Coesão e Coerência textual
Para que um texto tenha o seu sentido completo, ou seja, transmita a mensagem pretendida, é necessário que esteja coerente e coeso. Para compreender um pouco melhor os conceitos de Coerência textual e de Coesão textual, e também para distingui-los, vejamos:
O que é coesão textual?
Quando falamos de COESÃO textual, falamos a respeito dos mecanismos linguísticos que permitem uma sequência lógico-semântica entre as partes de um texto, sejam elas palavras, frases, parágrafos, etc. Entre os elementos que garantem a coesão de um texto, temos:
A) As referências e as reiterações: Este tipo de coesão acontece quando um termo faz referência a outro dentro do texto, quando reitera algo que já foi dito antes ou quando uma palavra é substituída por outra que possui com ela alguma relação semântica. Alguns destes termos só podem ser compreendidos mediante estas relações com outros termos do texto, como é o caso da anáfora e da catáfora.
São chamados de pronomes anafóricos aqueles que estabelecem uma referência dependente com um termo antecedente, é uma palavra herdada do grego “anaphorá” e do latim “anaphora”.
Anáfora
Designa-se ANÁFORA (não confundir com a figura de linguagem de mesmo nome) o termo ou expressão que, em um texto ou discurso, faz referência direta ou indireta a um termo anterior. O termo anafórico retoma um termo anterior, total ou parcialmente, de modo que, para compreendê-lo dependemos do termo antecedente.
Vejamos alguns exemplos de ANÁFORA:
João está doente. Vi-o na semana passada.
(pronome “o” retoma o termo “João”.)
Ana comprou um cão. O animal já conhece todos os cantos da casa.
(o termo “o animal” faz referência ao termo antecedente “o cão”)
A sala de aula está degradada. As carteiras estão todas riscadas.
(O termo “as carteiras” é compreendido mediante a compreensão do termo anterior “sala de aula”)
(o pronome “essa” faz referência à beleza de Maria, ideia que se encontra implícita no enunciado anterior.)
Catafóricos
Por sua vez, os pronomes catafóricos são aqueles que fazem referência a um termo subsequente, estabelecendo com ele uma relação não autônoma, portanto, dependente. Para compreender um termo catafórico é necessário interpretar o termo ao qual faz referência.
Vejamos alguns exemplos de CATÁFORA:
A irmã olhou-o e disse: - João está com um ar cansado.
(O pronome “o” faz referência ao termo subsequente “João”, de modo que só se pode compreender a quem o pronome se refere quando se chega ao termo de referência.)
Os nomes próprios mais utilizados na língua portuguesa são estes: João, Maria e José.
(Neste caso o pronome “estes” faz referência aos termos imediatamente seguintes “João, Maria e José”.)
Podemos dizer que a catáfora é um tipo de anáfora, pois estabelece os mesmos tipos de relação coesiva entres os termos, porém o termo anafórico se encontra antes do termo referente, acontecendo exatamente o contrário nos demais tipos de anáforas.
Simplificando:
Anáfora - retoma por meio de referência um termo anterior.
Catáfora - termo usado para fazer referência a outro termo posterior.
A. as substituições lexicais (elementos que fazem a coesão lexical): este tipo de coesão acontece quando um termo é substituído por outro dentro do texto, estabelecendo com ele uma relação de sinonímia, antonímia, ou mesmo quando há a repetição da mesma unidade lexical (mesma palavra).
B) Os conectores (elementos que fazem a coesão entre frases): Estes elementos coesivos estabelecem as relações de dependência e ligação entre os termos, ou seja, são conjunções, preposições e advérbios conectivos.
1- Adição
Esses conectivos servem para dar a ideia de acréscimo. Exemplos: “e”, “nem”, “também”, “não só... mas também”
Conformidade
Essas conjunções expressam a ideia de “estar de acordo com” alguma coisa ou pessoa. Exemplos: conforme, segundo.
Finalidade
Esses conectivos são usados para expressar a ideia de objetivo, intenção. Exemplos: para que, a fim de que, para (+ verbo no infinitivo).
São os elementos coesivos de um texto que permitem as articulações e ligações entre suas diferentes partes, bem como a sequência das ideias.
O que é coerência textual?
Quando falamos em COERÊNCIA textual, falamos acerca da significação do texto, e não mais dos elementos estruturais que o compõem. Um texto pode estar perfeitamente coeso, porém incoerente. É o caso do exemplo abaixo:
"As ruas estão molhadas porque não choveu"
Há elementos coesivos no texto acima, como a conjunção, a sequência lógica dos verbos, enfim, do ponto de vista da COESÃO, o texto não tem nenhum problema. Contudo, ao ler o que diz o texto, percebemos facilmente que há uma incoerência, pois se as ruas estão molhadas, é porque alguém molhou, ou a chuva, ou algum outro evento. Não ter chovido não é o motivo de as ruas estarem molhadas. O texto está incoerente.
Podemos entender melhor a coerência compreendendo os seus três princípios básicos:
1. Princípio da Não Contradição: em um texto não se pode ter situações ou ideias que se contradizem entre si, ou seja, que quebram a lógica.
3. Princípio da Relevância: Fragmentos de textos que falam de assuntos diferentes, e que não se relacionam entre si, acabam tornando o texto incoerente, mesmo que suas partes contenham certa coerência individual. Sendo assim, a representação de ideias ou fatos não relacionados entre si, fere o princípio da relevância, e trazem incoerência ao texto.
Outros dois conceitos importantes para a construção da coerência textual são a CONTINUIDADE TEMÁTICA e a PROGRESSÃO SEMÂNTICA.
Há quebra de continuidade temática quando não se faz a correlação entre umas e outras partes do texto (quebrando também a coesão). A sensação é que se mudou o assunto (tema) sem avisar ao leitor.
Já a quebra da progressão semântica acontece quando não há a introdução de novas informações para dar sequência a um todo significativo (que é o texto). A sensação do leitor é que o texto não chega ao ponto que interessa ao objetivo final da mensagem.