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O alcance social e econômico da pena restritiva de direito : um estudo comparado

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UNIVERSIDADE

CATÓLICA DE

BRASÍLIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

STRICTO SENSU EM DIREITO

INTERNACIONAL ECONÔMICO E

TRIBUTÁRIO

Mestrado

O ALCANCE SOCIAL E ECONÔMICO DA PENA RESTRITIVA DE

DIREITO: UM ESTUDO COMPARADO

Autor: Ademar Bastos Gonçalves

Orientadora: Professora Doutora Arinda Fernandes

2009

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ADEMAR BASTOS GONÇALVES

O ALCANCE SOCIAL E ECONÔMICO DA PENA RESTRITIVA DE

DIREITO: UM ESTUDO COMPARADO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em

Direito Internacional Econômico da Universidade Católica de Brasília, como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Direito.

Orientadora: Professora Doutora Arinda Fernandes

BRASILIA

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TERMO DE APROVAÇÃO

Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para obtenção do Titulo de Mestre em Direito, defendida e aprovada em _____/_____/_____ pela banca examinadora constituída por:

_______________________________________________________ Professora Doutora Arinda Fernandes

Orientadora

_______________________________________________________ Professor Doutor Fernando Santos

Examinador Externo

_______________________________________________________ Professor Doutor Antônio de Moura Borges

Examinador Interno

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AGRADECIMENTOS

À DEUS, pelo dom da vida, sob cuja proteção desenvolvemos todo trajeto de nossas vidas, por ter me permitido realizar este sonho

Aos meus colegas que comigo compartilharam das angustias e alegrias nessa longa e exaustiva caminhada.

Ao Professor Doutor Antonio de Moura Borges, brilhante afirmação da pesquisa cientifica, por sua serena, equilibrada e entusiástica orientação á frente da UCB.

Ao Professor Doutor Arnaldo Godoy, exemplo da comunidade cientifica, pelo incentivo ao meu trabalho e pelos conhecimentos que me passou em sala de aula.

Ao Professor Doutor João Resende por sua simplicidade e compreensão, com quem muito aprendi.

Ao Professor Doutor Manoel Moacir, que revelou na sua austeridade a amabilidade do professor dedicado e comprometido com a pesquisa cientifica

Ao Professor Doutor Antônio Cachapuz de Medeiros, sempre dedicado a pesquisa, por sua atuação sempre firme e decidida.

A Professora Doutora Leila Bijus, exemplo de motivação, por seu estimulo nesta caminhada

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Aos meus pais Bertoldo e Fransquinha, exemplos de dignidade e fé inabalável em Deus todo poderoso.

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Encarcerados somos todos, mais ou menos, entre os muros do nosso egoísmo.

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RESUMO

A prisão há muito tem se constituído no mais deprimente espetáculo de vingança, assentado num modelo perverso que discrimina, avilta e degrada a personalidade humana. A cultura dominante da prisionalização tem ensejado a estigmatização do apenado, retratada nos crescentes índices de reincidência criminal, hoje em torno de 87 por cento. Os presídios são antros de reprodução do crime, ao revés de funcionarem como instrumentos de restauração do delinquente. O Brasil é hoje a quarta explosão prisional do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Rússia A população carcerária do país gira em torno de 423 mil presos com uma capacidade de ocupação de vagas no sistema penitenciário de 275.194 vagas. Nos últimos dez anos, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional, quadruplicou o numero de presidiários no Brasil. Em 1995 o Brasil detinha 95 presos por cada cem mil habitantes. Hoje são 227.23 presos por cada cem mil habitantes, enquanto na Espanha são cinqüenta presos por cada cem mil habitantes, o que representa vinte pontos abaixo na média européia O gasto mensal com o sistema penitenciário totaliza cerca de três bilhões, seiscentos e quatro milhões de reais. O custo per capita de um presidiário no Brasil é de dois mil e duzentos reais e de uma nova vaga no sistema penitenciário de trinta mil reais, o que levaria o país a investir cerca de cinco bilhões de reais para suprir o déficit de vagas nas prisões. Na Espanha o custo de uma nova vaga é de nove mil euros com um custo mensal per capita do preso de um mil e quinhentos euros. O custo com alimentação, na prisão varia de noventa a cento e setenta euros. Este trabalho aponta, com a adoção da pena restritiva de direito, que atualmente no Brasil não ultrapassa o índice de 1.2 por cento, enquanto na Europa atinge índices de 98 por cento, como na Alemanha e 50 por cento na Inglaterra, as alternativas para a redução do custo operacional do sistema e dos índices de reincidência penal.

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ABSTRACT

The prison has long made it the most depressing spectacle of revenge by the state tax, base don a model that discriminates against evil, debases and degrades the human personality. The dominant culture of opportunity prisionalização is the stigmatization of inmates, reflected. The prisons, despite the attempts undertaken in bursa the humanization of punishment are still antros of reproduction of the crime rather than act as instruments of restoring the inmates. Brazil today is the fourth explosion of the prison world with a prison population os 423 thousand prisoners with a capacity of occupation of vacancies os 275.194 vacancies. In the past tem years, according to the National Penitentiary Department, quadrupled the number of prisoners in Brazil. 95 were arrested in 1995 for every hundred thousand people today are 227.23 prisoners per hundred thousand inhabitants while in Spain are 50 prisoners per hundred thousand inhabitants, which is 20 points below the European average. The monthly spending with ol Brazilian prison system reaches three billion six hundred and four million dollars, with a per capita cost of two thousand and two hundred reais. The cost of a new wave in the prison system costs thirty to invest five billion reais to cover the defict of vacancies in system. In Spain the cost of a vacancy is nine thousand euros, with a monthly per capita cost of prison to hum quinhentois thousand and euros. The cost of food in prison varies from ninety one hundred and seventy euros. This study suggests,, with the adoption of restrictive penalty of law, the alternatives for reducing the operational cost of the system and rates of criminal reioncidencia.

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ABREVIATURAS- GLOSSÁRIO

AMB – Associação dos Magistrados do Brasil CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito C P E – Código Penal Espanhol

DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional DGIP – Direção Geral de Instituições Penitenciárias D H – Direitos Humanos

D U D H – Declaração Universal dos Direitos Humanos IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ONU – Organização das Nações Unidas

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO --- 14

CAPÍTULO I --- 27

1.1 A conduta criminosa origem e classificações --- 28

1.2 O poder de punir ao longo da história --- 33

CAPÍTULO II --- 45

2.1 A lei de execução penal e outras medidas de reinserção do preso a sociedade --- 46

2.2 Sinais de mudanças a busca pela humanização do apenado --- 47

2.3 A situação crítica do sistema prisional no Brasil --- 48

2.4 As tentativas trazidas pela Lei nº. 0.099/95 --- 50

CAPÍTULO III --- 52

3.1 A situação degradante dos presos nos presídios do Brasil --- 53

3.2 A situação carcerária do Brasil face ao mundo. Caso americano --- 54

3.3 Mudanças são necessárias e urgentes --- 59

CAPÍTULO IV --- 61

4.1 O quadro prisional brasileiro --- 62

4.2 Os custos do sistema prisional brasileiro --- 63

CAPÍTULO V --- 76

5.1 Reinserção social na Europa --- 77

5.2 O modelo de reinserção social --- 77

CAPÍTULO VI --- 89

6.1 Privatização das prisões --- 90

CAPÍTULO VII --- 93

7.1 Objetivo da pena --- 94

7.2 A individualização da pena --- 97

7.3 Exame da personalidade --- 100

CAPÍTULO VIII --- 102

8.1 Assistência ao preso --- 103

8.2 Assistência Jurídica --- 107

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8.4 Assistência Social --- 108

8.5 Assistência Religiosa --- 108

8.6Trabalho na reeducação --- 114

CAPÍTULO IX --- 120

9.1 Regras mínimas para tratamento dos recursos --- 121

9.2 Observações preliminares --- 121

9.3 Regras de aplicação geral --- 122

9.4 Principio fundamental --- 122

9.5 Separação das categorias --- 123

9.6 Locais destinados aos reclusos --- 123

9.7 Higiene pessoal --- 124

9.8 Roupas de cama --- 124

9.9 Alimentação --- 125

9.10 Exercícios Físicos --- 125

9.11 Serviços médicos --- 126

9.12 Disciplina e sanções--- 127

9.13 Meios de coerção --- 129

9.14 Informação e direito de queixa dos reclusos --- 129

9.15 Contato com o mundo exterior --- 130

9.16 Biblioteca --- 131

9.17 Religião --- 131

9.18 Depósito de objetos pertencentes aos reclusos --- 131

9.19 Notificações de falecimento, enfermidade e transferência --- 132

9.20 Transferência de reclusos --- 133

9.21 Pessoal penitenciário --- 133

9.22 Inspeção --- 135

9.23 Regras aplicáveis a categorias especiais --- 135

9.24 Princípios retores --- 136

9.25 Tratamento --- 138

9.26 Classificação e Individualização --- 139

9.27 Privilégios --- 139

9.28 Trabalho --- 139

9.29 Instrução e recreio --- 141

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9.31 Recomendações sobre seleção e formação do pessoal penitenciário --- 144

9.32 Conceito moderno do serviço penitenciário --- 144

9.33 Seleção e formação do pessoal penitenciário --- 145

9.34 Estatuto do pessoal e condições de serviços --- 146

9.35 Seleção do pessoal --- 147

9.36 Formação profissional --- 150

9.37 A nova política penitenciaria --- 157

CONCLUSÃO --- 168

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INTRODUÇÃO

O preso é, essencialmente, um necessitado. A escala dos necessitados foi traçada naquele discurso de Cristo, a que já tive ocasião de aludir e que aparece no vigésimo quinto capítulo de São Mateus: famintos, sedentos, desnudos, vagabundos, enfermos, presos. A escala conduz, da necessidade animal, até a necessidade essencialmente espiritual.

Francesco Carnelutti

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enquanto na Espanha o índice de aplicação de pena de trabalho em beneficio da comunidade é de 73.3%, alcançando 89% dos presos primários sem nenhum antecedente criminal, dos quais 83.9% não voltam a reincidir. Diante desse quadro, cabe refletir sobre a conclusão a que chegou o Instituto das Nações Unidas para a prevenção do crime e tratamento do delinqüente na America Latina, cujas recomendações destacam que a execução penal deve abandonar os critérios retributivos e optar pelos de prevenção e que se deve dar maior arbítrio aos juízes para que possam aplicar um amplo sistema de penas alternativas.

O objetivo deste trabalho é mostrar que a prisão é mais cara e menos eficaz e deve ser reservada para presos realmente perigosos a exemplo do que se pratica na Espanha. Tem ainda, como alcance social e econômico, mostrar que a aplicação da pena restritiva de direito anula a estigmatização, evita o contagio prisional, na medida em que mantém o homem no meio da comunidade e de sua família, ensejando, de outra parte, a redução da reincidência criminal e do custo operacional do sistema prisional.

Não obstante o entendimento de que o Direito é o instrumento legal e legitimo de aplicação da justiça, ainda há os que buscam por outros meios a punição daqueles que violam regras legais. Mesmo que valores outros, como educação e religião, por exemplo, influenciem no apoio a vingança privada, reeditada, de forma crescente, nos últimos tempos, o Direito não se desnatura na formação e manutenção do conceito de que a prisão cabe ao Estado e a este, a responsabilidade de reintegrar os apenados ao meio social.

Foi com esse fim que foi concebida a pena de prisão, que apesar do seu caráter aflitivo e de suas conseqüências na vida dos presos, ainda é o instrumento de que o Estado dispõe para punir aqueles que violam regras legais.

Para Noronha (1998, p. 120) pena “[...] é retribuição, é privação de bens jurídicos, imposta ao criminoso em face do ato praticado”. Há varias formas de punir o condenado, no processo penal, entretanto, a proposta deste trabalho visa apontar alternativas, com vistas à redução do custo operacional do sistema prisional e à redução dos índices de reincidência criminal.

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Uma vez condenados, eram levados à morte ou submetidos a penas corporais, conforme ressalta Gueller (2007, p. 10):

Na antiguidade as penas eram exercidas sobre a pessoa do acusado, principalmente em forma de vingança privada e publica o autor do delito sofria punição no próprio corpo, execuções horríveis que tinha a função: inibir tais fatos, colocando medo nos demais para que não delinqüissem. Era como “suplicio” conforme Foucault (1987) descreve: finalmente foi esquartejado (relata a Gazettte d’Amsterdam) Em ultima operação foi muito longo, porque os cavalos utilizados não estavam feitos à tração, de modo que, em vez de quatro foi preciso de seis: e como isso não bastasse, foi necessário, para desmembrar as coxas do infeliz, cortar-lhes os nervos e retalhar-lhes as juntas.

Embora existissem desde as mais antigas civilizações as prisões não tinham a finalidade de sanção penal. Neste período histórico, a prisão constituía em local de suplícios, onde aqueles que delinqüiam eram submetidos a sanções corporais, impostas como sentença.

Na Idade Média, o status social do delinqüente tinha relação estreita com

a sanção aplicada, submetida, contudo, ao arbítrio dos governantes.

A punição imposta aos condenados, à época, consistia na amputação dos braços e, em outros casos, no uso da guilhotina. Para Foucault (1983. p. 78) eram “[...] penas onde se promoviam o espetáculo e a dor e por vezes, o condenado era arrastado, seu ventre aberto, as entranhas arrancadas às pressas, para que este não tivesse tempo de vê-las sendo lançadas ao fogo”. A pena nada mais era do que a manifestação da vingança, como forma de revidar a agressão sofrida.

Com a expansão da pobreza durante os séculos XVI e XVII, ocorreu o aumento da criminalidade, estendendo-se pela Europa, provocado pelos distúrbios religiosos, as guerras, as expedições militares, a devastação dos paises a expansão dos núcleos urbanos e a crise do modelo feudal e da economia agrícola. O resultado disso, sobretudo na França, foi devastador:

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açoitados em praça pública marcados nas costas, teriam cabeças raspadas e logo expulsos da cidade (BITENCOURT, 1993 p. 79)

Foi na segunda metade do século XVI, que se iniciou um movimento gradativo de desenvolvimento das penas privativas de liberdade, com a construção e instalação de locais destinados a prisão dos apenados. O direito penitenciário começou a ganhar forma no século XVIII, pois até então, o condenado era apenas objeto da execução penal:

As penas já começaram a ser aplicadas durante os tempos primitivos, nas origens da humanidade. Pode-se dizer que se inicia com o período da vingança privada, que prolongou-se até o século XVIII. Naquele período não se poderia admitir a existência de um sistema orgânico de princípios gerais, já que grupos sociais dessa época eram envoltos em ambiente mágico e religioso. Fenômenos naturais como a peste, a seca, erupções vulcânicas eram considera dos castigos divinos, pela prática de fatos que exigiam reparação (GUELLER, 2007.p.1)

As concepções arbitrárias e antiquadas sobre a aplicação das penas começam a retroceder a partir da segunda metade do século XVIII. Desde então surgiu a concepção, fundada na lei, de garantia da liberdade do indivíduo e a valorização da dignidade do homem. Com isso, a pena deveria ser proporcional ao crime cometido, menos cruel ao corpo do indivíduo, sem, contudo, deixar de ser eficaz para provocar seu arrependimento.

Em 1769 a Carta Régia do Brasil determinou, no Rio de Janeiro, a construção da Casa de Detenção, a primeira prisão brasileira.

Naquela prisão, à época, não havia separação de presos por tipo de crime. Ficavam juntos presos primários e reincidentes, os que praticavam crimes “leves” e os criminosos mais perigosos.

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Em 1890 o Código Penal previa que os presos com bom comportamento, após cumprirem parte da pena, poderiam ser transferidos para presídios agrícolas.

Hoje, decorridos cento e dezenove anos, o País possui apenas trinta e sete dessas unidades destinadas a presos que cumprem pena em regime semi-aberto, apesar do crescente e assustador número de apenados.

Em 1935 o Código Penitenciário da República estabeleceu, além do direito do Estado punir, o dever que a este cabia também de recuperar o presidiário.

Em 11 de julho de 1984 foi sancionada a Lei de Execuções Penais, considerado um dos melhores instrumentos jurídicos do mundo. Apesar de normas constitucionais transparentes, da existência da Lei de Execução penal e após quase vinte e cinco anos de sua vigência e da existência de novos atos normativos, o sistema carcerário brasileiro constitui-se em verdadeiro antro de perniciosidade e de corrupção, resultante do descaso do Estado, através da ação e omissão de seus mais diversos agentes e órgãos.

São inúmeros e cada vez mais crescentes os fatores cujos reflexos desencadeiam situações imprevisíveis levando o sistema prisional brasileiro a uma situação de falência. Nem mesmo as ações do Estado, implantadas até então no sentido de reverter o quadro de abandono, foram suficientes e adequadas para modificar uma situação que se afigura incontrolável, com conseqüências devastadoras.

A permanência como preso, além do tempo de condenação, e, às vezes, ignorada a possibilidade de progressão da pena, como determina a lei, submete-o à degradante vida nos presídios, cadeias e delegacias, por absoluta ausência de condições que garantam àquele o mínimo de dignidade humana.

A falta de assistência à saúde resulta na proliferação de doenças, inclusive contagiosas. Há também a inexistência de ambientes diferenciados que levem em conta para fins de separação o crime cometido, a pena aplicada, a periculosidade ou a idade dos apenados, retratam a ausência do Estado no processo de reinserção social.

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forçado por uma legislação desatualizada que não atende mais à sensibilidade cultural dominante.

Apesar dos avanços tecnológicos e das ciências na atualidade, o sistema pátrio preserva métodos antigos, fora da realidade e ainda hoje resistentes a todos os esforços para mudá-lo.

Cubículos infectos e úmidos acomodam, acima da capacidade permitida, presos em um ambiente degradante e sem perspectivas de melhorá-lo enquanto pessoa. Homens amontoados, aviltados, vivem sem qualquer esperança, relegados à indiferença e ao descaso do Estado, cada vez mais omisso.

Embrutecidos e revoltados, tornam-se nocivos, face à ausência de programas assistenciais identificados com a realidade social. Além disso, e não obstante as medidas repressivas implantadas por um Estado opressor, não há como conter o elevado índice de reincidência criminal, numa afronta constante à segurança interna.

Dentro desse quadro desolador e na procura de soluções pragmáticas, várias experiências têm sido desenvolvidas. Muitas das quais com pouco sucesso, exatamente por não serem suficientes para desencorajar aqueles que entendem, como ainda possível, a adoção de mudanças dentro de um perfil consentâneo com a realidade social dominante.

Há ainda aqueles que buscam a efetividade de medidas paliativas que sequer conseguem mudar a concepção estrutural de uma situação perversa e desumana que tem contribuído para o crescente aumento da criminalidade, sem que isso, ademais, provoque o surgimento de uma consciência fundada na necessidade de discussão permanente de um dos problemas que mais afligem a sociedade moderna.

A despeito de tudo isso, é imprescindível admitirmos que na discussão desse tema, a criminologia contempla um conjunto de conhecimentos que estudam as causas da criminalidade, a personalidade e a conduta do delinqüente e ainda os métodos que permitem sua reinserção ao convívio social.

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criminalidade e no estudo do fenômeno natural da luta contra o crime, aí incluídas a ressocialização do delinqüente e a prevenção da criminalidade.

Nenhum processo de reinserção do apenado ao meio social terá êxito sem, antes, contemplar o estudo do fenômeno natural, considerando os valores individuais e sociais e, a um só tempo também, a luta contra o crime, abrangendo a reeducação e a prevenção do crime.

O crime e a pena são estudados pelo Direito Penal e pelas Ciências Criminais, enquanto a Criminologia os analisa como fenômeno natural, empregando métodos de análises, que compreendem fatores sociológicos, individuais, afetos ainda à psicologia social, às questões médicas, psiquiátricas e psicológicas.

A Criminologia, como ciência unitária do crime, mantém inter-relacionamento com a Antropologia Criminal e a Sociologia Criminal, situando-se na esfera especifica como ciência causal explicativa da criminalidade. Garafalo (1851.p.7) criador do termo criminologia,

[...] chegou a construí-lo com a preocupação de abrangê-la como pesquisa antropológica, sociológica e jurídica”. Segundo sua visão ”[...] a criminologia é a ciência da criminalidade, o delito e da pena, nela incluindo, como base, a sua doutrina do delito natural elaborada em função da orientação naturalista e evolucionista que abraçava

De igual modo, integra a Criminologia, na sua visão, “[...] o exame do delinquente, por meio das diversas categorias que integram a classificação que destes formula.”

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[...] a definição jurídica do delito é a única que se pode adotar para o desenvolvimento dos estudos de criminologia, pois se esta chegasse a definir o delito, só a definição jurídica teria valor prático, porquanto é o legislador e não o criminólogo que determina quais são as ações delituosas.

Sob a ótica acima a Criminologia se constitui no estudo de condutas delituosas que devem ajustar-se a um preceito penal.

A justiça penal, como muito bem a definiu Gemelle.(1943.p.43) não pode “[...] desconhecer que os progressos da criminologia são muitos e cada vez mais numerosos e que, sob pena de falir em sua missão, deve apropriar-se dos conhecimentos fornecidos por essas indagações cientificas”. Daí a lição de Mezger (1944, p.16) de que, em face da Criminologia,

[...] o jurista não pode permanecer indiferente e abandonar a investigação psicológico-criminal e outros especialistas, porquanto a posição político-criminal pertinente aos vários problemas, no Direito Penal, pertence a suas mais genuínas tarefas profissionais.

A Antropologia Criminal, denominada também de biologia criminal, surgiu como ciência, fundada na teoria de Lombroso,(1851) de acordo com a qual, há um “tipo humano especial, diferenciado por traços somato-psiquicos e que é o delinqüente nato”. Contestada por muitos, a Antropologia Criminal é definida como a ciência que analisa “[...] os fatores individuais do crime, alcançando os “endógenos, somáticos e psíquicos inerentes á vida do homem”, enquanto a psicologia criminal, nela incluída, compreende o estudo morfo-psico-moral do delinqüente, absorvendo em si a anatomia, a psicologia e psicopatologia do criminoso.”

A Sociologia Criminal, por sua vez, estuda o crime como fenômeno social, do que resta, a ciência criminal como fenômeno coletivo é do âmbito da Sociologia, enquanto o delito, como fato individual, é alcançado pela Antropologia Criminal.

Há de outra parte os métodos de síntese, que compreendem o estudo dos fatores criminais e a pesquisa do comportamento pós-pena.

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O crime não tem causas, mas sim fatores, fenômeno social, fora do alcance da causalidade. O crime é um somatório de fatores, jamais produto de uma única causa, destacando-se os predisponentes, egocêntricos, labilidade, agressividade, indiferença afetiva e hereditariedade e, na ordem social, a anomia e o contágio hierárquico.

Não há negar que o motivo que norteia o indivíduo no seu ato delituoso constitui, induvidosamente, um pressuposto essencial deste. No motivo situa-se o significado do crime. Não se concebe um ilícito penal sem motivo (Vieira, 1997, p. 113)

Os alarmantes índices de criminalidade conduz forçosamente a admitir que a prevenção constitui-se no mecanismo mais eficaz para conter a onda avassaladora do crime que inquieta e que preocupa a todos, assentada na determinação das causas, fatores, razões e motivos que levam o individuo a delinqüir.

A delinqüência está cada vez mais organizada, enquanto o Estado se desorganiza na sucessão de políticas equivocadas, perdido numa estrutura superada, sem qualquer perspectiva de renovação.

Trata-se de uma luta desigual, sem precedentes na história, em que o cidadão vê aniquiladas suas esperanças, ante a omissão do Estado, que ao invés de combater o mal, a partir de suas origens, identificando suas causas determinantes, com a adoção de mecanismos eficazes, de políticas permanentes, procura apenas minimizar seus efeitos, ignorando, de outra parte, os excessos e omissões cometidos por seus agentes, que violam a lei em nome de interesses, muitas vezes, inconfessáveis.

Nem mesmo quando atua como legislador, ao editar normas jurídico-repressoras, não raras as vezes que busca entender quais os motivos que determinam a conduta delituosa, como forma de adequar a norma expressa à conduta que se quer disciplinar.

A preocupação deve ser contra o crime e não apenas contra o criminoso, afinal, este é produto daquele e se ações públicas não forem direcionadas nesse sentido, a batalha estará comprometida, a exemplo do que vem ocorrendo com estratégias equivocadas no combate ao crime, visando sempre o adversário errado.

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de um modelo econômico perverso que privilegia uma minoria em detrimento dos interesses da grande maioria.

A prisão surgiu para substituir as penas de morte e corporais. Sob essa ótica o preso estava assim em estado de completa sujeição, submetido ao poder arbitrário e absoluto da administração carcerária, sem direito algum.

Hoje, contudo, têm alcançado relevo, na discussão do tema, os direitos do preso, um fato novo na história da pena. A execução não pode estar dissociada dos fins atribuídos à pena, pelo ordenamento jurídico, cumprindo determinar, em função desta, a condição jurídica do preso.

A experiência até aqui tem sido ineficaz. A prisão tem se transformado num sistema de interação social e de poder, constituindo uma sub-cultura deformada. Seus efeitos sobre a conduta do preso têm sido desastrosos.

O preso, sujeito de direitos, é, afinal também, sujeito de obrigações, deveres e responsabilidades. Nessa linha, inadmissível se conceber um modelo prisional que se propõe reintegrar o homem preso ao convívio social, como elemento partícipe e não mais nocivo a ele, sem antes, conhecer sua personalidade, muito menos, sem oferecer a este, as condições mínimas indispensáveis à sua ressocialização.

A ressocialização só será possível, induvidosamente, se conhecidas as causas da criminalidade, da personalidade e da conduta do delinqüente, com a adoção de métodos capazes de capacitá-lo profissionalmente, criando mecanismos que lhe assegurem voltar a conviver em sociedade, dentro de uma perspectiva de valorização e de crença no futuro. O processo de reeducação inclui, de igual modo, o incentivo de culto ao credo, seja qual for, sem proselitismo, permitindo-lhe plena liberdade de opção.

Outro componente fundamental, nesse trabalho, é o engajamento da sociedade que, indiferente, tem, ao rejeitá-lo, contribuído para o crescente aumento da reincidência, o que afronta o principio da dignidade da pessoa humana.

Dignidade que não admite, na visão de Kant “[...] que o homem seja um meio para os outros, mas somente um fim em si mesmo” Ainda na mesma linha de raciocínio, defende que:

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como equivalente, mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e portanto, não permite equivalente, então ela tem dignidade.

A dignidade não é apenas um direito, mas, sobretudo, essência do ser humano. “Ela concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, sendo inerentes à personalidade humana”

Para Hoefling, “[...] toda pessoa possui dignidade, independente de qualquer característica, sendo, inclusive, irrelevante se o titular tem consciência ou não de sua dignidade, ela existe mesmo assim.” Na sua visão não é possível a perda da dignidade humana em nenhuma condição. Assim “[...] mesmo que alguém tenha tentado de forma mais grave a insuperável, contra tudo aquilo que a ordem de valores da constituição coloca sob sua proteção, não pode ser negado a este o direito ao respeito a sua dignidade”

Deve-se distinguir o crime como fato individual, do crime como fenômeno social, que é a criminalidade. Procedida a distinção não é difícil perceber que a individualização da pena não é nem pretende ser instrumento específico para exercer influência sobre o volume e a estrutura da criminalidade numa sociedade. Ela se situa no Direito Penal e não na Criminologia ou na Política Criminal ou na Sociologia.

É imperioso conceber, como necessário, o revigoramento do principio da proporcionalidade entre a pena e o crime, sem excluir, contudo, o tratamento, nos casos em que seja recomendado.

Em outro giro, impõe-se, por oportuno, a aplicação de pena restritiva de direito, como forma de reduzir o custo operacional do sistema prisional, crescente e sem resultados práticos, ensejando a presença do apenado no meio social e de sua família, protegido da estigmatização prisional e da contaminação de uma sub-cultura deformada dominante nos presídios e com isso a redução dos índices de violência que hoje impõe um ônus cada vez maior a sociedade desprotegida e sem perspectivas.

A propósito, cabe destacar que, de cada R$ 10,00 (dez reais) produzidos no Brasil, R$ 1,00 (um real) é desperdiçado devido à criminalidade crescente.

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bilhões de reais por ano, por causa da criminalidade. Isso equivale a 10% (dez por cento) do Produto Interno Bruto, tanto em custos diretos quanto indiretos.

Os custos diretos da violência estão expressos nos bens, serviços públicos e privados, gastos no tratamento dos efeitos da violência, na prevenção da criminalidade, no sistema de justiça criminal, no sistema prisional, em serviços médicos e em serviço social, na proteção residencial e patrimonial, com blindagem e seguros de automóveis, com sistemas eletrônicos de segurança e vigilância particular.

De acordo com dados do Ministério da Justiça, 60% (sessenta por cento) dos gastos da sociedade civil são direcionados ao custeio da segurança pessoal e privada, cujos dispêndios alcançam a cifra de R$ 6 bilhões de reais por ano.

As empresas gastam, por ano, cerca de R$ 3.8 bilhões de reais para prevenir o roubo de cargas. Os bancos gastam anualmente cerca de R$ 1.5 bilhão de reais em segurança eletrônica e vigilância.

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CAPITULO I

Pois bem: aquilo que sucede nas manifestações da atividade benéfica do homem, sucede nas manifestações da sua atividade maléfica. O crime assume diversos valores, e devemos dar, por isso, uma diversa valoração moral, e até legal, [...]

Enrico Ferri

1.1 A conduta criminosa: origem e classificações

A origem do crime pode ser estudada a partir de três principais teorias: a biológica, a psicogenética e a sociológica. Em estudo sobre esse tema Pimentel (1978.p.123) destacou a origem do crime, em três vertentes distintas. A teoria biológica admite que o móvel principal do desvio de conduta encontra-se na estrutura hereditária física e mental do individuo. A teoria psicogenética trata da formação do caráter anti-social, decorrente dos defeituosos relacionamentos familiares nos primeiros anos de vida. E, por fim, a teoria sociológica, que entende que as pressões e as influências do ambiente social geram o comportamento do delinqüente.

Há três outras teorias que procuram explicar a origem do crime. A teoria da associação diferencial, segundo a qual, o crime decorre de aprendizado; a teoria da identificação diferencial, que concebe que o criminoso absorve os modelos de comportamento daqueles grupos de referência com os quais se identifica, ainda que não próximos a estes.

Segundo Molina e Gomes. (1989.p.89) na teoria da associação diferencial, pregada pelo sociólogo Edwin Sutherland, (1883) a conduta criminal aprende-se, como se aprende também o comportamento virtuoso ou qualquer outra atividade: os mecanismos são idênticos em todos os casos e a conduta criminal aprende-se em interação com outras pessoas, mediante um processo de comunicação. Requer, pois, uma aprendizagem ativa por parte do individuo.

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meio. A influência criminógena depende do grau de intimidade do contato interpessoal. A aprendizagem do comportamento criminoso inclui também a das técnicas de comportamento do delito, assim como a de orientação específica das correspondentes motivações, impulsos, atitudes e da própria racionalização (justificação) da conduta delitiva. A direção especifica dos motivos e dos impulsos se aprende com as definições mais variadas dos preceitos legais, favoráveis ou desfavoráveis a eles.

A resposta aos mandamentos legais não é uniforme dentro do corpo social, razão pela qual o indivíduo acha-se em permanente contato com outras pessoas que têm diversos pontos de vista quanto à conveniência de acatá-las. Na sociedade pluralista, dito conflito de valorações é inerente ao próprio sistema e constitui a base e o fundamento da teoria sutherlaniana da associação diferencial. Uma pessoa converte-se em delinqüente quando as definições favoráveis à violação da lei superam as desfavoráveis, isto é, quando por seus contatos diferenciais aprendeu mais modelos criminais que modelos respeitosos ao Direito.

O crime aprende-se, isto é, não é imitado, o processo de aprendizagem do comportamento criminal, mediante contato diferencial do indivíduo com modelos delitivos e não delitivos implica a aprendizagem de todos os mecanismos inerentes a qualquer processo desse tipo e embora a conduta delitiva seja uma expressão de necessidade e de valores gerais, não pode ser explicada como concretização deles já que também a conduta adequada ao Direito corresponde a idênticas necessidades e valores.

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funcionais, o comportamento desviante é um fator necessário e útil para o equilíbrio e desenvolvimento sociocultural (BARATTA, 1999. p. 159/60)

Merton, (1998.p.14) a propósito da anomia, destaca que no contexto sociocultural, desenvolvem-se metas culturais. Estas, segundo ele, “[...] expressam os valores que orientam a vida dos indivíduos em sociedade”. A anomia é, portanto, “[...] a manifestação de um comportamento em que são desprezadas as regras do jogo social, exsurgindo daí o desvio, o comportamento desviante”.

Em outro giro, cumpre destacar, de igual modo, a teoria dos contensores externos e internos. Os internos referem-se aos componentes do ego, como o autocontrole, bom conceito de si mesmo, a força do ego, superego bem desenvolvido, alta tolerância às frustrações, forte resistência aos estímulos perturbadores, profundo senso de responsabilidade, orientação para fins precisos, habilidade para encontrar satisfações substitutivas e racionalizações que reduzem tensão e os externos que, constituem o freio estrutural, não lhe permitindo ultrapassar os limites normativos.

O criminoso pode ser analisado, quanto à sua disposição hereditária, seu biótipo e quanto aos seus transtornos mentais. Há o criminoso de tipo definido e o fora do tipo definido.

Segundo critérios psiquiátricos, o indivíduo que não possui sintomas médicos e psiquiátricos participa do meio social e está bem consigo mesmo. Os fora desse conceito sofrem de transtornos mentais que podem ser identificados como psicoses, neuroses, oligofrenias ou psicopatias. Já as psicoses são classificadas em orgânicas e funcionais. As orgânicas estão ligadas a germes, lesão cerebral ou desordem fisiológica. As funcionais decorrem de desordem mental, sem base orgânica. São reações sociais para certos comportamentos.

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ambivalência em que sentimentos de duplo valor como amor e ódio, medo e coragem ocorrem quase a um só tempo.

Entre os secundários, há os delírios de grandeza, cujas idéias delirantes de perseguição, levam à prática de delitos contra a pessoa como injúria e calúnia. Alucinações, características da esquizofrenia hebefrênica, em que pessoas admitem ouvir coisas de seres estranhos e que os leva a praticar delitos contra os costumes, como exibicionismo. A esquizofrenia tem origem, segundo os estudiosos, na psicodinâmica e na organista.

A linha organista trata a esquizofrenia como de origem hereditária e com base orgânica desconhecida, enquanto a psicodinâmica sustenta que a esquizofrenia deriva dos conflitos emocionais dos primeiros meses de vida.

A epilepsia, doença de origem neurológica, caracteriza-se pela descarga contínua e irregular de energia cerebral, provocando desmaios e desvios de conduta. O doente é confuso, agitado e pode ter reações violentas, chegando a cometer crimes contra vítimas quase sempre deles desconhecidas e sem motivo aparente algum. Caracteriza-se por episódios periódicos e transitórios do estado de consciência, os quais podem associar-se a movimentos convulsivos ou transtornos de conduta.

A oligofrenia é outra patologia em que ocorre uma insuficiência intelectual dos indivíduos, cuja característica é a incapacidade de compreender, criar e criticar fatos, bem como a incapacidade de conduzir-se frente a problemas que a vida social lhes apresenta. As causas de deficiência mental dos oligofrênicos ocorrem em três momentos, no pré-natal, no neo-natal e no pós-natal. A oligofrenia pode associar-se também a outros transtornos mentais como psicose, neurose e psicopatia.

A psicopatia caracteriza-se pela anormalidade permanente do caráter. Entre as mais comuns, interessam à Criminologia as hipertímicas, cujos portadores tendem à difamação, indolência e fraude. Fanáticos, que praticam crimes políticos, explosivos, que delinqüem contra as pessoas, atímicos, voltados a assassinatos, ao latrocínio e ao terrorismo, os supervalizadores do eu, dados à injúria, calúnia e fraude, os hipobúlicos, que praticam furtos, fraudes e apropriação indébita.

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Os etiologistas são psicopatas frutos de lares desagregados. Não sentem carinho por ninguém, predominando o egoísmo, a ingratidão e o exibicionismo. Vivem, enfim, para o momento.

São, portanto, várias e inúmeras as classificações de criminosos na literatura criminal. ( Mirabete. 1991.p.43) destaca algumas delas, as mais comuns.

Ferri classificou os delinqüentes por uma fórmula biossociológica, a saber: criminoso nato, louco, habitual, de ocasião e por paixão. Exner os classificou em criminosos ocasionais e profissionais, criminosos primários e reincidentes, criminosos por cupidez e lascívia, criminosos com taras hereditárias, criminosos corrigíveis e incorrigíveis, e criminosos segundo a lei.

A classificação mais comum é a de (Carvalho. 1990.p.56) estabelecida de acordo com a etiologia do crime e a situação do tipo de personalidade e que divide os criminosos em meso-criminosos, meso-criminosos preponderantes, e bio criminosos.

Em outra linha, (Lima.1988.p.65) divide os criminosos em quatro grupos, segundo sua estrutura criminógena, com anomalias relacionadas ao desenvolvimento da personalidade, desenvolvimento precoce ou retardado sincrônico ou assincrônico, desenvolvimento de tipo simples (depressão, oposição, abandono, entre outros) desenvolvimento neurótico, desenvolvimento psicopático, desenvolvimento paranóico (tipos sensitivos e expansivos) desenvolvimento pseudopsicopático, outros tipos, inclusive misto, com anomalias relativas ao desenvolvimento da inteligência, deficiência ancefalopática, com distúrbios de natureza psicótica, distúrbios de base orgânica (síndromes reversíveis e irreversíveis) osaicose endógena (esquizofrenia e psicose maníaco-depressiva)

Sousa (1991 p.115), por sua vez, classifica em criminoso ocasional, criminoso sintomático, criminoso essencial e, por fim, (Lage.1987.p.112) adota as seguintes denominações: polifórmico ou difuso, típico ou verdadeiro, atípico ou acidental. Já o Código Penal de 1969, que não chegou a entrar em vigor, referia-se a criminosos habituais e criminosos por tendência.

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Não podemos admitir outros tipos de delinqüentes, segundo Antolisei (1982, p. 56), “[...] se não aqueles determinados biopsiquicamente”, do que se conclui que o crime é resultante de um somatório de fatores relacionados às causas endógenas e exógenas e não resultante de uma só causa.

1.2 O poder de punir ao longo da história

A prisão guarda uma relação direta com a historia da humanidade e com ela se confunde, e, a despeito de seu caráter aflitivo, de suas conseqüências devastadoras na vida do preso, vem resistindo a tudo e a todos em todos os tempos, constituindo-se na única panacéia a que se recorre, em todo mundo. Seu fim foi sempre combater a criminalidade, segregando os agentes infratores de modo a impedi-los de delinqüir.

O sistema prisional surge a partir da transição do século XVIII para o XIX, com o aparecimento de incontáveis projetos de reforma da justiça penal, marcados pelo desaparecimento dos suplícios e a ênfase exagerada, segundo Foucault (1983, p. 17) na “humanização das penas”.

Inaugurou-se, a partir de então, um novo modelo com a transformação da imagem da pena, antes executada sobre o corpo, esquartejando-o, amputando-o, expondo-o vivo ou morto, e transformando-o num espetáculo deprimente. A punição torna-se, aos poucos:

[...] a parte mais velada do processo penal, provocando várias conseqüências: deixa o campo da percepção quase diária e entra na consciência abstrata: sua eficácia é atribuída à sua fatalidade e não à sua intensidade visível: a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime e não o abominável teatro: a mecânica exemplar da punição muda as engrenagens. Por essa razão, a justiça não mais assume publicamente a parte da violência que está liga a seu exercício. ( FOUCAULT, 1983, p 19 ).

Referências

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