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Processo Disciplinar n.º 92-19/20

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CONSELHO DE DISCIPLINA SECÇÃO PROFISSIONAL

Processo Disciplinar n.º 92-19/20

DESCRITORES: Relatório de Policiamento Desportivo - Valor probatório reforçado - Força de segurança pública - Segurança e prevenção de violência – Grupo organizado de adeptos Apoio - Sociedades Desportivas – SAD e SDUQ - Dirigentes das sociedades desportivas – Diretor de Segurança – Diretor de Segurança Substituto – Oficial de Ligação aos Adeptos Inobservância de outros deveres - Inobservância qualificada de outros deveres – Imagem e bom nome das competições de futebol - Condição objetiva de punibilidade - Promotor do espetáculo desportivo - Espectadores - Condições de acesso ao recinto desportivo - Aplicação da lei no tempo – Regime mais favorável.

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ESPÉCIE: Processo Disciplinar

ARGUIDOS: (1) Augusto Filipe Linhares Sendim, Diretor de Segurança da Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda.; (2) José Carlos Barbosa Fernandes, Diretor de Segurança Substituto da Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda.; (3) Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda.; (4) Nuno Miguel de Almeida Pires Gago, Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD.; (5) Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD.

OBJETO: Factos ocorridos no jogo n.º 12205 (203.01.1954) entre a Gil Vicente Futebol Clube Futebol, SDUQ, Lda. e a Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD realizado no dia 24 de fevereiro de 2020, a contar para a Liga NOS.

DATA DO ACÓRDÃO: 20 de outubro de 2020 TIPO DE VOTAÇÃO: Unanimidade

RELATORA: Maria José Carvalho

NORMAS APLICADAS: artigos 118.º, 127.º n.º 1, 141.º; 171.º todos do RDLPFP19; artigo 55.º n.º 5 alínea c) e d) do RCLPFP19, tendo por referência o disposto no artigo 35.º n.º 1 alínea k do RCLPFP19, nos artigos 6.º alínea l) e 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RCLPFP19, e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alíneas l) e s), 13.º n.º 1, 14.º n.ºs 1 e 2, 22.º n.ºs 6 e 7 e 23.º n.º 4, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão atualizada pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro; artigo 57.º n.º 1 do RCLPFP19, e Manual do Oficial de Ligação aos Adeptos, ANEXO VII ao citado RCLPFP19 [parte concernente à Definição e Deveres do OLA, concretamente as alíneas c) e d), e na parte relativa aos Requisitos recomendáveis para o exercício da função, designadamente a alínea c)],

SUMÁRIO:

I. No âmbito do Direito Disciplinar do Desporto quer o Relatório de Delegado, quer o Relatório do Árbitro gozam de um valor probatório especial e reforçado em relação aos factos neles constantes, consubstanciando uma presunção de veracidade, enquanto tais factos não forem fundadamente colocados em dúvida – cfr. alínea f) do artigo 13.º RDLPFP19.

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II. De igual presunção beneficiam os Relatórios das forças policiais, por serem exarados por “autoridade pública” ou “oficial público”, no exercício público das “respetivas funções” (para as quais é competente em razão da matéria e do lugar), por constituírem documento autêntico (artigo 363.º, n.º 2 do Código Civil), cuja força probatória se encontra vertida nos artigos 369.º e ss. do Código Civil. Assim, tal Relatório e seus Esclarecimentos adicionais fazem «prova plena dos factos que referem como praticados pela autoridade ou oficial público respectivo, assim como dos factos que neles são atestados com base nas percepções da entidade documentadora (...)» (cfr. artigo 371.º, n.º 1 e 372.º, n.º 1, do Código Civil).

III. O clube que apoie Grupos Organizados de Adeptos (GOA) não legalizados deixa de cumprir os deveres que lhe são impostos pela Lei e regulamentos aplicáveis.

IV. Está vedado aos espetadores do espetáculo desportivo, entre outras proibições, a posse, transporte ou utilização de bandeiras, faixas, tarjas e outros acessórios, de qualquer natureza e espécie, de dimensão superior a 1 metro por 1 metro, passíveis de serem utilizados em coreografias de apoio aos clubes e sociedades desportivas.

V. O Diretor de Segurança Principal que determina ou autoriza a entrada no recinto desportivo de bandeiras com as dimensões referidas no item anterior, assim como faixas com elementos alusivos aos GOA que apoiam uma SAD, incorre em responsabilidade disciplinar.

VI. O Diretor de Segurança Substituto que não faça constar no boletim de segurança as ocorrências dignas de relevo disciplinar, nomeadamente relativas à entrada das bandeiras em recinto desportivo, referidas no item anterior por parte de GOA não legalizado, bem como falta de autorização das forças de segurança para a entrada das referidas bandeiras, incorre em responsabilidade disciplinar.

VII. O Clube que incumprir as obrigações legais que sobre si impendem relativas a segurança, prevenção de violência, ética e verdade desportiva, nomeadamente concedendo apoios a GOA [por intermédio da ação encetada pelo seu Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA)], criando, assim, uma imagem exterior de insegurança e desrespeito, causa com a sua conduta grave prejuízo para a imagem e bom nome das

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competições de futebol, tornando-se incurso em responsabilidade disciplinar qualificada.

VIII. Decorre da norma do artigo 118.º do RDLPFP19 [Inobservância qualificada de outros deveres]: “Em todos os outros casos não expressamente previstos em que os clubes deixem de cumprir os deveres que lhes são impostos pelos regulamentos e demais legislação desportiva aplicável de modo que dessa sua conduta resulte, ainda que não intencionalmente, a criação de uma situação de perigo para a segurança dos agentes desportivos ou dos espectadores de um jogo oficial, de risco para a tranquilidade e a segurança públicas, de lesão dos princípios da ética desportiva ou da verdade desportiva ou de grave prejuízo para a imagem e o bom nome das competições de futebol são punidos (...)”.

IX. O segmento normativo constante no predito artigo 118.º «(...) dessa conduta resulte, (...) a criação de uma situação de (...) grave prejuízo para a imagem e o bom nome das competições de futebol (...)», não representa um elemento do tipo de ilícito, mas antes uma condição objetiva de punibilidade, não se prefigurando como necessário que o clube queira ou sequer represente tal ocorrência, antes se bastando a sua verificação.

X. O OLA que acompanha uma equipa de futebol na qualidade de visitante, e não obstante a falta de autorização expressa por parte das forças de segurança pública relativamente à entrada das bandeiras por parte de GOA não legalizado, pugna reiteradamente pela entrada das mesmas, mostrando-se contrariado por não ver tal pretensão atendida e, em retaliação, refere a agentes desportivos da equipa visitada que quando se deslocarem, ao Estádio da sua equipa, implementar-se-á igualmente a proibição de entrada de bandeiras a GOA legalizado, incorre em responsabilidade disciplinar.

XI. Pratica a infração disciplinar p. e p. pelo artigo 127.º do RDLPFP19, por violação dos seus deveres de garante do cumprimento de todas as regras e condições de acesso e de permanência de espetadores no recinto desportivo, o clube que incumpre nos seus especiais deveres quanto ao controlo e revista de pessoas e bens, permitindo, por essa via, a entrada e utilização de 3 bandeiras “gigantes” (de dimensão superior

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a 1 metro por 1 metro, na densificação que foi dada pela Lei n.º 39/2009, de 30 de julho, na redação introduzida pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro, ao conceito

“gigantes” presente no Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RCLPFP19) no interior do recinto desportivo.

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ACÓRDÃO

Acordam, em Formação Colegial, em conformidade com o disposto no n.º 2, do Artigo 239.º, do Regulamento Disciplinar das Competições Organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol de 20191, os Membros do Conselho de Disciplina, Secção Profissional, da Federação Portuguesa de Futebol,

I – Relatório da tramitação processual do Processo de Inquérito e do Processo Disciplinar

&.1. Do Processo de Inquérito

1. Por despacho de 03.03.2020, o Exmo. Senhor Presidente do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol deliberou: [«Instaure-se processo de inquérito, tendo presente o relatado no espaço relativo ao comportamento dos adeptos visitantes» por referência ao Relatório de Policiamento Desportivo], e respetiva remessa à CI (cfr. fls. 1 a 3).

2. Em 06.03.2020 foi o processo autuado como Processo de Inquérito n.º 15-2019/2020 e remetido à Comissão de Instrutores (CI) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), com o seguinte objeto: «Factos ocorridos no jogo n.º 12205 (203.01.194) entre a Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda.2 e a Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD3, realizado no dia 24 de fevereiro de 2020, a contar para a Liga NOS», cfr. capa do processo e fls.1.

3. Por Despacho datado da mesma data de 06.03.2020, o Exmo. Senhor Presidente da Comissão de Instrutores, distribuiu o predito Processo de Inquérito ao Ilustre Instrutor, Dr. Rogério

1 Regulamento Disciplinar das Competições Organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional aprovado na Assembleia Geral Extraordinária de 27 de junho de 2011, com as alterações aprovadas nas Assembleias Gerais Extraordinárias de 14 de dezembro de 2011, 21 de maio de 2012, 06 e 28 de junho de 2012, 27 de junho de 2013, 19 e 29 de junho de 2015, 08 de junho de 2016, 15 de junho de 2016 e 29 de maio, 13 de junho de 2017, 29 de dezembro de 2017, 13 de junho de 2018 e 29 de junho de 2018 e de 22 de maio de 2019, ratificado na reunião da Assembleia Geral da FPF de 22 de Junho de 2019 (Comunicado Oficial n.º 3 de 01 de julho de 2019) , doravante abreviado, por mera economia de texto, por RDLPFP19.

O texto regulamentar encontra-se disponível, na íntegra, na página da LPFP.

2 Doravante referenciada como Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda., ou de forma abreviada, por mera economia de texto, Gil Vicente SDUQ.

3 Doravante referenciada como Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD., ou de forma abreviada, por mera economia de texto, Benfica SAD.

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Oliveira, o qual, subsequentemente, em 09.03.2020, procedeu à abertura e início da respetiva inquirição, a qual findou com a apresentação do Relatório Final em 13.04.2020, por via do qual, atenta a prova recolhida, foi proposto a conversão do sobredito processo em Processo Disciplinar, tendo por Arguidos (1) a Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda., (2) a Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, (3) o Diretor de Segurança [Augusto Filipe Linhares Sendim] e (4) o Diretor de segurança substituto [José Carlos Barbosa Fernandes], ambos da Gil Vicente SDUQ, Lda., bem como (5) o OLA da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD [Nuno Miguel de Almeida Pires Gago], com vista a apurar a sua responsabilidade disciplinar à luz do disposto nos normativos conforme melhor discriminados no sobredito Relatório Final (vide fls. 115 a 137).

Este Relatório final e a cópia digitalizada dos respetivos autos foram remetidos por correio eletrónico em 17 de abril de 2020 ao Exmo. Senhor Presidente do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, que nesse mesmo dia distribuiu o Processo de Inquérito n.º 15-19/20 ao Senhor Conselheiro José Coutinho de Almeida, cujos autos na mesma data lhe foram conclusos.

4. Em 22 de abril de 2020, o Exmo. Senhor Relator, proferiu Despacho-Decisão (tendo sido no mesmo dia notificado cfr. fls. 165), e determinou a conversão do sobredito Processo de Inquérito em Processo Disciplinar, tendo por Arguidos:

« a) Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda, com vista a apurar a sua responsabilidade à luz do disposto no artigo 127.º n.º 1 do RD LPFP 2019-20 [Inobservância de outros deveres], por violação do disposto no artigo 35.º n.º 1 alínea k do RC LPFP 2019-20, nos artigos 6.º alínea l) e 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alíneas l) e s), 13.º n.º 1, 14.º n.ºs 1 e 2, 22.º n.ºs 6 e 7 e 23.º n.º 4, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão actualizada, por último, pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro;

b) Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, com vista a apurar a sua responsabilidade à luz do disposto no artigo 118.º [Inobservância qualificada de outros deveres] ou 127.º n.º 1 [Inobservância de outros deveres], ambos do RD LPFP 2019-20, por violação do disposto no artigo 35.º n.º 1 alínea k do RC LPFP 2019-20, artigo 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, no Manual

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do Oficial de Ligação aos Adeptos, ANEXO VII ao citado RC [parte concernente à Definição e Deveres do OLA, concretamente as alíneas a), c), d) e j)], e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alínea l), 14.º n.ºs 1 e 2, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão actualizada, por último, pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro, tendo por referência os artigos 22.º n.ºs 6 e 7, e 23.º n.º 4, da citada Lei;

c) Augusto Filipe Linhares Sendim, Director de segurança da Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda, com vista a apurar a sua responsabilidade à luz do disposto no artigo 141.º do RD LPFP 2019-20 [Inobservância de outros deveres], por violação do disposto no artigo 55.º n.º 5 alínea c) do RC LPFP 2019-20, tendo por referência o disposto no artigo 35.º n.º 1 alínea k do RC LPFP 2019-20, nos artigos 6.º alínea l) e 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alíneas l) e s), 13.º n.º 1, 14.º n.ºs 1 e 2, 22.º n.ºs 6 e 7 e 23.º n.º 4, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão actualizada, por último, pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro;

d) José Carlos Barbosa Fernandes, Director de segurança substituto da Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda, com vista a apurar a sua responsabilidade à luz do disposto no artigo 141.º do RD LPFP 2019-20 [Inobservância de outros deveres], por violação do disposto no artigo 55.º n.º 5 alíneas c) e d) do RC LPFP 2019-20, tendo por referência o disposto no artigo 35.º n.º 1 alínea k do RC LPFP 2019-20, nos artigos 6.º alínea l) e 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alíneas l) e s), 13.º n.º 1, 14.º n.ºs 1 e 2, 22.º n.ºs 6 e 7 e 23.º n.º 4, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão actualizada, por último, pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro;

e) Nuno Gago, Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, com vista a apurar a sua responsabilidade à luz do disposto no artigo 141.º [Inobservância de outros deveres], ex vi artigo 171.º n.º 1 [Remissão para os factos dos dirigentes desportivos], ambos do RD LPFP 2019-20, por violação das disposições conjugadas do artigo 57.º n.º 1 do RC LPFP 2019-20, e Manual do Oficial de Ligação aos Adeptos, ANEXO VII ao citado RC [parte concernente à Definição e Deveres do OLA, concretamente as alíneas c) e d)], tendo por referência o disposto no artigo 35.º n.º 1

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alínea k do RC LPFP 2019-20, artigo 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alínea l), 14.º n.ºs 1 e 2, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão actualizada, por último, pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro, tendo por referência os artigos 22.º n.ºs 6 e 7, e 23.º n.º 4, da citada Lei. », vide, fls. 144 a 164 dos autos. »

5. Em 24 de abril de 2020 foram os autos remetidos ao Exmo. Senhor Presidente da Comissão de Instrutores da LPFP e efetuada a notificação da instauração do Processo Disciplinar n.º 92- 2019/2020.

&.2. Do Processo Disciplinar

6. Por Despacho do Exmo. Senhor Presidente da Comissão de Instrutores da LPFP, prolatado em 27 de abril de 2020, nos termos da alínea c) do Artigo 210.º do RDLPFP19, foi o Processo Disciplinar n.º 92-2019/2020 distribuído ao Ilustre Instrutor, Dr. Rogério Oliveira, que, no dia seguinte, atento o disposto nos artigos 228.º n.ºs 2 e 3, 229.º n.ºs 1 e 2 e 268.º n.º 3 do RDLPFP19, deu início à respetiva instrução, notificando os Arguidos nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 227.º do RDLPFP19 – cfr. despachos e notificações, melhor reproduzidos a fls. 172 a 237 -, bem como ordenando as seguintes diligências instrutórias:

a) que se procedesse à junção, aos presentes autos, (I) do extrato disciplinar dos Arguidos (cfr. fls. 199), extratos ora juntos a fls. 238 a 271, (II) do Auto de Vistoria (contendo a Ficha Técnica) correspondente ao Estádio Cidade de Barcelos, época 2019-2020 (cfr. fls. 199), ora junta a fls. 275 a 311, bem como (III) da informação quanto à inscrição, na época desportiva 2019-2020, de “Nuno Ricardo Delgado Constâncio” pela Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD e, em caso afirmativo, a que título (cfr. fls. 333 e 373).

b) que se procedesse à notificação do Departamento competente da Liga Portugal para juntar aos autos cópia do Regulamento Interno em matéria de Segurança e de Utilização dos Espaços de Acesso Público da Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda., aprovado e registado junto da APCVD, para a época 2019-2020 (cfr. fls. 333 a 372).

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7. Em 08.06.2020 e 26.06.2020, respetivamente, as Arguidas Gil Vicente Futebol Clube Futebol, SDUQ, Lda. e Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, vieram aos autos oferecer as suas pronúncias escritas, conforme melhor reproduzidas a fls. 314 a 323 e 328 a 332.

8. O processo encontra-se, ainda, autuado com o Relatório de Policiamento Desportivo elaborado por ocasião do jogo em questão (fls. 1 a 3), assim como todo o acervo probatório reunido em sede de processo de inquérito, conforme melhor reproduzido a fls. 7 a 114.

9. No dia 13 de agosto de 2020, o Ilustre Instrutor, por ter considerado estabilizada a prova recolhida em sede de instrução do presente Processo Disciplinar, elaborou Relatório Final (fls.

374 a 416) nos seguintes termos:

9.1. Propôs o arquivamento – parcial – do processo, respeitante à Arguida Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, por não se terem apurado indícios da prática das infrações disciplinares previstas e punidas pelos:

a) artigo 118.º [Inobservância qualificada de outros deveres] do RDLPFP19, por violação do disposto no artigo 35.º n.º 1 alínea k) do RC LPFP 2019-20, artigo 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, no Manual do Oficial de Ligação aos Adeptos, ANEXO VII ao citado RC [parte concernente à Definição e Deveres do OLA, concretamente as alíneas a), c), d) e j)], e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alínea l), 14.º n.ºs 1 e 2, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão atualizada, por último, pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro, tendo por referência os artigos 22.º n.ºs 6 e 7, e 23.º n.º 4, da citada Lei]

b) artigo 127.º n.º 1 [Inobservância de outros deveres], do RDLPFP19, por violação do disposto no artigo 35.º n.º 1 alínea k) do RC LPFP 2019-20, artigo 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, no Manual do Oficial de Ligação aos Adeptos, ANEXO VII ao citado RC [parte concernente à Definição e Deveres do OLA, concretamente as alíneas a), c), d) e j)], e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alíneas i), k) e l), 14.º n.ºs 1 e 2, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão atualizada, por último, pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro, tendo por referência os artigos 22.º n.ºs 6 e 7, e 23.º n.º 4, da citada Lei];

9.2. Deduziu a acusação contra 4 (quatro) Arguidos por ter resultado suficientemente que:

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« a) a Arguida Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda, cometeu uma infracção disciplinar p. e p. pelo artigo 127.º n.º 1 do RD, por violação do artigo 35.º n.º 1 alínea k) do RC LPFP 2019-20, nos artigos 6.º alínea l) e 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alíneas l) e s), 13.º n.º 1, 14.º n.ºs 1 e 2, 22.º n.ºs 6 e 7 e 23.º n.º 4, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão actualizada, por último, pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro;

b) o Arguido Augusto Filipe Linhares Sendim, Director de segurança da Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda, cometeu uma infracção disciplinar p. e p. pelo artigo 141.º do RD LPFP 2019-20 [Inobservância de outros deveres], por violação do disposto no artigo 55.º n.º 5 alínea c) do RC LPFP 2019-20, tendo por referência o disposto no artigo 35.º n.º 1 alínea k do RC LPFP 2019-20, nos artigos 6.º alínea l) e 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alíneas l) e s), 13.º n.º 1, 14.º n.ºs 1 e 2, 22.º n.ºs 6 e 7 e 23.º n.º 4, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão actualizada, por último, pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro;

c) o Arguido José Carlos Barbosa Fernandes, Director de segurança substituto da Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda, cometeu uma infracção disciplinar p. e p.

pelo artigo 141.º do RD LPFP 2019-20 [Inobservância de outros deveres], por violação do disposto no artigo 55.º n.º 5 alíneas c) e d) do RC LPFP 2019-20, tendo por referência o disposto no artigo 35.º n.º 1 alínea k do RC LPFP 2019-20, nos artigos 6.º alínea l) e 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alíneas l) e s), 13.º n.º 1, 14.º n.ºs 1 e 2, 22.º n.ºs 6 e 7 e 23.º n.º 4, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão actualizada, por último, pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro;

d) o Arguido Nuno Miguel de Almeida Pires Gago, Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, cometeu uma infracção disciplinar p. e p. pelo artigo 141.º [Inobservância de outros deveres], ex vi artigo 171.º n.º 1 [Remissão para os factos dos dirigentes desportivos], ambos do RD LPFP 2019-20, por violação das disposições conjugadas do artigo 57.º n.º 1 do RC LPFP 2019-20, e Manual do Oficial de Ligação aos Adeptos, ANEXO VII ao citado RC [parte concernente à Definição e Deveres do

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OLA, concretamente as alíneas c) e d), e na parte relativa aos Requisitos recomendáveis para o exercício da função, designadamente a alínea c)], tendo por referência o disposto no artigo 35.º n.º 1 alínea k do RC LPFP 2019-20, artigo 11.º n.ºs 2 e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, e nos artigos 3.º alínea i), 8.º n.º 1 alínea l) e s), 14.º n.ºs 1 e 2, todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de Julho, na versão actualizada, por último, pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro, tendo por referência os artigos 22.º n.ºs 6 e 7, e 23.º n.º 4, da citada Lei.

10. Sintetizando, o Ilustre Instrutor, da atividade instrutória que realizou, no presente Processo Disciplinar, acerca da responsabilidade disciplinar dos Arguidos entendeu:

I. Propor o ARQUIVAMENTO do processo disciplinar contra a Arguida Sport Lisboa e Benfica, Futebol SAD, por não se terem apurado indícios, da prática das infrações disciplinares previstas e punidas, quer pelo artigo 118.º [Inobservância qualificada de outros deveres], quer pelo 127.º n.º 1 [Inobservância de outros deveres], ambos do RDLPFP19. Considerou, pois, estar perante um non liquet probatório, que faz emergir o princípio in dubio pro reo e que, por isso, deveria ser valorado em benefício da Arguida, donde, em consonância, ter proposto o sobredito o arquivamento.

II. Deduzir ACUSAÇÃO contra a Arguida Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda., contra o Arguido Augusto Filipe Sendim [Diretor de segurança da Gil Vicente SDUQ], contra o Arguido José Carlos Barbosa Fernandes [Diretor de segurança substituto da Gil Vicente SDUQ] e contra o Arguido Nuno Miguel de Almeida Pires Gago [OLA da Benfica SAD].

11. Este Relatório final e a cópia digitalizada dos respetivos autos foram remetidos à Exma.

Senhora Presidente do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, que de pronto, em 17 de agosto de 2020, exarou Despacho a proceder à distribuição do Processo Disciplinar n.º 92-2019/2020 à Conselheira Isabel Lestra Gonçalves, os quais lhe foram na mesma data conclusos (fls. 419 e 420).

12. Em 04 de setembro de 2020 a Exma. Senhora Relatora, não concordando com a proposta de arquivamento formulada nos moldes acima referidos pelo Ilustre Instrutor, proferiu Despacho (fls. 422-449) e decidiu ao abrigo do disposto no artigo 234.º, n.º 3, alínea c), do RDLPFP19, deduzir ACUSAÇÃO, constante de fls. 450 a 465 dos autos, que aqui se dá por reproduzida e

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integrada, concluindo, em face do exposto, resultar “suficientemente indiciado que a Arguida Sport Lisboa e Benfica, futebol SAD cometeu a infração disciplinar prevista no artigo 118.º do RDLPFP19 e punida com a sanção de interdição do seu recinto desportivo a fixar entre o mínimo de um e o máximo de três jogos e a sanção de multa de montante a fixar entre o mínimo de 50 UC e o máximo de 250 UC, por inobservância dos deveres previstos no artigo 35.º n.º 1 alínea k) do RCLPFP19, artigo 11.º n.ºs 2 alínea b) e 4 do Regulamento da Prevenção da Violência, ANEXO VI ao citado RC, no Manual do Oficial de Ligação aos Adeptos, ANEXO VII ao citado RC [parte concernente à Definição e Deveres do OLA, alínea d)], e nos artigos 8.º n.º 1 alínea l) e s) 14.º n.ºs 1 e 2, 22.º n.º 6 alínea b) e n.º 7 e 23.º n.º 4 alínea b) todos da Lei n.º 39/2009, de 30 de julho, na versão atualizada.”. Determinou ainda a remessa daquela acusação à Senhora Presidente do Conselho de Disciplina da FPF.

II – Competência do Conselho de Disciplina

1. De acordo com o artigo 43.º, n.º 1 do RJFD20084, compete a este Conselho, de acordo com a Lei e com os Regulamentos e sem prejuízo de outras competências atribuídas pelos estatutos e das competências da liga profissional, instaurar e arquivar procedimentos disciplinares e, colegialmente, apreciar e punir as infrações disciplinares em matéria desportiva.

No mesmo sentido, dispõe o artigo 15.º do Regimento deste Conselho5.

2. Conforme o disposto no artigo 237.º RDLPFP19, bem como o consignado no artigo 234.º, n.º 3, alínea c), do RDLPFP19, deduzidas as acusações, são os autos remetidos à Secção Disciplinar no mais curto espaço de tempo e, se nada obstar ao seu recebimento, o Presidente do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, ordena a notificação da acusação aos Arguidos, procede ao agendamento de uma audiência disciplinar para um dos 10 dias úteis seguintes e distribui o processo a um dos Vogais, que será o respetivo Relator.

4 Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 248-B/2008, de 31 de dezembro (Regime Jurídico das Federações Desportivas e do Estatuto de Utilidade Pública Desportiva) e alterado pelo artigo 4.º, alínea c), da Lei n.º 74/2013, de 6 de setembro (Cria o Tribunal Arbitral do Desporto e aprova a respetiva lei) e ainda pelos artigos 2º e 4º Decreto-Lei n.º 93/2014, de 23 de junho, cujo texto consolidado constitui anexo a este último.

5 Disponível, na íntegra, na página da Federação Portuguesa de Futebol.

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3. No cumprimento do citado comando regulamentar, em 4 de setembro de 2020, a Exma.

Senhora Presidente Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol recebeu AS ACUSAÇÕES por nada obstar a tal, distribuiu os autos à Relatora, ora signatária, ordenou a notificação das acusações, nos termos regulamentares, aos Arguidos, e designou o dia 14 de setembro de 2020, pelas 14h00 para a audiência disciplinar a realizar na sede da Federação Portuguesa de Futebol, perante formação colegial da Secção Disciplinar, em função da natureza da infração, da pluralidade dos Arguidos e das sanções aplicáveis (fls. 467).

4. Na sequência da notificação do Despacho mencionado no ponto anterior a Ilustre Mandatária, Dr.ª Ana da Silva Ferreira, da Arguida Gil Vicente Futebol Clube, Futebol SDUQ, Lda. e dos Arguidos Augusto Filipe Linhares Sendim e José Carlos Barbosa Fernandes, respetivamente Diretor de Segurança e Diretor de Segurança Substituto, ambos da Gil Vicente Futebol Clube, Futebol SDUQ, Lda., apresentaram Requerimento, datado de 07 de setembro de 2020, peticionando o adiamento da supramencionada audiência disciplinar. Contudo, por Despacho fundamentado da Relatora (cfr. fls. 497-498), foi indeferido o requerido e mantidos o dia e a hora da audiência disciplinar.

5. Em 10 de setembro de 2020, a Arguida Benfica SAD e o Arguido Nuno Gago (OLA), apresentaram Memorial de Defesa conjunto, com meios de prova, designadamente a inquirição de uma testemunha, Paulo Nogueira – Oficial de Ligação aos Adeptos Substituto da SL Benfica SAD a depor sobre todas as matérias de facto da defesa (fls. 518 a 551), e 7 documentos, alegando, sinteticamente, o seguinte:

5.1. Inexistir qualquer violação por parte da SLBenfica SAD e do seu OLA de qualquer dever legal ou regulamentar, nas Acusações proferidas, respetivamente, impugnado o teor dos artigos 15.º e 17.º da Acusação deduzida pela CI, bem como o teor dos artigos 15.º e 17.º da Acusação deduzida pela Senhora Relatora do CD;

5.2. Inexistirem quaisquer factos na Acusação proferida pela Senhora Relatora, imputáveis à SLBenfica SAD, por ação ou omissão, que sejam suscetíveis de configurar

“grave prejuízo contra a imagem e o bom nome das competições de futebol”. Alicerça tal entendimento, por um lado, negando a existência de GOAs por si apoiados e, por outro lado por não estarem preenchidos os elementos típicos, objetivos e subjetivos, da infração disciplinar imputada, p. e p. pelo artigo 118.º do RDLPFP19. Para além disso,

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entende que, a existir conduta ilícita, atenta a manifesta falta da gravidade dos factos, sempre teria tal conduta de ser integrada na previsão do artigo 127.º do RDLPFP19, por respeito ao princípio da proporcionalidade e da proibição do excesso, previsto no artigo 266.º, n.º 1 da CRP e no artigo 7.º do CPA.

6. A ora Relatora por Despacho de 11 de setembro de 2020, contante de fls. 608 e 609, admitiu o predito memorial e a inquirição da testemunha requerida bem assim a prova documental, mais determinado a notificação da CI e dos restantes arguidos para, querendo, exercerem o contraditório, faculdade da qual prescindiram.

7. Em 14 de setembro de 2020 a Senhora Presidente do Conselho de Disciplina deu início à Audiência Disciplinar e procedeu-se a sustentação das acusações por parte do Ilustre Instrutor da CI e da Senhora Relatora acusadora, após o que Senhora Presidente, face à não oposição de todos os intervenientes processuais presentes, determinou a suspensão da audiência disciplinar ao abrigo do disposto no artigo 244.º, n.º 6 do RDLPFP19. Tal, deveu-se ao facto deste Conselho ter sido informado, no próprio dia da Audiência Disciplinar, que a Ilustre Mandatária dos Arguidos Augusto Sendim e José Fernandes e Gil Vicente SDUQ não poderia comparecer na referida diligência por questões de saúde imprevistas, possivelmente por suspeita de doença infeciosa. Mais determinou a Senhora Presidente a data para a continuação da audiência, designando o dia 21 de setembro de 2020, pelas 14h, através de meios telemáticos.

8. Em 15 de setembro de 2020, as Ilustres Mandatárias, ausentes na primeira sessão da audiência disciplinar, vieram juntar os documentos comprovativos da realização dos testes laboratoriais realizados e respetivos resultados, considerando-se, por Despacho datado de 17 de setembro de 2020, devidamente justificado o impedimento, prosseguimento assim os autos com a segunda sessão da audiência disciplinar.

9. Desta feita, em 21 de setembro de 2020 retomou-se a Audiência Disciplinar que cumpriu os seus trâmites regulamentares com todos os intervenientes processuais presentes. Findas as alegações finais, a Senhora Presidente do Conselho de Disciplina deu como encerrada a Audiência Disciplinar. Após deliberação da Formação Colegial da Secção Profissional do Conselho de Disciplina, foram os autos conclusos à ora Relatora para prolatar a decisão final.

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III – Questão prévia Aplicação da lei no tempo

1. Impõe-se, neste capítulo, cuidar de saber se, quando uma lei deixa de estar em vigor, a mesma cessa de produzir efeitos, ou se, por imperativo de justiça, devemos regular à sua luz um conjunto de factos e efeitos jurídicos que se tenham verificado no seu tempo de vigência.

2. Ora, suscitando-se assim o problema da sucessão de leis no tempo, colocado a propósito da entrada em vigor do RDLPFP206, tem de ser resolvido, em primeiro lugar, através das normas de direito transitório especial (normas do novo regulamento que disciplinem a sua aplicação no tempo), depois pelas normas de direito sectorial (normas que regulam a aplicação no tempo das leis sobre certa matéria) e, finalmente pelas normas de direito transitório gerais (as que definem o modo de aplicação no tempo da generalidade das leis)7.

Vejamos,

3. Como vimos referindo, o que está aqui em causa é a apreciação de factos ocorridos no jogo entre a Gil Vicente Futebol Clube – Futebol, SDUQ, Lda. e a Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, realizado no dia 24 de fevereiro de 2020, a contar para a 22.ª jornada da Liga NOS, relativo à época desportiva de 2019/2020, estando em vigor o RDLPFP19.

6Regulamento Disciplinar das Competições Organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional aprovado na Assembleia Geral Extraordinária de 27 de junho de 2011, com as alterações aprovadas nas Assembleias Gerais Extraordinárias de 14 de dezembro de 2011, 21 de maio de 2012, 06 e 28 de junho de 2012, 27 de junho de 2013, 19 e 29 de junho de 2015, 08 de junho de 2016, 15 de junho de 2016 e 29 de maio, 13 de junho de 2017, 29 de dezembro de 2017, 13 de junho de 2018 e 29 de junho de 2018 e de 22 de maio de 2019 e de 28 de julho de 2020, ratificado na reunião da Assembleia Geral da FPF de 26 de agosto de 2020, doravante abreviado, por mera economia de texto, por RDLPFP20. O texto regulamentar encontra-se disponível, na íntegra, na página da LPFP.

Sublinhe-se que este Regulamento entrou em vigor no dia 16 de setembro de 2020, na sequência da publicação do Comunicado Oficial n.º 83 da Federação Portuguesa de Futebol, datado de 15 de setembro de 2020, e publicado no dia seguinte. Realidade que está em conformidade com a Disposição transitória 1.ª do RDLPFP20, de epígrafe “Entrada em vigor”, que estatui: «O presente Regulamento entra em vigor imediatamente após a publicação em comunicado oficial da deliberação de ratificação pela Assembleia- Geral da FPF, nos termos do artigo 47.º dos Estatutos Federativos».

7 Nos casos em que o legislador não regula expressamente a questão da aplicação no tempo de uma nova lei, e na ausência de disposição constitucional aplicável, deve seguir-se o critério estabelecido no Código Civil (princípio da irretroatividade da lei), que tem a sua repercussão no artigo 8.º (Princípio da irretroatividade) do RDLPFP19, mantendo-se na redação do RDLPFP20.

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4. Sendo o presente Acórdão prolatado na vigência do RDLPFP20, cumpre então indagar se a sucessão de regimes regulamentares levanta, in casu, um problema de aplicação da lei no tempo.

5. Com efeito, e em consonância com os anteriores regulamentos, o RDLPFP20 contém disposição específica em matéria de aplicação no tempo, estatuindo no artigo 11.º o seguinte:

«1. As sanções são determinadas pela norma punitiva vigente no momento da prática da infração disciplinar.

2. O facto punível como infração por norma legal ou regulamentar no momento da sua prática deixa de ser punível se, em virtude da entrada em vigor de nova disposição legal ou regulamentar, deixar de ser qualificado como infração disciplinar; no caso de já ter havido condenação, ainda que por decisão já definitiva na ordem jurídica desportiva, cessa de imediato a respetiva execução.

3. Quando a sanção aplicável no momento da prática do facto for diversa daquela que vigorar em momento posterior será sempre aplicado o regime que concretamente se mostrar mais favorável ao arguido, salvo se este já tiver sido condenado por decisão definitiva na ordem jurídica desportiva.

(...)

6. As normas procedimentais previstas no presente Regulamento serão aplicáveis a todos os procedimentos instaurados após a sua entrada em vigor.»

6. Atendendo a que a factualidade que motivou a abertura do presente processo foi praticada antes da entrada em vigor do RDLPFP20 e tendo presente que este processo disciplinar foi instaurado ainda na vigência no RDLPFP19, o direito aplicável, tanto do ponto de vista substantivo como do ponto de vista processual-adjetivo, é o RDLPFP19.

Concretizando,

6.1 Efetivamente, compulsados os dois regimes jus-disciplinares, as normas tipificadoras e sancionatórias das infrações disciplinares em causa no presente processo, previstas e punidas pelos artigos 127.º (Inobservância de outros deveres – dos clubes), 141.º (Inobservância de outros deveres – dirigentes) e 118.º

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(Inobservância qualificada de outros deveres – clubes), todas do RDLPFP19, não sofreram qualquer alteração, nem no seu conteúdo normativo, nem no seu arco sancionatório, pelo que se dispensa o confronto entre os regimes jurídicos sucessivos no sentido de apurar qual o regime jurídico mais favorável à Arguida.

6.2. Do mesmo modo, face ao disposto no artigo 11.º n.º 6 do RDLPFP20 serão igualmente as normas procedimentais previstas no RDLPFP19 as aplicáveis, uma vez que o presente procedimento foi instaurado ainda na sua pendência e, portanto, antes da entrada em vigor do atualmente vigente RDLPFP20.

7. É igualmente crucial no âmbito da aplicação da lei no tempo que se faça um excurso pelas normas do Regulamento de Competições Organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (doravante RCLPFP198), bem como da Lei n.º 39/2009, de 30 de julho, que estabelece o Regime Jurídico da Segurança e Combate ao Racismo, à Xenofobia e à Intolerância nos Espetáculos Desportivos9, face à circunstância das Acusações invocarem normas neles constantes.

8. Ora, se em matéria de obrigações constantes no RCLPFP19 os deveres que para as Arguidas decorrem nos termos do supracitado Regulamento sofreram alterações sem relevância expressiva para a matéria dos autos10, já no que concerne à Lei n.º 39/2009, de 30 de julho, existem algumas diferenças de regime entre a redação que lhe foi dada pela Lei n.º 52/2013, de 25 de julho e a versão atualizada pela Lei n.º 113/2019, de 11 de setembro.

9. Para melhor elucidação vejamos no seguinte quadro comparativo as diferenças nas normas

8 Regulamento de Competições Organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, com as alterações aprovadas nas Assembleias Gerais Extraordinárias de 27 de Junho de 2011, 14 de Dezembro de 2011, 21 de Maio de 2012, 28 de Junho de 2012, 27 de Junho de 2013, 20 de Junho de 2014, 19 e 29 de Junho de 2015, 21 de Outubro de 2015, 15 de Março de 2016, 28 de Junho de 2016, 07 de Fevereiro de 2017, 12 de Junho de 2017, 29 de Dezembro de 2017, 27 de Fevereiro de 2018, 27 de Abril de 2018, 25 de Maio de 2018, 29 de Junho de 2018 e 22 de Maio de 2019.

9 Esta é a atual denominação decorrente da alteração ao título da Lei n.º 39/2009, de 30 de julho, pelo artigo 4.º da Lei 113/2019, de 11 de setembro (em conformidade com a Declaração de Retificação n.º 52/2019, de 7 de outubro de 2019) passando a ser a seguinte: «Estabelece o regime jurídico da segurança e combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos».

10 A título exemplificativo os deveres previstos no artigo 55.º, n.º 5, alíneas c) e d), estão atualmente consignados nas alíneas d) e e) do mesmo artigo.

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destas duas versões:

Artigo Lei n.º 52/2013, de 25.07 Artigo Lei n.º 113/2019, de 11.09

3.º al. i) [Definições]

“Grupos organizados de adeptos” «o conjunto de adeptos, filiados ou não numa entidade desportiva, tendo por objecto o apoio a clubes, a associações ou a sociedades desportivas»

3.º al. i) [Definições]

“Grupo organizado de adeptos”

«o conjunto de pessoas, filiadas ou não numa entidade desportiva, que atuam de

forma concertada,

nomeadamente através da utilização de símbolos comuns ou da realização de coreografias e iniciativas de apoio a clubes, associações ou sociedades desportivas, com carácter de permanência»

8.º, 1, al. s) [Deveres dos

promotores, organizadores

e proprietários]

“1 - Sem prejuízo de outros deveres que lhes sejam cometidos nos termos da presente lei, e na demais legislação ou regulamentação aplicáveis, são deveres dos promotores do espetáculo desportivo: (…) s) Impedir a utilização de megafones e outros instrumentos produtores de ruídos, por percussão mecânica e de sopro, bem como de bandeiras, faixas, tarjas e outros acessórios, de qualquer natureza e espécie, de dimensão superior a 1m por 1m, que não sejam da responsabilidade dos clubes e sociedades, nos recintos onde se realizem espetáculos desportivos integrados nas competições desportivas de natureza profissional (…), fora das zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos; (…)”

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16.º - A11 [Zona com condições especiais de

acesso e permanência

de adeptos]

1- Nos recintos onde se realizem espetáculos desportivos integrados nas competições desportivas de natureza profissional (…), são criadas zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos.

2- (…).

3- (…).

4- (…).

5- (…).

6- (…).

7- (…).

8- A utilização de megafones e outros instrumentos produtores de ruídos, por percussão mecânica e de sopro, desde que não amplificados com auxílio de fonte de energia externa, bem como de bandeiras, faixas, tarjas e outros acessórios, de qualquer natureza e espécie, de dimensão superior a 1 m por 1 m, passíveis de serem utilizados em coreografias de apoio aos clubes e sociedades desportivas, é permitida nas zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos.

9- A utilização dos materiais previstos no número anterior está sujeita à aprovação conjunta por parte do promotor do espetáculo desportivo e das forças de

11 Sublinhe-se que esta norma apenas entra em vigor na época desportiva 2020/2021, nos termos das disposições conjugadas do artigo 5.º [Norma transitória] da Lei n.º 113/2019, de 11 de setembro, e da Declaração de Retificação n.º 52/2019, de 7 de outubro de 2019.

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segurança e serviços de emergência.

10- Nos recintos onde se realizem espetáculos abrangidos pelo presente artigo, os grupos organizados de adeptos apenas podem aceder e permanecer nas zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos, nos termos previstos nos números anteriores.

11- A utilização dos materiais em violação do disposto no n.º 9 implica o afastamento imediato do recinto desportivo, a efetuar pelas forças de segurança presentes no local, bem como a apreensão dos mesmos.

12- O incumprimento do disposto nos n.ºs 1, 4, 5, 6 e 10 implica, para o promotor do espetáculo desportivo, enquanto as situações se mantiverem, a realização de espetáculos desportivos à porta fechada, sanção a aplicar pela APCVD.

13- Ao acesso e à permanência nas zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos aplicam-se as regras previstas nos n.ºs 1 a 5 do artigo 22.º e nos n.ºs 1 a 3 do artigo 23.º.

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22.º [Condições de

acesso de espetadores

ao recinto desportivo]

1- (…) 2- (…) 3- (…) 4- (…) 5- (…)

6- Sem prejuízo do disposto no artigo 16.º-A, no acesso aos recintos desportivos integrados em competições desportivas de natureza profissional (…), é vedado aos espetadores do espetáculo desportivo a posse, transporte ou utilização de:

a) Megafones e outros instrumentos produtores de ruídos, por percussão mecânica e de sopro;

b) Bandeiras, faixas, tarjas e outros acessórios, de qualquer natureza e espécie, de dimensão superior a 1 m por 1 m, passíveis de serem utilizados em coreografias de apoio aos clubes e sociedades desportivas.

7- Excetua-se do disposto no número anterior a utilização de bandeiras, faixas, tarjas e outros acessórios de proporção considerável utilizados em coreografias, promovidas pelo promotor do espetáculo desportivo ou pelo organizador da competição desportiva, de implementação generalizada no recinto desportivo, desde que previamente autorizadas pelo promotor do espetáculo desportivo e pelas forças de segurança.

1- (…) 2- (…)

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23.º [Condições de

permanência dos espetadores

no recinto desportivo]

3- (…)

4- Sem prejuízo do disposto no artigo 16.º-A, nos recintos desportivos integrados em competições desportivas de natureza profissional (…), é vedado aos espetadores do espetáculo desportivo a posse, transporte ou utilização de:

i) Megafones e outros instrumentos produtores de ruídos, por percussão mecânica e de sopro;

ii) Bandeiras, faixas, tarjas e outros acessórios, de qualquer natureza e espécie, de dimensão superior a 1 m por 1 m, passíveis de serem utilizados em coreografias de apoio aos clubes e sociedades desportivas, que não sejam da responsabilidade destes últimos.

5- (…).

24.º [Condições especiais de permanência

dos grupos organizados de adeptos]

1- Os grupos organizados de

adeptos podem,

excecionalmente, utilizar no interior do recinto desportivo megafones e outros instrumentos produtores de ruídos, por percussão mecânica e de sopro, desde que não amplificados com auxílio de fonte de energia externa.

2 – O disposto no número anterior carece de autorização prévia do promotor do espetáculo desportivo, devendo este comunicá-la à força de segurança.

3- (…).

4- A violação do disposto nos números anteriores implica o afastamento de imediato do recinto desportivo, a efetuar

24.º [Condições especiais de permanência

dos grupos organizados de adeptos]

1- Nos recintos desportivos onde se realizem espetáculos desportivos não abrangidos pelo disposto no artigo 16.º-A, os grupos organizados de

adeptos podem,

excecionalmente, utilizar megafones e outros instrumentos produtores de ruídos, por percussão mecânica e de sopro, desde que não amplificados com auxílio de fonte de energia externa.

2 – O disposto no número anterior carece de autorização prévia do promotor do espetáculo desportivo e das forças de segurança.

3- (…).

4- A violação do disposto nos números anteriores implica o

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pelas forças de segurança, pelos assistentes de recinto desportivo presentes no local ou, caso não se encontre no local qualquer dos anteriormente referidos, pelo gestor de segurança, bem como a apreensão dos instrumentos em causa.

afastamento de imediato do recinto desportivo, a efetuar pelas forças de segurança, pelos assistentes de recinto desportivo presentes no local ou, caso não se encontre no local qualquer dos anteriormente referidos, pelo gestor de segurança, bem como a apreensão dos instrumentos em causa.

25.º [Revista pessoal de prevenção e

segurança]

1- (…) 2- (…) 3- (…)

4- A revista é obrigatória no que diz respeito aos grupos organizados de adeptos.

25.º [Revista pessoal de prevenção e

segurança]

1- (…) 2- (…) 3- (…)

4- A revista é obrigatória no que diz respeito aos adeptos que pretendam aceder às zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos.

5.º [Norma Transitória]12

1- O disposto no n.º 2 do artigo 9.º e no artigo 16.º-A da Lei n.º 39/2009, de 30 de julho, com a redação dada pela presente lei, produz efeitos na época desportiva que se inicie no ano civil seguinte à data da sua publicação.

2- (…) 3- (…)

10. Compulsadas as distintas redações, é possível verificar que, não obstante a “Zona com condições especiais de acesso e permanência de adeptos” –, imposição decorrente da versão atualizada pela Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro (artigo 16.º -A), não se encontrar ainda em vigor13 e, como tal, não dever ser considerada para efeitos desta análise comparativa, a verdade é que o bloco normativo desta última redação, apresentando-se amplamente mais

12 Nos termos conjugados do artigo 5.º da Lei n.º 113/2019, de 11 de setembro, e da Declaração de Retificação da Assembleia da República n.º 52/2019, de 07 de outubro.

13 Como referido na nota 11.

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proibitivo, designadamente no que concerne à utilização de megafones e outros instrumentos produtores de ruídos, por percussão mecânica e de sopro, bem como de bandeiras, faixas, tarjas e outros acessórios de qualquer natureza e espécie, de dimensão superior a 1m por 1m, que não sejam promovidas pelo promotor do espetáculo desportivo ou pelo organizador, e que não sejam de implementação generalizada no recinto desportivo [estes últimos, em realce, tão pouco mencionados na anterior versão da Lei n.º 52/2013 de 25 de Julho, por comparação, agora, com a atual versão da Lei n.º 113/2019, de 11 de Setembro, e de onde se destacam os supra citados artigos 8.º, n.º 1, alínea s), 22.º e 23.º], é mais gravoso para a Arguida. Porém, não obstante esse cariz mais gravoso, à data dos factos, as normas desta Lei convocadas na acusação já se mostravam em vigor, pelo que, não se coloca a questão da aplicação no tempo

11. Inexistindo outras questões prévias de que se deva tomar conhecimento ou apreciar, passaremos para a análise e valoração da prova realizada, quer na fase de Instrução, quer na audiência disciplinar.

IV – Fundamentação de facto

§1. A prova no direito disciplinar desportivo

1. Nem no RDLPFP19, nem em qualquer outro diploma de natureza jus-disciplinar desportiva que regule as competições futebolísticas, encontramos uma resposta expressa à questão da valoração da prova em ambiente disciplinar desportivo.

2. Contudo, encontramos no RDLPF19 uma norma que nos permite enfrentar esta questão: o art.º 16º n.º 1, cuja previsão transcrevemos: “Na determinação da responsabilidade disciplinar é subsidiariamente aplicável o disposto no Código Penal e, na tramitação do respetivo procedimento, as regras constantes do Código de Procedimento Administrativo e, subsequentemente, do Código de Processo Penal, com as necessárias adaptações”.

3. Compulsados os diversos compêndios legais adjetivos existentes no nosso ordenamento jurídico e, portanto, potencialmente aplicáveis, é, sem dúvida, no processo penal que vamos encontrar um complexo normativo referencial para a questão da valoração da prova no direito

Referências

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