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Émile Durkheim: Sua obra e contexto histórico escrito por Ottamar Teske

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Academic year: 2021

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Émile Durkheim: Sua obra e contexto histórico escrito por Ottamar Teske

TESKE, Ottmar (Coord). Sociologia: textos e contextos. Canoas: Ed da ULBRA,1999

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Émile Durkheim

O texto Émile Durkheim: Sua obra e contexto histórico escrito por Ottamar Teske trata sobre este pensador clássico que foi responsável por marcar a etapa mais decisiva na consolidação acadêmica da sociologia, contribuindo para emancipá-la das demais ciências e definindo com precisão o objeto, o método e a aplicação desta nova ciência.

Nascido na França, descente de rabinos, Durkheim, diferenciou-se se sua família, logo na adolescência, ao se tornar agnóstico, voltando-se a religião apenas pelo lado acadêmico. Contrariado com a formação religiosa e com a educação que recebeu, passou a se interessar pela sociologia científica, objetivando aprender os métodos científicos e os princípios morais que guiavam a vida social. Em seu país de origem, implantou o primeiro curso de ciência social em uma universidade, visando deter a degeneração moral que percebia na sociedade francesa. Publicou a tese A divisão do trabalho social e As regras do método sociológico.

Ao descrever a vida e os princípios desse pensador, o autor enfatiza a característica de não-conservador de Durkheim e afirma que diferente do pensamento de Karl Marx, para ele o socialismo representava um movimento que tinha como objetivo regenerar a moralidade na sociedade por meio de uma metodologia cientifica, sem interessar-se nem um pouco pelos procedimentos políticos e econômicos enfatizados por Karl Marx. Teske também, dá bastante atenção aos pressupostos básicos da teoria funcionalista de Durkheim e apresenta o objeto da sociologia definido pelo pensador: Fato Social. Que é conceituado por ele mesmo como toda maneira de agir, pensar e sentir, fixada ou não susceptível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então, que é geral no âmbito de uma sociedade, tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente de suas manifestações individuais. Portanto, para que um acontecimento seja considerado fato social o autor faz menção a três características necessárias:

- Ser exterior ao indivíduo, isto é, ser provindo da sociedade e não dos indivíduos, existindo independentemente da vontade do ser humano.

- Exercer uma coerção social sobre os indivíduos, ou seja, Ter um poder imperativo sobre as pessoas no seu modo de agir, de modo que estas devem apenas respeitar-las e não modificar-las.

- Ser geral, isto é, deve se repetir com a grande maioria dos indivíduos.

O texto exemplifica esse conceito ao falar da nossa própria sociedade, na questão de que se um indivíduo não respeita as regras pré-estabelecidas (tais com moda, costumes, idioma, religião), este acaba sendo muitas vezes, rejeitado, independente da sua concordância com estas decisões já existentes.

Para analisar o social, Durkheim inspirou-se no positivismo, isto é, analisou a sociedade de forma objetiva, olhando o fato como se fosse um objeto, descrevendo o seu funcionamento de forma imparcial, neutra. Através dessa análise, procurou provar que os fatos sociais independem daquilo que pensa ou faz cada indivíduo em particular, provando assim, que os mesmos têm existência

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própria. Através dessa afirmação o autor do texto, observa que apesar das pessoas terem suas vontades próprias (consciência individual), existe implicitamente no interior de cada grupo um comportamento padrão, independe do que cada ser particular. Através disso, surge-se a idéia de consciência coletiva, que conforme Durkheim é definida como o conjunto de crenças e de sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado com vida própria.

Em sua obra A divisão social do trabalho, Durkheim abordou a solidariedade de modo a tentar compreender esta questão da consciência coletiva, de como ela consegue garantir a harmonia dentro da sociedade. Essa análise das relações entre os indivíduos e o grupo o qual eles vivem, objetivou analisar e entender as razões da solidariedade entre as pessoas, de onde vem esta coesão e como se conserva. A partir daí, surge-se a caracterização de solidariedade mecânica e solidariedade orgânica. A primeira provém da sociedade pré- capitalista, que se mantém unida devido aos seus membros possuírem características iguais, de modo que nenhum individuo se diferencie. A coesão ocorre devido à uniformidade. Já a segunda é caracterizada pela divisão do trabalho, onde cada um possui funções diferentes, forçando a necessidade de integração das pessoas. Analisando essas duas definições, o autor afirma que a solidariedade orgânica atinge o seu auge nas sociedades modernas, pois estas favorecem a especialização dos indivíduos e grupos, integrando-os em uma cadeia de dependência mutua.

A partir desses conceitos, Teske desencadeia o seu texto falando da anomia, definido por ele mesmo como a ausência de regras claramente definidas que regulem o comportamento dos indivíduos na sociedade, ou seja, anomia é um momento de desregularização, não há lei nem regras, os indivíduos sentem-se perdidos, sem valores de comportamentos para seguirem. Para Durkheim desse momento totalmente sem rumo, surge-se o suicídio anômio, que se produz devido ao enfraquecimento da moral coletiva e da ausência de uma legislação forte que regre as paixões causadas pela sociedade moderna.

Durkheim caracterizou os suicídios em três tipos:

- Suicídio egoísta: devido à diminuição da proteção que determina a coesão de certos grupos ou instituições, onde o individuo chega a um ato extremo devido apenas a motivos pessoais, individualistas.

- Suicídio altruísta: os suicídios mais freqüentes nas sociedades de solidariedade mecânica, ocorrido devido a mártires religiosos, o individuo dá a sua vida em função de uma causa.

- Suicídio anômico: é o suicídio devido a um estado onde as normais sociais estão ausentes, dadas à ocorrência de uma crise dolorosa ou súbitas transformações na sociedade, de modo que ela deixe de cumprir a sua função reguladora.

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Dando continuidade ao texto, o autor conceitua alguns termos, são estes:

Direito repressivo: Compreende tudo aquilo que, em linguagem jurídica, denomina-se direito penal.

Direito restitutivo: Inclui o direito civil, comercial, processual, administrativo e constitucional.

Estes termos provem da sua explicação quanto à transformação da sociedade simples, pré-capitalista, unida pela solidariedade mecânica, caracterizada pelo direito repressivo, para uma sociedade complexa, capitalista, unida pela solidariedade orgânica, caracterizada pelo direito restitutivo. Onde o progresso da divisão do trabalho surge como o responsável pelo processo evolutivo que liga as formas de sociedade mais simples às mais complexas, e o uso do direito nessa ligação veio a contribuir para proporcionar um maior sentido de justiça e qualidade de vida aos indivíduos.

Diante de todas estas situações quanto à sociedade, o texto mostra que Durkheim tem uma visão otimista, acreditando que, com o progresso desencadeado com o capitalismo, ocorreria um aumento generalizado na divisão do trabalho social e, consequentemente, da solidariedade orgânica, fazendo com que a sociedade chegasse a um estágio sem conflitos. Ele dizia: “A sociedade é boa, sendo necessário apenas curar suas doenças”.

Para resolver os problemas sociais, o pensador clássico não concordava com lutas, mas sim, na compreensão de todo o funcionamento da sociedade capitalista, observando suas leis sociais, descobrindo e principalmente resolvendo as suas falhas, mas sempre respeitando a época a situação vigente. Ele acreditava que a causa desses problemas não eram de caráter econômico, mas sim de não cumprimento das leis, no que ele chamava de crise moral. Portanto, dava ao estado a responsabilidade de facilitar e impulsionar a realização das mudanças sociais necessárias para atingir a solução dos problemas, porém, essa responsabilidade também era repassada a família e a religião.

As resoluções dos problemas sociais, segundo Durkheim poderiam ser efetivadas através de uma reforma estrutural de desenvolvimento das associações profissionais, ou seja, um único grupo social capaz de favorecer a integração do individuo na coletividade.

O texto faz uma comparação da religião com a consciência coletiva, citada anteriormente, ele cita que à medida que a sociedade complexa cresce e se especializa, a religião vai perdendo o domínio, passando a se constituir apenas em uma entre várias representações coletivas. Na seqüência, descreve as condições necessárias para o desenvolvimento da religião:

1) Apresentação de um conjunto de crenças religiosas.

2) Um conjunto de ritos.

3) Um templo, uma comunidade moral.

E posteriormente, descreve o conceito de totemismo primitivo: uma forma específica e clara da consciência coletiva na sociedade primitiva. Que para

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Durkheim, demonstra o caráter social da origem da religião e suas raízes na estrutura social do clã.

Enfim, o autor conclui constatando que Émile Durkheim era absolutamente contrário à revolução, ele era considerado um reformador, pois se preocupava com melhorias no funcionamento da sociedade, acreditando que os grupos poderiam se unir, formando as corporações ou associações profissionais, bem diferentes de Marx, que afirmava a existência de grandes diferenças entre trabalhadores e empresários.

Durkheim defendia a criação destas associações objetivando restaurar a moralidade coletiva, que era uma constante nas sociedades complexas, ele também acreditava que dessa forma era possível corrigir algumas patologias comuns na divisão social do trabalho. Se estas modificações não acontecessem, não seriam resolvidos os problemas culturais que invadiam o mundo moderno. Ele nunca abandonou a convicção de que a sociedade ocidental de seu tempo atravessava uma grande crise, e a causa desta crise se centrava na relação patológica da autoridade moral sobre a vida dos indivíduos.

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