INTERROGATÓRIO JUDICIAL"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

INTERROGATÓRIO JUDICIAL

O interrogatório é o momento processual em que o juiz e também as partes farão perguntas ao réu, além de ser a oportunidade para que o réu exercite a sua ampla defesa, apresentando, se desejar, sua versão dos fatos pelos quais está sendo acusado.

1.1. Natureza

Meio de prova e meio de defesa.

Por ser um meio de defesa, a oportunização do interrogatório é obrigatória, sob pena de nulidade absoluta.

1.2. Divisão do interrogatório

Além do momento preliminar, o interrogatório pode ser dividido em duas partes:

 Preliminar: no momento preliminar, ocorrerá a advertência sobre o direito ao silêncio.

Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.

Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.

Segundo o art. 187, o interrogatório será constituído de duas partes:

1ª Parte: qualificação (sobre a pessoa do acusado)

Na primeira parte, o interrogando será questionado sobre sua residência, seus meios de vida ou sua profissão, suas oportunidades sociais, o lugar onde exerce a sua atividade, sua vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, além do fato de ter havido ou não suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, seu eventual cumprimento e outros dados familiares e sociais.

2ª Parte: fatos

Na segunda parte, o réu será questionado sobre:

(2)

II – Na hipótese de não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la; se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime; se sim, quais seriam estas pessoas e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela;

III - Onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta;

IV - As provas já apuradas;

V - Se conhece as vítimas e as testemunhas já inquiridas ou por inquirir; se sim, desde quando e se tem o que alegar contra elas;

VI - Se conhece o instrumento com que foi praticada a infração ou qualquer objeto que com ele se relacione e tenha sido apreendido;

VII - Todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e das circunstâncias da infração;

VIII - Se tem algo mais a alegar em sua defesa.

Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará às partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.

Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas.

Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e as circunstâncias do fato;

se outras pessoas concorreram para a infração; sendo que se a resposta for positiva, deverá indicar quais pessoas seriam estas.

Havendo mais de um acusado: os réus serão interrogados separadamente.

1.3. Procedimento

1)Direito de entrevista preliminar reservada

O réu tem o direito de ser orientado previamente por seu advogado, na expectativa de que tome conhecimento do que está por vir e de como se comportar durante a audiência.

§ 5º do art. 185 do CPP: “Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos

(3)

reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.”

2)Presença do advogado no interrogatório Obrigatória.

Caso o advogado não esteja presente no interrogatório, haverá nulidade absoluta (súmula 523, STF).

Fique atento que a lei 13.245/16, que alterou a lei 8906/94 (Estatuto da OAB), trouxe uma grande inovação ao ordenamento jurídico pátrio:

Agora o inciso XXI do art. art. 7º do referido estatuto estabelece como direito do advogado, dentre outros, o de assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração.

Veja que a obrigatoriedade de acompanhamento por parte do advogado, ou seja, seu direito de assistir a seus clientes investigados agora está mais amplo e em dois aspectos:

a) Se estende à investigação “durante a apuração de infrações”;

b) Envolve o depoimento e, subsequentemente, todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente.

3)Interrogatório de réu preso

a) Ida do juiz ao estabelecimento prisional (regra);

§ 1º do art. 185 do CPP: “O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato.

b) Ida do réu ao fórum;

c) Vídeo conferência (§ 2º e seus incisos, art. 185, do CPP).

 Havendo risco a segurança pública:

 Risco de fuga;

 Réu que integra organização criminosa;

 Risco de intimidação da vítima ou da testemunha;

(4)

 Risco da ordem pública;

 Impossibilidade de deslocamento do preso:

 Doença;

 Idade avançada.

Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.

§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato.

§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades:

I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;

II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;

III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;

IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.

§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.

§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código.

§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.

(5)

§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos processuais por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil.

§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo.

§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que couber, à realização de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido.

§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor.

4)Casos específicos:

Surdo: as perguntas serão apresentadas por escrito, sendo que as respostas serão dadas oralmente;

Mudo: as perguntas serão feitas oralmente e as respostas se darão por escrito;

Surdo-mudo: as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo darão as respostas.

Interrogando que não saiba ler ou escrever: intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.

Interrogando que não falar a língua nacional: o interrogatório será feito por meio de intérprete.

Interrogado que não souber escrever, não puder ou não quiser assinar: tal fato será consignado no termo.

Novo interrogatório: a todo tempo, o juiz poderá proceder a novo interrogatório, de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes.

Interrogatório da pessoa jurídica: atualmente, a pessoa jurídica pode ser autora de crime, no caso de crimes ambientais. Sendo assim, ela será ré em um processo criminal e também poderá ser interrogada, mas o interrogatório da pessoa jurídica se dará por meio de um preposto (advogado) de seus diretores ou de seus sócios administradores, sendo que declarações prestadas na oportunidade do interrogatório vincularão a ré.

Referências

Documentos relacionados

Essa posição da OAB (contrária ao interrogatório on-line) mostra que os advogados somente da boca para fora é que querem um Poder Judiciário moderno e

- O interrogatório judicial, como corolário da ampla defesa, não pode ser usurpado das partes, sendo causa de nulidade do processo por cerceamento de defesa a ausência de

No quesito documentação dos depoimentos por meio do sistema audiovisual e realização de interrogatório e inquirição de testemunhas por videoconferência, o Conselho Nacional de

11.900/2009, ocorreram algumas modificações no Código de Processo Penal acerca do interrogatório do réu, nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo

Código Turma Disciplina Ind. Dia Horário Vagas

REQUISITOS PORTO PORTO PÓVOA DE VARZIM VILA DO CONDE VILA DO CONDE MAIA LOCALIDADE N.º OFERTA OFERTAS DE EMPREGO. Unidade Emissora: Data de Emissão N.º

Examinamos as demonstrações contábeis da Odontoart Planos Odontológicos Ltda, que compreendem o balanço patrimonial em 31 de dezembro de 2020 e as respectivas

O MANUAL DE MATRÍCULAS 2016 traz informações sobre as atividades oferecidas pelo COLÉGIO DOM BOSCO JUNIOR, orientações para a rematrícula e todas as etapas deste