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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Academic year: 2021

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0000.14.023133-3/000

Número do Númeração

0231333-Des.(a) Versiani Penna Relator:

Des.(a) Versiani Penna Relator do Acordão:

13/11/2014 Data do Julgamento:

24/11/2014 Data da Publicação:

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA ORIGINÁRIO - CONCURSO PÚBLICO - CONVOCAÇÃO PARA CURSO DE FORMAÇÃO - CANDIDATA EM FINAL DE GRÁVIDEZ REMANEJAMENTO PARA TURMA SEGUINTE -RAZOABILIDADE - GARANTIA COSTITUCIONAL DE PROTEÇÃO A FAMÍLIA E À MATERNIDADE - APLICABILIDADE - SEGURANÇA CONCEDIDA.

Além do princípio da legalidade, a administração também está adstrita aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, pelos quais se devem adequar os meios e os fins, vedando-se imposição de restrições em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.

Afigura-se razoável e coerente com os dispositivos constitucionais que garantem proteção à família e à maternidade o remanejamento para o Curso de Formação subseqüente de candidata em final de gravidez.

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 1.0000.14.023133-3/000 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - IMPETRANTE(S): WILVANE SOARES DE SOUSA FARIA - AUTORI. COATORA: SECRETARIO ESTADO PLANEJAMENTO GESTAO MINAS GERAIS, SECRETARIO ESTADO DEFESA SOCIAL MINAS GERAIS - INTERESSADO: ESTADO DE MINAS GERAIS A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 5ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em conceder a segurança.

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DES. VERSIANI PENNA RELATOR.

DES. VERSIANI PENNA (RELATOR)

V O T O

Trata-se de mandado de segurança, com pedido liminar, impetrado por Wilvane Soares de Sousa contra ato praticado pela Secretária de Estado e Planejamento e Gestão de Minas Gerais e o Secretário de Estado e Defesa Social, em que pretende o remanejamento para um próximo Curso de Formação, ficando garantida a sua participação e permanência no certame. Alega a impetrante que foi aprovada em todas as etapas que antecedem a correspondente ao Curso de Formação a ser realizado no período de 07/03/2014 a 30/04/2014; que se encontra na 37ª semana de gestação e não tem condições físicas e psicológicas de concluir o curso; que o artigo do regulamento que não autoriza o abono das faltas para as mulheres grávidas é arbitrário e ilegal; que caso entre em trabalho de parto durante o curso e falte por três dias será eliminada; assevera que as regras do concurso não podem ser contrárias à Constituição Federal; sustenta que o seu remanejamento não afeta a organização o concurso, não prejudica a administração pública e não fere a isonomia dos candidatos. Pugna pela concessão de liminar mantendo-a na 6ª etapa do concurso e que lhe seja assegurado o direito de concluir o curso no próximo grupamento no período de 05/05/2014 a 15/06/2014. Por fim, pede a concessão da segurança confirmando-se a liminar.

Em decisão de fls.68/69, proferida no plantão, o Desembargador Kildare Carvalho concedeu a medida liminar, decisão que foi por mim ratificada (fl.91).

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Às fls.104/109 a Secretária de Estado de Planejamento e Gestão presta suas informações e invoca o disposto no item 1.6 do Edital, bem como o art. 11 do regulamento da sexta etapa que apontam pela impossibilidade de realização do curso em outra data, local e horário; sustenta que o atendimento do pedido da impetrante fere ao princípio da igualdade; assevera que ela estava ciente das regras do edital quando se inscreveu; diz que não há violação ao princípio da maternidade e que a administração tem sua atuação limitada pelas normas do Edital; que a elaboração do Edital é ato discricionário da Administração e que a exclusão da candidata é medida razoável.

O Secretário de Estado e Defesa Social também presta suas informações e sustenta os mesmos argumentos tecidos pela Secretária de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais.

Parecer da Procuradoria de Justiça pela concessão da segurança às fls. 128/129.

É o relatório.

Conheço do mandado de segurança, porquanto observadas as exigências do art. 6° da Lei nº. 12.016/2009.

MÉRITO

O cerne da questão trazida aos autos é a verificação da suposta ilegalidade das regras do concurso que impedem a impetrante de realizar a 6ª Etapa - Curso de Formação em outra data e juntamente com outra turma, uma vez que o curso para o qual foi convocada será ministrado na data prevista para o seu parto.

Sabe-se que o mandado de segurança é ação constitucional, prevista no inciso LXIX, do art. 5º da Constituição Federal, com a finalidade de "proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou

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ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público".

Sobre direito líquido e certo, vale a transcrição da lição do saudoso mestre Hely Lopes Meirelles:

Direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Por outras palavras, o direito invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante: se sua existência for duvidosa se sua extensão ainda não estiver delimitada; se seu exercício depender de situações e fatos ainda indeterminados, não rende ensejo à segurança, embora possa ser defendido por outros meios judiciais Mandado de Segurança. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 36-7. (grifei)

In casu, vislumbro fundamento relevante para autorizar a impetrante a realizar o curso em outra data.

Certo é que há disposição expressa no Edital SEPLAG/SEDS 03/2012, em especial a cláusula 1.6, que impede a realização das etapas do concurso em outra data que não as constantes no respectivo edital de convocação.

Do mesmo modo é cediço também que, pelo princípio da vinculação ao edital, a Administração Pública está sujeita às regras do respectivo instrumento convocatório, mesmo porque essa é uma medida que garante lisura ao certame.

Ocorre que, também é importante ressaltar que o aludido princípio comporta exceções, uma vez que as disposições que se afigurem despidas de razoabilidade, ilegais e ou contrárias a Constituição Federal não devem prevalecer.

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Ora, e além do princípio da legalidade, a Administração também está adstrita aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, pelos quais se devem adequar os meios aos fins, vedando-se imposição de restrições em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.

A propósito, ensina Diogo de Figueiredo Moreira Neto, a saber: "Quando a lei exige, por exemplo, um concurso público de provas e títulos para provimento em cargos públicos, a Administração não pode minimizar os requisitos de seleção aquém do prudente como, tampouco levá-los a um rigor inconcebível pois ambas as soluções - que escapam ao razoável - acabariam por desatender ao interesse público específico, contido na finalidade legal do ato, que seria a seleção de funcionários teoricamente bem preparados para o exercício de determinadas atribuições. (...) A desproporção entre os motivos e o objeto caracteriza, enfim, um vício de f i n a l i d a d e : a g r a v e d e s p r o p o r c i o n a l i d a d e . " ( i n L e g i t i m i d a d e e discricionariedade: novos reflexos sobre os limites e controles da discricionariedade. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense. p. 70). (grifei). Assim, em virtude de a gravidez e do parto coincidir com o início do curso de formação, penso que a aplicação das vedações de mudança de data da realização de etapas do concurso afigura-se medida pouco razoável, uma vez que não haverá prejuízo para a Administração e nem para os demais candidatos.

De mais a mais, deve ser aqui considerado que a Constituição Federal garante de forma expressa especial proteção à maternidade1 e à família2.

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EMENTA: AGRAVO INTERNO PROCESSUAL CIVIL ADMINISTRATIVO AGRAVO INTERNO MANDADO DE SEGURANÇA LIMINAR -CONCURSO PÚBLICO PARA AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO - CANDIDATA GRÁVIDA - PRETENSÃO DE REMANEJAMENTO PARA O CURSO DE FORMAÇÃO TÉCNICO PROFISSIONAL DO 1º GRUPAMENTO - PLAUSIBILIDADE DA ALEGAÇÃO - AUSÊNCIA DO 'PERICULUM IN MORA' INVERSO - MANUTENÇÃO DO 'DECISUM'.

1. Por se revelar plausível a tese da impetrante, candidata aprovada nas etapas anteriores do concurso para o cargo de agente de segurança penitenciário, de obter o remanejamento para o Curso de Formação Técnico Profissional do 1º grupamento - em razão de o período do curso do 2º grupamento coincidir com a data prevista para o nascimento do seu filho em gestação -, é de se manter a liminar que viabilizou tal mudança, sobretudo por não haver o 'periculum in mora' inverso para a Administração Pública. 2. Recurso não provido.

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 1.0000.14.018174-4/000 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - IMPETRANTE: MIRIAM DOS SANTOS REIS PINHEIRO - AUTORIDADES COATORAS: SECRETÁRIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DE MINAS GERAIS, SECRETÁRIO DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL DE MINAS GERAIS (TJMG - Agravo Interno Cv 1.0000.14.018174-4/001, Relator(a): Des.(a) Edgard Penna Amorim , 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 17/07/2014, publicação da súmula em 28/07/2014)

Também não vislumbro violação ao princípio da isonomia, uma vez que a impetrante irá ser remanejada para o próximo curso que já estava com data de início marcada e irá cursá-lo em igualdade de condições com os demais candidatos.

Por fim, oportuno registrar ser inaplicável, a meu ver, in casu, o precedente do Supremo Tribunal Federal, com repercussão geral, citado pelas autoridades coatoras, uma vez que a hipótese nele tratada não é de gravidez, circunstância absolutamente peculiar, que

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veio a merecer especial proteção constitucional.

Assim, comprovada a violação a direito liquido e certo, a concessão da ordem é medida que se impõe.

Posto isso, concedo a segurança pleiteada para determinar a permanência da impetrante no certame e o seu remanejamento para o Curso de Formação subseqüente realizado no período de 05/05/2014 a 15/06/2014. Custas e despesas, ex lege.

É como voto.

DESA. ÁUREA BRASIL - De acordo com o(a) Relator(a). DES. MOACYR LOBATO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. LUÍS CARLOS GAMBOGI - De acordo com o(a) Relator(a). DES. BARROS LEVENHAGEN - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "CONCEDERAM A SEGURANÇA"

1 Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (grifei)

2 Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

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---Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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