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1 Professor Doutor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Tocantins.

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VALORAÇÃO ECONÔMICA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA PRODUÇÃO DE SOJA E MILHO NOS CERRADOS BRASILEIROS

Waldecy Rodrigues1 Resumo - Este artigo tem o objetivo de valorar economicamente os impactos ambientais

de tecnologias de plantio de soja e milho nos região de cerrados. Foram medidos os impactos ambientais do plantio convencional e direto. Para a valoração econômica do processo erosivo e o assoreamento de recursos hídricos causados pelas técnicas de plantio foi utilizado o Método Custo-Reposição (MCR). No caso da soja a adoção do plantio direto eleva o custo de produção em 0,47%, mas com a adição do custo de reposição de nutrientes do solo este custo passa a ser (-0,37%) menor do que no plantio convencional.. Ainda, com a posterior adição do custo de remoção de sedimentos de recursos hídricos, o custo social da soja passa a ser (-0,93%) menor do que no plantio convencional. No cultivo do milho, os custos de produção do plantio direto são (-5,92%) menores do que os referentes ao plantio convencional, demostrando sua maior eficiência econômica. O plantio direto tem custos 3,62% superiores nos insumos e são inferiores em (-43,44%) no preparo do solo com relação ao plantio convencional, mostrando uma maior eficiência econômica no resultado geral. Ademais, a adoção do plantio direto reduz o custo ambiental em (-29,43%) e o custo social do milho em (-6,17%), também ficando assim demonstrado a maior sustentabilidade do plantio direto.

Palavras-chaves: Método custo-reposição, cerrados, valoração ambiental. 1) Introdução

A sustentabilidade na atividade agrícola está diretamente relacionada com os impactos ambientais, econômicos e sociais provocados pela utilização das tecnologias agrícolas. A discussão sobre o desenvolvimento rural sustentável passa fundamentalmente pela análise das escolhas técnicas feitas pelos produtores rurais e seus efeitos sobre a eficiência da produção e as externalidades ambientais geradas no processo.

Historicamente, os Cerrados brasileiros, com a expansão da fronteira agrícola na região a partir da década de 70, passaram a ser sistematicamente ocupados pela produção agropecuária em larga escala. O modelo tecnológico dominante na exploração agrícola nos Cerrados é profundamente dependente de insumos externos (calcário e fertilizantes) produzidos por grandes indústrias do setor químico.

Este artigo tem o objetivo de valorar economicamente os impactos ambientais de tecnologias de plantio de soja e milho nos região de cerrados. Pretende-se problematizar a relação entre a eficiência na combinação de insumos e seus custos privados com a geração das externalidades ambientais e seus custos sociais. A idéia básica é comparar diferentes alternativas de plantio – plantio direto e plantio convencional – quanto seus custos privados e ambientais.

Assim, surge a necessidade de se comparar técnicas de cultivo não só quanto aos seus custos privados, mas abrangendo a questão de sua sustentabilidade. Assim, é necessário questionar quais são os custos e benefícios privados e sociais do uso das técnicas de plantio para melhor conciliar as escolhas tecnológicas dos com o bem-estar social .

1Professor Doutor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Tocantins. E-mail:

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2) Metodologia

Para a valoração econômica do processo erosivo foi utilizado o método custo-reposição (efeitos internos e efeitos externos). Em que pese todos os limites da aplicação dos métodos de valoração ambiental, os mesmos são de grande utilidade para avaliação de impactos ambientais da produção agrícola.

O Método Custo de Reposição (MCR) está baseado na reparação de algum dano ao recurso ambiental e o custo de reposição pode ser entendido como uma medida do seu benefício. PEARCE (1993) afirma que o MCR é freqüentemente utilizado como uma medida do dano causado. Essa abordagem é correta nas situações em que é possível argumentar que a reparação do dano deve acontecer por causa de alguma restrição da sustentabilidade da produção agrícola no longo prazo.

O MCR será utilizado empiricamente a partir dos seguintes procedimentos metodológicos:

1. descrição das tecnologias de plantio a serem analisadas – plantio direto e plantio convencional - enfatizando suas características técnicas e econômicas;

2. análise das relações naturais entre causas e efeitos do processo de erosão agrícola causado pelo uso de tecnologias de plantio na região do Cerrado;

3. valoração econômica dos efeitos do processo erosivo no custo de reposição de nutrientes dos solos nas tecnologias de plantio abordadas;

4. valoração econômica dos efeitos do processo de assoreamento dos recursos hídricos nas tecnologias de plantio abordadas no custo de reposição para companhia de recursos hídricos.

3) Resultados e Discussões

3.1) Evolução do plantio direto nos cerrados brasileiros

Segundo LANDERS (1996) , o plantio direto (PD) foi introduzido no país, em 1969, em Não-Me-Toque – RS, com um plantio experimental de sorgo. Em relação às técnicas convencionais de preparo e cultivo do solo, o PD apresenta práticas agronômicas inovadoras, que movimentam menos o solo e permitem um eficiente controle da erosão, pela manutenção de uma cobertura morta (palha) sobre o solo. A adoção do PD foi uma reação espontânea de agricultores que sentiram a falta de sustentabilidade econômica e física do sistema de plantio convencional, intensivamente mecanizado, e em função dos efeitos da erosão e do alto investimento em maquinário.

As principais características técnicas do plantio direto, que reduzem o impacto erosivo nos solos, são (LANDERS, 1996):

1. A eliminação do uso de práticas agrícolas convencionais, como a aração e a gradagem, reduzindo a movimentação de máquinas sobre o solo;

2. Criação de uma cobertura permanente de palha na superfície, aumentando a fertilidade do solo;

3. Plantio com máquinas especializadas que cortam a palha para inserir simultaneamente a semente e o adubo (racionalização do uso de insumos).

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TABELA 1 – Evolução da área plantadas em plantio direto (em ha)

Ano agrícola Cerrados Brasil

1974/75 - 8.000 1976/77 - 57.000 1978/79 - 54.000 1980/81 - 205.000 1982/83 500 260.000 1984/85 2.000 500.000 1986/87 9.000 n.d. 1988/89 35.000 n.d. 1990/91 87.000 1.000.000 1991/92 180.000 1.350.000 1992/93 270.000 n.d. 1993/94 420.000 3.000.000 1994/95 930.000 3.800.000 1995/96 1.500.000 4.500.000 1996/97 1.938.000 7.900.000 1997/98 2.670.000 10.100.000 1998/99 3.402.000 12.100.000 1999/00 4.000.000 13.470.000

Fonte – Fundação ABC - Citada por LANDERS (1996), p. 14. FEBRAPD (2001).

Entre 1990/2000, houve uma expansão de 4.498% na área plantada nos cerrados com a utilização da tecnologia do plantio direto, em contrapartida com uma expansão de 1.247% na área plantada no Brasil (Tabela 1). Houve uma expansão considerável da utilização do plantio direto, tanto no Brasil, com particular destaque para região dos cerrados, por ser uma importante fronteira agrícola do país, com a exploração intensiva de commodities propícias a utilização desta tecnologia de plantio.

Outros fatores devem ser observados como elementos da mudança de comportamento dos produtores rurais na adoção de tecnologias com menor impacto ambiental . SAMAHA e LANDERS (1998), ressalta que essas mudanças estão sendo condicionadas por uma crescente exigência social a respeito da qualidade ambiental.

Dessa forma, o plantio direto se torna uma ferramenta importante para a busca da competitividade e da sustentabilidade da produção agrícola. Competitividade pois possibilita a maximização do lucro na propriedade rural no longo prazo, pela contenção do processo de erosão e sustentabilidade pois esta tecnologia reduz os impactos ambientais causados pelo processo erosivo reduzindo o nível de externalidades ambientais negativas.

Segundo CAMPANHOLA et alli (1997) pode-se adotar um enfoque simplificador e quantificar a externalidades ambientais negativas de acordo com a importância que o bem perdido ou deteriorado tem para o agrossistema. Neste caso, o custo da erosão seria dado pelo valor dos nutrientes contidos no solo que foi perdido, ou, em outros casos mais graves onde a área torna-se inapta para a agricultura, o custo é obtido pelo preço de mercado da área de terra afetada. Entretanto, este tipo de abordagem não mede os danos sobre outros bens e serviços ambientais, como por exemplo, perdas da biodiversidade, e, também, não mede outros efeitos decorrentes do processo erosivo que afetam outras partes do ecossistema, como, por, exemplo, a qualidade dos recursos hídricos.

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QUADRO 1 - As relações entre causas e efeitos no processo de erosão agrícola na região do Cerrado.

Problema Causas do problema Agentes causadores Efeitos Agentes

receptores

Erosão do solo na

área de lavoura - Taxas de infiltração do solo reduzidas pela compactação do solo;

- Monoculturas;

-Insuficiente cobertura do solo; - Práticas de manejo do solo mal dimensionadas.

- Agricultores (pelo removimento excessivo do solo e práticas de manejo inadequadas).

- Perda da população de plantas;

- Perda de nutrientes, calcário e outros insumos; - Deposição de sedimentos nos terraços;

- Sulcos e voçorocas de erosão; - Elevação dos custos de produção; - Queda na produtividade.

- Os próprios agricultores.

Externalidades geradas pela erosão do solo nas áreas agrícolas

Poluição da água - Solutos líquidos em suspensão - Agricultores - Assoreamento dos rios e represas;

- Elevação dos custos de tratamento da água; - Eutrofização dos rios;

- Redução da população de peixes;

- Aumento nos custos de manutenção de usinas hidrelétricas. -Usinas hidrelétricas; - Pescadores; -População a jusante.

Regime hídrico - Redução na fase de infiltração do

solo - Agricultores - Redução na taxa de infiltração do solo; Aumento no volume das enchentes;

- Redução nos caudais dos rios e rendimento de poços durante a estiagens;

- Redução na evaporação do solo.

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O processo de erosão dos solos tem basicamente dois tipos de efeitos: internos e externos. Os efeitos internos estão associados com a perda da eficiência da produção agrícola associados com o processo erosivo. Nesse sentido, esses custos são absorvidos pelos próprios produtores rurais, aumentando assim seus custos de produção no médio e longo prazo. Já os efeitos externos são absorvidos por outros agentes econômicos que sofrem fundamentalmente com o processo de assoreamento dos recursos hídricos, sendo que estes custos não estão incluídos nos custos privados do produtor / degradador.

3.2 - Efeitos internos do processo de erosão dos solos

Os custos internos do processo de erosão devem ser calculados utilizando-se as perdas de solo por cultura transformadas em perdas de nutrientes conforme a composição do solo. Considera-se que toda a perda de terra representa também correspondente perda de nutrientes. Tem-se a seguinte equação de determinação dos custos internos (MARQUES, 1998):

Custos internos = Qn (Pn + Ca) + (Pp * Qp), onde:

Qn = fertilizantes carreados pela erosão; Pn = preço dos fertilizantes;

Ca = custo de aplicação dos fertilizantes Pp = preço da produção agrícola;

Qp = redução da produtividade de longo prazo em virtude da erosão2.

A idéia básica é comparar os custos gerados pelo processo de erosão na utilização de duas tecnologias alternativas de plantio: plantio convencional utilizando técnicas de aração e gradeamento dos solos e o plantio direto que busca o não removimento dos solos e a formação de uma palhada visando aumentar a produtividade no longo prazo. Verifica-se na Tabela 2 que o plantio convencional gera uma erosão 300,12% superior ao plantio direto, indicando que esta tecnologia é muito mais sustentável no que diz respeito exclusivamente ao manejo dos solos.

TABELA 2 – Grupos de culturas, área ocupada e perdas de solo no município de Mineiros – GO

Produtos Área ocupada

(ha)¹ Erosão no plantio convencional (ton./ano)² Erosão no plantio direto (ton./ano)² Soja 44.864 215.347,20 40.377,60 Milho 8.672 29.484,80 20.812,80 TOTAL 55.536 244.832,00 61.190,40

Fonte: ¹IBGE - Censo Agropecuário (1995/1996); ² Cálculos feitos a partir de SATURNINO e

LANDERS (1997); o arraste de partículas na soja plantio convencional é de 4,8 ton./ano e no plantio direto 0,9 ton./ano; no milho os indicadores para o plantio convencional e o plantio são respectivamente 3,4 ton./ano e 2,4 ton./ano.

Para se avaliar os efeitos do processo erosivo sobre a rentabilidade do produtor individual serão elaboradas duas hipóteses: 1) toda a produção de milho e soja no município de Mineiros – GO é feita através do plantio convencional (tabela .3) e; 2) toda a produção de milho e soja é realizada pelo uso do plantio direto (tabela 4).

Utilizando-se o Método Custo-Reposição verifica-se na tabela 3 que se todos os produtores de milho e soja do município de Mineiros – GO utilizarem a tecnologia tradicional têm um custo anual com reposição de nutrientes de R$ 227.482,46, ou seja, um valor médio de R$ 4,10 por hectare.

2 Neste trabalho não são considerados a perda de produtividade no longo prazo com a erosão. Por hipótese

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TABELA 3 – Estimativa do valor econômico das perdas de solo no Plantio Convencional no município de Mineiros – GO

Nutrientes Concentração de nutrientes no solo (%)¹ Perdas de nutrientes (ton.) Fertilizantes Kg. Fert./kg nutrientes¹ Perdas de fertilizante s (ton./ano) Preço dos fertilizantes (R$ ) Valor econômico das perdas em R$ / ano Nitrogênio 0,096750 236,87 Uréia (45% N) 2,22 525,85 388,00 204.029,04 Fósforo 0,002614 6,40 Superfosfato simples 5,56 35,58 263,00 9.537,54 Potássio 0,010058 24,63 Cloreto de potássio 1,66 4,08 220,00 897,60 Cálcio +

Magnésio 0,094872 232,28 Calcário dolomítico 2,63 610,90 21,31 13.018,28 Perdas do

solo em ton. 244.832,00 - - - 227.482,46 Fonte – Elaborado pelo próprio autor; ¹indicadores técnicos colhidos em Marques (1998).

Por outro lado observa-se que , de acordo com a tabela 4, se todos os produtores do município utilizarem a tecnologia do plantio direto teriam um custo médio com reposição de nutrientes de R$ 1,06 por hectare, ou seja, um custo anual com reposição de nutrientes de R$ 58.949,48.

TABELA 4 – Estimativa do valor econômico das perdas de solo no Plantio Direto no município de Mineiros – GO Nutrientes Concentração de nutrientes no solo (%) Perdas de nutrientes (ton.) Fertilizantes Kg. Fert./kg nutrientes Perdas de fertilizante s (ton./ano) Preço dos fertilizantes (R$ ) Valor econômico das perdas em R$ / ano Nitrogênio 0,096750 59,20 Uréia (45% N) 2,22 131,42 388,00 50.992,51 Fósforo 0,002614 1,60 Superfosfato simples 5,56 8,90 263,00 2..340,70 Potássio 0,010058 6,47 Cloreto de potássio 1,66 10,74 220,00 2.362,84 Cálcio +

Magnésio 0,094872 58,05 Calcário dolomítico 2,63 152,67 21,31 3.253,43 Perdas do

solo em ton. 61.190,40 - - - 58.949,48 Fonte – Elaborado pelo próprio autor; ¹indicadores técnicos colhidos em Marques (1998).

Em uma abordagem comparativa dos custos anuais de reposição com nutrientes, verifica-se uma redução de 74,15% com adoção da tecnologia conservacionista (plantio direto). Entretanto, do ponto de vista econômico, em uma perspectiva de maximização de lucros no curto prazo, os produtores rurais podem preferir a alternativa de ocupar outras áreas na sua propriedade sem fazer o custo de reposição de nutrientes ou mesmo trocar a tecnologia de plantio. Nesse sentido, pode ocorrer o desmatamento das reservas florestais legais e das matas ciliares para o uso como lavouras.

3.3 - Efeitos externos: os custos do assoreamento para os sistemas de captação de água

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reservatórios é a seguinte (CHAVES ET ALII, 1995)3:

R = P . E . n . A . p

Onde:

R – volume de retenção de sedimentos nos recursos hídricos P – valor médio de perda do solo

E – taxa de entrega de sedimentos

n – eficiência média de retenção dos sedimentos nos recursos hídricos A – área estimada pela ocupação de lavouras

p – volume do solo carreado para os recursos hídricos

Ainda em uma perspectiva comparativa, nas tabelas 5 e 6 têm-se para as culturas do milho e da soja tem-se os seguintes indicadores para o plantio convencional e o plantio direto no município de Mineiros – GO:

TABELA 5 – Estimativa do custo social do assoreamento dos recursos hídricos com a utilização da tecnologia de plantio convencional no sistema de captação de água no município de Mineiros – GO Cultura R (ton./ano) P (ton./ano) E (%) p (%) A (ha) P (%) Soja 10.767,36 4,8 50% 50% 44.864 20% Milho 1.474,24 3,4 50% 50% 8.672 20% TOTAL 12.241,60 - - - -

-Fonte – Elaborado pelo próprio autor; ¹indicadores técnicos colhidos em Marques (1998).

TABELA 6 – Estimativa do custo social do assoreamento dos recursos hídricos com a utilização da tecnologia de plantio direto no sistema de captação de água no município de Mineiros – GO

Cultura R

(ton./ano) P (ton./ano) E (%) p (%) A (ha) P (%)

Soja 2.018,88 0,9 50% 50% 44.864 20%

Milho 1.040,64 2,4 50% 50% 8.672 20%

TOTAL 3.059,52

Fonte – Elaborado pelo próprio autor; ¹indicadores técnicos colhidos em Marques (1998).

Considerando a hipótese de que toda o plantio de soja e milho é feito pelo método convencional (grade niveladora) o volume de retenção total estimada no município de Mineiros – GO é de 12.241,60 ton./ano. Medindo as externalidades causadas pelo processo de assoreamento sobre o sistema de captação de água, estima-se que o custo eventual de remoção do sedimento eqüivale a R$ 7,334. Desta forma pode-se calcular os custos sociais do processo de erosão / assoreamento no município de Mineiros - GO sobre o sistema de captação de água em R$ 89.730,93 /ano.

Considerando a hipótese de que toda o plantio de soja e milho é feito pelo plantio direto o volume de retenção total estimada no município de Mineiros – GO é de 3.059,52 ton./ano. Pode-se estimar os custos sociais do processo de erosão / assoreamento no município de Mineiros - GO sobre o sistema de captação de água em R$ 22.426,28 / ano.

Levando em conta a hipótese de que a Companhia Municipal de Abastecimento de Mineiros queira manter a mesma disponibilidade de recursos hídricos, verifica-se o fato que a adoção da tecnologia do plantio direto por parte dos produtores de soja e milho geraria uma economia anual para a empresa de R$ 67.304,65 que corresponde uma redução de 75% do custo anterior de remoção dos sedimentos.

Tendo em vista que esta estimativa esteja correta, faz-se uma reflexão dentro do

3 Citado por LANDERS, J. N.. O plantio direto na agricultura : o caso do Cerrado. In LOPES, I V; BASTOS

FILHO, G S; BILLER, BILLER, D. e BALE, M,. In Gestão ambiental no Brasil – experiência e sucesso.. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1994, p. 8-9.

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raciocínio dos custos marginais de redução da poluição e da redução dos danos marginais, será que não seria compensador para as empresas de captação de água subsidiar (instrumento de gestão econômica do meio ambiente para obter a “degradação ótima”) um programa de gestão das microbacias no seu curso de captação de água, visando obter práticas sustentáveis por parte dos produtores rurais até no valor de R$ 67.304,64, que a mesma estaria obtendo um benefício marginal com a redução da sedimentação dos recursos hídricos.

A partir do somatório dos efeitos internos e externos do processo erosivo pode-se estimar que os danos ambientais causados pelo processo erosivo com a utilização do plantio convencional são de R$ 317.213,39 / ano, enquanto que se os produtores utilizarem a tecnologia do plantio direto estes mesmos danos serão de R$ 81.375,76. Entretanto, os impactos ambientais derivados ao processo de erosão dos solos não estão relacionados apenas aos seus efeitos sobre o sistema de captação de água municipal e nem somente pelas perdas de nutriente dos solos. Por essa razão, pode-se inferir que o valor total dos danos ambientais , incluindo valores de opção, quase opção e de existência dos recursos ambientais, são bastante superiores. Também a diferença monetária entre a redução dos danos ambientais com a adoção da tecnologia do plantio direto também são bem mais elevadas.

3,4 - A análise custo – benefício econômica do plantio convencional e direto

A seguir são detalhados os custos de produção de duas importantes culturas dos Cerrados brasileiros – milho e soja – no plantio convencional e no plantio direto.5 No caso da soja, conforme a tabela 7, o plantio direto é cerca de 0,47% mais caro do que o plantio convencional, demonstrando uma pequena vantagem de custos da tecnologia convencional. O plantio direto com relação ao plantio convencional tem um maior custo com insumos (9,48%), principalmente com o uso de dessecantes, e custos inferiores (- 35,84%) com relação ao preparo do solo.

TABELA 7 – Custo médio de produção de soja no plantio convencional e no plantio direto no município de Mineiros – GO na safra de 1998/996.

Itens Plantio Direto

(R$ / ha ) Plantio Convencional (R$ / ha ) 1. Insumos 363,71 332,19 Fertilizante c/ micros 119,00 119,00 Inoculante 0,40 0,40 Micronutriente / foliar (Zn + Mn + B) 5,00 5,00 Sementes 38,00 38,00 Tratamento c/ sementes 2,33 2,33 Herbicidas (incluindo dessecantes) 105,02 75,90

Inseticidas 21,60 21,60

Fungicida 14,00 14,00

Aplicação de herbicidas 3,60 1,20 Aplicação de inseticidas 8,78 8,78 Aplicação aérea de fungicida 10,00 10,00 Calcário / há / ano 35,98 35,98

2. Operações hora /maq. 53,32 83,10

Subsolagem - 22,50 Manutenção terraços - 4,10 Gradagem - 17,60 Roçagem 9,50 -Plantio 17,88 12,50 Colheita 21,14 21,14 Transporte 5,00 5,00 TOTAL 417,23 415,29

Fonte – ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE GRÃOS MINEIROS – GO (1999). Dados trabalhados pelo autor. Indicadores técnicos colhidos em LANDERS (1994).

5 Os dados foram colhidos no município de Mineiros – GO.

6 Não se considerou o custo da construção rural. Propriedade em sistema de produção em plantio direto em

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No caso do milho (Tabela 8), o plantio direto é cerca de (-5,9%) menor do que o plantio convencional, mostrando neste caso a maior eficiência econômica da tecnologia sustentável. Nesta cultura o plantio direto tem custos 3,62% superiores nos insumos e são inferiores em (-43,46%) no preparo do solo com relação ao plantio convencional, mostrando uma maior eficiência econômica no resultado geral.

TABELA 8 – Custo médio de produção do milho no plantio convencional e no plantio direto no município de Mineiros – GO na safra de 1998/99.

Itens Plantio Direto7

(R$ / ha ) Plantio Convencional (R$ / ha ) 1. Insumos 402,63 388,54 Fertilizante c/ micros 122,00 122,00 Fertilizante cobertura 46,50 46,50 Micronutriente / foliar (Zn + Mn + B) 5,00 5,00 Sementes 65,00 65,00 Tratamento c/ sementes 8,95 8,95 Herbicidas 59,89 44,00 Inseticidas 16,30 16,30 Aplicação de herbicidas 3,60 1,20 Aplicação de inseticidas 4,39 4,39 Adubação de cobertura - 4,20 Recepção e secagem 36,00 36,00 Calcário / ha / ano 35,00 35,00

2. Operações hora /maq. 55,88 98,85

Subsolagem - 22,50 Manutenção terraços - 4,09 Gradagem - 22,26 Roçagem (Capina) 0,50 -Plantio 17,88 12,50 Colheita 27,50 27,50 Transporte 10,00 10,00 TOTAL 458,51 487,39

Fonte – ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE GRÃOS MINEIROS – GO (1999). Dados trabalhados pelo autor. Indicadores técnicos colhidos em LANDERS (1994).

Na análise custo-benefício da soja pode ser verificada a eficiência econômica das tecnologias de plantio em análise. As duas tecnologias – plantio direto e plantio convencional - são viáveis economicamente, pois o B / C é maior que 1 nas duas alternativas, satisfazendo a principal condição de viabilidade econômica. Considerando a taxa interna de retorno anual descontada (TIRdescano.), verifica-se que a TIRdescano anual do

plantio direto é de 3,84% enquanto no plantio convencional é de 3,91% (Tabela 9).

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TABELA 9 – Análise custo-benefício da produção de soja/ha/ano8

ANOS9 PLANTIO DIRETO PLANTIO CONVENCIONAL

CUSTOS² BENEFÍCIOS CUSTOS BENEFÍCIOS

0 -188,60 -204,20 1 434,60 566,67 415,29 566,67 2 434,60 566,67 415,29 566,67 3 417,23 566,67 415,29 566,67 4 417,23 566,67 415,29 566,67 5 417,23 566,67 415,29 566,67 6 417,23 566,67 415,29 566,67 7 417,23 566,67 415,29 566,67 8 417,23 566,67 415,29 566,67 9 417,23 566,67 415,29 566,67 10 417,23 566,67 415,29 566,67 TOTAL DO FLUXO DE CAIXA 4.207,04 5.666,70 4.152,90 5.666,70 TOTAL DO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO¹ 1869,26 2502,07 1833,66 2502,07 BENEFÍCIO CUSTO (B/C) 1,33853 1,36452 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) 444,21 464,20 TIR DESCONTADA – 10 ANOS (TIRdesc10anos)

45,80% 46,70% TIR ANUAL DESCONTADA

(TIRdescano)

3,84% 3,91% Fonte – Elaborado pelo autor.

¹Total dos fluxos de caixa descontado a uma taxa de 18,5% (OVER-SELIC julho / 2002) ² a partir do 3° ano há queda de 2,6% nos custos do plantio direto (LANDERS, 1996).

A alternativa tecnológica mais eficiente do ponto de vista econômico é o plantio convencional, entretanto com uma grande proximidade com o plantio direto em termos de eficiência econômica. Entretanto, em uma situação de longo prazo o processo de erosão pode afetar substancialmente as áreas cultivadas com a tecnologia convencional de aragem e gradeação simples, podendo reduzir os níveis futuros de produtividade e até mesmo, em situações mais extremas, inviabilizar as áreas para o cultivo.

Na análise custo-benefício do milho fica demonstrado que as duas tecnologias são viáveis economicamente, pois o B/C é maior que 1 nas duas alternativas , satisfazendo a principal condição de viabilidade econômica da tecnologia. Verifica-se que a TIRdesc anual

do plantio direto é de 2,49% enquanto no plantio convencional é de 1,38%. (Tabela 10).

8 Os custos dos anos 1 e 2 para o plantio direto foram estimados pelo autor com base em LANDERS (1994).

Os benefícios privados é a receita total por hectare, considerando o preço da saca de soja 60 kg é de R$ 13,60, e a produtividade média considerada no plantio direto no plantio convencional é de (kg/ha) 2.500. (Estes dados foram cruzados com o Censo Agrícola do IBGE - 1995).

9 Foram escolhidos 10 anos para análise no fluxo de caixa, pois é tempo suficiente para a tecnologia

(11)

11

TABELA 10 – Análise custo-benefício da produção de milho/ha/ano10

ANOS PLANTIO DIRETO PLANTIO

CONVENCIONAL

CUSTOS² BENEFÍCIOS CUSTOS² BENEFÍCIOS

0 -188,60 -204,20 1 470,77 564,34 487,39 564,34 2 470,77 564,34 487,39 564,34 3 458,51 564,34 487,39 564,34 4 458,51 564,34 487,39 564,34 5 458,51 564,34 487,39 564,34 6 458,51 564,34 487,39 564,34 7 458,51 564,34 487,39 564,34 8 458,51 564,34 487,39 564,34 9 458,51 564,34 487,39 564,34 10 458,51 564,34 487,39 564,34 TOTAL DO FLUXO DE CAIXA 4.609,62 5.643,40 4.873,90 5.643,40 TOTAL DO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO¹ 2043,57 2491,78 2152,01 2491,78 BENEFÍCIO CUSTO (B/C) 1,21932 1,15788 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) 259,60 135,56 TIR DESCONTADA – 10

ANOS (TIRdesc10anos)

27,90% 14,71% TIR ANUAL DESCONTADA

(TIRdesc)

2,49% 1,38% Fonte – Elaborado pelo autor.

¹Total dos fluxos de caixa descontado a uma taxa de 18,5% (OVER-SELIC julho / 2002) ² a partir do 3° ano há queda de 2,6% nos custos do plantio direto (LANDERS, 1996).

A alternativa tecnológica mais eficiente do ponto de vista econômico é o plantio direto, sendo que o produtor rural com o conhecimento da aplicação do sistema vai escolher esta tecnologia para o plantio. Entretanto, ressalva-se as dificuldades de manejo como um empecilho para o desenvolvimento desta tecnologia. No município de Mineiros – Go, os produtores locais estão com muitas dificuldades na prevenção de pragas e doenças, que segundo os mesmos são mais difíceis de controlar com a formação da palhada no plantio direto.

Muitos produtores vêm adotando práticas mistas de plantio (direto e convencional), visando a se precaver das vantagens e desvantagens dos dois métodos de cultivo. A principal vantagem do plantio direto é a redução do processo erosivo. Entretanto, segundo os agricultores, no plantio convencional o combate a doenças e pragas e o manejo são mais simples e eficazes.

Uma outra constatação que pode ser feita através da análise custo-benefício – em particular da TIRdescano - é que, em termos comparativos, a produção da soja é muito mais

rentável do ponto de vista econômico do que a produção de milho. Um produtor de soja utilizando a técnica de plantio direto tem uma TIRdescano de 3,84%, enquanto o produtor de

10 Os custos dos anos 1 e 2 para o plantio direto foram estimados pelo autor com base em LANDERS (1994).

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milho, utilizando a mesma tecnologia, tem uma TIRdescano de 1,38%. Isso explica em grande

parte o aumento da produção da soja na região dos Cerrados e a queda da produção de milho durante a década de 90. Segundo a FAEG (1999)11, no estado de Goiás, a produção de soja no início da década era de 1.661.260 toneladas e na safra de 1997/98 passou para 3.393.240 toneladas, apresentando um crescimento real de 104,25%. A produção de milho no início da década era de 2.886.410 e na safra 1997/98 passou para 2.527.662, houve uma queda de (–12,43%).

Na tabela 11 é feita uma abordagem da evolução histórica dos custos privados nas décadas de 80 e 90 das técnicas de manejo dos solos (plantio convencional e direto) nos Cerrados brasileiros. Destaca-se o fato que a tecnologia do plantio direto está se tornando cada vez mais eficiente do ponto de vista econômico se comparada com o plantio convencional.

TABELA 11 - Avaliação comparativa dos custos relativos do plantio direto e convencional ITEM CUNHA (1989) LANDERS (1994) RODRIGUES (1999) Plantio Convencional Soja Milho 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Plantio Direto Soja Milho 106,00 105,00 102,43 98,01 100,47 94,07

Fonte: CUNHA (1989) , LANDERS (1994), ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE GRÃOS MINEIROS – GO (1999) - dados trabalhados pelo autor.

No final da década de 80 o plantio direto era considerado praticamente inviável economicamente para os Cerrados, a não ser em uma situação de muito longo prazo (CUNHA, 1989). Este autor demonstra que no final da década de 1980 o plantio direto tinha custos superiores ao plantio convencional. No cultivo da soja e do milho o plantio direto apresentava custos 6% e 5% superiores ao plantio convencional, respectivamente. Já na avaliação de LANDERS (1996) o plantio direto demonstrava custos menores que o plantio convencional no caso do milho em (–1,99%) e na soja a tecnologia conservacionista apresenta um custo superior em 2,43%, demonstrando uma grande proximidade nos custos privados entre o plantio direto e convencional no caso das duas culturas.

RODRIGUES (1999) reforça a tendência do aumento da eficiência econômica do plantio direto com relação ao plantio convencional. Há uma grande proximidade nos custos de produção da soja nas duas técnicas de manejo dos solos, sendo que no plantio direto os custos são superiores ao plantio convencional em apenas 0,47%, enquanto no cultivo do milho a tecnologia conservacionista apresenta custos (–5,93%) menores do que a tecnologia convencional. Em suma, ao longo da década de 90 foi constatada uma evolução da eficiência econômica do plantio direto com ao convencional. Durante este período o plantio direto foi tendo seus custos reduzidos, principalmente, pela redução do preço dos herbicidas dessecantes12.

Entretanto, mesmo com a evolução da eficiência econômica do plantio direto, os produtores rurais têm algumas restrições à utilização desta tecnologia: 1) o surgimento de pragas e doenças que requerem um nível diferente de manejo pela existência da palhada; 2) falta de preparo adequado para o manejo de herbicidas e 3) a dependência da produção agrícola com relação a grandes empresas multinacionais produtoras de herbicidas

11 FAEG. Produção e custo de produção do milho e da soja. Goiânia: 1999. (mimeo)

(13)

13

dessecantes.

3.5 - A análise custo – benefício social do plantio convencional e do plantio direto

No caso do milho há uma vantagem de custos para a tecnologia do plantio direto, enquanto no caso da soja há um pequena vantagem para a tecnologia convencional (arado + aiveca). Resta saber quais são as externalidades ambientais das duas tecnologias, para processar a análise custo-benefício agregando os danos ambientais e os benefícios advindos da redução da degradação. Ressalta-se que principal conseqüência do manejo inadequado dos solos é o processo de erosão / sedimentação, por isso este será o impacto ambiental considerado na análise feita a seguir.

Para realizar a análise custo benefício social do plantio convencional e direto, é necessário calcular o custo social médio, que agrega tanto o custo privado de produção quanto os custos ambientais gerados pelo processo erosivo. O custo social é estimado a partir do somatório dos custos de produção (privados) e dos efeitos do processo de erosão / sedimentação sobre a reposição dos nutrientes dos solos e dos efeitos da sedimentação dos recursos hídricos no sistema de captação de água (ambientais).

No caso da soja, a utilização do plantio convencional gera um custo social de R$ 422,53 por hectare / ano, sendo R$ 415,29 de custo privado e R$ 7,24 de custo ambiental (R$ 4,5 para a reposição de nutrientes do solo erodido e R$ 1,72 para cobrir custos com a remoção dos sedimentos dos recursos hídricos). Já no plantio direto, o cultivo da soja gera um custo social de R$ 418,59 por hectare / ano, sendo R$ 417,23 de custo privado e R$ 1,36 de custo ambiental (R$ 0,61 para a reposição de nutrientes e R$ 0,69 para a remoção de sedimentos dos recursos hídricos) (Tabela 12).

No caso do milho, a utilização do plantio convencional gera um custo social de R$ 487,39 por hectare / ano, sendo R$ 487,39 de custo privado e R$ 5,13 de custo ambiental (R$ 3,16 para a reposição de nutrientes do solo erodido e R$ 1,25 para cobrir custos com a remoção dos sedimentos dos recursos hídricos). Já no plantio direto, o cultivo de milho gera um custo social de R$ 458,51 por hectare / ano, sendo R$ 458,51 de custo privado e R$ 3,62 de custo ambiental (R$ 2,30 para a reposição de nutrientes e R$ 0,32 para a remoção de sedimentos dos recursos hídricos) (Tabela 12).

TABELA 12 - Estimativa do custo social médio das tecnologias de plantio convencional e direto

Áreas de plantio Custo de produção médio (R$ / ha) Custo ambiental médio (R$ / ha) Custo social médio (R$ / ha) Plantio convencional Soja 415,29 7,24 422,53 Milho 487,39 5,13 492,52 Plantio direto Soja 417,23 1,36 418,59 Milho 458,51 3,62 462,13 Fonte – Elaboração própria.

Na Tabela 12 verifica-se que no caso da soja, a adoção do plantio direto reduz o custo ambiental em (-81,22%) e o custo social em (0,93%). Já no caso do milho, a adoção do plantio direto reduz o custo ambiental em (-29,43%) e o custo social em (-6,17%).

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descontada social anual 0,29% maiores do que no caso do plantio convencional (Tabela 13).

TABELA 13 – Análise dos custos sociais do processo erosivo na produção de soja/ha/ano

ANOS PLANTIO DIRETO PLANTIO CONVENCIONAL

CUSTOS² BENEFÍCIOS CUSTOS² BENEFÍCIOS

0 -188,60 -204,20 1 435,96 566,67 422,53 566,67 2 435,96 566,67 422,53 566,67 3 418,59 566,67 422,53 566,67 4 418,59 566,67 422,53 566,67 5 418,59 566,67 422,53 566,67 6 418,59 566,67 422,53 566,67 7 418,59 566,67 422,53 566,67 8 418,59 566,67 422,53 566,67 9 418,59 566,67 422,53 566,67 10 418,59 566,67 422,53 566,67 TOTAL DO FLUXO 4.220,64 5.666,70 4.225,30 5.666,70 TOTAL DO FLUXO DESCONTADO¹ 1875,26 2502,07 1865,63 2502,07 B/C SOCIAL 1,33425 1,34114 VPL SOCIAL 438,20 432,23 TIR DESCONTADA SOCIAL – 10 ANOS (TIRdescsoc10anos) 45,20% 43,66% TIR DESCONTADA SOCIAL ANUAL (TIRdescsocano) 3,80% 3,69%

Fonte – Elaboração própria.

¹Total dos fluxos de caixa descontado a uma taxa de 18,5% (OVER-SELIC julho / 2002) ² a partir do 3° ano há queda de 2,6% nos custos do plantio direto (LANDERS, 1996).

Olhando apenas os custos e benefícios privados na produção da soja, os indicadores econômicos apontaram para a vantagem da adoção no plantio convencional. Entretanto, com a soma dos custos ambientais envolvidos nas duas tecnologias de plantio, a situação inverte-se. Ficando o plantio direto com melhores indicadores de viabilidade. Na produção da soja quais variáveis, ou condições específicas, implicam nessa alteração das condições de viabilidade econômica e ambiental destas tecnologias de plantio?

(15)

15

Fonte – Elaboração própria.

No caso do milho, a adoção do plantio direto gera um valor presente líquido social 299,68% e uma taxa interna de retorno descontada social anual 1,19% maiores do que no caso do plantio convencional (Tabela 14).

TABELA 14 – Análise dos custos sociais do processo erosivo na produção de milho/ha/ano

ANOS PLANTIO DIRETO PLANTIO CONVENCIONAL

CUSTOS² BENEFÍCIOS CUSTOS² BENEFÍCIOS

0 -188,60 -204,20 1 471,64 564,34 418,56 564,34 2 471,64 564,34 418,56 564,34 3 459,38 564,34 418,56 564,34 4 459,38 564,34 418,56 564,34 5 459,38 564,34 418,56 564,34 6 459,38 564,34 418,56 564,34 7 459,38 564,34 418,56 564,34 8 459,38 564,34 418,56 564,34 9 459,38 564,34 418,56 564,34 10 459,38 564,34 418,56 564,34 TOTAL DO FLUXO 4.618,32 5.643,40 4.185,60 5.643,40 TOTAL DO FLUXO DESCONTADO¹ 2047,42 2491,78 1848,10 2491,78 B/C 1,31069 1,14582 VPL 451,28 112,91 TIR DESCONTADA – 10 ANOS (TIRdesc10anos) 26,27% 12,37% TIR ANUAL 2,36% 1,17%

Fonte – Elaboração própria.

¹Total dos fluxos de caixa descontado a uma taxa de 18,5% (OVER-SELIC julho / 2002) ² a partir do 3° ano há queda de 2,6% nos custos do plantio direto (LANDERS, 1996).

GRÁFICO 1 - SOJA: COMPARAÇÃO DOS CUSTOS SOCIAIS NO PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL

417,23 415,29 2,62 4,62 1,10 0,62 405,00 407,00 409,00 411,00 413,00 415,00 417,00 419,00 421,00 423,00

Plantio direto Plantio convencional

R$ / ha

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Fonte – Elaboração própria.

No caso do milho, o plantio direto tem uma clara vantagem sobre o plantio convencional, tanto em custos privados e sociais. Com a adoção do plantio direto tem-se uma redução de (-5,93%) no custo de produção , (-29,43%) no custo ambiental e (-6,37%) no custo social (Gráfico 2).

Sintetizando, no caso da soja a adoção do plantio direto eleva o custo de produção em 0,47%, mas com a adição do custo de reposição de nutrientes do solo este custo passa a ser (-0,37%) menor do que no plantio convencional. Ainda, com a posterior adição do custo de remoção de sedimentos de recursos hídricos, o custo social passa a ser (-0,93%) menor do que no plantio convencional. Avaliando, especificamente, os custos ambientais (reposição de solos e assoreamento de recursos hídricos), no cultivo da soja, a adoção do plantio direto reduz o custo ambiental em (-80,28%) (Gráfico 1). No caso do milho, a adoção do plantio direto reduz o custo de produção em 5,92%), custo ambiental em (-29,43%) e o custo social em (-6,17%) (Gráfico 2).

Assim, a hipótese central do trabalho que o plantio direto causa uma elevação dos custos de produção e leva a uma redução custos ambientais é corroborada para o cultivo da soja e rejeitada para o cultivo do milho, uma vez que neste caso também os custos de produção privados são menores no plantio direto e os custos ambientais inferiores, devido a redução do processo de erosão dos solos e assoreamento dos recursos hídricos.

GRÁFICO 2 - MILHO: COMPARAÇÃO DOS CUSTOS SOCIAIS DO PLANTIO CONVENCIONAL E DIRETO

458,51 487,39 3,62 5,13 440,00 450,00 460,00 470,00 480,00 490,00 500,00

Plantio direto Plantio convencional

R$ / ha

(17)

17

Particularmente, considerando a arraste de partículas assoreando os recursos hídricos (rios, córregos e reservatórios) verifica-se que a adoção do plantio direto reduziria os custos das atividades econômicas e dos empreendimentos que dependessem diretamente da captação da água, como, por exemplo, empresas de saneamento, usinas hidrelétricas e, até mesmo, outros produtores rurais que estão localizados ao longo da microbacia. Outros benefícios existem, em nível de produtor, porém nem sempre são imediatamente percebidos ou economicamente valorados, como o aumento da capacidade de retenção da água no solo, bem como a redução da necessidade de herbicidas nas safras seguintes. A conversão ao plantio direto, por exemplo, reduz o tempo de preparo do solo e, com isso, o tempo gasto pelo gerente / produtor na condução da operação.

O que se pode concluir em termos de análise custo benefício que além da tecnologia do plantio direto ser mais eficiente do ponto de vista econômico no caso do milho tem um custo de produção relativamente superior no caso da soja. Entretanto, o plantio direto gera um benefício social líquido na medida que reduz o impacto da erosão sobre a sedimentação dos recursos hídricos reduzindo as externalidades ambientais negativas. Isto afeta positivamente o bem-estar dos outros agentes econômicos que dependem do mesmo recurso ambiental, podendo justificar a intervenção do poder público, através de instrumentos de gestão econômica do meio ambiente - para estimular a adoção da tecnologia tida como mais conservacionista.

No caso do milho, sendo a tecnologia do plantio direto mais eficiente economicamente do que o plantio convencional não há razão para o poder público elaborar instrumentos de gestão econômica do meio ambiente (subsídios) para estimular a adoção da tecnologia considerada conservacionista, pois neste caso apenas os mecanismos de mercado são suficientes. Entretanto, recomenda-se como sendo responsabilidade do poder público a promoção de programas de educação ambiental para a disseminação da tecnologia agrícola sustentável.

No cultura do milho, com a utilização do plantio direto, houve a feliz coincidência de que a tecnologia menos agressiva ao meio ambiente também é a mais eficiente do ponto de vista econômico. Entretanto isso só foi possível porque os produtores rurais começaram a sentir os efeitos da erosão sobre seus níveis de lucratividade e houve um acentuado investimento em pesquisa agropecuária por parte do governo e entidades de classe para o aperfeiçoamento desta técnica de plantio.

No caso da soja, a tecnologia do plantio convencional apresentou custos de produção menores do que o plantio direto, entretanto com a consideração dos custos com reposição de nutrientes, o plantio direto já passa a apresentar vantagens econômicas. Também, neste caso, é imprescindível que o poder público juntamente com as organizações dos produtores rurais, disseminem o plantio direto para ampliar sua utilização, levando-se em conta a necessidade de treinamento dos produtores rurais para o correto manejo dos herbicidas a fim de evitar acidentes de trabalho e o agravamento dos impactos ambientais desta tecnologia. Outro papel fundamental a ser desempenhado pelo poder público, é fomento a pesquisas agronômicas que visem a aperfeiçoar o plantio direto, principalmente na redução do uso de herbicidas no seu manejo, reduzindo assim possíveis contaminações de cursos de água.

4) Considerações Finais

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várias vantagens, principalmente, associadas com a redução do processo de erosão dos solos e assoreamento dos recursos hídricos.

No caso da soja a adoção do plantio direto eleva o custo de produção em 0,47%, mas com a adição do custo de reposição de nutrientes do solo este custo passa a ser (-0,37%) menor do que no plantio convencional. Isso comprova que em uma situação de longo prazo o plantio direto já uma alternativa econômica mais atraente do que o plantio convencional, na medida em que áreas vão sendo praticamente inutilizadas para a exploração econômica em propriedades que utilizam métodos convencionais de cultivo. Ainda, com a posterior adição do custo de remoção de sedimentos de recursos hídricos, o custo social passa a ser 0,93%) menor do que no plantio convencional. Ademais, foi verificada uma redução de (-81,22%) no custo ambiental com a adoção do plantio direto, ficando assim demonstrado a maior sustentabilidade da tecnologia conservacionista.

No cultivo do milho, os custos de produção do plantio direto são (-5,92%) menores do que os referentes ao plantio convencional, demostrando a maior eficiência econômica da tecnologia sustentável. O plantio direto tem custos 3,62% superiores nos insumos e são inferiores em (-43,44%) no preparo do solo com relação ao plantio convencional, mostrando uma maior eficiência econômica no resultado geral. Ademais, a adoção do plantio direto reduz o custo ambiental em (-29,43%) e o custo social em (-6,17%), também ficando assim demonstrado a maior sustentabilidade da tecnologia conservacionista. .

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