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Fátima e o Imaculado Coração de Nossa Senhora

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Academic year: 2021

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Fátima e o Imaculado Coração

de Nossa Senhora

pelo Padre Nicholas Gruner

O núcleo central da Mensagem de Fátima é a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Vê-se na primeira parte do Segredo de Fátima. Em 13 de Julho, a Santíssima Virgem abriu as mãos, como já fizera nas duas ocasiões anteriores. Em 13 de Maio, quando abriu as mãos, uma luz brilhou sobre os pastorinhos, que puderam sentir antecipadamente, por si próprios, o que era o Céu.

Em 13 de Junho, quando Nossa Senhora abriu as Suas mãos, mostrou o Seu Imaculado Coração e a luz caiu de novo sobre os pastorinhos. A luz de uma mão caiu sobre Lúcia e desceu para a terra. A luz da outra mão caiu sobre Jacinta e Francisco e subiu para o Céu. E nesta luz eles compreenderam as suas vocações.

Compreenderam que Jacinta e Francisco morreriam cedo e iriam para o Céu. Mas

compreenderam também que Lúcia ficaria na terra mais algum tempo, de modo a poder espalhar a devoção ao Imaculado Coração de Maria.

E é claro que hoje sabemos que foi exactamente isso que aconteceu aos três pastorinhos: Jacinta e Francisco morreram, um em 1919 e o outro em 1920, e ambos foram beatificados pelo Papa João Paulo II no ano 2000. Lúcia viveu mais 89 anos, até 2005, e passou a vida a espalhar a devoção ao Imaculado Coração de Maria.

Em 13 de Julho, quando Nossa Senhora abriu as mãos, a luz desta vez não caiu sobre os pastorinhos, mas no chão em frente deles.

E nesta luz os pastorinhos puderam ver o fogo do inferno. Lúcia descreveu, nas suas terceira e quarta memórias, o que viu: “vimos como que um mar de fogo. Mergulhados em esse fogo, os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor.”

E Lúcia acrescentou que, se Nossa Senhora não lhes tivesse prometido em Maio que os levaria para o Céu, teriam morrido de medo. Como a visão fui muito breve, olharam para Nossa Senhora como quem pedia misericórdia. E a Santíssima Virgem disse-lhes: “Vistes o inferno,

para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração.”

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quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração.” Li muitas vezes esta

mensagem, e passaram-se anos antes que eu compreendesse que era a chave de toda a Mensagem de Fátima. O Papa João Paulo II, quando foi a Fátima, disse: “Para compreender a mensagem de Nossa Senhora, devem compreendê-la como uma mensagem vinda da Nossa Mãe, que vê os Seus filhos em perigo e vem ajudá-los e avisá-los.”

Assim, temos de compreender toda a Mensagem como a chave do amor de Nossa Senhora, do Seu amor maternal por nós. E compreender não só por que razão Ela disse o que disse, mas também compreender que a solução é o Seu Imaculado Coração. Ela apareceu para exprimir o motivo do Seu amor e oferecer a solução — ou, mais exactamente, é Deus quem oferece a solução. O próprio Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Seu Imaculado Coração.

Para compreender isto e inseri-lo num contexto, compreendo as coisas vendo-as numa cena mais vasta. É verdade que a Santíssima Virgem não é mais importante que Deus, assim como os Sacramentos não são mais importantes que Deus. Porém, foi definido pelo Concílio de Trento que estes sinais sacramentais, os sete Sacramentos, são necessários para a salvação. Sabemos que a Igreja é necessária para a salvação. Isto foi definido pelo Terceiro Concílio de Latrão em 1215; definido novamente pelo Papa Bonifácio VIII, em 1302, na bula Unam

sanctam; e definido mais uma vez pelo Concílio de Florença em 1441, por Eugénio IV, na sua

bula Cantate domino.

E no entanto, se os Sacramentos são necessários para a salvação, e se a Igreja é necessária para a salvação, e se a crença em Deus é necessária para a salvação – lemos nas Sagradas

Escrituras que uma pessoa que vem para Deus deve acreditar que Deus existe e premeia quem O procura (Hebreus 11:6) –, a crença no nome de Jesus também é necessária para a salvação, como lemos nos Actos dos Apóstolos, que não há outro nome debaixo do Céu em que alguém se salve, excepto o nome de Jesus. (Act. 16:31)

Então qual é o contexto de tudo isto? São todos iguais? Não, certamente que não, mas todos são necessários. E Leão XIII sublinha, numa das suas dezassete encíclicas sobre o Rosário, que toda a graça nos vem de Deus Pai e chega-nos através da Sagrada Humanidade de Jesus Cristo, pelas mãos da Santíssima Virgem Maria e pela Igreja. Esta é a ordem que Deus estabeleceu: Deus, Jesus Cristo, a Santíssima Virgem Maria, depois a Igreja, e por fim os Sacramentos.

E esta verdade sobre o papel da Santíssima Virgem Maria na salvação é que hoje é menos compreendida. E foi por isso que Deus enviou a Sua Mãe a Fátima, para nos dizer que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração. Porque é esta verdade que precisa de ser reafirmada, reestabelecida, para que, de facto, floresça mais do que nunca na história da Igreja.

A devoção à Santíssima Virgem, a devoção ao Seu Imaculado Coração, é necessária para a salvação, como se provou no livro de Santo Afonso, As Glórias de Maria. Encontra-se ali um pequeno capítulo em que ele explica que a devoção à Santíssima Virgem é necessária para a salvação.

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É esta verdade que Deus quis reafirmar em Fátima, que todas as graças nos chegam pelas mãos da Santíssima Virgem, como os Papas nos têm ensinado há mais de duzentos anos. E como é que Deus tenciona fazer isto? Deus tem um plano simples. Toda a Mensagem de Fátima é muito simples. E porque é simples, creio que muitas pessoas não lhe têm dado atenção suficiente.

Fátima foi muitas vezes apresentada como uma história para crianças. É verdade que também é uma história para crianças, mas tem um significado teológico profundo, muito profundo mesmo.

Então qual é o plano de Deus para espalhar no mundo a devoção ao Imaculado Coração? Em primeiro lugar, devemos lembrar-nos de que as aparições de Fátima têm lugar no fim duma longa série de revoltas contra Deus, que podemos dizer que começaram nos tempos modernos com Martinho Lutero em 1517. Depois desta temos a rebelião dos Maçons em 1717, e a seguir as dos Marxistas em 1917.

Como o Papa Pio XII fez notar, em 1517 Martinho Lutero pregou as suas 95 teses à porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha, nas quais, basicamente, disse “sim” a Deus, “sim” a Cristo, “não” à Igreja, e “não” ao Papa.

Em 1717, exactamente duzentos anos depois, em Londres, Inglaterra, os Maçons

tornaram-se públicos e declararam “sim” a Deus – declararam que acreditavam em Deus, embora não fosse isso que eles queriam dizer – mas também disseram “não” a Cristo, “não” à Igreja e, claro está, “não” ao Papa.

E em 1917, exactamente duzentos anos mais tarde, no mesmo ano em que Nossa Senhora de Fátima apareceu, Lénine disse “não” a Deus, “não” a Cristo, “não” à Igreja e, evidentemente, “não” ao Papa.

Cada um destes movimentos declarou guerra à Igreja. E embora hoje tenham uma abordagem muito mais subtil, a sua declaração de guerra contra a Igreja e contra a salvação das almas não mudou, fundamentalmente.

E assim, Deus enviou a Sua Mãe a Fátima para fazer frente, responder e derrotar estas apostasias contra Deus, e contra Cristo, e contra a Igreja, e contra o Papa. E com um gesto muito simples, e com um acto de obediência muito simples da parte do Papa, serão derrotados todos os inimigos da Igreja, e de Cristo, e do próprio Deus.

Mas Deus quer que o crédito por esta vitória seja dado à Santíssima Virgem Maria. Quer que todo o mundo reconheça que não será o Padre Gruner, nem qualquer de nós, nem o Papa, que alcançará esta vitória para Deus, mas de facto, e apenas, a Santíssima Virgem Maria.

Como lemos uma e outra vez na liturgia: “Tu somente, Virgem Maria, esmagaste todas as heresias no mundo inteiro.” E nós veremos isto, não apenas com os olhos da Fé, mas vê-lo-emos também com os nossos olhos corporais, quando a vitória for concedida ao Imaculado Coração de Maria.

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Como é que Deus vai estabelecer esta vitória? Em primeiro lugar, como Santo Agostinho nos indicou, Deus ama-nos tanto que quer conceder-nos favores e graças que Ele sabe bem que não merecemos. Deus quer dar a paz ao mundo, uma paz universal, a paz que Ele prometeu nas Sagradas Escrituras, a paz a que Isaías se referiu, quando disse que o leão se deitará junto do cordeiro e não lhe fará mal. (Isaías 11:6)

A paz que Ele descreve noutros lugares das Escrituras: “transformarão as espadas em arados”, (Isaías 2:4), ou seja, transformarão os instrumentos de guerra em métodos de produzir alimentos. Miqueias profetizou que há-de chegar um dia em que as nações deixem de aprender a fazer guerra (Miqueias 4:3). Em que até a arte da guerra não seja transmitida à próxima geração. Nos 6.000 e tal anos de história de que há registos, tivemos mais de 14.400 guerras. Isto é mais de duas guerras por ano para toda a história da humanidade.

Foi-nos prometido em Fátima que esta era chegará ao fim, completamente. Nossa Senhora disse-nos que a guerra é castigo do pecado, e, de facto, o pecado aumentou nos nossos dias mais do que em qualquer época da história. O Papa Pio XII disse-nos, em 1951, que o mundo, hoje (isto foi há mais de cinquenta anos), está pior do que antes do dilúvio – do dilúvio com que Deus castigou todo o mundo, ficando apenas oito sobreviventes na Arca de Noé. O mundo actual, disse ele, é pior do que o de antes do dilúvio.

Então como é que Deus pode prometer a paz universal para os nossos dias, se a guerra é castigo do pecado? Como já disse, Deus, no Seu amor por esta geração, fez-nos essa promessa, mas com uma condição: que demos o crédito por ela à Santíssima Virgem Maria. Não

poderemos obter a paz de outra maneira.

E se nos recusarmos a aceitar a mão que Ele nos estende para nos ajudar, esta época será castigada de forma pior do que o dilúvio. Se quisermos sobreviver e quisermos salvar o maior número possível de almas, temos apenas uma opção: escutar Nossa Senhora de Fátima e

obedecer-Lhe. E isto não se aplica só a mim, ou a cada um de vós; também se aplica aos Bispos, aos Cardeais, e, acima de todos, ao próprio Papa.

Quer o Papa seja Bento, ou João Paulo, ou Pio, ou que tenha qualquer outro nome, este é o ultimato e a oferta que Deus nos dá na Mensagem de Fátima.

Quando Moisés estava a conduzir o povo para fora do Egipto, e os Egípcios lhes tinham dado liberdade de partir mas depois mudaram de ideias, o povo de Deus, comandado por Moisés, estava nessa altura no Mar Vermelho. E atrás dele vinha o exército dos egípcios, de espadas desembainhadas, prontas para os matar a todos. E Deus colocou a salvação física de todo o povo nas mãos de um homem, nas mãos de Moisés.

Disse, pois, a Moisés que estendesse a sua vara sobre o Mar Vermelho, e, pela obediência de Moisés, foram guiados através do Mar Vermelho pela própria Virgem Maria – ou antes, a Virgem Miriam – irmã de Moisés. E assim se salvaram, pela obediência ao chefe que Deus lhes enviara. Aqui temos uma descrição de um acontecimento muito dramático, em que se pode reconhecer a autoridade de Moisés, e reconhecer também a misericórdia de Deus.

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Além de ser um acontecimento verdadeiro, simboliza também a Igreja Católica e os fiéis católicos de hoje. A maioria de nós não reconhece que estamos rodeados de inimigos de espadas desembainhadas, prontos a destruir fisicamente a Igreja Católica.

E havemos de ser salvos, eventualmente, através da obediência do Papa à ordem que Deus lhe deu, ou seja, consagrar a Rússia ao Imaculado Coração. Nossa Senhora disse-nos que, por fim, o Santo Padre (cujo nome não sabemos) obedecerá. Ela disse: “Por fim, o Meu

Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.”

Eu reconheço que, se ler os jornais, se vir televisão todos os dias, esta Mensagem parece ser muito diferente do que nos é apresentado pela comunicação social secular. Um Bispo deste país disse-me uma vez: “Senhor Padre, eu compreendo o que está a dizer, mas não sei se os Bispos irão concordar consigo.” Respondi-lhe: “Excelência Reverendíssima, não sou surdo nem cego, mas acredito nas palavras de Nossa Senhora de Fátima, em como “por fim, o Meu

Imaculado Coração triunfará.”

Se quisesse, a Santíssima Virgem podia aparecer ao Papa e aos Cardeais para que isto acontecesse, mas prefere os Seus próprios métodos para alcançar a Sua vitória. Não sei por que razão Ela me escolheu para fazer o meu pequeno papel, mas cada um de nós é escolhido para deixarmos com que a Santíssima Virgem actue através de nós para alcançar o Seu Triunfo.

Acabei por compreender cada vez mais que isto está, na realidade, mais nas mãos dos sacerdotes do que nas dos Bispos e até do que nas do Papa, pelo menos nesta fase do Triunfo de Nossa Senhora.

O Seu Triunfo será em três fases. A primeira fase é: “Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia.” Esta é a primeira fase, e há noventa anos que estamos nesta fase.

Quando a Rússia for consagrada, a Rússia converter-se-á. Esta é a segunda fase. Isso levará menos do que um par de anos. E então, quando a Rússia estiver convertida, virá algum tempo depois um período de paz para o mundo.

Nas visões proféticas de S. João Bosco, vemos que o Papa não consagrará a Rússia até a Rússia invadir o Ocidente. S. João Bosco teve uma visão dos exércitos russos em França, e ainda não vieram a este país neste século (nos últimos cem anos). Trarão com eles um estandarte negro, ou uma bandeira negra. Enquanto estão em França, o estandarte passará de negro para branco. Esse momento dar-se-á quando a Rússia for consagrada e se converter. Os exércitos russos estarão então na França e na Europa Ocidental, não como inimigos mas como amigos, para defenderem a Europa da invasão vinda do sul.

S. João Bosco resumiu assim o seu sonho: “A salvação vem do norte e o perigo vem do sul”, referindo-se aos exércitos islâmicos a invadir a Europa. Os russos ficarão ali, depois de convertidos, e derrotarão os exércitos islâmicos e salvarão a Europa. Assim, a promessa da paz

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acontecer.

Como Santo Agostinho nos disse, Deus quer dar-nos graças e favores especiais, mas sabe que não os merecemos. Mesmo assim, Deus quer dá-los a nós, mas sabe que, se o fizer sem mais, ficaremos ainda mais orgulhosos e diremos para nós próprios “Merecemos isso. Fizemos por isso. Deus deu-nos tudo isso porque somos tão santos.” E Deus sabe que isso seria um grande erro; far-nos-ia ainda piores do que éramos antes.

Por isso, Deus reservou certas graças à intercessão e méritos dos Santos. A graça da paz mundial, que o mundo nunca experimentou, foi reservada inteiramente ao Imaculado Coração de Maria. Foi por isso que, quando Lúcia perguntou a Nosso Senhor em 1936 por que razão Ele não convertia a Rússia sem o Papa fazer aquela Consagração, Jesus respondeu: “Porque quero que toda a Minha Igreja reconheça essa consagração como um triunfo do Coração Imaculado de Maria, para depois estender o Seu culto e pôr, ao lado da devoção do Meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração.”

Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quer que todos vejam isso. Por isso, quer que se veja que este acontecimento público, esta vitória pública, há-de vir das mãos da Santíssima Virgem.

Há pessoas que há anos perguntam: “Porque a Rússia? Porque não os Estados Unidos, porque não a China, ou outro país qualquer?” “Porque não consagrar simplesmente o mundo, como os Papas já fizeram várias vezes?” E Lúcia respondeu: “Porque a Rússia é um território bem determinado (como o é, acho eu, o Brasil e os Estados Unidos), e quando o país e o povo da Rússia se converterem, porque o Papa e os Bispos consagraram especificamente a Rússia, as pessoas compreenderão que foi a Consagração da Rússia ao Imaculado Coração que provocou a conversão daquele povo.”

É esta graça singular que se verá ser consequência da obediência do Papa e dos Bispos, mas através dos méritos e da intercessão do Imaculado Coração de Maria. E isso impressionará todo o mundo, de tal maneira que não será esquecido durante séculos.

Várias pessoas disseram, uma e outra vez: “Como a Rússia faz parte do mundo, com a Consagração do mundo também tivemos a Consagração da Rússia.” Confundem uma

Consagração geral com uma Consagração particular.

Tomemos o exemplo do Rei David, no Antigo Testamento. O profeta disse ao pai de David: “Traz aqui os teus filhos. Tenho que ungir um deles.” E os sete irmãos mais velhos de David foram-lhe trazidos por Jesse, seu pai. Veio o primeiro e o profeta disse “não”; o segundo, “não”; o terceiro, “não”; o quarto, o quinto, o sexto, o sétimo, “não”.

O profeta perguntou então ao pai de David: “Não tens mais filhos?” E ele respondeu: “Tenho mais um, mas está lá por casa a tomar conta das ovelhas.” “Manda-o vir cá.” E quando lhe trouxeram David, o profeta reconheceu que David era o que Deus escolhera. E assim, David foi ungido; os seus irmãos não, apenas David.

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David era um jovem de pequena estatura. Não era grande mas tinha matado um urso sem ajuda de ninguém, e também matara um leão.

O Rei Saul deu a sua armadura a David, mas era grande demais para ele, e muito pesada. Assim, David foi desarmado ao encontro de Golias, levando com ele apenas uma fisga e uma pedra. E com isso matou Golias – primeiro entonteceu-o com uma pedra, e depois cortou a cabeça a Golias com a espada dele.

Como é que David pôde fazer isso? Porque David tinha sido consagrado a Deus. Deus dera-lhe poder para matar o leão e para matar o urso, e para matar Golias. Fora consagrado.

E assim, consagrar a Rússia tem duas finalidades. Muitas vezes, o primeiro objectivo de um exorcismo é livrar o possesso dos demónios de satanás, dos vários “ismos” que foram importados para lá. Mas há um segundo objectivo desta Consagração, que é dedicar a Rússia ao serviço do Imaculado Coração de Maria. E porque passa a estar na Sua posse, conseguirão vencer as feras do mundo que têm andado a lutar contra Deus até aos dias de hoje.

Portanto, pedir a Consagração da Rússia não é ser contra os russos. Pelo contrário, é uma grande honra para os russos. Mas é a escolha de Deus, assim como é a escolha de Nossa

Senhora, e compete-nos aceitar a Sua escolha e trabalhar para o Seu Triunfo, dentro das nossas possibilidades.

Digamos mais uma vez: ver-se-á, pela sua conversão, que se tornarão uma poderosa fonte de evangelização ao serviço da Santíssima Virgem, de modo que todo o mundo se irá converter. Está implícito na Mensagem de Fátima que não só será dada a paz ao mundo, a seguir a esta Consagração, como também o mundo inteiro há-de ser católico.

Também vemos isto profetizado nas Sagradas Escrituras, no segundo capítulo de Isaías, em que se lê: “Vinde, subamos à montanha do Senhor, vamos para a casa de Deus, e Ele ensinar-nos-á os Seus caminhos.” E todas as nações irão para a Casa do Senhor, ou seja, a Igreja

Católica.

Como é que se deduz isto a partir da Mensagem de Fátima? Através da terceira fase da vitória de Nossa Senhora, quando Ela diz: “será concedido ao mundo algum tempo de paz”.

Há inimigos da Igreja que têm fingido opor-se uns aos outros, mas na realidade dão-se muito bem. Vimos isto na chamada guerra entre o Comunismo e o Capitalismo. Esta guerra entre o Comunismo e o Capitalismo é uma fraude total. Ambos os lados são amigos, e têm sido

amigos desde o princípio. Entretanto, espremem-nos e aos nossos fiéis com impostos e mais impostos, incorporam-nos nos seus exércitos para matar e morrer, seja no Iraque, seja noutro país qualquer, tudo em nome de uma guerra fraudulenta, para poderem dominar o mundo na Nova Ordem Mundial.

Será difícil compreender isto? Não é difícil, na realidade, quando se começa a pensar nas coisas nos termos mais simples. Toda a riqueza material compõe-se de quatro coisas. Seja no

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riqueza material vem de quatro elementos. O primeiro elemento é recursos naturais. Cultivamo-los ou tiramo-Cultivamo-los do solo ou apanhamo-Cultivamo-los do ar; é algo que Deus criou.

O segundo elemento para produzir riqueza material é o trabalho humano. O que quer que tenha valor ou utilidade entre os bens materiais foi trabalhado de alguma maneira por um homem ou uma mulher. O terceiro elemento da riqueza, excepto na economia mais primitiva, é qualquer espécie de maquinaria, qualquer espécie de ferramenta. Hoje, até as economias mais simples têm pelo menos uma enxada ou uma forquilha ou uma pá. Esse instrumento é uma máquina.

Mas não se pode obter maquinaria sem o quarto elemento, que é a poupança. Geralmente, as pessoas compreendem a poupança em termos de dinheiro, mas a poupança pode ser de

qualquer género.

Numa economia do tipo Robinson Crusoé, se a primeira pessoa na ilha vai pescar com as suas mãos, vai ter dificuldade em apanhar peixe. Mas se a segunda pessoa for alimentada pela primeira, pode fazer uma rede; essa rede é uma máquina. Mas para se fazer uma rede, é preciso haver alguma poupança, para a segunda pessoa fazer aquela máquina.

Portanto, toda a riqueza humana vem destes quatro elementos básicos: recursos naturais, trabalho humano, maquinaria e poupança. Ora bem, se pusermos os recursos naturais na mão direita e toda a poupança e a maquinaria na mão esquerda, e deserdarmos o povo de modo que ele não tenha estes meios de produção, tudo aquilo com que ficam para vender é o seu trabalho.

Assim, se o Sr. Rockefeller e os seus apaniguados puderem apoderar-se – por meios legais e ilegais – de todos os recursos naturais e de toda a maquinaria, então todos nós passamos a ser seus escravos. Mas esta situação ainda não garante o sucesso; portanto, organizam a sua própria oposição, organizam o proletariado e dizem: “Queremos que o povo tenha riqueza material, e por isso organizámos a Revolução Comunista.” Ora isto talvez pareça muito certo em teoria, mas exactamente o que é que aconteceu na história? Bem, o que realmente aconteceu na história foi o seguinte.

Em primeiro lugar, quando Trotsky chegou a Nova Iorque, em Março de 1917, tinha 25 dólares no bolso. Foi-se embora seis meses depois, em Outubro, e tinha 25 milhões de dólares em ouro. Onde é que ele arranjou 25 milhões de dólares em ouro em seis meses? (Equivale aproximadamente a 500 milhões de dólares de hoje.) Arranjou-os no East Side de Nova Iorque, dos financeiros mundiais localizados na cidade de Nova Iorque. E o que fez ele com esses 25 milhões de dólares em ouro? Pagou a Revolução Russa e a revolta do exército russo.

A Revolução Russa, como Pio XI sublinhou, não é russa, e veio do exterior. Foi financiada do exterior, foi controlada do exterior. Iam trezentos e tal homens a acompanhar Trotsky naquele navio, todos eles eram criminosos. Foram capturados pela Marinha canadiana (foi o único feito notável da Marinha canadiana que eu conheço).

O Governo canadiano não fez tanto, mas a Marinha canadiana chegou a capturar este navio ao largo de Halifax, e estes homens (mais o seu ouro) foram detidos por dois ou três dias.

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Mas o Governo britânico e o Governo americano fizeram pressão sobre o Governo canadiano para os libertar, e o ouro seguiu para a Rússia para subsidiar a Revolução Russa.

Isto é por causa do mito de que o Capitalismo é para todos – o que é não distinguir entre o Capitalismo e o direito à propriedade privada. Como Hilaire Belloc sublinhou no seu livro de 1909, O Estado Servil, quando a propriedade privada se difunde entre muitos, a instituição da escravatura diminui. Mas quando a propriedade privada se concentra nas mãos de poucos, a instituição da escravatura aumenta. E isto porque não se pode ter liberdade política sem liberdade económica. É porque muita gente tem medo de defender os seus direitos, se não souber de onde há-de vir o bocado de pão que há-de comer no dia seguinte. Compreende-se.

Se não tivermos liberdade económica, não podemos ter liberdade política. E se não controlarmos os meios de produção daquilo que necessitamos, não podemos contrariar o patrão que nos diz: “Não podes dizer isso. Não podes fazer isso.” Quero ter que comer amanhã. As pessoas com família querem ter comida para a alimentar no dia seguinte, e por isso deixam-se estar calados.

Mas a resposta não é a Revolução Russa, porque esta apenas faz parte do mesmo truque, porque é controlada de cima pela mesma gente. Isto está historicamente estabelecido, para quem quiser debruçar-se em pormenor sobre isto.

Nossa Senhora disse sobre si mesma, em Fátima, em 13 de Julho: “Só Ela lhes poderá valer.” Não vão obter a ajuda das Nações Unidas, não vão obter a ajuda dos Comunistas, não vão obter a ajuda dos Capitalistas, e não vão obter a ajuda de mais parte nenhuma. “Só Ela lhes poderá valer.”

Estamos cercados e estamos a ser esmagados pouco a pouco, e a maior parte de nós não dá por isso. E a única solução é obedecer a Nossa Senhora de Fátima da maneira que Deus ordenou, ou seja, a Consagração da Rússia e a devoção dos Primeiros Sábados do mês.

Deus quer estabelecer esta devoção no mundo, e ou esta geração irá provar às gerações seguintes que somos a mais estúpida de todas, porque não aceitámos a Mensagem de Fátima, claramente profética, ou receberemos os agradecimentos das gerações que vierem depois de nós, porque finalmente compreendemos, porque finalmente obedecemos.

E embora nenhum de nós seja o Papa, nenhum de nós seja Cardeal, (não sei se aqui estarão Bispos), mas a maior parte de nós não somos Bispos, mesmo assim pode salvar-se um grande número de almas pelas nossas mãos. Como sublinhou o Papa Pio XII, é um grande mistério, mas o número das almas salvas depende de como os Católicos colaboram bem com a graça de Deus.

Nossa Senhora de Fátima disse-o de uma maneira muito mais pessoal, quando disse: “Vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.” E assim, mesmo que não vejamos todos os dias o resultado das nossas orações, mesmo que não vejamos o resultado de encorajar os nossos paroquianos e quem nos ouve para que rezem o Rosário todos os dias, o facto é que esta batalha é essencialmente espiritual. E será ganha pelas forças da graça,

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de espírito com que Deus no-los deu.

Precisamos todos de rezar para que o Papa e os Bispos consagrem a Rússia. Isto não é ser contra o Papa nem contra os Bispos. Em última análise, está nas mãos deles. Em última análise, eles devem obedecer para nós nos salvarmos. E devem obedecer a Nossa Senhora de Fátima, e devem consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Mas entretanto, para obtermos estas graças devemos ter uma cruzada de Rosários. Como a Irmã Lúcia nos disse, não há problema no mundo, nacional ou internacional, físico ou moral, que não possa resolver-se através do Rosário.

Disse-nos que Deus deu hoje maior poder ao Rosário, porque os tempos são tão maus. Mas quem poderá ensinar isto, se não os Senhores Padres? Quem poderá ensinar todo o significado da Mensagem de Fátima, se não, em primeiro lugar, os Senhores Padres?

Temos vários livros que explicam muitas coisas que não tivemos tempo de explicar agora. Teremos muito gosto em os distribuir.

Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração. A devoção à Santíssima Virgem é o ponto fulcral da Mensagem de Fátima e a Consagração da Rússia é o ponto fulcral do Triunfo da Santíssima Virgem. O outro pedido é o das Comunhões de reparação nos Primeiros Sábados. Obrigado.

Referências

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