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III O DESTINO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE SEDE NOVA/RS E OS EFEITOS DESSES RESÍDUOS SOBRE A POPULAÇÃO

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III-025 - O DESTINO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO

MUNICÍPIO DE SEDE NOVA/RS E OS EFEITOS DESSES RESÍDUOS SOBRE

A POPULAÇÃO

Mara Adriane Scheren(1)

Bióloga pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná- UNIOESTE. Campus de Cascavel/PR. Diretora do Departamento de Turismo e Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Sede Nova/RS.

Endereço(1): Rua Isidoro Marodim, 100 - Sede Nova - RS - CEP: 98.675.000 - Brasil - Tel: (55)

526-1275 - e-mail: pmsede@zaz.com.br

RESUMO

Este trabalho foi elaborado tendo-se o objetivo de demonstrar a realidade do destino dos Resíduos Sólidos Urbanos do Município de Sede Nova/RS desde a sua emancipação. A partir de 1988, o Município de Sede Nova/RS obteve sua independência do Município “mãe”, então Humaitá/RS, emancipando-se. O trabalho irá demonstrar as várias formas de disposição dos resíduos sólidos urbanos até os dias atuais. Como também irá abordar a problemática desses resíduos sobre a população do referido Município. Como esse trabalho caracteriza-se por pesquisa de campo, foi adotado métodos de questionários para serem respondidos pela população sobre percentagem de resíduos sólidos produzidos, destino dado aos resíduos de 1988 a 2000 e doenças que a população era mais acometida devido a vetores relacionados aos resíduos sólidos urbanos. Os resultados demonstraram que dentre os resíduos sólidos produzidos pela população urbana 54,0% caracteriza-se em matéria orgânica, seguido de papel, plástico e metal. Também o tipo de destino para os resíduos sólidos urbanos teve uma trajetória progressista, primeiramente era depositado a “céu aberto”, em lixão; depois passou-se a ser utilizado aterro sanitário e finalmente a Unidade de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos - CITRESU. Observou-se também que no período de 1988 a 2000 o que mais molestou a população urbana do Município de Sede Nova/RS foi verminoses em geral, com uma estimativa de 90%. Através dos dados verificou-se que o Município de Sede Nova/RS apresenta uma problemática séria em relação a condições de sanitarismo. Sendo que a partir de 1988 esse quadro começou a mudar, com a força de órgãos ambientais e legislação específica para os resíduos sólidos urbanos. Dessa maneira, muitos Municípios como Sede Nova/RS estão organizando-se nesse aspecto, para dar um destino correto aos seus resíduos gerados, nada mais justo; pois essa problemática está cada vez mais fazendo parte do nosso dia a dia.

PALAVRAS-CHAVE: Resíduo Sólido Urbano, Doenças causadas por Resíduos Sólidos, Município de Sede Nova, CITRESU.

INTRODUÇÃO

Para dirimir a problemática do destino adequado dos resíduos sólidos urbanos que são a causa de várias complicações para a população e o Meio Ambiente, surgiu o CITRESU do desejo dos prefeitos dos municípios de Três Passos, Bom Progresso, Campo Novo, São Martinho, Crissiumal, Sede Nova e Humaitá em dar um tratamento e destino final adequado ao lixo produzido nas suas cidades.

Montado o Projeto técnico de engenharia e licenciado junto aos órgãos ambientais, buscou-se junto a Fundação Nacional de Saúde a parceria financeira para a sua execução.

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Este trabalho objetiva demonstrar os principais efeitos causados pelos resíduos sólidos urbanos em média 1,5 tonelada por dia de resíduos sólidos no Município de Sede Nova/RS. Um Município de pequeno porte, situado a 435 Km da capital gaúcha, com 3.508 habitantes ( IBGE, 1991), sendo que destes 1.473 habitantes são atendidos pela coleta 2 (duas) vezes por semana.

O descaso com a produção desses Resíduos Sólidos Urbanos, geram efeitos nocivos tanto quanto em menor escala do que numa grande cidade. Sabe-se que muitos distúrbios ocorrem devido a falta de um destino adequado dos resíduos sólidos, e no Município de Sede Nova/RS somente a três anos atrás iniciou-se a pensar num destino adequado para os resíduos sólidos.

Os efeitos descritos neste trabalho decorrentes do não tratamento dos resíduos sólidos urbanos, foram avaliados em parceria com a Unidade de Saúde pública do Município, através de registros dos pacientes, observação comportamental dos munícipes e resposta as perguntas sobre saneamento pelos habitantes da zona urbana do Município de Sede Nova/RS.

MATERIAIS E MÉTODOS

A primeira etapa desse trabalho foi realizado valorizando dados acerca do destino que era dado aos resíduos sólidos gerados pela população urbana do Município de Sede Nova/RS, após a emancipação do mesmo. E em uma Segunda e última etapa, demonstrou-se o método de classificação dos resíduos que o CITRESU está habilitado a receber.

Primeira Etapa: Coleta de Dados

Em uma primeira etapa, foram confeccionados questionários contendo perguntas sobre a quantidade de matéria orgânica produzida por cada residência beneficiada pela coleta dos resíduos sólidos urbanos, bem como a porcentagem de material como papel, vidro, plástico, metal e alumínio produzidos por cada residência respectivamente.

Os dados da composição da coleta seletiva dos resíduos sólidos urbanos do Município de Sede Nova/RS serão confrontados com dados da coleta seletiva de Porto Alegre, para termos uma idéia de que num município pequeno porte ou num de grande porte, a percentagem de resíduos sinônimos se equipara ajustado a realidade de cada um. Foi realizada pesquisa através de questionário para saber qual o destino dado aos resíduos sólidos urbanos de 1988 a 2000 das residências beneficiadas pela coleta desde a emancipação do Município de Sede Nova/RS. Também foi feita pesquisa de campo para sabermos quais doenças e ou distúrbios que a população era mais acometida, oriundas da transmissão por vetores relacionados aos resíduos sólidos urbanos.

Os questionários foram distribuídos a cada residência urbana e recolhidos após duas semanas. Os dados foram submetidos ao cálculo em porcentagem sobre os números de habitantes da zona urbana.

RESULTADOS DA PRIMEIRA ETAPA

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Tabela 1: Comparação do tipo de Resíduo Sólido produzido pelo Município de Sede Nova/RS e Porto Alegre/RS.

Sede Nova/RS Porto Alegre/RS

Matéria Orgânica 57,0 45,8 Papel 16,0 25,7 Plástico 12,3 19,9 Metal 10,0 0,1 Vidro 3,4 3,5 Alumínio 1,1 1,6

Se compararmos o percentual de material reciclável do Município de Sede Nova com 3.508 habitantes, pesquisa realizada em junho e agosto de 1999, contra os 1.000.000 da capital gaúcha, segundo dados publicados no jornal Zero Hora do dia 15 de agosto de 1999, vemos que apesar das diferenças populacionais, o percentual de resíduos sólidos urbanos reaproveitáveis de um Município de pequeno porte com um de grande porte se equipara. Demonstrando que se faz necessário medidas de reaproveitamento desses materiais.

A figura abaixo demonstra a evolução que seguiu os resíduos sólidos desde a emancipação do Município de Sede Nova/RS até os dias atuais.

Figura 1: Destino dos resíduos num período compreendido entre 1988 a 2000.

Segundo dados da FEPAM (1998), no estado do Rio Grande do Sul, dos 467 municípios 75% possuem lixões e não tratam seus resíduos, dando em torno de 350 municípios; os outros 117 municípios ficam com um percentual de 25% que se distribuem em 7,5% possuem aterro sanitário, 9% aterro controlado, 8,5% destinado a reciclagem e compostagem.

A reportagem do jornal Zero Hora de Julho de 1999, constatou que no Brasil, 88% dos resíduos sólidos urbanos fica a céu aberto, sendo somente 0,60 destinado a reciclagem e 0,70 a compostagem.

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De janeiro/2000 em diante, 90% de todos os resíduos produzidos no Município de Sede Nova/RS, são destinados a reciclagem e a compostagem. Os 10% restantes, estão a cargo de campanhas de conscientização ambiental para alcançarmos um percentual de 100% de resíduos sólidos reaproveitáveis na zona urbana do Município

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Na figura 2 tem-se uma demonstração dos efeitos sobre a saúde da população do Município de Sede Nova/RS relacionado ao destino inadequado que era dado aos resíduos sólidos urbanos. Podemos analisar que mesmo num Município com apenas 1. 473 habitantes na zona urbana, produzindo um volume não muito maior que 1 tonelada por dia de lixo, tem seus problemas relacionados com o “lixo”.

Agravando assim o andamento da Saúde Pública e criando problemas para o setor, tirando muitas vezes os recursos financeiros de pacientes com necessidade de tratamento para outros distúrbios que não são causados por problemas relacionados ao destino e tratamento inadequado dos resíduos sólidos urbanos.

Figura 2: Moléstias mais freqüentes na população entre 1988 a 2000 que tem relação com os problemas causados pelos resíduos sólidos urbanos.

Como pode-se verificar na figura 2, segundo dados cedidos pela Unidade Única de Saúde do Município de Sede Nova/RS, e também os resultados das pesquisas sobre quais moléstias que mais assolavam a população; tem-se as verminoses de um modo em geral ocupando o pico mais alto do gráfico com 90%.

Essas verminoses em geral têm sua origem através de vetores que se alimentam estritamente do lixo sem passar coleta seletiva e com características de putrefação. Os animais mais comuns relacionados a esse tipo de alimentação domiciliar tanto em cativeiro como em liberdade são os suínos, galináceos, cães, gatos e moscas.

E com um destino adequado para o “lixo” produzido a população irá se reeducar na separação dos resíduos através da coleta seletiva. Dispensando um cuidado maior para “ aquilo que sobra”. Mesmo com o resíduo orgânico que poderá ser utilizado para a alimentação de certos animais, só que em condições de higiene. Os distúrbios como dor de cabeça, problemas de visão, mal estar e náuseas estão relacionados a queima dos resíduos sólidos urbanos, e o odor advindo do mesmo, segundo dados da pesquisa realizada. Pois as pessoas expostas a fumaça e gases oriundos da queima dos resíduos alegaram sentir esses sintomas no momento da queima dos resíduos sólidos como também algumas horas após.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Verminoses em

geral Doença de Chagas

Dor de cabeça Problemas de

visão Mal estar/ náuseas Desinteria

Doenças

Gastrointestinais

Moléstias mais freqüentes

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A doença de Chagas ocorre num percentual menor associado a problemática dos resíduos sólidos, como também em relação a outro tipo de causa geradora.

Os distúrbios gastrointestinais e desinteria, ocorrem numa média de 40% a 50% devido a baratas e moscas respectivamente.

SEGUNDA ETAPA: ORGANOGRAMA DO CITRESU

Em uma última etapa, segue organograma do CITRESU- Consórcio Intermunicipal de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos, o qual o Município de Sede Nova/RS está incluso. Onde os resíduos que são conduzidos para a Unidade de Tratamento recebem classificação em cinco grupos: lixo orgânico ou úmido, seco ou reciclável, contaminado, tóxico e material de rejeito.

O lixo orgânico formado por matéria orgânica como papéis higiênico, restos de alimentos, cascas de frutas, etc.. Esse material passa por uma esteira para ser melhor selecionado, e o material propriamente orgânico; é conduzido ao pátio de compostagem, onde através de um processo físico-químico se obterá adubo para ser utilizado na agricultura.

O lixo seco ou reciclável como metais, vidros, certos plásticos, papelão e outros são conduzidos diretamente para o barracão do “Lixo reciclável”. Onde funcionários do CITRESU, separam, prensam e embalam os materiais segundo a sua natureza para ser enviado as usinas de reciclagem.

Os materiais contaminados originários de casa de tratamento de saúde como hospitais, consultórios, laboratórios, etc. Recolhido em separado, este material será conduzido diretamente para o aterro séptico. Os materiais considerados tóxicos, formado por pilhas elétricas, embalagens e restos de remédios, embalagem de venenos domésticos, lâmpadas fluorescentes, etc.. e quando chegam ao CITRESU, são conduzidos diretamente ao aterro contaminado, sendo muitas vezes enviados para campanhas de materiais tóxicos em outros locais.

Material de rejeito: formado por certos plásticos, roupas, sapatos, etc. Seguirá para os aterros próprios dentro da usina.

Assim, o CITRESU, tem o objetivo de dar um destino adequado para os resíduos sólidos produzidos nos Municípios do Consórcio.

RESULTADOS DA SEGUNDA ETAPA

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CONCLUSÕES

Com base no trabalho realizado, concluiu-se que:

Como vimos através dos dados, o Município de Sede Nova/RS, com uma população restrita a 1.473 habitantes na zona urbana apresenta uma problemática séria em relação a condições de sanitarismo.

Sabemos que além dos problemas de saúde que foram abordados, o meio em que se encontra essa população também apresenta problemas de poluição e contaminação. A figura 1 demonstra claramente o destino que os resíduos foram tomando em decorrência do passar do tempo.

Isso muito teve a força de órgãos ambientais e legislação específica para os resíduos sólidos urbanos. Muitos municípios como Sede Nova/RS estão organizando-se nesse aspecto, para dar um destino aos seus resíduos gerados, nada mais justo; pois essa problemática está cada vez mais fazendo parte de nosso dia a dia.

A experiência que se iniciou em janeiro de 2000, mudando padrões culturais através da coleta seletiva no município de Sede Nova/RS, trará seus benefícios a curto e a longo prazo. Como vimos na figura 2, 90% dos resíduos gerados na zona urbana estão sendo conduzidos a unidade de tratamento, sabemos que já foi atingido uma boa média, mas o objetivo é transformar este pequeno e simpático município o cartão postal como exemplo em reaproveitamento de resíduos sólidos urbanos.

Dessa maneira este projeto terá sua continuidade após 2000, para avaliarmos os efeitos pós coleta seletiva e tratamento dos resíduos sólidos urbanos já iniciados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. FRIZZO, E. – CITRESU- Consórcio Intermunicipal de Resíduos Sólidos Urbanos. Projeto Técnico de Engenharia. Bom Progresso.1999.

2. Lixo Limpo, um Projeto que deu certo na escola. Revista do Professor, Porto Alegre, 8(32): 34-38, out./dez. 1992.

3. MÜLLER, J. Educação Ambiental – Diretrizes para a Prática Pedagógica. Editora FAMURS. Porto Alegre.1999.

4. MÜLLER, J. Meio Ambiente na Administração Municipal – Diretrizes para Gestão Ambiental Municipal. Editora FAMURS. Porto Alegre. pp 141-143 e 149. 1996.

5. Um Passeio pela Ciência que Estuda o Lixo. Revista dos Municípios, Porto Alegre, pp 31-37, mai/jun. 1999.

Referências

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