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Fabiana Pimentel de França Lyra

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Academic year: 2022

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Barreiras associadas à terapêutica dietética da obesidade em doentes submetidas a cirurgia bariátrica que apresentaram reganho de peso

Fabiana Pimentel de França Lyra

M

2020

MESTRADO

NUTRIÇÃO CLÍNICA

(2)

T ítulo A ut or Barreira s as s o c iad as à terap êut ic a di et ét ic a da obe s ida de em doen tes s ubm et id a s a c irurg ia bariá tri c a que ap res en taram reganh o de pes o

F abiana Pimen tel d e F ranç a L y ra

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO

(3)

AGRADECIMENTOS

A Deus por me dar forças para todos os dias subir um degrau na vida. Ser mãe, esposa, estudante, dona de casa, e ainda conseguir junto ao mestrado realizar o processo de minha validação em Portugal da graduação em nutrição do Brasil. O mestrado está a chegar ao fim, mas a vida não. Ainda tenho muitos degraus a frente.

Aos meus pais que me permitiram e sempre incentivaram o estudo básico, secundário e superior. Que mesmo com todas as dificuldades financeiras, nunca desistiram em acreditar em seus filhos; obrigada painho e mainha. Amo vocês.

Meu esposo, que muito incentivou e incentiva meus estudos. Com palavras, com ajuda tecnológica e financeira para a realização deste mestrado. Quantas vezes lágrimas viraram sorrisos ao conversar com ele sobre esta trajetória. Obrigada meu amor, por acreditar em mim. Te amo!!!

Meus filhos Nicole e Cauan, que estão juntos nesta jornada em Portugal. Que ajudam da forma deles, muitas vezes sem entender. Muitas vezes aguentando o cansaço e o estresse da mamãe, mas saibam que tudo isto é por amor a vocês.

Meus orientadores Maria Flora Ferreira S. de C. Correia e Rui Manuel Almeida Poinhos, palavras faltam para dizer MUITO OBRIGADA por fazer parte desta caminhada e me ajudaram a subir este degrau.

Minhas amigas do mestrado. Àquelas que estão sempre por perto: Cristiane Oliveira, Elen Jorge, Franciele Rech, Gabriela Meliscki, e Luciana Peixoto, e também a outras colegas que participaram durante um ano em aulas presenciais do mestrado.

A amiga Priscila Vieira, que foi um braço direito importante quando aqui cheguei. Até minha mudança fez.

Um agradecimento especial a Diva Melim, nutricionista do Hospital São João pela amizade e cooperação no estudo.

A amiga Lidja Ribic, que aqui conheci, e é uma presença forte em nossas vidas aqui em Portugal.

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Aos meus irmãos Inácio e Luciana, que também acreditaram nesta minha nova etapa. Saudades, pois já são dois anos que não nos vemos.

A meus sobrinhos Pedro, Júlia, Demóstenes, Leônidas, Bruno e Heitor.

A minha psicóloga Maria Portugal, que foi ímpar neste processo. Palavras me faltam.

Às primas emprestadas de Portugal (Viviane e Karine) que me apoiam nesta estrada.

Aos doentes que participaram, que meus pensamentos cheguem até eles.

Meu muito obrigada.

E a todos aqueles que aqui não citei por esquecimento, deixo também minhas palavras de muito obrigada.

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“A maior recompensa para o trabalho do homem não é o que ele ganha com isso, mas o que ele se torna com isso”.

John Ruskin

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RESUMO

Introdução: A obesidade é uma doença crónica multifatorial, que quando não responde aos tratamentos convencionais, induz o doente realizar a cirurgia bariátrica.

Esse tratamento cirúrgico provoca a perda de peso em poucos meses, contudo um elevado percentual de doentes após cerca de 18 meses de procedimento apresentam reganho de peso. Muitos são os fatores que influenciam esse reganho de peso, entre eles barreiras associadas à terapêutica dietética.

Objetivo: Identificar as barreiras associadas à terapêutica dietética da obesidade em doentes submetidas à cirurgia bariátrica que apresentaram reganho de peso após o sexto mês de procedimento e relacionar as barreiras com o estado civil, os tipos de cirurgia realizados, IMC pré cirúrgico, IMC pós cirúrgico, IMC atual, o tempo desde a cirurgia e o tempo após cirurgia até atingir o peso mínimo.

Metodologia: Estudo do tipo observacional realizado no Centro de Responsabilidade Integrada de Obesidade (CRIO) do Centro Hospitalar Universitário São João (EPE-Porto). Avaliaram-se 52 mulheres com idade entre os 24 e os 64 anos que realizaram bypass gástrico ou sleeve gástrico. Recolheram-se informações no prontuário eletrónico (tempo desde cirurgia, tipo cirúrgico, peso pré cirúrgico, data de nascimento, altura, peso mínimo atingido após cirurgia e em quanto tempo atingiu esse peso mínimo) e outras informações foram questionadas diretamente à doente (estado civil, escolaridade e identificação das barreiras ao cumprimento da terapêutica dietética). O peso atual foi medido no ato da consulta no momento da avaliação antropométrica.

Resultados: Entre as cinco barreiras mais identificadas, as barreiras 19 e 25, que são relacionadas a causas psicológicas foram as mais evidenciadas. Quanto ao estado civil e o tipo de cirurgia realizada, não houve associação significativa com o número de barreiras identificadas. Entre as barreiras mais identificadas e o IMC (pré cirúrgico, mínimo atingido após a cirurgia e o atual), apenas houve associação significativa entre a barreira 16 e o IMC atual. Quanto mais elevada a idade (r = 0,348;

p = 0,035) e o tempo desde realização da cirurgia (r = 0,515; p = 0,001), maior o número de barreiras citadas. Quanto menor a escolaridade (r = -0,429; p = 0,008), maior o número de barreiras citadas.

Considerações finais: As barreiras mais citadas entre as doentes são relacionadas ao cunho psicológico. A idade mais elevada e o tempo de cirurgia foram fatores que influenciaram o maior número de citações de barreiras e o menor tempo de escolaridade influenciaram para um maior número de barreiras citadas.

Palavras-chaves: Obesidade, cirurgia bariátrica, barreiras, terapêutica dietética.

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ABSTRACT

Introduction: Obesity is a chronic multifactorial disease, which when it does not respond to conventional treatments, induces the patient to undergo bariatric surgery. This surgical treatment causes weight loss within a few months; however, a high percentage of patients after about 18 months of procedure have regained weight.

There are many factors that influence this weight regain, including barriers associated with dietary therapy.

Objective: Identify the barriers associated with dietary therapy for obesity in patients undergoing bariatric surgery who had regained weight after sixth month of the procedure and relate the barriers with marital status, the types of surgery performed, pre-surgical BMI, post-surgical BMI and current BMI, the time since surgery and the time after surgery until reaching minimum weight.

Methodology: Observational study carried out at the Center of Responsibility for the Integration of Obesity (CRIO) at Centro Hospitalar Universitário São João (EPE- Porto). 52 women aged between 24 and 64 years who underwent gastric bypass or gastric sleeve were evaluated. Information was collected from the electronic medical record (time since surgery, type of surgery, pre-surgical weight, date of birth, height, minimum weight reached after surgery and how long until they reached this minimum weight) and other information was asked directly to the patient (marital status, education and identification of barriers to compliance with dietary therapy). The current weight was measured during the consultation at the moment of the anthropometric assessment.

Results: Among the five most identified barriers, barriers 19 and 25 related to psychological nature were the most evident. Regarding marital status and the type of surgery performed, there was no significant association with the number of barriers identified. Among the most identified barriers and BMI (pre-surgical, the minimum reached after surgery and the current one), only significant association was between barrier 16 and the current BMI. The higher the age (r = 0.348; p = 0.035), and the time since surgery (r = 0.515; p = 0.001), the greater the number of barriers mentioned. The lower the education level (r = -0.429; p = 0.001), the greater the number of barriers mentioned.

Final considerations: The barriers most cited among patients were those related to the psychological nature. Older age and time of surgery were factors that influenced a greater number of citations of barriers and the shorter educational period influenced a greater number of barriers mentioned.

Keywords: Obesity, bariatric surgery, barriers, diet therapy.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Classificação das barreiras que prejudicam a adesão à terapêutica dietética .. 17

TABELA 2: Caracterização em termos de escolaridade, estado civil e tipo de cirurgia ... 19

TABELA 3: IMC (pré cirurgia, mínimo pós cirurgia e atual), e Tempo (desde a realização da cirurgia e até alcançar peso mínimo) ... 19

TABELA 4: Barreiras associadas ao cumprimento da terapêutica dietética ... 20

TABELA 5: Correlação das variáveis estudadas com o número de barreiras ... 21

TABELA 6: Associação das barreiras mais indicadas com o tipo do Estado Civil ... 22

TABELA 7: Associação das barreiras mais indicadas com o tipo de cirurgia realizada ... 23

TABELA 8: Associação entre as barreiras mais indicadas com a idade na entrevista e o nível de escolaridade ... 24

TABELA 9: Associação entre as barreiras mais indicadas com o IMC (kg/m2) antes da cirurgia, o menor índice e o atual ... 25

TABELA 10: Associação entre as barreiras mais indicadas com o tempo pós cirurgia e o tempo necessário para atingir o peso mínimo ... 26

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 10

2. OBJECTIVOS ... 15

3. METODOLOGIA ... 16

3.1. MATERIAIS E MÉTODOS ... 16

3.2. ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 17

4. RESULTADOS ... 19

5. DISCUSSÃO... 27

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 31

7. REFERÊNCIAS ... 32

ANEXOS ... 39

Anexo 1: Lista de barreiras ... 40

Anexo 2: Questionário de coleta de dados ... 41

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1. INTRODUÇÃO

A obesidade é reconhecida como uma pandemia e há décadas tem sido apontada como prioridade das políticas públicas de âmbito nacional e internacional.

Entretanto, ainda que possam ser observados progressos em determinadas realidades, nenhum país conseguiu controlar essa pandemia (1). A doença afeta mais de 650 milhões (13%) de adultos com 18 anos ou mais. Somando-se ao sobrepeso, esse número chega a 1,9 mil milhões de adultos em todo o mundo (2). Na Europa a prevalência de sobrepeso e obesidade entre os adultos aumentou. O excesso de peso entre 2010 e 2016 passou de 55,9% para 58,7%, e quanto à obesidade de 20,8% para 23,3% (3). A nível nacional, a população portuguesa possui uma prevalência de obesidade de 22,2%, sendo 24,3% no sexo feminino, contra 20,1% no sexo masculino. Em relação a pré obesidade, 34,8% da população portuguesa é composta por pré obesos (4).

A obesidade é definida pela OMS como uma doença crónica multifatorial, resultado da interação entre carga genética e ambiente e caracterizada por um acúmulo anormal ou excessivo de tecido adiposo (2). Como consequência deste acúmulo de gordura corporal, outras doenças podem surgir; tais como: hipertensão arterial, diabetes mellitus, litíase vesicular, doenças coronárias, doença vascular cerebral, alguns tipos de cancro, ou doenças degenerativas do sistema musculoesquelético, como a osteoartrose. A obesidade é classificada em grau 1 quando o IMC se encontra entre 30 e 34,9 kg/m2, em grau 2, quando o IMC (índice de massa corporal) encontra-se entre 35 e 39,9 kg/m2 e em grau 3 para IMC igual ou superior a 40 kg/m2. Quanto maior o grau da obesidade, maior o risco de doenças associadas (2).

(11)

Em relação ao tratamento da obesidade, a intervenção dietética deve ser privilegiada nos cuidados primários, uma vez que mostra ser eficaz na resposta do peso e controlo de biomarcadores de doenças crónicas (5). Em paralelo a esta intervenção devem-se conhecer e adequar os estilos de vida, que variam consideravelmente de indivíduo para indivíduo. As estratégias e terapêutica a implementar devem ser individualizadas com o objetivo de promover uma melhor adesão e consequente sucesso (6). A perda de peso e sua manutenção através da intervenção dietética não é uma tarefa fácil para as doentes obesas, o que leva muitos profissionais médicos a prescrever a terapia farmacológica como um adjuvante na resposta do tratamento (7). Contudo, quando estas técnicas convencionais não produzem resultados satisfatórios, as técnicas cirúrgicas (cirurgia bariátrica) passam a ser os métodos de resposta à perda de peso.

Foi na década de 50, que o tratamento cirúrgico da obesidade começou a ser mais conhecido. No início centrava-se na tentativa de reduzir o peso por meio da amputação da capacidade de absorção intestinal, através do bypass intestinal. Mais tarde, com o advento do bypass gástrico percebeu-se o interesse do componente restritivo, de tal forma que nas décadas de 80 e 90, recebeu a preferência da maioria dos cirurgiões (8). No mesmo período, a banda gástrica, procedimento para colocação de uma prótese no estômago com objetivo restritivo, também alternativa fácil, atrativa e reversível para o tratamento da obesidade mórbida. Contudo atualmente é bem menos utilizada, uma vez que apesar de ocasionar perda de peso verifica-se um grande reganho de peso com o passar do tempo após a cirurgia (8).

Atualmente, as técnicas classificam-se em restritivas, malabsortivas e mistas, e podem ser realizadas por laparotomia (cirurgia aberta) ou por videolaparoscopia (técnicas menos invasivas), sendo esta última a mais segura e mais utilizada por diminuir as complicações (9). As técnicas restritivas (banda gástrica ajustável, gastroplastia vertical e gastrectomia vertical) permitem uma saciedade precoce devido a diminuição da bolsa gástrica e consequentemente uma redução de peso (10). Quanto às técnicas malabsortivas (derivação jejuno-ileal e suas variantes), o princípio fundamental é a perda, pelas fezes, dos macronutrientes ingeridos. Essas técnicas estão em desuso face à alta incidência de complicações metabólicas e nutricionais a longo prazo. As complicações ocorrem pela grande quantidade de intestino sem funcionalidade, o que leva a um grande crescimento bacteriano no segmento intestinal

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excluído e consequente alta incidência de complicações digestivas, como diarreias, cirrose e pneumatose intestinal (9).

Em relação às técnicas mistas, há uma associação entre a restrição e malabsorção de nutrientes em maior ou menor grau pelo intestino, dependendo da técnica utilizada e da extensão de intestino delgado excluído (9). Neste tipo de cirurgia, para além do fator restritivo, que provoca a sensação de saciedade com uma pequena quantidade de alimento, existe também o mal absortivo, conseguido pela diminuição do local de absorção de nutrientes no intestino delgado (11). É destas técnicas que faz parte a técnica de CB mais utilizada no mundo: o bypass gástrico em Y de Roux (RYGB) (12). Por um lado, ocorre restrição com a retirada do estômago proximal, reduzindo assim o seu volume, criando uma bolsa de cerca de 10 a 25 ml, deixando o resto do estômago excluído. Por outro lado, “a má-absorção é gerada através da divisão do intestino delgado formando a alça de Roux e outra biliopancreática. A alça de Roux (Y de Roux) é criada através da divisão do jejuno 50 cm abaixo do ligamento duodenojejunal. Em seguida, ela é medida e uma jejunostemia mecânica lateral é criada, a 150 cm abaixo da gastrojejunoanastomose“ (13). Além de levar a uma óptima resposta em relação à perda de peso em doentes com diabetes, cerca de 85 a 90%

dos doentes tendem a controlar as taxas glicémicas sem uso de medicamento (14). Quando os métodos terapêuticos tradicionais não surtem efeitos satisfatórios no tratamento da obesidade mórbida ou da obesidade de grau 2 associada com outras comorbidades, a CB é então considerada a melhor opção de tratamento. Os resultados esperados com a CB incluem perda de peso, melhora das comorbidades e da qualidade de vida (15). Entretanto, é cada vez mais comum o reganho de peso após a CB. Estudos demonstram que 50% de doentes que realizam a cirurgia retornam ao peso pré cirúrgico até completarem 5 anos de procedimento (16). Após 10 anos de procedimento menos da metade das doentes estão satisfeitas com a realização da CB, 50% dos operados ganham novamente mais de 20% do excesso de peso e cerca de 5% reganham praticamente todo o peso perdido e retornam ao seu peso inicial (17). O reganho de peso pode ocorrer após a doente ter eliminado satisfatoriamente o excesso de peso, ou antes mesmo de ocorrer a perda de peso necessária pós cirurgia, quando o tratamento em si não surtiu com resultados esperados (18). Alguns autores relatam que após 18 meses de cirurgia verificam-se em muitas doentes o reganho de peso(19,20). Em 1998, estudos citavam que 30% das doentes que realizavam a CB

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haviam recuperado de peso no pós-operatório de 18 a 24 meses (21) Já em 2011, foi citado em outros estudos que a médio e longo prazo cerca de 13 a 30% das doentes começam a recuperar o peso após a CB (22). Em estudos recentes, aproximadamente 50% das doentes após 5 anos retornam ao peso cirúrgico (16). Os mecanismos relacionados ao reganho de peso podem ser considerados mecânicos (restrição da capacidade gástrica), influências hormonais e fatores pessoais (aumento do aporte energético, diminuição da atividade física e uma possível dilatação da bolsa gástrica ou da anastomose jejuno-gástrica) (23). Factores como consumo excessivo de álcool, compulsão por doces e alimentos hiperlipídicos em geral, são causas para o reganho de peso após a CB (24).

Não existe consenso quanto à definição de reganho de peso após a CB, nomeadamente em termos dos parâmetros de medida de reganho de peso, da quantidade de reganho de peso e do prazo mínimo em que ele ocorra (19). Uma definição possível é o aumento ponderal após atingimento do menor peso pós cirúrgico (25), mas a ausência da padronização destes parâmetros dificulta comparações em pesquisas científicas (26).

Em Portugal, as CB mais realizadas são o bypass gástrico em primeiro lugar, seguida pela gastrectomia em sleeve gástrico (27). Contudo, independente do tipo de cirurgia a realizar, o sucesso permanente do processo depende de um acompanhamento de uma equipe multidisciplinar com programas educativos, no qual são sugeridas orientações quanto à necessidade de adesão às recomendações dietéticas, o comparecimento às consultas e a prática de atividade física (28). É de grande relevância o estímulo de uma equipa multidisciplinar às doentes para que compareçam periodicamente às consultas pós cirúrgicas para o acompanhamento do estado geral da doente, assim como o estímulo ao seguimento das orientações dietéticas propostas, a objetivar uma melhor resposta de perda de peso ou até mesmo a manutenção do peso.

Conhecer os fatores envolvidos no reganho de peso após a CB pode auxiliar na manutenção do excesso de peso perdido e estes factores precisam ser analisados criteriosamente (29). Em 2009, foi realizado por Correia et al (30) um estudo, que entre outros objetivos, um deles seria entender o porquê das doentes obesas não cumprirem os planos alimentares propostos como terapêutica para perda de peso. Na

(14)

investigação foi apresentada às doentes uma lista de 34 barreiras (Anexo 1) relacionadas ao cumprimento da terapêutica dietética. As doentes escolheriam as barreiras quando estas representassem um impedimento à realização da terapia dietética, sendo assim possível identificar as razões pessoais para o não cumprimento. No entanto, desconhecem-se trabalhos em que este tipo de barreiras tenha sido analisado em doentes submetidas a cirurgia bariátrica que obtiveram reganho de peso após o procedimento. Sendo comum o reganho de peso nessas doentes e decorrendo o reganho do incumprimento da terapêutica, importa conhecer as barreiras que as próprias doentes identificam como maiores entraves à adesão terapêutica.

(15)

2. OBJECTIVOS

- Identificar as barreiras ao cumprimento da terapêutica dietética em doentes submetidas a cirurgia bariátrica;

- Estudar a relação entre o número de barreiras identificadas e: idade na data da entrevista, escolaridade, tipo de cirurgia, IMC (pré cirurgia, mínimo pós cirurgia e atual), tempo pós cirurgia, e tempo pós cirurgia até atingir o peso mínimo;

- Comparar as participantes que indicaram ou não cada uma das barreiras mais prevalentes em termos de: idade na data da entrevista, escolaridade, tipo de cirurgia, IMC (pré cirurgia, mínimo pós cirurgia e atual), tempo pós cirurgia, e tempo pós cirurgia até atingir o peso mínimo.

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3. METODOLOGIA

3.1. MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo, do tipo observacional, foi realizado no CRIO durante as consultas externas multidisciplinares para o tratamento cirúrgico da obesidade entre 15 de setembro de 2019 e 4 de março de 2020. Foram critérios de inclusão: realizado CB há pelo menos 6 meses e apresentado reganho de peso após essa intervenção, bem como idade compreendida entre os 18 e os 64 anos. Excluímos do estudo doentes em cirurgia de revisão, gestantes, doentes que apresentaram alguma complicação pós cirúrgica, ou doentes que apresentaram reganho de peso propositadamente.

Anteriormente ao início da coleta de dados, o estudo foi aprovado pela Comissão de Ética do Centro Hospitalar São João. Todas as doentes que participaram do estudo foram informadas das condições de participação, onde houve oportunidades de colocarem dúvidas e, por fim, assinaram um termo de consentimento para participarem do referido estudo.

Foram contactadas 54 doentes, das quais 52 aceitaram participar no estudo (taxa de participação de 96,3%). Pelo seu reduzido número (n = 7) optou-se por não analisar os dados dos participantes do sexo masculino. As doentes que havia realizado banda gástrica (n = 8) anteriormente, também foram excluídas da amostra devido o número reduzido.

Foi analisada uma amostra final de 37 indivíduos do sexo feminino que realizaram CB (bypass gástrico em Y de Roux ou sleeve gástrico) e apresentaram reganho de peso em algum momento pós cirúrgico após o sexto mês de procedimento.

Na investigação, foram coletadas informações no prontuário eletrónico do hospital (data de nascimento, tempo desde a cirurgia, tipo cirúrgico, peso pré cirúrgico, altura, IMC atual, peso mínimo atingido após cirurgia e em quanto tempo atingiu esse peso mínimo); outras informações coletadas diretamente à doente (estado civil, escolaridade e as barreiras enfrentadas) e, por fim, o peso atual que foi aferido no ato da consulta no momento da avaliação antropométrica.

Com o intuito de perceber quais as principais barreiras encontradas pelas doentes que impedem o sucesso do procedimento bariátrico, foi aplicado um

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questionário (Anexo 1) com 34 barreiras relacionadas ao cumprimento da terapêutica dietética, onde a doente identificava as barreiras que a impediram de pôr em prática as condutas nutricionais sugeridas após a cirurgia. As participantes poderiam escolher quantas barreiras desejassem, desde que representassem as suas dificuldades para pôr em prática as orientações. Essas barreiras descritas foram oriundas do trabalho de investigação de Correia et al. (30). Segundo a autora, as barreiras apresentadas na tabela 1 foram classificadas da seguinte forma:

TABELA 1: Classificação das barreiras que prejudicam a adesão à terapêutica dietética

Classificação Números das barreiras Estilo de vida 1 e 4

Decisão/motivação 16, 17, 28 e 30 Falta de informação 3, 10, 13, 15 e 18 Relacionamento social 5, 6, 8, 23 e 32

Fatores psicológicos 7,19, 20, 24, 25, 27, 29 e 31

Propriedades sensoriais 2, 9, 11, 12, 14, 21, 22, 26, 33 e 34 Nota: Adaptada de Correia et al. 30

Além dessas barreiras, as doentes tinham a possibilidade de indicar alguma

“outra” barreira, caso desejasse.

Devido ao reduzido tamanho da amostra a comparação entre quem referiu ou não cada barreira foi realizada para barreiras indicadas por pelo menos 20% da amostra. Salienta-se que nenhuma barreira foi indicada por mais de 80% da amostra.

3.2. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística foi realizada no Programa IBM SPSS versão 26.0 para Windows. A estatística descritiva consistiu no cálculo de frequências absolutas (n) e relativas (%), de médias e desvios-padrão (dp) e de medianas e percentis. A normalidade da distribuição das variáveis cardinais foi avaliada através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Como a maioria das variáveis cardinais apresentava diferenças significativas face à distribuição normal, optou-se pelo uso de testes não-paramétricos ao longo de toda a análise. O coeficiente de correlação de Spearman foi usado para medir o grau de associação entre pares de variáveis. Utilizou-se o teste de Mann-

(18)

Whitney para comparar ordens médias de amostras independentes. A independência entre pares de variáveis foi avaliada através do teste exato de Fisher. Rejeitou-se a hipótese nula quando p < 0,05.

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4. RESULTADOS

A amostra final foi composta por 37 mulheres com idade média de 47 anos (dp

= 11) e estão compreendidas entre 24 e os 64 anos. A maioria das doentes tem uma escolaridade entre o segundo ciclo e o ensino secundário. Em relação ao estado civil, as casadas representaram a maior representatividade. O bypass gástrico foi o tipo de cirurgia mais realizada entre as doentes em estudo. Na tabela 2 observa-se estes resultados.

TABELA 2: Caracterização em termos de escolaridade, estado civil e tipo de cirurgia n %

Nível de escolaridade Primeiro ciclo incompleto 1 2,7 Primeiro ciclo completo 4 10,8 Segundo ciclo incompleto 1 2,7 Segundo ciclo completo 8 21,6 Terceiro ciclo completo 5 13,5 Secundário incompleto 3 8,1 Secundário completo 10 27,0

Graduação 3 8,1

Pós graduação 2 5,4

Estado civil Casado ou união de facto 28 75,7

Solteira 1 2,7

Divorciada ou separada 8 21,6 Tipo de cirurgia Bypass gástrico 24 64,9 Sleeve gástrico 13 35,1

Referindo aos IMC, a tabela 3 apresenta as características dessas doentes quanto ao IMC pré cirurgia, IMC mínimo atingido após cirurgia e IMC atual.

TABELA 3: IMC (pré cirurgia, mínimo pós cirurgia e atual), e Tempo (desde a realização da cirurgia e até alcançar peso mínimo)

Mín Máx Mediana Percentil 25 Percentil 75

IMC pré cirurgia 34,8 55,8 42,7 38,0 46,2

IMC mín pós cirurgia 20,9 36,3 26,5 25,8 28,9

IMC atual 23,4 47,4 28,1 27,1 31,8

Tempo pós cirurgia 1,5 3,9 2,9 2,5 4,1

Tempo desde cirurgia até

alcançar peso mínimo 0,6 3,8 1,6 1,0 2,5

Nota: IMC (Kg/m2) Tempo (anos)

Nomeadamente, em relação às citações do número de barreiras indicadas individualmente pelas doentes, variou de 0 a 31 barreiras. Contudo, a mediana do

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número de barreiras indicadas por indivíduo foram de 5, com 50% dos participantes a indicarem entre 2 e 11 barreiras.

Na tabela 4 encontram-se a lista das 34 barreiras associadas ao cumprimento da terapêutica dietética após a CB, por ordem decrescente de prevalência de identificação.

TABELA 4: Barreiras associadas ao cumprimento da terapêutica dietética

Número da

barreira Descrição da barreira n %

19 Ansiedade e nervoso fazem com que eu coma mais 26 70,3 4 Sinto dificuldade em cumprir porque tenho um estilo de vida

muito atarefado

18 48,6

25 Comer diminui-me o nervoso 17 45,9

28 Penso sempre que amanhã retornarei a fazer a dieta 15 40,5

18 O aumento de peso é de família 14 37,8

22 Gosto de comer doces 14 37,8

1 Não consigo fazer dieta porque os horários de trabalho/

estudos não permitem

13 35,1 7 Sinto-me fraca/o quando faço dieta, com falta de forças 11 29,7 16 Não tenho força de vontade para fazer dieta 11 29,7

26 Gosto de comer 11 29,7

8 A minha família e amigos gostam de outro tipo de comida 9 24,3 11 A dieta obriga-me a deixar de comer o que gosto 9 24,3

24 Saber que vou ter que fazer dieta sempre 9 24,3

34 Sinto-me desconsolado a fazer dieta 9 24,3

14 A dieta não é comida suficiente, fico com fome 8 21,6

31 Sinto-me desanimada/o quando faço dieta 8 21,6

29 Sinto-me insatisfeita/o a fazer dieta 7 18,9

30 Não consigo levar uma dieta a sério 7 18,9

2 A dieta prescrita é comida que não apetece comer 6 16,2 9 Fazer dieta é uma grande mudança na minha alimentação

habitual

6 16,2 12 A dieta é comida diferente da que estou habituada/o 6 16,2

13 A comida de dieta é mais cara 6 16,2

20 Quando tenho comida à frente não resisto 6 16,2

32 A dieta obriga a cozinhar à parte 6 16,2

5 Sinto que quando estou a cumprir dieta sou diferente de quem está à minha volta

5 13,5

23 As dietas interferem com a vida familiar 5 13,5

6 Onde como não se fazem dietas 4 10,8

17 Eu não quero/consegui mudar os meus hábitos alimentares 3 8,1

33 A dieta não me dá prazer 3 8,1

3 Não sou capaz de cozinhar dieta 2 5,4

10 Tenho dificuldade em encontrar os alimentos da dieta 2 5,4 15 Para preparar a dieta perco muito tempo, pois exige uma

preparação demorada

2 5,4

21 A comida de dieta não é saborosa 2 5,4

27 Não consigo parar de comer depois de começar 2 5,4

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A tabela 5 apresenta a correlação entre o número de barreiras indicadas pelas doentes com a idade no momento da entrevista, nível de escolaridade, IMC (pré cirurgia, mínimo pós cirurgia, atual), tempo (desde a realização da cirurgia e pós cirurgia até atingir o peso mínimo).

TABELA 5: Correlação das variáveis estudadas com o número de barreiras

Variável estudada rs p

Idade entrevista 0,348 0,035

Nível de escolaridade -0,429 0,008

IMC pré cirurgia -0,125 0,463

IMC mínimo pós cirurgia 0,218 0,194

IMC atual 0,284 0,089

Tempo Pós cirurgia 0,515 0,001

Tempo desde cirurgia até peso mínimo 0,168 0,320

Os tipos de barreiras mais indicadas relacionada ao estado civil e ao tipo de cirurgia também foram estudados. Na tabela 6 observam-se a relação das barreiras mais indicadas com o estado civil e na tabela 7 encontram-se a relação das barreiras mais citadas com o tipo de cirurgia realizada.

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TABELA 6: Associação das barreiras mais indicadas com o tipo do Estado Civil

Casada/

união de facto [n = 28]

Divorciada/

solteira [n = 9]

Descrição da barreira n % n % p *

Ansiedade e nervoso fazem com que eu

coma mais 9 67,9 7 77,8 0,695

Sinto dificuldade em cumprir porque tenho

um estilo de vida muito atarefado 14 50,0 4 44,4 1,000

Comer diminui-me o nervoso 14 50,0 3 33,3 0,462

Penso sempre que amanhã retornarei a fazer

a dieta 12 42,9 3 33,3 0,711

O aumento de peso é de família 11 39,3 3 33,3 1,000

Gosto de comer doces 12 42,9 2 22,2 0,434

Não consigo fazer dieta porque os horários

de trabalho/ estudos não permitem 4 30,8 9 37,5 0,734

Sinto-me fraca/o quando faço dieta, com falta

de forças 7 25,0 4 44,4 0,404

Não tenho força de vontade para fazer dieta 10 35,7 1 11,1 0,229

Gosto de comer 8 28,6 3 33,3 1,00

A minha família e amigos gostam de outro

tipo de comida 8 28,6 1 11,1 0,403

A dieta obriga-me a deixar de comer o que

gosto 7 25,0 2 22,2 1,000

Saber que vou ter que fazer dieta sempre 8 28,6 1 11,1 0,403 Sinto-me desconsolado a fazer dieta 7 25,0 2 22,2 1,000 A dieta não é comida suficiente, fico com

fome 5 17,9 3 33,3 0,373

Sinto-me desanimada/o quando faço dieta 5 17,9 3 33,3 0,373

*Teste exacto de Fisher

(23)

TABELA 7: Associação das barreiras mais indicadas com o tipo de cirurgia realizada

Descrição da barreira

Sleeve gástrico

[n = 13]

Bypass gástrico

[n = 24]

p*

n % n %

Ansiedade e nervoso fazem com que eu coma mais 11 84,6 15 62,5 0,262 Sinto dificuldade em cumprir porque tenho um estilo

de vida muito atarefado 8 61,5 10 41,7 0,313

Comer diminui-me o nervoso 10 76,9 7 29,2 0,080

Penso sempre que amanhã retornarei a fazer a dieta 7 53,8 8 33,3 0,300

O aumento de peso é de família 6 46,2 8 33,3 0,495

Gosto de comer doces 7 53,8 7 29,2 0,171

Não consigo fazer dieta porque os horários de

trabalho/ estudos não permitem 4 30,8 9 37,5 0,734

Sinto-me fraca/o quando faço dieta, com falta de

forças 3 23,1 8 33,3 0,711

Não tenho força de vontade para fazer dieta 6 46,2 5 20,8 0,143

Gosto de comer 4 30,8 5 20,8 0,691

A minha família e amigos gostam de outro tipo de

comida 4 30,8 5 20,8 0,691

A dieta obriga-me a deixar de comer o que gosto 5 38,5 4 16,7 0,229 Saber que vou ter que fazer dieta sempre 4 30,8 5 20,8 0,691 Sinto-me desconsolado a fazer dieta 4 30,8 5 20,8 0,691 A dieta não é comida suficiente, fico com fome 4 30,8 4 16,7 0,413 Sinto-me desanimada/o quando faço dieta 3 23,1 5 20,8 1,000

*Teste exacto de Fisher

A tabela 8 refere-se às associações das barreiras mais indicadas com a idade no momento da entrevista e o nível de escolaridade.

A tabela 9 apresentam os dados da associação entre as barreiras mais indicadas com os IMC (antes da cirurgia, mínimos pós cirurgia e o atual).

As associações entre as barreiras mais indicadas com o tempo desde a cirurgia até o momento da entrevista e o tempo necessário para atingir o peso mínimo, encontram-se na tabela 10.

(24)

TABELA 8: Associação entre as barreiras mais indicadas com a idade na entrevista e o nível de escolaridade

Descrição da barreira

SIM Mediana (P25; P75)

NÃO Mediana (P25; P75)

SIM Mediana (P25; P75)

NÃO Mediana (P25; P75)

Idade na entrevista

(anos) p

Nível escolaridade

(anos) p

Ansiedade e nervoso fazem com que eu coma mais 45,9

(41,4; 55,5)

55,1

(37,1; 59,5) 0,219 7,5 (5,0; 9,0)

7,0

(5,0; 9,0) 0,813 Sinto dificuldade em cumprir porque tenho um estilo de vida muito atarefado 44,2

(36,6; 58,0)

48,9

(43,5; 59,4) 0,248 5,0 (4,8; 8,3)

9,0

(7,0; 10,0) 0,015

Comer diminui-me o nervoso 46,7

(43,4; 57,0)

46,4

(32,1; 58,9) 0,465 7,0 (4,5; 9,0)

8,0

(5,0; 9,0) 0,292

Penso sempre que amanhã retornarei a fazer a dieta 55,4

(44,4; 59,2)

44,3

(34,5; 52,4) 0,035 7,0 (4,0; 9,0)

7,5

(5,0; 9,0) 0,593

O aumento de peso é de família 53,7

(45,9; 59,6)

44,1

(35,2; 55,1) 0,049 5,0 (3,8; 9,0)

8,0

(7,0; 9,0) 0,035

Gosto de comer doces 49,8

(39,3; 58,3)

45,3

(41,7; 58,0) 0,730 8,5 (5,0; 9,0)

7,0

(5,0; 9,0) 0,610 Não consigo fazer dieta porque os horários de trabalho/ estudos não permitem 44,4

(31,4; 54,4)

47,9

(43,2; 59,0) 0,098 7,0 (5,0; 9,0)

8,0

(5,0; 9,0) 0,639

Sinto-me fraca/o quando faço dieta, com falta de forças 56,0

(47,6; 58,5)

44,2

(34,5; 52,5) 0,020 7,0 (5,0; 7,0)

8,5

(5,0; 9,0) 0,141

Não tenho força de vontade para fazer dieta 55,4

(46,5; 59,7)

44,6

(36,6; 55,3) 0,033 9,0 (4,0; 9,0)

7,0

(5,0; 9,0) 0,813

Gosto de comer 55,9

(44,4; 59,2)

45,2

(36,6; 55,2) 0,084 7,0 (4,0; 9,0)

7,5

(5,0; 9,0) 0,577

A minha família e amigos gostam de outro tipo de comida 51,5

(43,9; 58,3)

45,9

(38,0; 57,5) 0,339 5,0 (3,5; 8,0)

8,0

(5,0; 9,0) 0,069

A dieta obriga-me a deixar de comer o que gosto 53,4

(45,4; 59,4)

45,2

(38,0; 55,8) 0,128 7,0 (3,0; 9,0)

8,0

(5,0; 9,0) 0,221

Saber que vou ter que fazer dieta sempre 58,2

(45,4; 61,4)

45,2

(38,0; 55,3) 0,052 4,0 (3,0; 8,0)

8,0

(5,0; 9,0) 0,020

Sinto-me desconsolado a fazer dieta 58,5

(51,2; 61,7)

44,6

(35,7; 52,9) 0,003 5,0 (3,00; 8,0)

8,0

(5,0; 9,0) 0,066

A dieta não é comida suficiente, fico com fome 55,6

(52,0; 58,9)

45,1

(36,2; 56,5) 0,039 6,0 (3,5; 8,5)

8,0

(5,0; 9,0) 0,159

Sinto desanimado (a) quando faço dietas 58,3

(54,0; 62,5)

45,1

(36,2; 53,3) 0,007 5,0 (3,0; 7,0)

9,0

(5,0; 9,0) 0,007

(25)

TABELA 9: Associação entre as barreiras mais indicadas com o IMC (kg/m2) antes da cirurgia, o menor índice e o atual

Descrição da barreira

SIM Mediana (P25;P75)

NÃO Mediana (P25;P75)

p

SIM Mediana (P25;P75)

NÃO Mediana (P25;P75)

p

SIM Mediana (P25;P75)

NÃO Mediana (P25;P75)

IMC Pré Cirurgia p

IMC Mínimo Pós

cirurgia IMC atual

Ansiedade e nervoso fazem com que eu coma mais 42,7

(37,6; 45,9)

43,1

(39,6; 48,9) 0,406 26,4 (25,8; 28,1)

26,5

(24,8; 30,8) 0,642 28,0 (26,8; 31,5)

28,7

(27,3; 33,6) 0,618 Sinto dificuldade em cumprir porque tenho um estilo de vida muito atarefado 40,5

(37,5; 45,3)

43,1

(39,9; 48,9) 0,145 26,3 (25,5; 30,5)

26,4

(26,0; 28,5) 0,715 28,3 (26,8; 32,4)

28,0

(27,3; 31,2) 0,952

Comer diminui-me o nervoso 42,6

(36,3; 45,01)

43,1

(39,1; 48,2) 0,247 26,4 (25,8; 29,7)

26,4

(25,6; 28,8) 0,879 28,6 (26,5; 32,5)

27,8

(27,3; 30,9) 0,715 Penso sempre que amanhã retornarei a fazer a dieta 42,7

(36,5; 45,0)

42,8

(38,0; 48,6) 0,404 26,7 (25,9; 29,0)

26,3

(25,0 ;29,1) 0,293 29,4 (27,7; 32,6)

27,7

(26,6; 29,7) 0,078

O aumento de peso é de família 43,7

(40,1; 47,9)

40,9

(37,0; 45,9) 0,133 27,2 (25,8; 32,0)

26,3

(25,7; 28,5) 0,168 29,7 (27,6; 33,4)

28,0

(26,8; 29,2) 0,178

Gosto de comer doces 42,4

(38,0; 44,0)

44,1

(37,8; 46,3) 0,594 26,4 (25,7; 29,5)

26,5

(25,7; 28,5) 0,950 28,3 (26,6; 31,2)

28,1

(27,3; 32,6) 0,707 Não consigo fazer dieta porque os horários de trabalho/ estudos não

permitem

43,0 (38,0; 49,1)

42,7

(38,3; 46,0) 0,924 26,2 (24,8; 27,0)

26,7

(25,8 ;30,1) 0,162 27,7 (26,6; 33,0)

28,5

(27,0; 31,3) 0,611 Sinto-me fraca/o quando faço dieta, com falta de forças 44,1

(37,0; 46,3)

42,4

(38,0; 46,7) 0,868 27,7 (26,0; 30,4)

26,3

(25,4; 28,1) 0,207 29,0 (27,7; 33,4)

27,9

(26,8; 31,2) 0,273

Não tenho força de vontade para fazer dieta 42,7

(36,5; 44,1)

42,8

(38,0; 48,6) 0,352 27,8 (26,1; 30,4)

26,3

(25,4; 28,0) 0,073 31,2 (28,6; 33,6)

27,8

(26,8; 29,4) 0,026

Gosto de comer 42,7

(39,0; 44,1)

42,8

(37,6; 48,6) 0,666 26,5 (25,8; 30,4)

26,4

(25,4; 28,6) 0,595 28,6 (26,7; 32,6)

28,0

(27,1; 31,2) 0,715 A minha família e amigos gostam de outro tipo de comida 43,3

(37,3; 46,4)

42,4

(38,1; 46,0) 1,000 27,8 (26,2; 31,3)

26,3

(25,4; 28,3) 0,089 31,3 (28,3; 33,0)

27,7

(26,8; 29,7) 0,077 A dieta obriga-me a deixar de comer o que gosto 43,1

(38,4; 44,6)

42,7

(37,9; 46,4) 0,723 27,3 (26,2; 30,7)

26,3

(25,5; 28,8) 0,203 31,3 (28,1; 33,1)

27,7

(26,8; 29,7) 0,066

Saber que vou ter que fazer dieta sempre 42,1

(39,2; 43,7)

43,1

(37,8; 46,4) 0,620 26,7 (25,9; 29,7)

26,4

(25,5; 28,4) 0,479 29,0 (26,9; 31,8)

27,9

(27,0; 32,5) 0,671

Sinto-me desconsolado a fazer dieta 43,1

(40,6; 45,2)

42,7

(37,8; 47,9) 0,832 28,9 (26,2; 32,3)

26,3

(25,5; 27,8) 0,083 32,3 (28,2; 33,5)

27,7

(26,8; 29,4) 0,052

A dieta não é comida suficiente, fico com fome 41,5

(36,6; 44,8)

43,0

(38,4; 47,4) 0,356 26,9 (26,0; 30,1)

26,4

(25,6; 28,7) 0,658 28,4 (26,3; 34,2)

28,1

(27,1; 31,2) 0,825

Sinto desanimado (a) quando faço dietas 42,5

(37,4; 46,0)

42,7

(38,0; 47,3) 0,825 28,1 (26,0; 31,3)

26,4

(25,6; 28,2) 0,285 31,8 (28,0; 34,5)

27,8

(26,8; 29,7) 0,097

(26)

TABELA 10: Associação entre as barreiras mais indicadas com o tempo pós cirurgia e o tempo necessário para atingir o peso mínimo

Descrição da barreira

SIM Mediana (P25;P75)

NÃO Mediana (P25;P75)

SIM Mediana (P25;P75)

NÃO Mediana (P25;P75)

Tempo pós cirurgia

(anos) p

Tempo desde cirurgia até

o peso mínimo (anos) p

Ansiedade e nervoso fazem com que eu coma mais 3,0

(2,4; 4,3)

2,6

(2,5; 4,1) 0,690 1,5

(1,0; 2,7)

1,6

(1,0; 2,5) 0,907 Sinto dificuldade em cumprir porque tenho um estilo de vida muito

atarefado

3,5 (2,5; 4,4)

2,6

(2,1; 3,0) 0,121 1,5

(1,0; 3,0)

1,5

(1,0; 2,1) 0,915

Comer diminui-me o nervoso 3,5

(2,5; 6,0)

2,6

(2,1; 3,8) 0,067 1,6

(1,0; 3,1)

1,5

(1,0; 2,0) 0,329 Penso sempre que amanhã retornarei a fazer a dieta 3,6

(2,7; 6,0)

2,5

(2,1; 3,2) 0,002 1,6

(1,0; 3,0)

1,5

(1,0; 2,2) 0,632

O aumento de peso é de família 3,0

(2,4; 5,0)

2,6

(2,5; 4,0) 0,452 1,6

(1,0; 2,5)

1,6

(1,0; 3,0) 0,988

Gosto de comer doces 3,0

(2,5; 5,7)

2,6

(2,5; 4,0) 0,398 2,0

(1,4; 3,3)

1,5

(1,0; 2,0) 0,028 Não consigo fazer dieta porque os horários de trabalho/ estudos não

permitem

3,1 (2,5; 5,0)

2,8

(2,8; 4,0) 0,824 1,5

(1,0; 1,8)

1,8

(1,0; 3,0) 0,286 Sinto-me fraca/o quando faço dieta, com falta de forças 3,1

(2,1; 5,1)

2,6

(2,5; 4,0) 0,606 2,0

(1,0; 2,5)

1,5

(1,0; 2,5) 0,583

Não tenho força de vontade para fazer dieta 4,1

(2,7; 7,0)

2,5

(2,1; 3,2) 0,002 2,1

(1,0; 3,6)

1,5

(1,0 ;2,2) 0,245

Gosto de comer 3,6

(3,0; 6,0)

2,6

(2,2; 3,9) 0,041 1,6

(1,0; 3,2)

1,6

(1,0; 2,2) 0,238 A minha família e amigos gostam de outro tipo de comida 3,9

(2,7; 5,5)

2,6

(2,3; 3,9) 0,184 1,6

(1,0; 2,8)

1,6

(1,0; 2,4) 0,887 A dieta obriga-me a deixar de comer o que gosto 4,0

(2,8; 7,5)

2,6

(2,2; 3,5) 0,006 1,6

(1,0; 3,1)

1,6

(1,0; 2,5) 0,846

Saber que vou ter que fazer dieta sempre 4,0

(3,3; 6,5)

2,6

(2,3; 3,4) 0,014 2,5

(1,0; 3,4)

1,6

(1,0; 2,1) 0,184

Sinto-me desconsolado a fazer dieta 5,1

(3,0; 6,5)

2,6

(2,2; 3,5) 0,002 2,5

(1,0; 2,8)

1,5

(1,0; 2,1) 0,280 A dieta não é comida suficiente, fico com fome 3,00

(2,5; 3,9)

2,6

(2,3; 4,6) 0,658 1,3

(1,0; 2,4)

1,6

(1,0; 2,6) 0,712

Sinto desanimado (a) quando faço dietas 4,6

(3,0; 5,9)

2,6

(2,2; 3,7) 0,017 2,3

(1,0; 2,5)

1,5

(1,0; 2,3) 0,555

(27)

5. DISCUSSÃO

Estudos referem que 50% das doentes que realizam CB retornam ao peso cirúrgico após cinco anos (16). Estes dados refletem os desafios após a CB, que as doentes obesas enfrentam, não apenas no processo da perda de peso, mas como também a sua manutenção a longo prazo. Um acompanhamento contínuo da doente em longo prazo com um nutricionista e equipa é fundamental no auxílio para garantir perda adequada e manutenção deste peso e ainda evitar deficiências nutricionais (31).

Conhecer os fatores que interferem para o reganho de peso, entre estes, as barreiras que impedem o cumprimento das orientações nutricionais prescritas pelos nutricionistas após a CB, pode contribuir para ações que minimizem este problema após a CB.

Na amostra em estudo observa-se que mesmo atingindo o peso mínimo após a cirurgia, as doentes ainda apresentam tendência a sobrepeso e, a partir dos 18 meses de cirurgia as doentes apresentam um aumento no IMC.

Portanto, apenas um pequeno percentual de doentes atinge o IMC ideal e consegue manter após a CB. Estes dados demonstram que apesar da CB ser um procedimento ímpar para perda de peso, a manutenção do peso em longo prazo é um grande desafio. Em um estudo realizado recentemente com doentes entre 1 e 5 anos após a cirurgia, a média dos IMC correspondia a obesidade (33,41 kg/m2) (32).

Das 5 barreiras mais indicadas, duas delas foram citadas na mesma proporção, somando então 6 barreiras (4, 28, 18, 19, 22 e 25) mais citadas e não 5. Destas barreiras mais indicadas, duas são barreiras relacionadas aos fatores psicológicos (barreiras 19 e 25). Um estudo realizado em 2010 referiu que a ansiedade e a depressão são as condições de maior prevalência pré cirúrgicas e resultam assim piores resultados após a CB em relação a perda e reganho de peso após a CB (33). O sucesso da CB como promoção de perda ponderal satisfatória e manutenção de saúde depende não apenas de um acompanhamento com nutricionista para orientações do plano e condutas alimentares, mas também do acompanhamento de uma equipa multidisciplinar:

(28)

psicólogo, endocrinologista, psiquiatra e educador físico (28). As outras barreiras mais indicadas neste estudo foram as barreiras 4 (relacionada ao estilo de vida), a 28 (relacionada a decisão/motivação) e a 18 (relacionada a falta de informação) e a 22 (relacionada a propriedades sensoriais). Ao comparar estes resultados com Correia et al. (30), verificou-se que no estudo desta autora, a barreira “ansiedade e nervoso fazem com que eu coma mais também estava entre as mais evidenciadas no grupo das mulheres estudadas. Parece ser a depressão e ansiedade, grandes contribuintes ao reganho de peso após a CB.

Vale salientar, que além das 34 barreiras nenhuma doente citou outra barreira, além destas.

Em relação à correlação entre o número de barreiras indicadas com caraterísticas sócio demográficas, clínicas e antropométricas conclui-se que, quanto mais elevada a idade, maior o número de barreiras indicadas. O ambiente social, dificuldades funcionais para comprar ou preparar alimentos, dificuldades financeiras, mudanças na capacidade cognitiva, alterações fisiológicas nas sensações gustativas, declínio na função olfativa e alterações na digestão e absorção de nutrientes podem ser os principais influenciadores no aumento do número de barreiras indicadas nos idosos (35). Em relação ao nível de escolaridade, quanto menor a escolaridade, maior o número de barreiras indicadas. Para Moura et al. (36), indivíduos menos escolarizados demonstraram menor conhecimento sobre alimentação saudável. Estudo realizado em 2002 revelou que homens e mulheres que abandonam a escola são mais propensos à obesidade e que a escolaridade está mais associada ao estado nutricional do que fatores como rendimento e ocupação (37). Esses dados de correlação quanto a idade e nível de escolaridade corroboram o estudo de Correia et al. (30). Em relação ao tempo que já se passou desde a cirurgia, quanto maior o tempo, maior o número de barreiras indicadas.

Na associação dos tipos de barreiras mais indicadas com o estado civil, observa-se que não há diferenças significativas entre as participantes casadas ou em união estável quando comparadas com as que estão solteiras, separadas ou divorciadas. Já quanto à associação das barreiras indicadas com o tipo de cirurgia realizada; apesar da tendência para as participantes que

(29)

realizaram sleeve gástrico indicarem mais barreiras do que as que fizeram bypass, a diferença não foi significativa.

Os resultados demonstram que em relação à idade, quanto maior a idade das doentes, mas as seguintes barreiras eram indicadas: 28 (penso sempre que amanhã retornarei a fazer a dieta), 18 (o aumento de peso é de família), 7 (sinto-me fraco quando faço dieta, e com falta de forças), 16 (não tenho força de vontade em fazer dietas), 34 (sinto-me desconsolado a fazer dietas), 14 (a dieta não é comida suficiente, pois fico com fome) e 31 (sinto-me desanimado quando faço dietas); sendo estas barreiras pertencentes às categorias “decisão/motivação”, “fatores psicológicos”, propriedades sensoriais”. Quanto ao nível de escolaridade, quanto menor era o nível de escolaridade, havia uma correlação negativa com as seguintes barreiras: 4 (sinto dificuldade em cumprir porque tenho um estilo de vida muito atarefado), 18 (o aumento de peso é de família), 24 (saber que vou ter que fazer dieta sempre), 31 (sinto-me desanimado quando faço dietas). Estas barreiras pertencem às categorias “estilo de vida”, “falta de informação”, “fatores psicológicos” e “propriedades sensoriais”.

Quanto à associação entre as barreiras mais indicadas com o IMC (pré cirurgia, mínimo pós cirurgia, e atual) apenas houve associação significativa com a barreira 16 (não tenho força de vontade em fazer dietas) e o IMC atual;

barreira esta inserida na categoria “decisão/ motivação”.

Nomeadamente, em relação às associações significativas das barreiras mais indicadas com o tempo desde cirurgia e o tempo pós cirurgia para atingir o peso mínimo, pôde-se concluir que quanto maior o tempo após a cirurgia, mais as barreiras seguintes eram indicadas: 28 (penso sempre que amanhã retornarei a fazer a dieta), 16 (não tenho força de vontade em fazer dietas), 26 (gosto de comer), 11 (a dieta obriga-me a deixar de comer o que gosto), 24 (saber que vou ter que fazer dieta sempre), 34 (sinto-me desconsolado a fazer dietas, sinto-me desanimado quando faço dietas) e 31 (sinto-me desanimado quando faço dietas); estas barreiras pertencem às categorias “propriedades sensoriais”, fatores decisão/motivação” e “fatores psicológicos. Em relação ao tempo para atingir o peso mínimo, apenas houve associação significativa com

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