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INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA. Escola Superior Agrária. Mestrado em Direito Alimentação e Desenvolvimento Rural Agricultura Tropical

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Escola Superior Agrária

Mestrado em Direito Alimentação e Desenvolvimento Rural Agricultura Tropical

A revolução verde na agricultura tropical

Patrícia Sousa Coimbra, Junho de 2011

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Índice

1 A revolução verde ... 3

1.1 O que foi? ... 4

1.2 O que levou à revolução verde? ... 4

1.3 O aumento na produção ... 4

1.4 O uso de agro-tóxicos ... 6

1.5 A erosão genética ... 7

2 A revolução verde na agricultura tropical ... 8

3 Sustentabilidade: agro-ecologia ... 10

4 Considerações finais ... 10

5 Referências bibliográficas ... 11

Figura 1 - Índice de preços dos alimentos de 1990 a Maio de2011 ... 6

Figura 2 - Ranking dos alimentos com maior índice de agro-tóxicos no Brasil. ... 7

Figura 3 - Situação mundial da fome (2007) ... 8

Gráfico 1 - Produção mundial das principais culturas alvo da revolução verde (1961 a 2008)……….4

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“Nenhuma outra actividade transformou tanto a humanidade, e a Terra, como a agricultura, mas os efeitos da agricultura de alta intensidade nos perseguem. Em um mundo pequeno, inundado pelos resíduos da humanidade, existe uma grande necessidade de encontrar novos caminhos para a agricultura.”

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Resumo

Este trabalho foi elaborado no âmbito da disciplina de Agricultura Tropical, inserida no plano curricular do Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural. Teve como objectivo o estudo da Revolução Verde e a sua influência na Agricultura Tropical.

Neste trabalho é abordada a Revolução Verde, sua origem e sua metodologia, bem como as suas consequências na agricultura. È referido os impactos na agricultura tropical, É ainda abordada uma corrente alternativa à agricultura praticada nos moldes actuais.

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1 A revolução verde

1.1 O que foi?

O modelo em que assenta a revolução verde teve o seu começo no princípio dos anos 60, e desde ai, os países têm vivenciado importantes transformações no que diz respeito às práticas agrícolas (SUMBERG,2006).

Esse modelo, predominantemente praticado nos dias de hoje, consiste numa prática de monocultura, fazendo uso de sementes híbridas de elevado rendimento (modificadas geneticamente), insumos (fertilizantes e agro-tóxicos), elevada mecanização, com o uso de tecnologias no plantio, na irrigação e na colheita. As culturas alvo das pesquisas efectuadas foram, naturalmente, as de maior interesse económico. Seleccionaram-se variedades de alto rendimento potencial de trigo, milho, arroz e soja (MAZOYER, 2008)

1.2 O que levou à revolução verde?

Norman Borlaug (1914-2009), agrónomo, foi considerado o pai da revolução verde. As suas pesquisas deram origem ao desenvolvimento de inúmeras cultivares de grande resistência e alta produtividade de trigo. Boulaug depressa se apercebeu que podia aproveitar as novas variedades de cereais, numa produção extensiva, com o fim de alimentar as populações que passavam fome, e assim proporcionar como ele referiu

“a temporary success in man's war against hunger and deprivation. (Nobelprize,1970)

Muitos países viram os seus poderes públicos apoiarem a difusão dessa revolução. Foram implementadas políticas de incentivo aos preços agrícolas, bonificações dos juros de empréstimo, investimento em infra-estruturas

Uma das bandeiras da revolução verde foi a sua promissora capacidade para suprimir a fome e a miséria no mundo, através do aumento da produção de alimentos, contava-se que o aumento de alimentos disponível viria a mitigar esse problema mundial.

1.3 O aumento na produção

No que diz respeito ao aumento na quantidade produzida esta está bem visível no Gráfico 1, que faz uma comparação das quantidades produzidas das principais culturas alvo da Revolução Verde, ao longo de cinco décadas.

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Hoje um agricultor que utilize de forma constante os meios que a Revolução Verde pôs à disposição pode atingir uma produção bruta de cerca de:

 10.000 kg do equivalente cereal se ele dispuser apenas ferramentas manuais (1 ha/ trabalhador x 10.000 kg/ha);

 50.000 kg se ele dispuser de equipamentos de tracção animal (5 ha/trabalhador × 10.000 kg/ha). (MAZOYER, 2008)

Torna-se evidente, que, sem a revolução verde e tendo em conta o crescimento populacional, estaríamos a enfrentar uma crise alimentar muito mais grave que a vivenciada nos dias de hoje. (MARIA, 2006).

Realmente se compararmos as produtividades da agricultura menos produtiva do mundo, com práticas manuais e a agricultura mais produtiva, chegamos à conclusão que em meio século essa produtividade passou de 1:10 no período entre-guerra para 1:2.000 no final do século XX. Importa ainda referir que apenas 10% dos estabelecimentos agrícolas conseguiram implementar todas as fases dessa revolução, e hoje produzem 2.000.000 kg de equivalente-cereal. (MAZOYER, 2008)

Fonte: adaptado de Faostat

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Pela observação do Gráfico 1, fica claro que a produção de alimentos tem vindo a aumentar a um ritmo bastante acelerado, no entanto os preços dos alimentos aumenta a um nível alarmante. Assim, tornasse evidente que a premissa que bastaria aumentar a produção para fazer face aos episódios de fome não é totalmente verdadeira.

Fonte: FAO

Figura 1 - Índice de preços dos alimentos de 1990 a Maio de2011

1.4 O uso de agro-tóxicos

Até à difusão do uso de agro-tóxicos, certas pragas não eram referidas como importantes na produção agrícola, exemplo disso são os ácaros. Além disso, cada vez mais, as culturas estão a ficar mais susceptíveis a ataques de pragas e doenças, que por sua vez estão a aumentar a sua resistência aos produtos utilizados, tornando-se necessário maiores doses e mais frequentes. Tal situação só poderá significar que os recursos hídricos, bem com o solo estão sendo contaminados a um nível assustador. (FERRAZ, 1999)

A aplicação de agro-tóxicos resultou numa acumulação de agro-tóxicos no solo e consequentemente a sua passagem para os alimentos bem como para os recursos hídricos.

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A questão que se coloca é o facto de embora a percentagem da produção tenha aumentado, esta não é proporcional à percentagem de químicos utilizados. Tal situação converge numa insustentabilidade da agricultura comercial.

1.5 A erosão genética

Um sistema é tanto mais estável e sustentável quando mais diversidade biológica tiver, assim sendo a preservação das espécies é essencial. As monoculturas são caracterizadas pela produção de apenas um tipo de cultura, esta prática reduz a variabilidade genética, pois apenas são cultivadas variedades híbridas de alta produção e rendimento.

A necessidade de obter culturas com uma época de maturação uniformizada, produtos com características físico-químicas idênticas, como sendo o tamanho, a cor, características organolépticas, etc., levou Goodman e Buttel a afirmar que tal processo resultou na “homogeneização biológica e social” da agricultura comercial. Exemplos do que è essa homogeneização biológica, vem do Sudoeste asiático, em que estão ser cultivadas cerca de 12 variedades, das cerca de 30.000 antes cultivadas. Temos também a situação das ervilhas nos EUA, em que 96% da produção advém de duas variedades. O mesmo se sucede às variedades de milho, trigo e colza, em que apenas quatro variedades de cada cultura são responsáveis por cerca de 80 a 95,8% da produção total dessas culturas. (FERRAZ, 1999)

Fonte: ANVISA, 2009

Figura 2 - Ranking dos alimentos com maior índice de agro-tóxicos no Brasil.

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2 A revolução verde na agricultura tropical

Analisando a figura abaixo, a zona tropical situa-se entre o trópico de câncer e de capricórnio (delimitada a azul). È ainda nos trópicos que a maioria dos países em desenvolvimento se situa. Como podemos concluir pela análise da mesma figura, é também nesta zona que a fome está mais presente e de forma igualmente intensa, assim como situações de pobreza extrema.

Figura 3 - Situação mundial da fome (2007)

A zona rural de muitos países tem vindo a modernizar-se cada vez mais. O controlo da produção pelos grandes empreendimentos agrícolas difundiu a mecanização, o uso de agro-tóxicos, sementes melhoradas, etc., no entanto é na maioria dessas zonas que se assiste a episódios de fome e pobreza. Muitos países situados nas zonas tropicais vivem essa dicotomia, por um lado são grandes exportadores de produtos agrícolas, mas por outro podemos encontrar uma significativa parte da população rural a viver em condições de privação. Enquanto a agricultura nos trópicos era modernizada, crescia a sua dependência em relação aos países desenvolvidos, pois eram estes que detinham o conhecimento e a tecnologia imprescindíveis para o cultivo das novas variedades. (MENDONÇA, C)

O aumento da produção reduziu o preço de vários produtos ao nível do consumidor, no entanto o custo com os insumos aumentou, isso tornou a Revolução Verde viável

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apenas quando realizada em grande escala, em grandes explorações. Como consequência da não capacidade de fazer frente aos custos e pagar dívidas contraídas, os pequenos agricultores foram forçados a abandonar a actividade. (MAZOYER, 2008)

Houve uma grande migração para as zonas urbanas, o que levou a uma diminuição do número de pessoas ligadas à agricultura, deixou de haver gente no campo para fazer agricultura, consequentemente espécies endógenas deixaram de ser cultivadas e terras ficaram abandonadas. Quanto à mitigação da pobreza e da fome, grande promessa da Revolução Verde, não foi conseguida nos moldes em que se pensava, o aumento da produção não resolveu o problema.

Existe uma linha de críticos que alerta para os efeitos nocivos da revolução verde, questionando os seus efeitos económico-sociais. De entre esses efeitos é de destacar:

 Aumento das despesas com o cultivo e consequente endividamento dos agricultores;

 Crescimento da dependência dos países nas grandes empresas de insumos agrícolas;

 Incapacidade no acesso à mecanização, prática muito dispendiosa, inalcançável para a maioria dos agricultores;

 Expulsão dos agricultores do campo, incapazes de competir com grandes empresas agrícolas. (MARIA, 2006).

Os aumentos da produtividade agrícola, obtidos de forma tão acelerada resultaram numa queda dos preços agrícolas reais, como consequência mais de 90% dos estabelecimentos agrícolas, os mais desfavorecidos, não sendo capaz de proceder ao desenvolvimento necessário para fazer face ao mercado, empobreceram de tal forma que fecharam portas, colocando os trabalhadores numa situação de incerteza (MAZOYER, 2008).

A desigualdade de acesso à terra, principalmente em países colónias ou ex-comunistas, que no passado próximo não vivenciaram uma reforma agrária, é evidente. Observasse uma destituição da terra a favor das grandes empresas agrícolas, restando para os pequenos agricultores uma área bastante inferior à que teriam, efectivamente, capacidade de cultivar, e muitas vezes terras com uma extensão inferior à necessária para ver suprimidas as suas necessidades de subsistência. Os agricultores são, portanto, obrigados a procurar trabalho nesses latifúndios, recebendo salários precários. (MAZOYER, 2008).

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3 Sustentabilidade: agro-ecologia

Devido à consciência de que o modelo de agricultura intensiva está a trazer impactos incontornáveis para o ecossistema, novas propostas estão a ganhar forma, como o caso da agro-ecologia.

De forma sucinta Ivani Guterres escreveu:

“A abordagem agroecológica propõe mudanças profundas nos sistemas e nas

formas de produção. Na base dessa mudança está a filosofia de se produzir de acordo com as leis e as dinâmicas que regem os ecossistemas – uma produção com e não contra a natureza. Propõe, portanto, novas formas de apropriação dos recursos naturais que devem se materializar em estratégias e tecnologias condizentes com a filosofia-base.”

Realmente aquilo que não deve ser esquecido é a necessidade de alterar as práticas agrícolas e ir de encontro com metodologias sustentáveis, que respeitem o ecossistema e o seu equilíbrio, por si só tão sensível a perturbações externas.

4 Considerações finais

Não é linear quantificar o sucesso da Revolução Verde em relação às suas consequências. Como foi referido vários triunfos foram-lhe atribuídos, o aumento de produção veio permitir alimentar a população em crescimento, por outro lado foram contaminados solos e recursos hídricos, houve perda da biodiversidade, sem contar com os problemas criados nos países mais pobres.

O mundo produz alimento suficiente para alimentar toda a população, no entanto muitas pessoas não têm acesso a eles. Tal situação faz pensar que o problema não é a quantidade de alimento disponível mas sim problemas no acesso e distribuição dos mesmos.

Existe uma necessidade de abordar o problema, não pelo aumento da quantidade de alimentos, mas sim visando uma estratégia bipartida, que aborde as causas e consequências da pobreza extrema e da fome.

O futuro aponta para estratégias sustentáveis e integradas com a preservação do ecossistema, produzir com o ecossistema e não contra ele. o agronegócio empresarial como conhecemos hoje em dia não é mais sustentável.

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5 Referências bibliográficas

FERRAZ, J.M.G. (1999) A insustentabilidade da revolução verde. Informativo. Embrapa, Meio Ambiente, n.26.

GUTERRES, I. (2006). Agroecologia militante. São Paulo: Expressão Popular

MARIA, D. (2006). A revolução verde. Unesp. SP.

MAZOYER, M. ROUDART,L. (2008) História das agriculturas no mundo. UNESP, São Paulo.

MENDONÇA, C. (data desconhecida). Revoluções agrícolas e verde e

transgénicos.Pedagogia & Comunicação.

Norman Borlaug - Biography. Nobelprize.org. 09 Jun 2011. Disponível em:http://nobelprize.org/nobel_prizes/peace/laureates/1970/borlaug.html~

Referências

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