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CAPÍTULO I – Auditoria e Sistema de Controlo Interno

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Academic year: 2021

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Sistema de Controlo Interno no processo de avaliação de desempenho na Administração Pública – Estudo em Instituições de Ensino Superior

Paula Cristina Ribeiro Monteiro Lima

Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave para obtenção do grau de Mestre em Gestão das Organizações, Ramo de Gestão Pública

Orientada por Prof. Doutor Pedro Nunes Co-orientada por Mestre Susana Silva

Barcelos, março de 2014

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Sistema de Controlo Interno no processo de avaliação de desempenho na Administração Pública – Estudo em Instituições de Ensino Superior

Paula Cristina Ribeiro Monteiro Lima

Orientada por Prof. Doutor Pedro Nunes Co-orientada por Mestre Susana Silva

Barcelos, março de 2014

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iv Esta dissertação foi redigida de acordo com o novo Acordo Ortográfico.

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v Resumo

Com esta dissertação pretende-se perceber qual a importância de um Sistema de Controlo Interno num processo de avaliação de desempenho na Administração Pública.

Nesse sentido, e resultante da revisão de literatura, constata-se que a Auditoria tem vindo a assumir um papel preponderante na vida das instituições públicas e privadas, não se esgotando nos modelos de controlo meramente económico-financeiros, estabelecendo cada vez mais uma postura proativa e de parceria estratégica na gestão das organizações.

No que diz respeito ao Sistema Integrado de Gestão e Avaliação de Desempenho na Administração Pública (SIADAP) e passados quase 10 anos depois da sua aprovação, importa perceber o que pensam os seus protagonistas, avaliadores e avaliados. Para tal, propusemo-nos fazer um estudo, através de um inquérito por questionário, contando com a colaboração de 412 trabalhadores em funções públicas em instituições de ensino superior público, do qual resultou um sinal de que apesar de grande parte dos trabalhadores fazerem um esforço para promover aquilo a que o SIADAP na sua essência se propôs, ou seja, a melhoria do desempenho e a qualidade dos serviços públicos, a análise de alguns comentários e sugestões indiciam que este processo está longe de ser consensual.

Palavras-chave: Administração Pública, Auditoria, Avaliação de Desempenho, Sistema de Controlo Interno

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vi Resumen

Con esta disertación se pretende entender la importancia de un Sistema de Control Interno en un proceso de evaluación de desempeño en la Administración Pública.

En este sentido, y resultando de una revisión bibliográfica, se constata que la Auditoría viene asumiendo un rol preponderante en la vida de las instituciones públicas y privadas, no se agotando en los modelos de control únicamente económico-financieros, estableciendo cada vez más una actitud proactiva y de colaboración en la gestión de las organizaciones.

Con respecto al Sistema Integrado de Gestión y Evaluación de Desempeño en la Administración Pública (SIADAP) y pasados ya 10 años desde su aprobación, importa entender qué piensan sus protagonistas, evaluadores y evaluados. Para eso, nos hemos propuesto a desarrollar un estudio, a través de una encuesta por cuestionario, contando con la colaboración de 412 trabajadores en funciones públicas en instituciones de enseñanza superior pública, del cual resultó una señal de que a pesar de que la gran parte de los trabajadores hacen ya un esfuerzo para promover lo que el SIADAP en su esencia ha propuesto, o sea, la mejora del desempeño y la calidad de los servicios públicos, el análisis de algunos de los comentarios y sugestiones nos indican que el proceso está lejos de ser consensual.

Palabras-clave: Administración Pública, Auditoría, Evaluación de Desempeño, Sistema de Control Interno

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vii Abstrat

With the present dissertation it is intended to understand the importance of an Internal Control System in the process of performance evaluation in Public Administration.

This way, as a result of a bibliographic research, it can be stated that Auditing has been assuming a substantial role in the public and private institutions’ life, surpassing the merely economical- financial control models, establishing a proactive position and a strategic partnership within the organisations’ management.

On what concerns the Management and Public Administration Performance Integrated System (SIADAP, in Portuguese) and 10 after its approval, it becomes important to understand what its ain actors, evaluators and evaluated think of it.

For that purpose, a study was proposed, through an enquire based on a questionnaire, supported by the collaboration of 412 public administration workers inside public high studies institutions, resulting on a true sign that although the majority of these workers make an effort in order to promote what SIADAP, in its essence, proposed – meaning, the improvement on performance and quality of the public services – the analysis of some of the comments and suggestions point out that the process is far from being consensual.

Key-words: Public Administration, Auditing, Performance Evaluation, Internal Control System

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viii Dedicatória

Aos meus

Pais

.

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ix Agradecimentos

Agradeço a todos quantos me ajudaram neste meu percurso escolar, particularmente:

Aos meus orientadores, Mestre Susana Silva e Prof. Doutor Pedro Nunes, pela disponibilidade, apoio e sentido critico;

Aos participantes no preenchimento do questionário, pelo tempo que dedicaram no preenchimento do mesmo, proporcionando-me informação indispensável para o estudo pretendido;

Às minhas amigas: Anabela Novais, pela sua imensa capacidade de ajudar, bem como pela partilha dos seus vastos conhecimentos técnicos; Cristina Costa e Maria do Céu Santos, por me fazerem sentir mais optimista nos momentos menos bons; Elga Costa e Fátima Aguiar, pela disponibilidade em alguns momentos particularmente difíceis.

Ao meu marido, António Lima, pelo encorajamento e dedicação.

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x Lista de Siglas e Abreviaturas

DGAEP - Direção-Geral da Administração e do Emprego Público GAI – Gabinete de Auditoria Interna

CCA – Conselho Coordenador da Avaliação

COSO - Commitee of Sponsoring of the Treadway Commission IFAC - International Federation of Accountants

IIA - Institute of International Auditors

INTOSAI - International Organization of Supreme Audit Institutions IPAD - Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento

IPAI - Instituto Português de Auditoria Interna LOE – Lei do Orçamento de Estado

SIADAP - Sistema Integrado de Gestão e Avaliação de Desempenho na Administração Pública SCI - Sistema de Controlo Interno

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xi Índice geral

Resumo ... v

Resumen ... vi

Abstrat ... vii

Dedicatória ... viii

Agradecimentos... ix

Lista de Siglas e Abreviaturas ... x

Índice geral ... xi

Índice de Quadros, Figuras, Gráficos e Anexo ... xii

Introdução ... 1

CAPÍTULO I – Auditoria e Sistema de Controlo Interno ... 4

1.1 Auditoria: Conceitos e características ... 5

1.1.1 Auditoria na Administração Pública ... 8

1.1.2 Utilidade da Auditoria ... 9

1.1.3 Normas de Auditoria na Administração Pública ... 12

1.2 Auditoria Interna ... 16

1.2.1 Métodos e Técnicas de Auditoria ... 18

1.2.2 Fases da Auditoria ... 20

1.2.3 O profissional de Auditoria Interna ... 24

1.3 Sistema de Controlo Interno... 28

1.3.1 Enquadramento do Sistema de Controlo Interno na Administração Pública ... 32

1.3.2 Acompanhamento e avaliação do Sistema de Controlo Interno ... 34

1.3.3 Limitações do Sistema de Controlo Interno ... 37

CAPÍTULO II - Avaliação de Desempenho ... 39

2.1 Avaliação de Desempenho: Enquadramento da temática ... 40

2.1.2 Função e objetivos do Sistema de Avaliação de Desempenho ... 44

2.1.3 Avaliação do Desempenho na Administração Pública ... 46

2.1.4 Características do processo do Sistema de Avaliação de Desempenho na Administração Pública ... 50

2.2 A importância do Sistema de Controlo Interno no processo de avaliação de desempenho na Administração Pública ... 62

CAPÍTULO III - Análise Empírica ... 65

3.1 Opção metodológica ... 66

3.2 Instrumentos de recolha de informação ... 66

3.3 População e Amostra ... 68

3.4 Apresentação e análise de resultados ... 68

Conclusões ... 85

Referências Bibliográficas ... 88

Anexo ... 97

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xii Índice de Quadros, Figuras, Gráficos e Anexo

Quadro 1 – Caraterísticas da função Auditoria….……….……… 7

Quadro 2 – Código de Ética do IIA ………...……….………….. 14

Quadro 3 – Gestão por Objetivos, Avaliação de Desempenho e Gestão de Desempenho ……. 42

Quadro 4 – Síntese das fases do processo de avaliação….……….. 56

Quadro 5 – Alterações do SIADAP decorrentes da lei n.º 66-B/2012, de 31.12 (LOE 2013) ….. 61

Quadro 6 – Estabelecimentos de Ensino Superior (Universidades e Politécnicos) …………... 67

Quadro 7 – Trabalhadores abrangidos pelo SIADAP….………. 68

Quadro 8 – Serviço/Departamento…..……… 69

Quadro 9 – Cargo/Categoria Profissional….………. 70

Quadro 10 – Síntese de respostas: “Dificuldade relativamente ao SIADAP”….………. 78

Quadro 11 – Síntese de respostas: “Dificuldade nas seguintes tarefas no âmbito do SIADAP… 82 Quadro 12 – Síntese de respostas: “Satisfação com o SIADAP”….………. 84

Figura 1 – Fases de Auditoria………... 23

Figura 2 – Tipologia do controlo público em Portugal………. 33

Figura 3 – Avaliação do Sistema de Controlo Interno………...….. 36

Gráfico 1 – Número de horas de formação – Auditoria…….……….. 70

Gráfico 2 – Número de horas de formação – SIADAP……….……… 70

Gráfico 3 – Instituições com Sistema de Controlo Interno implementado………. 71

Gráfico 4 – Instituições com “Documentos de trabalho”……….……… 71

Gráfico 5 – Disponibilização de “Documentos de trabalho” (a quem?)……….……… 72

Gráfico 6 – Disponibilização de “Documentos de trabalho” (de que forma?)………. 72

Gráfico 7 – De que forma os “Documentos de trabalho” atuam sobre o desempenho…………. 73

Gráfico 8 – Frequência de consulta dos “Documentos de trabalho”………..……… 73

Gráfico 9 – Periodicidade de revisão dos “Documentos de trabalho”………..…………. 73

Gráfico 10 – Instituições com Gabinete de Auditoria Interna……….……. 74

Gráfico 11 – Áreas de atuação da Auditoria Interna……….... 74

Gráfico 12 – Razões para a não existência de um Gabinete de Auditoria Interna………. 75

Gráfico 13 – Relatório de Auditoria Interna……… 75

Gráfico 14 – SIADAP (posição ocupada no processo)……… 76

Gráfico 15 – Avaliadores (número de trabalhadores que avaliam)……….….. 76

Gráfico 16 – Verificação do cumprimento dos objetivos por parte dos avaliados……….….. 78

Gráfico 17 – Benefícios dos Sistema de Controlo Interno para o desempenho (avaliador).……. 79

Gráfico 18 – Atividades em que a Auditoria Interna pode ser elemento facilitador (avaliado)….. 80

Gráfico 19 – Beneficios do SCI no acompanhamento e cumprimento de objetivos – SIADAP… 82 Gráfico 20 – Auditoria Interna como elemento facilitador nas atividades do SIADAP……… 83

Anexo 1 – Inquérito por questionário.……….……. 98

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1 Introdução

No âmbito da reforma da Administração Pública foram tomadas inúmeras medidas que, de acordo com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 53/2004, de 21 de abril, visam “aumentar a qualidade e a eficácia dos serviços públicos, tornando-os mais céleres, ágeis, simples, adequados, disponíveis e acessíveis. Aumentar os níveis de eficiência da Administração Pública, optimizando o consumo dos recursos financeiros, humanos, tecnológicos e infra-estruturais, associados à prestação de serviços, sem prejuízo dos níveis de qualidade e eficácia pretendidos.”

Uma dessas medidas foi a implementação do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública (doravante SIADAP), através da Lei n.º 10/2004, de 22 de março, posteriormente pela Lei n.º 66-B/2007, de 28 de dezembro. Este modelo pretende promover a motivação e a valorização dos recursos humanos apostando na sua formação e qualificação, estimulando o seu mérito através da aplicação deste novo conceito de avaliação do desempenho.

O SIADAP constitui um marco de mudança no âmbito da reforma da Administração Central do Estado, e a sua aplicação resulta de uma abordagem absolutamente inédita na Administração Pública, que vai muito mais além do que a avaliação do desempenho dos seus trabalhadores, com a introdução da gestão por objetivos, da gestão por competências e da auto-avaliação dos Serviços.

A aplicação de um sistema de avaliação credível é fundamental para a introdução de uma nova cultura na Administração Pública. Uma correta distribuição dos recursos materiais e financeiros, que promova uma maior motivação dos trabalhadores, irá refletir-se no funcionamento dos serviços. “O processo de avaliação deve ser credível, no sentido que não é um estudo, um exercício intelectual, mas um instrumento de acção, com reflexos no futuro.” (Neves, 2002:188) Por outro lado, mas em busca dos mesmos objetivos, a auditoria interna, no âmbito da sua atividade dentro de uma organização, deve questionar a racionalidade e a eficácia dos procedimentos utilizados, bem como propor novas metodologias que possam ir de encontro aos objetivos das pessoas e das organizações.

A necessidade de uma Administração Pública transparente, eficiente e eficaz, traz uma nova visibilidade à auditoria interna, através da aplicação de controlos internos, que se tornam fundamentais para a melhoria da qualidade dos serviços prestados.

Por isso, a atividade de auditoria interna na Administração Pública tende a aproximar-se da atividade de avaliação, não devendo limitar-se a fazer a aferição da legalidade e da conformidade, pois a sua ação deve tornar-se o mais abrangente possível, no sentido da exequibilidade das políticas públicas e do aperfeiçoamento do serviço público.

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2 Objetivos

O trabalho visa, sobretudo, estudar a importância de um Sistema de Controlo Interno (doravante SCI) num processo de avaliação de desempenho na Administração Pública, no atual sistema em vigor, o SIADAP, particularmente em instituições de ensino superior.

Neste sentido, propõe-se uma abordagem à forma como a implementação de um SCI pode contribuir para a prevenção e deteção de irregularidades que podem ocorrer no exercício das atividades para as quais as Instituições/Serviços foram criadas, e de que forma a implementação desse instrumento pode ajudar as instituições, nomeadamente os trabalhadores e dirigentes, na fixação de objetivos individuais e de equipa, no âmbito do SIADAP, bem como na monotorização dos mesmos, e dessa forte correlação fazer nascer aquilo que se define como “valor acrescentado” para as Instituições.

A relação entre estas duas práticas pode constituir uma grande ajuda para gestores e dirigentes da Administração Pública que, para além de facilitarem o cumprimento das suas funções e responsabilidades que estão previstas na Lei, auxiliam no processo de tomada de decisão.

O tema da dissertação “Sistema de Controlo Interno no processo de avaliação de desempenho na Administração Pública – Estudo em Instituições de Ensino Superior”, insere-se no âmbito da área disciplinar da gestão, auditoria e recursos humanos.

Neste contexto, são formuladas as seguintes questões, que constituirão objeto de estudo nesta dissertação.

Questões para investigação

Qual a importância da auditoria interna nas instituições/organizações?

Qual a importância da avaliação do desempenho nas instituições/organizações?

Qual o grau de importância que se pode atribuir à prática de um sistema de controlo interno, dentro de uma instituição/organização, para a avaliação de desempenho dos trabalhadores da Administração Pública, particularmente na definição de objetivos e a sua medição, em termos de concretização.

Perante este grupo de questões e de desafios, os objetivos a alcançar com este estudo são os seguintes:

Perceber a importância, em termos de gestão das organizações, particularmente nas organizações públicas, destes dois instrumentos de gestão: sistema de controlo interno e avaliação de desempenho.

Identificar em que medida estes dois instrumentos de gestão podem interagir, por forma a tornarem-se complementares.

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3 Metodologia e estrutura do trabalho

Para a execução deste trabalho irão ser utilizadas as seguintes metodologias:

Na revisão de literatura serão utilizadas obras (livros, publicações periódicas e artigos científicos) de vários autores que se debruçaram sobre temas como auditoria, auditoria interna, sistema de controlo interno, avaliação de desempenho, avaliação de desempenho na administração pública – SIADAP, modelos de gestão, instituições de ensino superior, administração e gestão pública; e,

O contacto com as instituições de ensino superior foi realizado através de um pedido dirigido ao responsável máximo da instituição de ensino superior público (universidade, escola ou instituto), via correio electrónico, a solicitar a divulgação de um inquérito por questionário pelos trabalhadores não docentes, explicando o teor e objetivos do mesmo. O conteúdo do inquérito por questionário está orientado para a recolha de informações como o serviço, a categoria profissional, a função, formação na área de auditoria e avaliação de desempenho, bem como a recolha de opiniões sobre a aplicação do SIADAP, tendo sempre em conta o objetivo do estudo que foi saber se o sistema de controlo interno facilita a aplicação do SIADAP, nomeadamente na fixação de objetivos, bem como na motorização, acompanhamento e avaliação. O referido documento é anónimo, uma vez que em nenhum momento são colocadas questões que identifiquem o trabalhador ou a instituição.

Por fim, foi feita a análise e o tratamento dos dados recolhidos, tentando dar uma perspetiva, o mais real possível, da relação Sistema de Controlo Interno/Avaliação de Desempenho, em função das informações recolhidas dos participantes no estudo.

Este trabalho está organizado em três capítulos: os capítulos I e II dizem respeito à revisão de literatura, sendo o capítulo I destinado às temáticas de auditoria, auditoria interna e sistema de controlo interno, e o capítulo II à avaliação de desempenho. O capítulo III compreende a análise empírica, que se traduz num estudo elaborado com recurso a um inquérito por questionário enviado a trabalhadores não docentes que exercem funções públicas em estabelecimentos de ensino superior público (Universidades e Institutos Politécnicos), e da análise e tratamento dos resultados obtidos nas respostas recolhidas, com vista a um melhor entendimento das questões já apresentadas para investigação.

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CAPÍTULO I – Auditoria e Sistema de Controlo Interno

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5 Neste primeiro capítulo foi feita uma breve revisão de conceitos de Auditoria, Auditoria Interna e Sistema de Controlo Interno, através da apresentação de algumas definições formulados por alguns autores e publicações especializadas.

O enquadramento teórico da função Auditoria versará a sua origem e desenvolvimento, passando pela descrição dos tipos, procedimentos, fases, passando pelo papel do auditor e, ainda, no contexto na Administração Pública Portuguesa.

1.1 Auditoria: Conceitos e características

“Embora se possa falar da existência de actividades com algumas semelhanças às de auditoria desde há muitos séculos, porém, esta, só surgiu na segunda metade do século XIX, na Grã- Bretanha, como respostas às necessidades decorrentes do desenvolvimento resultante da Revolução Industrial.” (Marques, 2007:31).

Existem, no entanto, relatos de que a auditora remonta ao Egipto e à Babilónia, consistindo no apuramento e exatidão de registos.

Costa (2007) defende que a auditoria, tal como se conhece e entende atualmente, surgiu na Grã- Bretanha em meados do Século XIX, na consequência da revolução industrial, onde aliás foram publicadas as primeiras normas de relato financeiro e auditoria.

As transformações tecnológicas, a evolução das empresas, e as necessidades destas confiarem nas suas demonstrações financeiras, fez com que estas, de uma forma natural, recorressem a uma espécie de inspeção às suas próprias contas, constituindo-se, dessa forma, a função de auditoria interna, complementada pela auditoria feita por peritos externos, a auditoria externa.

Nesta evolução geral e natural da auditoria, assiste-se à manifestação gradual de segmentos de auditoria, especializadas em determinadas áreas de atuação dentro das organizações, públicas e privadas. Surgiram, dessa forma, a Auditoria financeira, a Auditoria da qualidade, a Auditoria do ambiente, a Auditoria informática e as Auditorias de gestão.

O conceito de auditoria, embora tenha evoluído ao longo do tempo, refletindo, por isso algumas mudanças no desenvolvimento das organizações, e também nos objetivos cada vez mais ambiciosos que lhes têm sido atribuídos, as definições mais conhecidas têm aceitação mais ou menos generalizada.

Assim, segundo Costa (2007), dentro de uma conceção ampla clássica, na esfera financeira, a auditoria é um exame ou verificação das contas, da situação financeira e ou de gestão, realizada por um auditor devidamente habilitado, que resulta na elaboração de um parecer. Mas, o conceito de auditoria pode ser muito mais amplo, como se pode verificar nos conceitos registados, por várias entidades e autores, também para os conceitos de Auditoria Interna e Controlo Interno, que em seguida se transcreve.

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6 Para o International Federation of Accountants (doravante IFAC) auditoria é “uma verificação ou exame feito por um auditor dos documentos de prestação de contas com o objectivo de o habilitar a expressar uma opinião sobre os referidos documentos de modo a dar aos mesmos a maior credibilidade” (IFAC, in Manual do Tribunal de Contas, 1999:30).

Já o International Organization of Supreme Audit Institutions (doravante INTOSAI) considera auditoria “o exame das operações, actividades e sistemas de determinada entidade, com vista a verificar se são executados ou funcionam em conformidade com determinados objectivos, orçamentos, regras e normas“ (INTOSAI, in Manual do Tribunal de Contas, 1999:30).

Para o Tribunal de Contas auditoria é “um exame ou verificação de uma dada matéria, tendente a analisar a conformidade da mesma com determinadas regras, normas ou objectivos, conduzido por uma pessoa idónea, tecnicamente preparada, realizado com observância de certos princípios, métodos e técnicas geralmente aceites, com vista a possibilitar ao auditor formar uma opinião e emitir um parecer sobre a matéria analisada” (in Manual do Tribunal de Contas, 1999:30).

De acordo com Carneiro (2004:6), a auditoria “tem o objectivo de analisar o funcionamento parcelar ou global das organizações, para avaliar as deficiências do desempenho e sugerir vias de correcção e melhoramento(…) A auditoria não é uma actividade meramente técnica que implique apenas a aplicação de certos procedimentos cujos resultados apresentam indubitável rigor”.

Segundo a American Accounting Association (doravante AAA) auditoria é um “processo sistemático de obter e analisar objectivamente a evidência acerca das afirmações relacionadas com actos e acontecimentos económicos, a fim de avaliar tais declarações à luz de critérios estabelecidos e de comunicar o resultado às partes interessadas” (AAA, 1973).

O Instituto Português de Auditoria Interna (doravante IPAI) considera a auditoria interna uma

“actividade independente, de garantia e de consultoria, destinada a acrescentar valor e a melhorar as operações de uma organização. Ajuda a organização a alcançar os seus objectivos, através de uma abordagem sistemática e disciplinada, na avaliação e melhoria da eficácia dos processos de gestão de risco, de controlo e de governação“ (IPAI, 2009: 10).

De acordo com o The Institute of Internal Auditors (doravante IIA) auditoria interna é “uma actividade independente de avaliação objectiva e de consultoria, destinada a acrescentar valor e a melhorar as operações de uma organização. Ajuda a organização na consecução dos seus objectivos, através de uma abordagem sistemática e disciplinada, na avaliação da eficácia dos processos da gestão de risco, do controlo e governação.” (IIA, 2009:10).

Importa, agora, uma vez descritas por vários autores, sintetizar algumas das características representativas da função Auditoria.

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7 Quadro 1 – Caraterísticas da função Auditoria

Quanto ao conteúdo e finalidade

Auditoria das demonstrações financeiras Auditoria de conformidade

Auditoria operacional Auditoria de gestão

Quanto ao conteúdo e finalidade Auditoria estratégica

Amplitude

Gerais

Quando afeta todos os elementos de determinada organização

Parciais

Quando afeta apenas um ou alguns aspetos ou serviços de determinada organização

Frequência

Permanentes

Quando é realizada ao longo de todo o período de vida da organização

Ocasionais Quando é realizada de forma esporádica

Período temporal

Informação histórica

Respeita a informação elaborada “a posteriori”

Informação previsional

Respeita a informação presente ou de um período no futuro

Obrigatoriedade

Legalidade

Quando ocorre por disposição legal que obriga ao exercício

Contratual

Ocorre quando, por opção da organização é feito um contrato de prestação de serviços, com empresa ou auditor externo

Autoria

Interna

Quando é realizada por trabalhadores da organização, que pertencem a determinado serviço interno, normalmente designado de gabinete de auditoria interna

Externa

Quando é realizada por profissionais de auditoria, independentes e sem qualquer subordinação da organização auditada Fonte: Adaptado de Martins e Morais (1999:14) e Marques (2007:32)

Martins e Morais (1999) classificam a Auditoria em vários domínios, a saber:

a) Quanto ao conteúdo e fins – faz-se a distinção entre a auditoria das demonstrações financeiras, classificando como se tratando de um exame às demonstrações financeiras com o objetivo de expressar uma opinião sobre a conformidade, ou não, de acordo com os critérios pré-estabelecidos, os princípios contabilísticos geralmente aceites e as normas de contabilidade; auditoria de conformidade, que consiste na verificação do cumprimento pela organização auditada, das condições, regras e regulamentos especificados por diversas fontes, quer por organismos públicos, quer por lei, quer por regulamento ou contrato; a auditoria operacional consiste numa revisão sistemática das atividades de uma organização

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8 ou de um determinado setor, com objetivos específicos que variam desde um problema importante, que requer medidas corretivas, até à melhoria geral da eficiência operacional, os critérios pré-estabelecidos poderão ser mais subjetivos dentro deste tipo de auditoria do que noutros, tendo sido fixados pela entidade que solicitou a auditoria;

b) Quanto à amplitude – pode-se distinguir auditoria geral, a que afeta todos os elementos da entidade, a auditoria parcial, a que se refere a um ou mais aspetos da entidade;

c) Quanto à frequência – pode falar-se de auditorias permanentes, as que se realizam ao longo do ano económico (de forma regular ou irregular) de auditorias ocasionais ou únicas, as que se realizam esporadicamente ou quando ocorre algum imprevisto, sendo que esta última não se pode comparar à primeira em termos de abrangência e de eficácia, e, finalmente, de auditorias de fim de exercício, que têm por objetivo averiguar a veracidade dos documentos de prestação de contas;

d) Quanto à posição do sujeito que a efetiva – na auditoria interna, quando são feitas por pessoas que pertencem à própria organização, constituem normalmente um serviço/departamento de auditoria interna e dependem dos órgãos de gestão; a auditoria externa, como o próprio nome indica é efectuada por profissionais de auditoria, independentes da entidade, pelo que não existe qualquer subordinação;

e) Quanto ao período temporal – podem ser auditorias de informações históricas, que incidem sobre informação passada e elaborada a posteriori mais comum, e a auditoria da informação previsional ou prospetiva que resulta da informação elaborada a priori, respeitante ao futuro, baseada em técnicas de avaliação acerca da validade de previsões; e, f) Quanto à obrigatoriedade – auditoria de fonte legal, a que é obrigatória e até regulamentada por diplomas legais; e a auditoria de fonte contratual, a que é facultativa, através de um contrato com um profissional ou empresa de auditoria.

1.1.1 Auditoria na Administração Pública

Existe um “enorme défice cultural dos cidadãos portugueses (…) em relação a tudo o que respeita à Auditoria Pública, ao seu papel, à sua missão e às suas obrigações sociais (…)” (Moreno, 2000:18).

A prática da auditoria estatal e os objetivos a que se propõem são condicionados pelas técnicas de gestão adotadas pela organização, mas, em última análise, quando se pratica auditoria pública existe um objetivo claro e específico que, de acordo com Silva (2000), se trata da avaliação da eficiência, da economia, da legalidade, regularidade e eficácia das atividades, dos projetos e programas orçamentais, e das políticas públicas desenvolvidas pelos organismos. Este autor defende, assim, para os Serviços e Organismos da Administração Pública, princípios de moralidade e o imperativo moral de combate à fraude e à corrupção.

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9 Silva (2000) define Auditoria Estatal, ou do Management Público, como a atividade independente e objetiva, desenvolvida pelo auditor e destinada a acrescentar valor, melhorando os resultados e os processos operativos da organização, e caracteriza-se pela execução de exames estruturados de políticas, programas orçamentais, atividades, projetos, funções e tarefas das organizações do Estado com o fim de medir e informar quer sobre a utilização económica e eficiente dos recursos empregues bem assim como foram atingidos os objetivos prosseguidos, e sobre a sua conformidade legal.

Costa (2006) aborda a temática da nova gestão pública como resultante das crescentes expetativas e necessidades dos cidadãos que, inevitavelmente, conduzem às reformas na Administração Pública, no sentido de melhorar a eficácia e a eficiência dos serviços prestados, com vista à satisfação do cliente/cidadão, dando, dessa forma, uma resposta à crescente exigência social que se impõem.

Almeida (2005) sustenta que o enquadramento da auditoria num contexto social e a procura, cada vez maior, de economia, eficiência e eficácia nas organizações públicas e privadas, conferem à função auditoria um papel importante de mecanismo de controlo da sociedade. Decorre daqui que, o processo de auditoria consiste em verificar o grau de cumprimento em relação a um conjunto de normas específicas que derivam do sistema social, abrangendo, por isso, matrizes de caráter cultural, social e político.

Almeida (2005) refere, ainda, que auditoria e interesse público são duas faces da mesma moeda, e assim, as auditorias devem expressamente reconhecer não só o seu cliente como interessado no seu trabalho, mas, igualmente, todo um conjunto de entidades que confiam no seu trabalho, o que lhe confere um interesse público manifesto.

Todos esperam, da parte dos agentes públicos (Governo, gestores e restantes trabalhadores da Administração Pública) o máximo de transparência no exercício das suas funções, e essa crença torna-se mais evidente quando se trata de dinheiros públicos, pois é dessa forma que a auditoria pública pode representar um papel importante nesta relação de confiança. É nesse sentido que, em democracia, se elegem alguns destes agentes.

1.1.2 Utilidade da Auditoria

A utilidade da auditoria é um assunto recorrente tanto no meio empresarial como em entidades públicas, pois as expectativas em termos de segurança, quando se fala de prestação de contas, de credibilidade ou de informação, são sempre altas, o que, por vezes, se torna um risco difícil de evitar.

Costa (2006) aborda claramente essa questão através da explicação das três teorias citadas por Humphrey (1991), que justificam a utilidade da auditoria.

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10 – A teoria da agência1

Refere-se à delegação em alguém, normalmente corresponde a um contrato ou conjunto de contratos, estabelecido por quem contrata (representante máximo da organização, proprietário ou acionista) e alguém a quem delega poderes para tomar decisões, em seu lugar.

A análise do custo-benefício

A implementação de um serviço de auditoria interna comportará, antes de tudo, uma correta avaliação relativamente à sua rentabilidade, ou seja a relação custo/beneficio. Será que a implementação desse serviço/sistema compensa, se se falar em termos financeiros?

Martins e Morais (1999) referem, a esse propósito, que o custo seria representado pelo somatório anual das remunerações e encargos sociais dos profissionais, bem como com outros gastos com o serviço de auditoria interna (equipamento, consumíveis, etc.). O benefício seria calculado através do somatório anual da redução do risco de perdas, a que se soma os possíveis benefícios derivados da redução do custo da contratação de serviços de auditores externos, trabalho já realizado pelos profissionais de auditoria interna.

Atualmente, ouve-se falar muito em auditorias, isto porque o momento político e económico que se atravessa condiciona a confiança nas pessoas e nas instituições, por isso é de extrema importância saber-se qual o seu verdadeiro papel da auditoria dentro das organizações, porque apesar das auditorias estarem na moda, diria por razões reativas, normalmente para identificar e explicar situações anómalas, se deve fazer com que a auditoria seja proativa – funcionando também como prevenção, pois esse fator pode fazer com que haja um retorno do investimento, a que alguns chamam custo.

O interesse público da função, aplicável à auditoria pública

Consiste no facto de a presença de um auditor, bem como a existência de um sistema de controlo, constituírem um efeito dissuasor de práticas indesejáveis.

Se se debruçar sobre a missão do Estado, pode verificar-se que, tal como refere Silva (2000), é a partir do final do século XX que se tornam mais claras as grandes funções do Estado, a saber:

– a alocação de recursos;

– a redistribuição do rendimento;

– a estabilidade económica; e,

– a promoção do crescimento económico.

Estas funções do Estado são permanentemente postas em causa, e não será para menos, pois da sua boa ou má execução depende a sustentabilidade do país, e quando existem evidências da má execução dessas funções, entende-se que se está a desvirtuar o sentido ou a missão a que se propôs o Estado.

1 “A Teoria da Agência (agency theory) estuda a relação entre os accionistas e os executivos, que são autorizados por aqueles a agir em seu nome. Para a teoria da agência a empresa ou entidade é uma plataforma de muitas relações contratuais entre administradores, accionistas, Estado, credores e trabalhadores.” Oliveira, H. M. S. D., & Castro, E. D. F.

(2004: 5)

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11 Assim, de acordo com Silva (2000) a alocação dos recursos foi a grande preocupação dos Governos no início do século XX, e correspondia em aceitar a filosofia política e económica dos economistas clássicos que previam a possibilidade do Estado intervir na sociedade fazendo com que esta dispusesse de um conjunto de bens que, pelas suas características, não podiam ser produzidos pelo sector mercantil (ex.: segurança, defesa, justiça, etc.).

A redistribuição do rendimento prende-se com a possibilidade da sociedade, entregue somente aos mecanismos de mercado, poder fazer com que alguns grupos sociais fossem relegados para um nível de rendimento abaixo de um mínimo de exigência aceite para essa mesma sociedade.

Ao longo da história da humanidade, apenas no século XX se constata este tipo de preocupação.

O mesmo autor refere ainda que, foi na década de trinta, graças às teorias do Lorde Keyns, que o objetivo fundamental do Estado passou a ser a estabilização da economia através das Finanças Públicas fazendo com que as variações cíclicas de atividade económica fossem reduzidas ao mínimo.

Na realidade, o que se pretende com a auditoria, ou seja, para que serve?

Sá (2007) identifica inúmeros fins a que se destina a função auditoria, referindo-os como aspetos sob os quais o seu objeto é considerado, a saber:

a) Determinação sobre o estado patrimonial e financeiro (gestão pública ou privada);

b) Descoberta de erros e fraudes (preservação das técnicas contra essas práticas); e, c) Estudo geral sobre as diferentes atividades da organização.

O aspeto psicológico da auditoria exige, por parte dos executores dos serviços, um profundo cuidado com a execução das diferentes tarefas. Conforme a política seguida pela organização, a auditoria poderá até apresentar alguns aspetos negativos, como se verá de seguida.

Diversos profissionais protestam até contra o conceito comum que se firmou de que a auditoria é uma chave para descobrir fraudes, procurando esclarecer que modernamente não se pode encarar assim o assunto.

Atualmente, com a decadência dos princípios éticos tão acentuada, com a pobreza moral que domina as administrações das instituições públicas, bancos e grandes grupos empresariais, é impossível desconhecer a influência desse mal social.

Ainda que as punições, estranhamente, na maior parte das vezes não ocorram, é dever ético do auditor, quando solicitado, localizar e apurar as situações ilícitas.

Se se debruçar um pouco sobre esta matéria, pode-se facilmente perceber que a auditoria não tem a chave para descobrir fraudes, e que a sua missão vai muito mais além da deteção de fraudes e irregularidades no plano financeiro de uma organização, mas, ainda assim, e muito especialmente no contexto social actual em que se assiste a um aumento da pobreza e à decadência dos princípios éticos, a descoberta da irregularidade continua a ser um dos objetivos mais determinantes da atividade do auditor.

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12 Na Administração Pública, mais do que nas empresas privadas, a fraude é reconhecida como uma área de alto risco, apesar de, tal como refere Revés (2010), a despesa pública deva ser tratada com rigor e critério, assegurando que o dinheiro dos contribuintes é bem aplicado, a verdade é que as entidades públicas, mesmo assim, têm sido alvo de atividades fraudulentas.

Segundo Sá (2007:31), “um trabalho de auditoria que deixa de ter como objectivo a descoberta de irregularidade não tem, também, competência para atestar a regularidade”. É exactamente disso que se trata. Quem não se dispuser a verificar todos os procedimentos que podem ser alvo de irregularidades e fraudes, também não pode certificar ou atestar, como refere o autor, o normal funcionamento dos serviços.

1.1.3 Normas de Auditoria na Administração Pública

Normas de auditoria são “regras que o auditor deve observar em relação aos objetivos a atingir, aos procedimentos e técnicas de auditoria utilizados, ao relatório que deve elaborar e à qualidade do trabalho” (Tribunal de Contas, 1999:18). A atividade de auditoria interna tem de obedecer a um conjunto de princípios e normas éticas e profissionais, que devem ser adotadas pelos profissionais de auditoria, quer estes prestem serviço em organizações públicas ou privadas.

A propósito das atividades desenvolvidas numa auditoria estatal, Silva (2000) refere as normas que devem presidir no julgamento dessas atividades, a saber:

A legalidade: diz respeito especificamente ao cumprimento da lei no desenvolvimento das atividades do organismo ou serviço;

A regularidade: consiste em atestar a correção de dados e atos respeitantes às receitas e despesas, cujos controlos têm tendência a ser cada vez mais sofisticados, tratando-se de um controlo efetivo, caso se consiga perceber a razão pela qual estão a existir despesas e/

ou receitas;

Os 3 E: dizem respeito à economia, eficiência e eficácia, consistindo o verdadeiro pilar da gestão económica. Quanto ao princípio da economia, quando os meios utilizados nas instituições no exercício da sua actividade são disponibilizados em tempo útil, em quantidade e qualidade adequados e ao melhor preço; o princípio da eficiência corresponde à relação que existe entre os meios utilizados e os resultados obtidos; e o princípio da eficácia, quando se alcançam os objetivos previamente estabelecidos e os resultados esperados; e,

A moralidade: através do julgamento independente, pautado por princípios éticos, com o objetivo de identificar a fraude a corrupção, procurando que a moralidade esteja sempre presente. A ideia de serviço público, com os valores de justiça, lealdade e equidade no tratamento, praticados no dia a dia, não só através do cumprimento das normas, mas também dos princípios morais.

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13 Mas, quando se fala em normas de auditoria, normalmente é para falar das normas internacionais e nacionais, comuns a toda atividade de auditoria, e pelas quais todos os profissionais da área se devem reger.

Martins e Morais (1999) referem que as primeiras normas de auditoria internacionais foram impulsionadas pela crise da bolsa de Nova Iorque, em 1929, por se considerar necessário regulamentar a apresentação das demonstrações financeiras. Também a atividade de auditoria interna tem de obedecer a um conjunto de princípios e normas éticas e profissionais, devendo o profissional desta área pautar-se por princípios éticos, se falará mais adiante.

De acordo com IPAI (2009:14), as Normas têm os seguintes objetivos:

“– Delinear princípios básicos que representem a prática de auditoria interna Proporcionar um enquadramento para o desempenho e promoção de um espectro alargado de auditoria de valor acrescentado.

– Estabelecer uma base para a avaliação do desempenho da auditoria interna.

– Promover a melhoria dos processos e das operações das organizações.”

As Normas estão orientadas para princípios de exigência obrigatória, e consistem em:

“– Declarações de requisitos básicos para a prática profissional de auditoria interna e para a avaliação da eficácia do desempenho, aplicáveis internacionalmente quer ao nível das organizações quer dos indivíduos.

– Interpretações que clarificam os termos ou conceitos das Normas.”

Em auditoria, os princípios éticos da actividade, bem como as normas, são definidos por organismos internacionais, que se baseiam nos seus próprios códigos de ética e preparam as normas que irão orientar os seus membros no exercício da função. Essas normas, depois de aprovadas, passam a ser designadas como Normas de Auditoria Geralmente Aceites (doravante NAGA).

Das NAGA constam as regras básicas de planeamento e implementação de uma auditoria, garantindo que estas cumprem os requisitos de qualidade.

Das normas e organismos internacionais de auditoria destacam-se os seguintes:

As NAGA da American Institute of Certified Public Accountants – AICPA: aprovadas em 1954, e composta por 10 normas, que por sua vez se encontram divididas em 3 grandes grupos:

– normas gerais;

– normas relativas ao trabalho de campo; e, – normas para a elaboração de relatórios.

A INTOSAI: aprovada em 1992, baseada em declarações e relatórios aprovados em vários congressos internacionais, visam proporcionar uma estrutura de procedimentos e práticas a serem seguidos nas auditorias, pelos auditores. De referir que, no âmbito das suas normas, é exigido a

“public accountability” como um dos princípios básicos.

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14 A IFAC: criada em 7 de outubro de 1977, representa um acordo de 49 países de todos os continentes, e aplicam-se sempre que se realiza uma auditoria independente, ou seja, independente da informação financeira da entidade, com ou sem fins lucrativos, de qualquer dimensão ou forma legal.

Portugal está representado na IFAC pela Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC), adotando por isso algumas das suas normas.

Em termos de auditoria interna, o IIA criou o Professional Practice Framework, uma estrutura conceptual que orienta a atividade de auditoria interna e que contém os seguintes documentos:

– Código de Ética;

– Normas Internacionais para a Prática Profissional da Auditoria Interna; e, – Práticas Recomendadas.

O Código de Ética tem como objetivo promover uma cultura ética e deontológica na prática profissional de auditoria interna e está subdividido em duas partes:

– Os Princípios Básicos: definem os princípios éticos que estruturam a profissão de auditoria interna, como sendo a integridade, a objetividade, a confidencialidade e a competência; e,

– As Regras de Conduta: são um conjunto de deveres deontológicos que se aplicam ao exercício da auditoria, que se aplicam a cada um dos princípios éticos referidos anteriormente.

O quadro seguinte enumera os princípios básicos e as respetivas regras de conduta que lhes estão associadas.

Quadro 2 – Código de Ética do IIA

Princípios Regras de Conduta

Integridade

Os auditores internos deverão executar o seu trabalho com:

Honestidade;

Diligência;

Responsabilidade;

Respeito pelos objetivos legítimos e éticos da entidade;

Contribuição para os objetivos legítimos e éticos da entidade; e,

Respeito pelas leis e divulgá-las;

Não deverão, em consciência, participar em actividades ilegais, ou em actos que desacreditem a profissão de auditoria interna ou a entidade.

Objetividade

Os auditores internos não deverão:

Participar em qualquer actividade ou manter uma relação que prejudique ou aparente prejudicar a sua imparcialidade, incluindo todas as relações ou atividades que possam estar em conflito com os interesses da entidade;

Aceitar nada que possa prejudicar ou aparente o seu julgamento profissional; e,

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Deverão divulgar todos os factos materiais que tenham conhecimento e que possam afetar a informação das atividades em análise.

Confidencialidade

Os auditores internos deverão ser prudentes na utilização e proteção da informação obtida no desempenho das suas actividades.

Não deverão utilizar a informação para qualquer benefício próprio ou que, de outra maneira, estaria em desacordo com as leis ou em detrimento dos objetivos legítimos e éticos da entidade.

Competência

Os auditores internos deverão:

Aceitar apenas serviços para os quais possuam necessário conhecimento, proficiência e experiência;

Aperfeiçoar continuamente a sua proficiência, eficiência e qualidade dos seus serviços; e,

Desempenhar os serviços de auditoria interna de acordo com as Normas Internacionais da Prática Profissional de Auditoria.

Fonte: Martins e Morais (2007:52)

A Constituição da República Portuguesa, no seu artigo 214.º, define o Tribunal de Contas como o órgão supremo da fiscalização da legalidade das despesas públicas e de julgamento das contas que a lei mandar submeter-lhe, competindo-lhe, nomeadamente:

a) Dar parecer sobre a Conta Geral do Estado, incluindo a da Segurança Social;

b) Dar parecer sobre as contas das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira;

c) Efetivar a responsabilidade por infrações financeiras, nos termos da lei; e, d) Exercer as demais competências que lhe forem atribuídas por lei.

A sua jurisdição abrange todas as instituições públicas portuguesas quer atuem em Portugal ou no estrangeiro.

A Constituição da República Portuguesa (doravante CRP) de 1976 incluiu o Tribunal de Contas no elenco dos Tribunais, de natureza superior, qualificando-o como órgão de soberania a par do Presidente da República, da Assembleia da República e do Governo (n.º 1 do art.º 209º da CRP).

Definido como verdadeiro Tribunal, a ele se aplicam os princípios gerais constitucionalmente estabelecidos para os Tribunais, destacando-se:

– O princípio da independência e da exclusiva sujeição à lei (art.º 203º);

– O direito à coadjuvação das outras entidades (art.º 202º);

– Os princípios da fundamentação, da obrigatoriedade e da prevalência das decisões (art.º 205º);

– O princípio da publicidade (art.º 206º).

Em 1999, o Tribunal de Contas publicou o “Manual de Auditoria e Procedimentos – volume I”, elaborado em conformidade com as normas da INTOSAI e do Manual de Auditoria do Tribunal de Contas Europeu.

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16 Também a Ordem dos Revisores Oficiais de Contas produz, para as normas nacionais, documentação técnica, constituída por:

– Normas Técnicas de Revisão/Auditoria;

– Recomendações Técnicas (RT), que se destinam a orientarem a execução de diversas tarefas, com o objetivo de contribuir para uma harmonização generalizada da interpretação e aplicação de procedimentos genéricos; e,

– Directrizes de Revisão/Auditoria (DRA), que têm como objetivo estabelecer os procedimentos e facultar orientação ao auditor sobre as ações a desenvolver no âmbito da auditoria, tendo em conta as Normas Técnicas de Revisão.

Estas Normas Técnicas de Revisão são obrigatórias para os profissionais que exercem auditoria, independentemente do que estejam a auditar e são complementadas com as normas e recomendações da IFAC, de que já se falou anteriormente.

Assim, o controlo das organizações públicas é feito pelas seguintes entidades:

– O Tribunal de Contas (órgão supremo de controlo externo);

– A Inspecção-Geral de Finanças;

– Direção-Geral do Orçamento;

– Instituto de Gestão Financeira e da Segurança Social;

– Inspeções Gerais (afetas a cada um dos Ministérios);

– Os Revisores Oficiais de Contas/Fiscal Único; e, – Os auditores internos.

1.2 Auditoria Interna

É importante compreender porque surge a auditoria interna e de que forma pode influenciar a vida das organizações, uma vez que estas pretendem, em última análise, atingir os seus objetivos. Dito de uma forma abreviada, a auditoria interna tem como função a avaliação do controlo interno e o auditor interno corresponde o profissional que exerce essa função.

A criação, em 1994, do IIA, impulsionou a ascensão da prática de auditoria interna e dos profissionais que a exercem.

Alguns autores defendem que a auditoria interna pode ajudar os órgãos de gestão, contribuindo para uma gestão eficaz das organizações, até mesmo na gestão do desempenho, permitindo, dessa forma, acrescentar valor às organizações.

É dessa forma que Pinheiro (2008) posiciona a auditoria interna, ao mais alto nível, assumindo mesmo um papel preponderante de crítica às rotinas e métodos de trabalho, com o propósito da melhoria contínua e da rentabilidade.

Nesta perspetiva, é de realçar o importante papel do auditor interno, competindo-lhe avaliar os procedimentos previstos no sistema de controlo interno, podendo eliminar tarefas inúteis ou duplicadas, e promover aquelas que, de facto, podem acrescentar valor e que ajudam na prossecução dos seus objetivos.

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17 Esta ideia é também reforçada por Taborda (2006), que refere a regularidade com que a auditoria interna é vista como uma técnica de controlo de gestão através da análise, verificação e avaliação das atividades da instituição, bem como da eficácia e conformidade do funcionamento de outras técnicas de controlo. Desta forma, pode dizer-se que as atividades desenvolvidas pela auditoria interna servem de apoio aos órgãos de gestão na prossecução dos objetivos traçados, tendo, por isso, assumido um crescente protagonismo dentro das organizações.

O mesmo autor refere a independência como um requisito fundamental da auditoria interna para que sejam produzidas análises objetivas e imparciais sem sujeição a pressões de qualquer natureza, sendo recomendável que este serviço reporte diretamente ao órgão de gestão.

Quando uma organização/empresa toma a decisão de enquadrar na sua estrutura um serviço de auditoria interna, terá de ser dada, pelo órgão de gestão, um posicionamento que lhe permita, a quem exerce essa função – auditor interno, atuar com independência e objetividade necessárias ao exercício da mesma, como se verá mais adiante ser absolutamente indispensável. Também é esperado que, numa lógica de transversalidade, exista uma cooperação estreita entre a auditoria interna e a auditoria externa.

Barata (1999) reforça a mesma ideia, referindo que a auditoria interna deverá funcionar sobre a alçada direta da administração/gestão da instituição, por forma a alcançar uma maior independência relativamente aos outros órgãos e serviços da instituição. Também é referida a importância de auditores internos não interferirem na execução de trabalhos, bem como na implementação de novos procedimentos internos, do serviço ou trabalho que vão auditar. De outra forma estaria comprometida a independência do auditor interno, pois a sua função é analisar todas as operações, medir e avaliar a eficácia de controlos internos existentes, para, posteriormente, elaborar um relatório onde reflita a análise, avaliação, informação, comentários, bem como as conclusões e respetivas recomendações que entenda por convenientes para submeter à consideração superior.

O mesmo autor sublinha, ainda, a importância de serem feitos exames, com alguma regularidade, às diferentes atividades desenvolvidas dentro de cada serviço, sempre com o objetivo principal de contribuir para um melhor desempenho do serviço e da instituição.

Esses exames podem resultar em:

– Propostas de aperfeiçoamento de procedimentos adotados, ou mesmo a sua substituição por outros com maior eficiência e eficácia;

– Adequação do controlo interno à prevenção e perceção de erros, fraudes e outras anomalias, garantindo a confiança e a integridade da informação; e,

– Recolha de elementos para eventuais melhorias dos serviços e do reforço e qualidade do controlo interno.

É muito importante que as organizações saibam distinguir as atividades mais importantes, ou seja, aquelas que, de facto, têm potencial para criar valor para a organização, e fazê-las executar de forma exemplar. Está nas mãos dos responsáveis estabelecer as regras e instrumentos a utilizar para as efetivar.

Referências

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