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EPIGRAFIA E ANTICHITÀ. Collana diretta da GIULIA BARATTA, MARIA BOLLINI, ATTILIO MASTINO

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EPIGRAFIA E ANTICHITÀ

Collana diretta da

GIULIA BARATTA, MARIA BOLLINI, ATTILIO MASTINO

48

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FRATELLI LEGA EDITORI FAENZA

STUDI PER

IDA CALABI LIMENTANI

DIECI ANNI DOPO

«SCIENZA EPIGRAFICA»

a cura di

Antonio Sartori

Attilio Mastino

Marco Buonocore

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JOSÉ D’ENCARNAÇÃO *

CAMINHOS DA CIÊNCIA EPIGRÁFICA

Resumo

Após um relance histórico acerca dos estudos epigráficos, centrado nomeadamente na Hispâ-nia, apontam-se as novas perspectivas da investigação desses documentos, quer do ponto de vista do uso de novas técnicas de leitura quer no que respeita à interpretação do verdadeiro significado histórico deste tipo de monumentos culturais.

Palavras-chave: Epigrafia, Hispânia romana, metodologia epigráfica.

Abstract

After a brief history of the epigraphic studies in Hispania (with a special attention to Portugal), the new perspectives of the epigraphic research are presented, because it’s already possible the application of another techniques of lecture and the inscription is really considered as a cultural monument.

Keywords: Epigraphy, Roman Hispania, epigraphic methodology.

Ainda que sejam por de mais conhecidos os caminhos por onde a Epigrafia sin-grou, permita-se-me que, em jeito de ensaio, depois de um relance histórico, centrado nomeadamente na Hispânia, se apontem as novas perspectivas que se nos apresentam quer do ponto de vista do uso de novas técnicas de leitura quer no que respeita à interpretação, na senda da definição de epígrafe preconizada pelo saudoso Mestre Giancarlo Susini: testemunha uma epígrafe a forma como o Homem, em determinado momento, seleccionou ideias para as transmitir aos vindouros.

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Fig. 5.

1. Prolegómenos

A ninguém passa hoje despercebido o valor duma epígrafe. «Descerrar uma lápi-de comemorativa» constitui, por exemplo, um dos actos quase indispensáveis quando se celebra o aniversário de um evento marcante.

As palavras gravadas na pedra garantem a perpetuidade, essa transmissão aos vindouros de que falava Susini. Só drástica mudança de regime político ou a desco-berta de tremendas falsidades é que determinarão que, um dia, a lápide seja arrancada ou marteladas as palavras nela inscritas, como se sabe que acontecia no tempo dos Ro-manos, em relação ao imperador ou a um alto personagem caído em desgraça depois (damnatio memoriae)..

Durante muito tempo, a atenção dos historiadores só se volveu primordialmente para a época romana, não só porque eram abundantes as inscrições desse período e abrangiam os mais variados domínios da vida quotidiana, mas também porque, para muitos casos, elas se apresentavam como sendo a fonte documental mais verídica e contundente. Esqueceu-se um pouco que, para as civilizações da Mesopotâmia e para o Antigo Egipto, também foram as epígrafes o manancial mais assertivo e eloquente. Certo é que a decifração da escrita cuneiforme assim como a descoberta de Cham-pollion em relação aos hieróglifos quase passou despercebida aos epigrafistas. Os ca-racteres cuneiformes contavam histórias, os hieróglifos que cobriam por completo paredes e estátuas contavam histórias também. Eram… textos! Sim, eram textos, mas epigráficos! E ainda na actualidade a Epigrafia por excelência é a Epigrafia Romana, deixando-se para outros especialistas o que venha a descobrir-se nos vales do Tigre e do Eufrates e nas fecundas margens do Nilo!

Acontece, porém, que até para a Idade Média e épocas subsequentes só há pouco tempo se encarou a oportunidade do estudo das fontes epigráficas e, mesmo assim, o interesse maior foi para a época medieval, deixando-se para segundo ou terceiro planos os documentos epigrafados relativos a períodos posteriores.

Direi, pois, que o alargamento do campo cronológico dos estudos epigráficos poderá ser considerado uma das novas perspectivas que a ciência epigráfica virá a encarar. Exagero poderá ser – como já preconizei – analisar os grafitti urbanos, as mensagens veiculadas nos camiões e, até, as tatuagens numa perspectiva epigráfica; contudo, todas essas manifestações se revestem, afinal, ou pretendem revestir-se, de um carácter duradouro (e aqui voltamos à ideia de Susini) e visam transmitir uma mensagem para além do seu tempo.

São, porém, as inscrições deixadas pelos Romanos que maior interesse desperta-ram e dentro desse mundo nos vamos fixar.

2. Em Portugal: séculos XVI e XVII

No que se prende com o mundo historiográfico português, dois nomes nos me-recem atenção, pelo uso que fazem das epígrafes, mormente porque – para melhor autenticarem as informações que veiculam – não hesitam em forjar inscrições, atri-buindo-as ao tempo dos Romanos.

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Fig. 1.

Sabe-se que, no âmbito do subconsciente português, dois vultos incarnaram a reacção dos Lusitanos contra a invasão romana: Viriato e Sertório. Erguidos ao pata-mar dos heróis, as suas proezas bélicas foram recuperadas por André de Resende (c. 1500-1573) na 2ª metade do século XVI e por Frei Bernardo de Brito (1569-1617) no dealbar do século XVII.

Vivia, então, o reino de Portugal um período complexo, motivado pela constante política de casamentos que os reis tanto de Castela como de Portugal levaram a cabo, sempre com o propósito de, um dia, as coroas poderem unir-se sob um só soberano. Nas vésperas do último quartel do século XVI, era real a ameaça de perda da indepen-dência, pela possibilidade de vir a subir ao trono de ambos os países por parte de Fili-pe II de Espanha. Urgia, pois, alimentar o espírito nacionalista, evocando justamente o heroísmo de Viriato e de Sertório, símbolos da resistência. Eles resistiram; importa que os Lusitanos de agoira (os Portugueses eram identificados com os Lusitanos) re-sistam também! Por isso, urgia demonstrar com inscrições como as lutas haviam sido renhidas e os Lusitanos vitoriosos sempre. Veja-se, a título de exemplo, a inscrição (Fig. 1) que transcrevo em escrita corrida para melhor compreensão imediata:

Iovi Optimo Maximo. Ob pulsos a Quinto Sertorio Metellum atque Pompeium Iunia Donace coronam, & sceptrum ex argento munus adtulit Flaminicae phialam cælatam, hierodulis cœnam dedit.

Ou seja:

«A Júpiter Óptimo Máximo. Por terem sido vencidos, por Quinto Sertório, Metelo e Pompeu – Júnia Donace trouxe como presente uma coroa e um ceptro de prata e a fíala cinzelada à flamínia e ofereceu uma ceia aos escravos do templo».

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Fig. 5.

Todo um contexto envolvido em verosimilhança, mas não em realidade, porque, como se sabe, não houve qualquer batalha entre Sertório e Metelo ou Pompeu. O que importava era dar toda uma cor local e mostrar, inclusive, que os costumes romanos, de oferendas às divindades, se praticavam aqui, com toda a solenidade!

Mau grado, porém, o bem acalorado apelo ao patriotismo, certo é que a inde-pendência de Portugal se perdeu em 1580. A princípio, perante as solenes promessas feitas por el-rei Filipe II nas Cortes de Tomar, Burguesia, Nobreza e Clero imaginaram que a união com o mais poderoso monarca de então viria a trazer benefícios a Por-tugal e que, mais tarde ou mais cedo, inclusive o rei poderia vir a escolher a cidade de Lisboa como capital dos reinos de toda a Península Ibérica. Todavia, essa eventu-alidade não se concretizou, porque, do lado português, cedo se compreendeu que as promessas tinham sido vãs e de novo importava fazer renascer o nacionalismo. Assim, a partir dos primeiros anos do século XVII, outra literatura aparece, agora a incitar de à recuperação da liberdade perdida. E os nomes dos antigos heróis voltam a surgir em inscrições, neste caso forjadas pelo Frei Bernardo de Brito.

3. O século XIX

Não será improcedente afirmar que o grande interesse manifestado pelos Ale-mães no século XIX em relação ao estudo do Império Romano nos seus mais diversos aspectos se prende com a sua generalizada opinião de que era a Germânia a herdeira autêntica desse Império e que, usando dos mesmos procedimentos (administrativos e bélicos), se lograria reconstituí-lo politicamente…

Nessa ordem de ideias se incluirá o projecto de reunir num Corpus – o Corpus

Inscriptionum Latinarum – todas as inscrições conhecidas nesse mundo ocidental. Um

empreendimento levado a cabo em latim, que se propunha como língua científica e universal.

No caso da Hispânia, coube a Emílio Hübner a elaboração do volume II desse

corpus, na sequência de longa viagem, em meados do século, pela Península Ibérica,

onde contactou todos os investigadores disponíveis, visitou bibliotecas e museus e sítios arqueológicos e consultou manuscritos. Uma tarefa ingente, completada com a correspondência que posteriormente soube manter com os investigadores contacta-dos. Entre eles, Leite de Vasconcelos, Martins Sarmento, Estácio da Veiga, Borges de Figueiredo, os quais, no entanto, antes de lhe transmitirem os textos, faziam questão em os publicar nas revistas portuguesas.

A Epigrafia começava a surgir como importante «ciência auxiliar» da História e nesse plano se vai manter durante muito tempo, porque, na verdade, o que interessava eram os textos.

Não se estará errado se pensarmos que o clássico manual de René Cagnat, sin-tomaticamente designado de Cours d’épigraphie latine, cuja 1ª edição data de 1885, teve como principal objectivo disponibilizar elementos práticos aos que começavam a interessar-se por essa documentação.

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Fig. 2.

4. A 2ª metade do século XX

Eco desse «Curso» será L’Épigraphie Latine, de Raymond Bloch, cuja 1ª edição, pelas Presses Universitaires de France, data de 1952, precisamente numa época em que, no após-guerra, se sentiu necessidade de voltar a encarar com novo olhar a Anti-guidade Clássica e os exemplos que dela se poderiam colher.

No que respeita ao território português, não será exagerado considerar funda-mental a publicação do 2º volume das Fouilles de Conimbriga, em 1976, na sequência da colaboração entre as universidades de Bordeaux (Centre Pierre Paris) e de Coim-bra. Pontificava nesse Centre o Professor Robert Étienne, que, dada a experiência de Pierre Paris e a actividade da Casa de Velázquez, gizou o projecto de estudar a His-pânia Romanas nos seus mais diversos aspectos. Daí, a promoção de escavações, me-diante a celebração de protocolos, onde a Epigrafia desempenhou papel fundamental. Dessa equipa primordial fazia parte Georges Fabre, o grande mentor do atrás citado 2º volume e cuja tese de doutoramento (1981), sobre os libertos nos finais da República em Roma se alicerçou, de modo especial, na minuciosa análise dos epitáfios, em todos os seus aspectos. Alain Tranoy, outro membro do Centro, publicaria a sua tese sobre a Galícia romana em 1981 também, onde o apoio das epígrafes foi funda-mental; e Patrick Le Roux igualmente se basearia nos dados epigráficos para historiar o papel do exército romano na Península Ibérica (1982).

E iniciou-se o projecto de elaborar corpora geograficamente circunscritos, em cuja lista poderão incluir-se, desde logo, Inscriptions Romaines de la Province de Lugo (1979), Inscrições Romanas do Conventus Pacensis (1984), os cinco volumes das

Ins-criptions Romaines de Catalogne (I - 1985, V - 2002), sendo, porventura, o mais

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Fig. 5.

Importa salientar o papel decisivo que teve a referida publicação dos monumen-tos epigráficos de Conimbriga. Primeiro, porque se incluíram no estudo todos os ves-tígios epigráficos, isto é, deu-se também importância aos fragmentos e aos grafitos. Depois, porque se estruturou uma ficha de estudo, onde deveriam constar: o contexto arqueológico do achado, a descrição minuciosa (com referência específica e pormeno-rizada ao tipo de material – sobretudo pétreo – utilizado), o paradeiro, as dimensões (totais e do campo epigráfico), a leitura interpretada, a tradução, a altura das letras, as medidas dos espaços interlineares, a bibliografia e consequentes variantes de lei-tura, o comentário paleográfico e, finalmente, o comentário de integração histórica apontando-se a possível datação com base nos elementos disponíveis.

Foi essa a estrutura que de imediato se seguiu quer nos cursos de Epigrafia (eleva-da, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a cadeira anual, quando, até aí, se cingia a curto semestre, «ciência auxiliar da História»…) quer, a partir de 1982, no suplemento da revista Conimbriga, o Ficheiro Epigráfico, destinado a dar a conhe-cer as inscrições inéditas peninsulares. Hoje, prestes a atingir o nº 200, no Ficheiro

Epigráfico já se publicaram cerca de 750 epígrafes inéditas.

Foi, sem dúvida, um novo olhar, porque se entendeu o monumento epigráfico como elemento arqueológico, por um lado, e como monumento cultural, por outro. E, nesse âmbito, nunca será de mais realçar o papel pioneiro de Giancarlo Susini, em Bolonha e na Association Internationale d’Épigraphie Grecque et Latine (fundada em Munique em 1972 e constituída em Constantza, Roménia, em 1977), que chamara a atenção, no seu Il Lapicida Romano (1966), para tudo o que poderia envolver o fabrico de uma epígrafe.

5. O ápice da Epigrafia no 2º quartel do século XX

Nesse congresso de Contantza, apresentou oficialmente Robert Étienne o pro-jecto que, no quadro do Centre Pierre Paris, se gizara para a revisão das inscrições gregas e latinas da Península Ibérica, exemplo, em seu entender, a seguir noutras áreas do mundo romano. Na verdade, os técnicos informáticos ligados ao Centre Pierre Paris haviam estudado uma forma original de apresentação da leitura – o sistema PETRAE –, em que se ficava desde logo com uma ideia do que realmente estava na inscrição, o que se reconstituía e o que se propunha para os espaços em branco.

Houve, pois, um vigoroso despertar para esse legado que os Romanos haviam deixado. E em Espanha, as Diputaciones Provinciales, ciosas também elas de mos-trar o apreço que tinham pelo Passado, gérmen da sua identidade – as características específicas dos monumentos epigráficos mostravam diferenças de região para região, induzindo a ideia de antepassados distintos, próprios… –, corresponderam facilmente ao apelo dos académicos e corpora provinciais de inscrições romanas começaram a surgir (Fig. 3), no momento em que, por outro lado, se gizava o plano de reeditar o

Corpus Inscriptionum Latinarum, de novo sob a égide da Academia das Ciências de

Berlim. E de novo veio ao de cima a intenção das comunidades de reafirmarem a sua identidade ...

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CAMINHOSDACIÊNCIAEPIGRÁFICA 133

Fig. 3.

6. As inovações na passagem do milénio

Há inovações técnicas e novas perspectivas promissoras se abrem para um ava-liação mais cabal da informação veiculada pela epígrafe, nomeadamente pela epígrafe romana.

6.1. O acesso facilitado à informação

A maior parte dos investigadores disponibilizam os seus textos em pdf quer na plataforma Academia.edu quer nos repositórios das universidades e dos centros de investigação a que estão ligados.

Por outro lado, essas informações são cuidadosamente tratadas e incluídas, por seu turno, na base de dados EDCS que Manfred Clauss faz questão em ter sempre actualizada e, no caso da Hispânia, na HEpOL. Ambas as bases são de uma utilidade extrema, pela facilidade de consulta que permitem.

No que respeita a revistas, temos, como se sabe, L’Année Épigraphique, organi-zado geograficamente e dispondo de índices pormenoriorgani-zados; como o próprio título indica, a intenção (conseguida, mercê da grande equipa de colaboradores) é a de dar a conhecer, com breve comentário, todas as inscrições publicadas no ano a que cada volume respeita e, também, o que não é de somenos, todas as publicações que, directa ou indirectamente, possam interessar a quem investiga em Epigrafia (o volume mais recentemente distribuído, em Agosto de 2019, refere-se a 2016). Na Hispânia,

Hispa-nia Epigraphica também está organizada geograficamente e dispõe igualmente de bons

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Fig. 4.

A Internet, nomeadamente através das digitalizações, que as mais diversas enti-dades estão a levar a cabo, de manuscritos antigos e de prístinas edições, faculta-nos cada vez mais e em geral sem custos a consulta de toda essa documentação, o que permite concretizar a revisão de epígrafes que a tradição nos mostrava, mas a que mui raramente se tinha acesso.

6.2. As técnicas de leitura

Longe está o tempo – não tão longe assim, no entanto… – em que se preconizava o uso do papel mata-borrão para se obter uma cópia invertida de uma inscrição! As-sim se lograva ver melhor o traçado das letras e a inscrição podia ‘levar-se para casa’!... Depois disso, pensou-se no método bicromático (Fig. 4 e 5), na aplicação do látex…

Agora, nem sequer há necessidade de se fazer uma fotografia com máquina de último modelo, com luz rasante e determinado ângulo de incidência! O aperfeiço-amento, por exemplo, dos telemóveis, a permitirem a concretização, num ápice, de dezenas de fotografias de alta resolução… constituiu um dos factores que depressa in-fluenciou a possibilidade de se utilizarem depois filtros susceptíveis de tornar visíveis pormenores que se não observavam a olho nu (Fig. 6).

6.3. A maior ligação da Epigrafia com a História

Não apenas a História dos factos, que frequentemente as epígrafes documentam, mas a História da Sociedade, da População e da Cultura.

Os mapas de distribuição dos antropónimos, verbi gratia, que denunciam, pela sua etimologia, a ocupação de determinado território por elementos de determinada origem, ajudam a compreender os movimentos populacionais, a geografia da

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distri-CAMINHOSDACIÊNCIAEPIGRÁFICA 135

Fig. 5. Fig. 5.

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Fig. 5.

buição humana. Nesse aspecto, uma iniciativa como a da elaboração do atlas antro-ponímico da Lusitânia (2003), fruto da congregação de esforços de uma vasta equipa, veio trazer novas sugestões acerca do povoamento e, até, das suas motivações.

Há, agora, maior possibilidade de se verificar a extensão dos cultos clássicos, dos cultos indígenas e dos cultos ditos ‘orientais’, com todas as consequências do ponto de vista cultural que tal representa.

Embora durante muito tempo – demasiado tempo, direi! – os Estudos Clássi-cos se tivessem como que acantonado na análise e interpretação dos textos literários, numa quase rejeição dos monumentos epigráficos, na actualidade essa mentalidade está a perder relevância e o facto de dispormos, nomeadamente, do utilíssimo tra-balho levado a cabo pelo Laboratoire d’Analyse Statistique des Langues Anciennes, de Liège, sob a proficiente direcção de Joseph Denooz, permite-nos com facilidade estabelecer relações entre a ‘literatura da pedra’ e a ‘literatura dos livros’.

7. Conclusão

Por mais breve e aparentemente insignificante que seja, adequa-se à inscrição a designação de «monumento cultural».

«Monumento», porque foi pensado não apenas para um momento mas para a posteridade – e é por isso que persistiu (e persistirá!) ao longo dos séculos.

«Cultural», porque, para além do que nela está explícito, há toda uma envolvên-cia do mais variado teor (sentimental, político, económico, religioso, soenvolvên-cial…) que importa não esquecer.

Nesse novo e mais demorado olhar está a distinção entre o que se entende por Epigrafia, por Ciência Epigráfica, no século XXI, e o que numa epígrafe se via no século XVI e nos séculos posteriores: simplesmente, a supremacia textual!

APÊNDICE BIBLIOGRÁFICO

Optou-se por não incluir notas bibliográficas no texto, a fim de melhor se seguir a exposição. Neste apêndice encontrará o leitor os dados bibliográficos que o poderão encaminhar nos casos em que se lhe afigure de interesse saber mais.

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Portu-CAMINHOSDACIÊNCIAEPIGRÁFICA 137

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